Fanfics Brasil - Capítulo 5 - A Festa O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 5 - A Festa

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O restante da semana pareceu durar 17 dias. Dulce se sentia

culpada, mas não sabia exatamente por que, já que achava que tomara a

melhor decisão possível. Estava começando a mergulhar em sua estranha

melancolia, pois a perda de Chris começava a doer de novo. Era uma tarde de sexta-feira silenciosa com cara de domingo, quando Blanca entrou no seu

quarto.

 

– Olá, querida!.. – disse a bela morena de cabelos castanhos até a

cintura e um sorriso que sempre parecia acalmar e aquecer toda a casa, em

qualquer momento.

 

– Oi, mãe... – respondeu Dulce, menos entusiasmada do que

esperava parecer.

 

Blanca se aproximou e se sentou na cama com ela. Dulce recostouse

nos travesseiros na cabeceira. Estava lendo As Crônicas de Nárnia.

 

Blanca olhou para o leão na capa do livro.

 

– Está gostando? – perguntou.

 

– Ainda não sei... Acho que o Leão é Jesus!

 

– Muito bem, filha! Você encontrou Jesus, finalmente! Seu pai vai

ficar feliz!

 

Elas riram e Blanca deixou o livro de lado.

 

– Estou um pouco preocupada com você...

 

– Não estou usando drogas.

 

– Eu sei que não.

 

– E também não sou lésbica.

 

– OK.

 

Dulce esperou, enquanto sua mãe a olhava com os olhos cor de

madeira e um sorriso desenhado no rosto.

 

– Então o quê? – perguntou a menina, cansada de esperar.

 

– Chris parece um bom rapaz.

 

Dulce pegou o livro e voltou a fingir que lia, já contrariada.

 

– Então, eu gostaria de lhe perguntar por que você está aqui dentro

lendo um livro ao invés de estar lá fora passeando com ele?

 

– Não rolou.

 

– Pode ser mais específica?

 

Dulce colocou o livro de volta na cama.

 

– Ele não é a pessoa que eu achava que ele era!

Você o conheceu há alguns dias e já tinha uma imagem formada tão

irredutível assim? – surpreendeu-se Blanca.

 

– Ele não acredita nas mesmas coisas que eu! – defendeu-se Dulce.

 

Blanca respirou fundo, sem desfazer o sorriso. Colocou a mão

morna no joelho da filha.

 

– Dulce, meu bem, você já comeu petit gateau?

 

– Claro!

 

– Você sabe que o bolo quente e escuro é o oposto do sorvete claro e

gelado. Já imaginou se alguém dissesse “Essas suas coisas são tão opostas

que jamais poderiam ficar juntas!”?

 

– Seria uma perda para o mundo! – exclamou Dulce, sem ser

sarcástica.

 

– Querida, eu vi como aquele rapaz olhou pra você durante o jantar.

 

Ele até dominou o pânico que sentiu do seu pai! Eu não sei o que aconteceu,

mas acho que você poderia pensar melhor nisso. Dulce baixou os olhos. Sim, ela poderia. Só não sabia como. Blanca

beijou a filha carinhosamente na testa e deixou o quarto. Quando a porta se

fechou, a menina colocou o livro de lado. Não conseguiria mais se

concentrar.

 

Ela pensou em ir no trabalho dele. Mas não foi. Pensou em ligar. Mas

não ligou. Ele também tinha o telefone dela, poderia ligar. E se ele não

estivesse disposto a lhe dar uma segunda chance? A possibilidade de

rejeição bateu tão forte nela naquele momento que seus olhos chegaram a

se encher de água.

 

E foi nesse clima que a sexta passou e o sábado chegou e, com ele,

uma nova possibilidade.

 

Adriana ligou para ela. Dulce demorou para reconhecer sua voz e o

motivo era simples. Dri, como era chamada, e Ivy, abreviação de Ivone,

haviam se aproximado dela depois que voltara do mundo das fadas. Dulce

nunca entendeu direito essa aproximação, mas elas realmente tentaram

animá-la, conquistar sua amizade e fora nelas que dera o bolo quando

desistira de ir ao cinema para se sentar numa pracinha e lá encontrar Chris.

Dulce não lhes dera muita atenção. E agora, elas ligavam pra ela.

Dulce achou que Dri queria fazer um convite, mas ela queria fazer

uma fofoca. E uma exigência.

 

– Você tem que ir na festa da Cláudia hoje! – exigiu a outra.

 

– Desculpe, Dri, mas não tô com a menor vontade de ver pessoas

hoje... Acho que vou ler um livro!

 

– Ler um livro uma ova! – quase gritou Adriana. – A Cláudia tá

falando pra todo mundo que o Chris vai e passou a semana falando que ia

tirar ele de você na maior moral!

 

Dulce ficou calada, surpresa de:

A) Estarem falando dela.

B) Acharem que Chris era dela para ser tirado.

C) Alguém querer tirar Chris seja lá de quem fosse.

.

– E daí? – perguntou Dulce, tentando parecer “cool”.

 

– E daí que você não vai deixar aquela biscate levar a melhor em

cima de você!

 

– Dri, a verdade é que Chris e eu não temos nada. Ele é livre e eu...

 

– Cala a boca, Dulce! Tô passando aí daqui a pouco com a Ivy! Você

vai nessa festa, nem que seja pra mostrar pra Cláudia que não tem medo

dela!

 

E depois de mais algumas palavras, Dri desligou. Dulce ficou

pensando e, olhando para o espelho, percebeu o vinco entre as

sobrancelhas. Sim, a notícia a chateara. 

 

Ela podia não saber exatamente o

que queria, mas o avanço descarado de Cláudia era quase indecente! Onde

estava a classe dessa garota? E foi assim que decidiu ir à tal festa. Seria uma oportunidade de se encontrar – tipo por acaso – com Chris, e tentar sondar pra ver se tinham alguma chance ainda. E deixaria claro para Cláudia que ela não era a idiota que ela achava que era.

 

Blanca pediu que Dulce ligasse para que eles fossem buscá-la

quando a festa terminasse. Fernando não gostou muito e, assim que a filha

saiu, toda arrumada e maquiada, ele olhou feio para a esposa.

 

– Aquele rapaz vai estar nessa festa, não vai? – perguntou ele.

 

– Esperamos que sim...

 

Ele estalou a língua em desagrado.

 

– Droga, Blanca! Nós quase conseguimos nos livrar dele e você a

empurra de volta?

 

Blanca lançou-lhe aquele olhar que dizia que ela via muito mais do

que as aparências.

 

– Não entendo porque implica com ele, Fernando! O rapaz é educado e

simpático. E tem bom humor. E é lindo!

 

– Eu sei... – disse ele, olhando para o lado com um rosto mais

sombrio.

 

A esposa caminhou até onde ele estava e sentou-se ao seu lado no

sofá.

 

– Exatamente como você... – disse ela.

 

Ele não reagiu ao elogio, que também não tinha tom de elogio, mas

de triste constatação.

 

– Dulce não é Philippe, Fernando.

 

Ele olhou para ela com olhos surpresos. Ela nunca, em todos esses

anos, falara o nome de Philippe novamente. Nem ele. A jovem de cabelos

claros e rosto fino, de olhos infinitamente infelizes e vida destruída, ficara

no passado, e, apesar dele se lembrar dela com culpa e tristeza de vez em

quando, seu nome nunca fora mencionado naquela casa.

 

– É hora de se perdoar pelo que passou – disse Blanca.

 

– Não vou me perdoar se algo acontecer a Dulce... – murmurou ele,

sem encará-la.

 

Blanca o abraçou e passou-lhe um pouco de confiança.

 

– Nada vai acontecer à Dulce. Ela vai viver e crescer e cair e se

levantar e continuar vivendo. E será feliz.

 

A festa era na casa da Cláudia. “Casa”, aliás, era um termo muito

modesto para aquilo. Estava mais pra mansão. Tinha um imenso jardim e

uma piscina iluminada de dar inveja nos fundos da casa de três andares

repletos de móveis de bom gosto. 

 

Cláudia estava vestindo Chanel, ou pelo

menos foi o que Dulce ouviu alguém comentar. Para ela, era igualzinho a

qualquer vestido comprado na butique do shopping. Dulce não tinha lá um

olhar aguçado para moda. Dri e Ivy a acompanharam no meio da garotada.

 

A música estava alta, tocando Lady Gaga, e cerveja corria solta. Dulce

suspirou, começando a se arrepender. Alguns casais se engoliam nos sofás

e ela parecia invisível.

 

– Não se preocupe, Dulce! Nós estamos aqui com você!

 

Dulce ficou tranquila com a declaração de Adriana. Infelizmente,

sua tranquilidade durou apenas uns três minutos, tempo que levou para

que Dri e Ivy logo achassem novos interesses e simplesmente

desaparecessem. Dulce sacudiu a cabeça quando não as viu mais, sabendo

que deveria ter esperado por isso. Começou a andar pela festa, tentando

achar alguém conhecido. 

 

Espantou-se de Cláudia conhecer tanta gente e ter

tão pouca gente de sua classe da escola. A maioria eram rapazes e moças

mais velhos. Cheiro de cigarro a fez tossir e começou a tentar sair da casa.

 

Chegou até a parte dos fundos, onde vários jovens curtiam a piscina

naquele sábado quente com um churrasco sendo preparado

profissionalmente por um serviço contratado. Dulce não sabia que era

possível contratar um serviço de churrasco, mas não se espantou. Há

poucos serviços que o dinheiro não compra.

 

Um rapaz lhe ofereceu uma cerveja, mas ela recusou. Ele já estava de

olhos vermelhos e rindo à toa. Falou coisas que ela não entendeu porque a

música estava muito alta. Ali, tocava outra coisa, alguma banda tecno que

ela não conseguiu identificar, mas que achou muito ruim.

 

Voltou pra dentro da casa, onde Lady Gaga havia sido substituída

por uma versão dance quase criminosa de La Tortura, da Shakira, que dava

a impressão de que era ruim da primeira vez que você ouvia, mas que você

acabava se acostumando pouco depois. 

 

Parou num canto, entediada, se

perguntando por que não estava na sua cama quentinha lendo um livro

com mais histórias interessantes e conteúdo que todas aquelas pessoas

juntas. Foi quando viu Cláudia. Ela estava rindo e se derretendo para

alguém que Dulce reconheceu imediatamente.

 

Chris estava com uma calça jeans e uma camiseta branca com um

brasão na frente. Dulce o viu caminhando com ela na floresta. O cheiro do

bosque misteriosamente sobressaiu-se ao cheiro de bebida nesse súbito

teleporte mental. Mas só durou alguns segundos. Logo, Dulce estava

novamente vendo o rapaz sorrindo e, aparentemente, correspondendo aos

avanços de Cláudia.

 

Dulce se virou. Queria ir embora. Aquele não era Chris, não o Chris, não

o anjo por quem se apaixonara. Não sabia por que seu coração estava

doendo, mas isso não importava. Ele evidentemente já estava em outra.

Assim que se virou, deu de cara com Tina.

 

– Ih, amiga! – disse Tina, uma das BFF inseparáveis de Cláudia, que

aparecera inesperadamente bem atrás de Dulce com um copo de bebida. –

Esse navio já partiu! Se eu fosse você, dava um revoltis e ficava com o

primeiro cara que eu encontrasse! A fila anda, amiga!

 

Dulce teve uma vontade quase incontrolável de socar aquela

garota, mas percebeu-se na iminência de seguir o conselho dela. Enquanto

via Chris todo sorrisos para a garota que vestia Chanel, Dulce sentiu-se

rejeitada, abandonada, jogada de lado, jogada fora, excluída, esquecida,

solitária, diminuída, magoada e, finalmente, zangada.

 

Virou as costas e saiu de perto da cena antes que desatasse a chorar.

Esbarrou em algumas pessoas sem rosto e sem nome, até que chegou numa

mesa de salgadinhos e cup cakes, tudo arrumado e frequentemente

substituído pelos garçons contratados. Alguém a tocou no braço para

chamar sua atenção. Virou-se e viu um rapaz loiro, alto, de olhos castanhos

amendoados. Ele lhe sorriu e lhe ofereceu uma lata de cerveja. E naquele

momento, ao som de Shakira, ouvindo que é uma tortura perder você,

 

Dulce disse a si mesma: “Por que não?”

 

Ela sorriu de volta e aceitou a lata de cerveja. Quando levou a bebida

aos lábios, alguém a tirou dela. E lá estava Chris com rosto zangado.

 

– O que pensa que está fazendo?

 

– Não é da sua conta!

 

Cláudia chegou correndo e puxando Chris pelo braço.

 

– Chris! Eu preciso te apresentar uma pessoa! Vem comigo!

 

Chris nem olhou pra ela. Continuou encarando Dulce, até que

entregou a cerveja para o rapaz loiro ao seu lado.

 

– Valeu, amigo! Ela não bebe!

 

– Quem disse que eu não bebo?! – indignou-se Dulce.

 

– Sua carteira de identidade e a Constituição Federal, pra começar! –

respondeu ele.

 

– Ô, seu mala! – intereferiu o loiro. – Se a mina quiser beber, ela

bebe!

 

– Chris! Deixa disso e vem comigo que quero te apresentar o Jeff! Ele

agencia modelos!

 

– Am-ham, tá, Cláudia, senta lá! – pediu ele, tentando afastar a garota

e ganhar algum espaço ali.

 

– E eu bebo se eu quiser! – gritou Dulce.

 

Então ele a pegou pelo braço para tirá-la dali, mas ela puxou o braço

de volta.

 

– Me deixa! Você não é meu pai!

 

– Que bom que se lembrou dele, porque é pra ele que vou ligar se

encostar essa lata na boca!

 

E, sem pensar, Dulce pegou um cup cake na mesa e enfiou na cara

de Chris. A música parou. A festa parou. O vento parou. E então uma onda de

gargalhadas e aplausos se ergueu. Ele limpou o rosto e a olhou nos olhos.

Dulce achou que veria um olhar furioso. Mas não viu. Nesse momento,

Dulce viu os mesmos olhos magoados que já tinha visto antes. Ele se virou

e saiu, enquanto os outros faziam chacota, riam, apontavam e jogaram

canapés nele.

 

O loiro abraçou Dulce numa intimidade que ela não se lembrava de

ter dado e lhe ofereceu a lata de cerveja de novo. Ela olhou para a latinha, o

pivô involuntário da discórdia, e a devolveu, dizendo um seco “não,

obrigada”. Então ela tentou ir atrás de Chris, mas o loiro a puxou de volta.

 

– Não seja criança! Deixa aquele otário pra lá e bebe aí!

 

Então, Dulce pegou outro cup cake e enfiou na cara do loiro,

desvencilhando-se rapidamente antes que ele pudesse segurá-la de novo.

 

Nova onda de risadas e ela correu no meio da sala cheia, tentando

encontrar Chris. Não acreditava que tinha feito aquilo com ele. De novo!

Percorreu a grande sala e não o encontrou. A música voltara, dessa

vez com alguma canção nova da Madonna que ela ainda não conhecia.

 

Depois de quase meia hora procurando, Dulce o encontrou. Ele estava no

andar de cima, numa pequena biblioteca, debruçado na janela olhando para

o céu estrelado.

 

Quando ela entrou, ele se voltou para ela. O rosto já estava limpo e a

camisa ainda tinha umas manchas de chocolate. Mas o olhar ainda estava lá.

 

– Como me achou?

 

– Entrando em todos os aposentos... Já interrompi muitos casais e

acredito que alguns bebês não nascerão em nove meses por minha causa...

 

Ele não riu da tentativa de piada. Apontou com o rosto para a porta

deixada aberta atrás dela.

 

– Feche a porta.

 

Ela obedeceu. Então se aproximou dele com olhos baixos.

 

– Me desculpe...

 

Ele não respondeu. Ela continuou.

 

– Não só pelo bolinho. Mas por tudo. Eu tenho agido de uma maneira

maluca, eu sei. Mas se você soubesse tudo o que eu sei...

 

– Talvez se você me contasse...

 

Dulce olhou para os lados, repuxando os lábios. Encontrou algumas

centenas de livros a observá-la.

 

– Você não vai acreditar.

 

– Tente.

 

Dulce respirou fundo. Sim, talvez ela devesse tentar...

 

 

 

 



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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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