Fanfics Brasil - Capítulo 6 - A Verdade, Nada Mais que A Verdade O Trono Sem Rei

Fanfic: O Trono Sem Rei | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 6 - A Verdade, Nada Mais que A Verdade

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Dulce foi até a janela por onde uma brisa fresca passava e recostouse

no parapeito. Ele recostou-se também, sem tirar os olhos dela.

 

– Há alguns meses, minha melhor amiga sumiu – começou ela. – Eu

estava com ela.

 

– Ela foi sequestrada?

 

– Foi. Por fadas.

 

Chris arqueou as sobrancelhas sem desviar o olhar. Dulce o encarou.

 

– Por fadas... – repetiu ele, pra ter certeza de que tinha entendido.

 

– Sim, fadas. Ou silfos. Não sei ao certo. Só sei que ela foi parar no

Reino das Fadas e eu pedi ajuda para ir até lá e resgatá-la. Recebi a ajuda de

um anjo...

 

– OK... – disse ele, os olhos cada vez mais arregalados.

 

– E esse anjo era você!

 

Ela ficou em silêncio, já arrependida de ter-lhe contado tudo. Agora,

sim, ele ia achar que ela era completamente louca.

 

– Legal sua história! – disse ele. – Você tem muita imaginação.

Poderia escrever um livro.

 

E então ele se recostou no parapeito da janela, olhando para o céu

com o rosto zangado.

 

– Mas é a verdade! – insistiu ela, que não sabia mais o que dizer.

 

– Olha, se você não quer sair comigo, tudo bem! Mas não precisa me

humilhar desse jeito! Apenas diga!

 

– Não é isso!

 

– O que é então?

 

– Eu... Eu... Eu... Eu fiquei zangada quando vi que você não se

lembrava de nada!

 

– Me lembrar do quê?! Isso é uma fantasia da sua cabeça maluca!

 

– Não é! Aconteceu! – a voz dela começou a falhar. – Nós fomos

juntos até o Reino das Fadas, você salvou Eileen, mas ela perdeu suas asas,

e nós conhecemos Christián e Maite na Vila das Fadas D’Água, voamos em

grifos e fomos ao castelo de Belinda!

 

E então ela estava soluçando e cuspindo as palavras que não faziam

nenhum sentido para ele. Chris então a segurou pelos braços e tentou

acalmá-la.

 

– Tudo bem! Tudo bem! Fique calma!

 

Ele a abraçou para tentar contê-la, percebendo que ela estava

perdendo o fôlego e suas mãos se agitavam histericamente no ar enquanto

tentava contar para ele o que ela achara que tinham vivido.

 

 Não, ele

definitivamente não acreditava em nada daquilo. Mas acreditava que ela

acreditava.

 

Quando ela se acalmou, ele a soltou e a olhou nos olhos. Ela não

queria encará-lo.

 

– Está tudo bem... – disse ele. – Você já contou a alguém sobre isso?

 

Ela meneou com a cabeça.

 

– Não... Você é o primeiro. E agora acha que sou maluca.

 

– Não, não acho, não!

 

Ela o encarou, ciente da verdade, o rosto ainda vermelho da crise de

choro.

 

– Talvez um pouco excêntrica... – concluiu ele.

 

– Não conte a ninguém, tá bem? – pediu ela.

 

– Não se preocupe, não conto. Mas você precisa buscar ajuda. Essa

fantasia não está lhe fazendo bem...

 

E assim o coração dela se partiu pela segunda vez no mesmo dia. Ela

o olhou, os olhos brilhantes dizendo mais do que ele gostaria de saber.

 

– É... – disse ela. – Você tem razão... Vou fazer isso...

 

– Vamos! – disse ele com um sorriso gentil – Eu levo você pra casa!

 

Eles desceram as escadarias e a seleção musical parecia ter sofrido

um revés ou uma substituição de DJ que agora tocava funk.

 

– É mesmo hora de ir pra casa... – disse ele. – A música está nos

expulsando...

 

Assim que terminou de descer as escadas, foi interpelado por Tina,

que pegou em sua mão.

 

– Onde você estava, Chris? A Cláudia tava te procurando que nem uma

doida!

 

– Err.. Eu falo com ela depois, eu preciso ir agora...

 

– Não, não vá sem se despedir! – quase gritou a outra. – Ela está lá

nos fundos, vai lá dar tchau pra ela não ficar chateada!

 

Chris olhou para Dulce que concordou com a cabeça. Não era como se

ela estivesse precisando de um ProChris com urgência ou coisa assim. Ela

podia esperar. Apesar do funk.

 

Eles abriram caminho na festa que parecia ainda mais cheia até os

fundos, onde o cheiro de picanha subiu rapidamente. A piscina também

estava muito mais cheia, dessa vez com gente de roupa e tudo.

 

– Onde ela está? – perguntou Chris, procurando pela dona da festa.

 

– Ela estava aqui agora mesmo! – disse Tinha.

 

Nesse instante, Dulce olhou para ela, porque tudo naquele

momento pareceu incrivelmente falso. Algumas pessoas sabem mentir,

outras sabem atuar. Talvez Tina só soubesse mentir.

 

– Oh, meu Deus!!! – gritou Tina, apontando para a parte funda da

enorme piscina. – É ela ali?!!!

 

Chris arregalou os olhos ao ver alguém se debatendo e, a seguir,

afundar, sem que ninguém sequer notasse. Ele correu arrancando a

camiseta e os sapatos e mergulhou na parte funda da piscina, enquanto

 

Dulce e Tina também corriam atrás dele.

 

Assim que chegaram na borda, o rapaz já trazia uma semiconsciente

Cláudia. Elas o ajudaram a puxá-la para a borda e ele saltou para fora logo

depois. Ele fez uma massagem cardíaca e respiração boca a boca. Dulce

estava assustada e outras pessoas começaram a se aproximar ao ver a

movimentação.

 

Porém, mais uma vez, ela se viu olhando para Tina. E ela estava

sorrindo.

 

Cláudia tossiu e voltou a si. Enlaçou-se no pescoço do moço que a

ajudou a se sentar. Alguém dispersou as pessoas que foram se afastando.

 

– Chris! Obrigada! Obrigada! Eu achei que ia morrer!... – disse Cláudia.

 

– O que aconteceu?

 

– Eu escorreguei e caí. E nunca fui boa nadadora mesmo... Você me

salvou! Obrigada! Estou tão nervosa!...

 

E começou a chorar abraçada a ele. Dulce se levantou.

 

– Melhor ficar com ela, Chris... – disse.

 

– Mas eu ia levar você pra casa! – respondeu ele.

 

– Eu pego um táxi! Não se preocupe comigo!

 

Ele ainda a olhou longamente, e então concordou com um

movimento de cabeça. Chris se levantou, erguendo Cláudia nos braços e

seguiu para a casa. Quando passou por Dulce, Tina estava sorrindo

abertamente, mas dessa vez Dulce não notou. 

 

Ela estava boquiaberta

vendo as marcas que Chris trazia nas costas. Eram duas manchas escuras,

como cicatrizes, nas omoplatas, uma de cada lado, como se ali, em alguma

época de sua vida, tivesse havido asas...

 

Dulce seguiu pela rua deserta. Já passava da uma da manhã e ela

não tinha ideia de como tanto tempo se passara naquela festa horrível.

Abraçou a si mesma, sentindo frio com o vento da noite. A música e o

burburinho da festa foram ficando mais distantes e Dulce não conseguia

parar de pensar no que vira.

 

Chris não acreditava nela. E aparentemente já tinha uma vida ali há

pelo menos 19 anos. Ele não podia ser Chrisariel. O seu Chrisariel... Mas seu

comportamento, seu olhar, seu sorriso e, principalmente, suas atitudes,

diziam exatamente o oposto. E agora ainda tinha aquelas cicatrizes em suas

costas.

 

Um vento mais forte a fez estremecer. Um calafrio percorreu sua

espinha. Havia algo errado. Olhou para o céu e um bando de nuvens escuras

e disformes passou, trazida pelo vento, numa velocidade anormal,

escurecendo totalmente a rua. Dulce achou ter ouvido gritos e assobios,

algo muito distante, mas, mesmo assim, muito assustador. Olhou para trás e

um carro amarelo apareceu.

 

 Ela esticou a mão, esperando que ele estivesse

vazio. Para sua sorte, estava. Ela entrou e deu o endereço para o motorista

de cabelos grisalhos e se aqueceu dentro do carro, olhando pela janela

fechada as folhas secas rodopiarem na rua deserta.

 

Quando chegou em casa, seus pais ainda estavam acordados,

aninhados um no outro vendo um filme com um enorme balde de pipoca

com manteiga no colo e um cobertor felpudo os aquecendo.

Estranhamente, aquele sábado quente tinha tido uma súbita queda de

temperatura. Ventos frios anunciavam uma chuva e a moça entrou sentindo

frio. Não parecia muito animada.

 

 Havia esse problema com Dulce. Ela

tinha dificuldades em fingir. Ela era o que era, simples assim. E, por isso

mesmo, era sempre um alvo relativamente fácil para os azedumes dos

adolescentes. Relativamente, porque Dulce tinha uma língua rápida e uma

mão pesada (puxara isso de seu pai). Corria o risco quem quisesse.

 

Geralmente, era mais seguro fazer chacota dela pelas costas.

 

– Querida! – surpreendeu-se Blanca. – Você não nos ligou para

irmos buscá-la!

 

– É que eu queria chegar logo – o que era uma forma de dizer que ela

queria sair logo de lá. – O que estão vendo?

 

Ela se sentou no sofá com eles.

 

– Tróia! – respondeu sua mãe.

 

Dulce não tinha um apreço especial pelos épicos, isso era com seu

pai, mas a figura de Orlando Bloom a agradou.

 

– Posso ver também?

 

– Claro, princesa! – respondeu seu pai com aquele sorriso lindo que

fazia tudo parecer melhor. – A gente volta pra você ver do começo! Amanhã

é domingo, podemos todos dormir até tarde.

 

Ele deu um lugar pra ela embaixo do cobertor e lhe ofereceu pipoca,

ainda quentinha. Dulce encheu a boca, lembrando que não comera nada

naquela porcaria de festa.

 

– E aí? – perguntou Fernando. – Como foi a festa?

 

– Uma porcaria! A idiota da Cláudia quase se afogou na própria

piscina!–

 

E ela está bem? – perguntou Blanca.

 

– Melhor do que eu... – respondeu Dulce, com um suspiro.

 

– Estranho Cláudia se afogar! – comentou Blanca.

 

Dulce desviou os olhos de Brad Pitt de minissaia e olhou para a

mãe.

 

– Por que estranho?

 

– Porque ela é campeã de natação! – explicou Blanca. – Eu sei

porque a chatíssima da mãe dela sempre esfrega isso na nossa cara quando

a encontro nas reuniões de Tupperware. Ela é mala... Não sei por que

continuam convidando-a...

 

– Deve ser porque ela compra – disse Fernando, comendo mais pipoca.

 

– É, é um bom motivo... – concordou Blanca.

 

Dulce já tinha deixado de ouvir, pensando na armação que Cláudia

fizera só para tirar Chris dela.

 

– Mas que piranha... – murmurou, esquecendo momentaneamente

que não estava sozinha.

 

– Que isso, filha?! – exclamou seu pai. – Está ficando palavruda?

 

– Desculpe! Mas acabei de perceber que ela não se afogou coisa

nenhuma!

 

E Dulce compartilhou com os pais os detalhes do fato.

 

– Mas que piranha! – disse Fernando, que podia não gostar muito de

Chris, mas gostava menos ainda de ver a filha sendo passada para trás por

uma pessoa manipuladora. Ele sabia o estrago que pessoas manipuladoras

podiam causar.

 

– Não se preocupe, querida! – disse Blanca. – Relaxe. Veja o filme.

 

Amanhã, ligue para o Chris e pergunte como está a Cláudia. E aí você o

convida para a sua festa de aniversário!

 

A mãe ergueu a mão e Dulce bateu, fechando o combinado e

formando sua equipe.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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    Dulce estava muito animada com sua própria festa. Não teria o porte da festa de Cláudia, pois ela não tinha piscina nem uma mansão de três andares, mas faria tudo para ser uma festa memorável. Não sabia como ia fazer isso, mas estava empolgada em descobrir.   Acordou bem tarde no domingo. Assim ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:22:26

    Livro 3 - https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-finalizada-vondy- adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:20:31

    Livro 1 - https://fanfics.com.br/fanfic/48242/lua-das-fadas-vondy-adaptada

  • kaillany Postado em 21/12/2016 - 16:58:13

    Continua!!!!

  • kes_vondy Postado em 06/12/2016 - 02:26:44

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 22:58:47

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 04/12/2016 - 19:50:14

    CONTINUA


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