Fanfic: Burning Red - Vondy. | Tema: Vondy.

08 de março de 2013, 00:55. Londres, Inglaterra.

   As luzes piscam em um azul psicodélico que turva a minha visão, sentada sobre um sofá branco, tenho uma visão sistemática da boate. Cruzo as pernas e adoto uma expressão impassível, pois não quero fazer nada além de saborear copos e mais copos de ‘Sex on the beach’. Ao meu lado, Maite traga um cigarro e brinca de soprar a fumaça para ver a mesma espiralizar pelo ar e bater contra o seu copo com Vodka.

   O círculo utopia é uma boate situada no Brixton, distrito de Londres. Localizada no terceiro andar de um edifício de quatro andares, ela esconde-se em um estreito e inabitável beco, onde quem passa por perto não imagina as promiscuidades que acontecem aqui.

   - Aquele pedaço de mau caminho não para de te encarar. – Maite sussurra próximo ao meu ouvido, ela indica discretamente o local onde o homem está.

   Encostado no balcão do bar, um moreno de feições masculinas marcantes e provocantes me encara, sua barba por fazer misturada ao sorriso sacana de seus lábios deixam-me atordoada.  Engulo em seco e bebo mais um gole da minha bebida, sentindo-a descer queimando pela minha garganta.

   - Você sabe que eu vim somente para beber, não quero ficar com ninguém hoje. – Balanço a cabeça como forma de me livrar dos pensamentos impróprios que insistiram em invadir minha mente.

   Pensamentos de como seria a sensação de sentir aquela barba por fazer roçando na lateral das minhas coxas enquanto ele usa sua língua para me dar prazer, e eu deliciando-me com sua carícia e esperando um orgasmo arrebatador acalorar o meu corpo.

   - Tudo bem, mas ele é um gostosão. – Afirma e eu sou obrigada a concordar. – E deve fazer um sexo muito bom, olha só aqueles músculos. – Morde o lábio.

   Um ano e meio é o tempo da nossa amizade, mas eu ainda me surpreendo com o jeito louco dela. Ela é um misto de vivacidade, inteligência, rebeldia e carisma. Por mais que aja do modo errado, sua amizade me liberta e me deixa ser quem eu realmente sou.

   - Você é terrível. – Declaro. – Não sei como ainda ando com você. – Nego com a cabeça.

  - Alerta boy magia chegando. – May diz enquanto finge uma tosse. – Oi! – Grita e finge surpresa.

   - Oi. – Ele segura dois copos, um que julgo estar com tequila e o outro com uma dose de ‘Sex on the beach’. – Vi que a sua bebida acabou, trouxe outra pra você. – Estende o copo pra mim, aceito de bom agrado e beberico um pouco da bebida.

   - Obrigada. – Agradeço.  

   Como Maite sempre perde a chance de ficar calada, sorri abertamente para o moreno e com uma voz sugestiva, pede:

   - Por que você não leva a minha amiga Dulce para dançar? – Paraliso e fulmino-a com o olhar. Mas que vaga/bunda!

   Ele sorri abertamente e pareceu entender o duplo sentido da May.

   - Será um prazer. – Imediatamente, faço menção de negar, mas ele parece perceber. – Não aceito não como resposta. – Bufo e dou-me por vencida. Com goles seguidos e sob o olhar satisfeito dele, termino a bebida que ele me trouxe.

   - Tudo bem. – Um pouco tonta, eu levanto. Ele larga seu copo com tequila em cima da mesa e estende o seu braço para mim. – Vamos.

   – Você me paga. – Sussurro pra May.

   No meio da pista de dança, ele envolve seus braços na minha cintura e juntos dançamos. Seus músculos enrijecem sob os meus dedos quando ele aperta com força a minha cintura.

   - Desde que cheguei não consegui parar de te olhar. – Declara e indelicadamente beija minha bochecha.

   De repente, sinto meu corpo inteiro incendiar-se e uma tontura me faz agarrar-se a ele. Não estou tonta por causa de suas palavras, ou por causa das suas mãos em torno da minha cintura, ou até mesmo devido a intensa aglomeração de pessoas. É uma tontura misturada a uma leve sensação de bem estar, como se eu estivesse em um universo paralelo do lugar onde estou agora.

   - Não estou me sentindo bem. – Declaro, apertando firmemente seus braços.

   - Relaxa, eu te dei uma coisinha para fazer você cooperar com os meus gostos. – Sussurra contra o meu pescoço. Seus dedos passeiam sobre o meu vestido de seda branco e param na metade da minha coxa, pressionando a minha carne fortemente.

   O círculo utopia cheira a se/xo, por todo canto que olho só vejo casais iniciando uma tran/sa por aqui mesmo. Com um pouco de dificuldade, procuro Maite e encontro-a dando um belo show no lugar onde estava antes. Sentada sobre o colo de um loiro, ela acaricia sensualmente o pê/nis dele enquanto morde o lábio. Chego a conclusão de que ela está totalmente alheia ao que acontece ao seu redor. 

   - Nem ouse chamá-la. – Ordena. – Meu amigo já está cuidando dela. – Sorri perverso.

   A partir desse momento, não consigo emitir mais nenhum som. Tudo parece girar, as luzes mudam de tonalidade e do azul passam para o verde. Sob o verde, ele me arrasta para as escadas e eu continuo no meu mundo paralelo; onde eu vejo as pessoas, tento interagir, dizer o que está acontecendo, mas não consigo fazer nada.

   Já fora do edifício, ele me leva para o final da rua, onde tudo é mais escuro. O inabitável beco, irá se tornar cenário de uma das piores coisas que poderiam me acontecer. Quero gritar, implorar para que ele pare, mas no momento em que ele bate de punhos fechados contra o meu rosto, a única coisa que consigo fazer é encolher-me de dor e receber mais e mais as suas pancadas.

   - Preparada para vivenciar o meu mundo? – Pergunta retoricamente, afinal ele sabe que eu não posso respondê-lo. – Gosto de se/xo malvado, fora do comum. – Ele morde meu lábio inferior com força, e eu passo a sentir o gosto metálico de sangue.

   Ele ergue o meu vestido e deixa a mostra a minha calcinha rendada preta. Passa a mão sobre ela e sente a renda sob os seus dedos, enquanto com a outra mão ele mantém o meu corpo de pé. Num instante ele coloca sua mão dentro da minha calcinha, e sente o meu púbis totalmente depilado.

   - Depilada. – Ele morde o lábio inferior. – Do jeito que eu gosto. – Sorri sacana e beija os meus lábios.

   Ouço o som da minha calcinha sendo rasgada, encaro com os olhos marejados o semblante cruel desse ser. Imploro mentalmente para que tudo isso acabe, quero poder fugir, gritar, mas sou impedida de fazer isso por causa da droga que ele me deu.

   Ele separa-se de mim para poder abaixar a sua calça, procura sentar-me em algum canto, e quando ele coloca suas mãos no botão da calça, seu corpo voa para longe do meu e uma batida violenta é ouvida quando o seu corpo choca-se contra a lixeira.

   Nesse momento, um barbudo vestindo um terno preto, entra no meu campo de visão e dá uma bela lição no animal que estava a me maltratar. Murros, chutes e frases de repulsas são ouvidos. E quando o moreno cai desmaiado no chão, o barbudo vem em minha direção e não fala nada, apenas abaixa o meu vestido e me envolve em um abraço para levar-me de volta ao edifício de tijolos marrons desgastados.

   Ao chegar a porta do apartamento 401, no quarto andar, ela é aberta por uma senhora loira, de cabelos curtos, olhos azulados semelhantes a safiras e muito bem vestida.

   - Coloque-a na cama, Jeremy. – Ela ordena, e agora sei que o barbudo se chama Jeremy. Jeremy leva-me a um quarto de mobília escassa, com apenas uma cama e uma poltrona bege.

   Deito na cama de solteiro e aos poucos começo a sentir uma dor incômoda em meu rosto, alguns minutos se passam, e a loira vem ao meu encontro carregando uma caixa de primeiros socorros, senta na poltrona e começa a limpar o sangue seco em meu rosto. O alivio substitui o incômodo, e com isso começo a me preocupar com o estado do meu rosto após os murros que recebi.  

   - Sinto muito pelo que estava prestes a acontecer. – Declara, parecendo sincera. – A propósito, meu nome é Margo Müller. – Apresenta-se e eu apenas a encaro. – Não sei que tipo de droga ele te deu, mas não se preocupe que com certeza ela já estará fora do seu organismo amanhã de manhã.

   Quando os raios solares invadem o quarto pela janela, eu começo a recobrar a minha consciência. Dor é o que sinto por todo o meu corpo, minha cabeça está prestes a explodir, mexo-me com cuidado, e assim que viro para ter uma visão completa do quarto, encontro a loira da noite passada sentada na poltrona.

   Ela parece ansiosa, segura os nós dos dedos com força. Ao seu lado, está uma mesinha de madeira não vista antes.

   - Tome isto, são dois analgésicos. – Ela me dá dois comprimidos e um copo d’água. Tomo-os com agrado e deito novamente na cama. – Consegue falar? – Respiro fundo e concordo.

   A sensação de antes, não está mais comigo. Agora sei que posso agir normalmente e que voltei a ser dona do meu próprio corpo.

    - Sim.

   - Que bom, assim poderemos conversar. Porém, vou buscar algo para você comer primeiro. – Faz menção de sair.

   - Não precisa, eu tenho que ir embora. – Digo tentando levantar, mas ela me prende contra a cama.

   - Não, você não vai. E se estiver preocupada com a sua amiga, não se preocupe, ela está bem.

   Mas, como ela sabe da May? Ignoro totalmente as milhões de perguntas que rodam minha mente. Apenas relaxo contra o colchão e fecho os olhos.

   - Eu não quero incomodá-la, já basta o que você e seu...

   - Segurança pessoal, guarda-costas, capanga... – Lista uma série de definições para Jeremy.

   - Isso. – Concordo. – Fizeram por mim.

   - Ah, mas não se preocupe quanto a isso. Você terá com o que me pagar. – Vejo a sombra de um sorriso formar em seus lábios antes dela sair pela porta e me deixar olhando para o teto.