Fanfic: Coração Arrependido - Adaptação Vondy | Tema: Vondy

CAPÍTULO SEIS

DULCE NÃO tinha notícias de sua irmã com muita freqüência. Ela ligava e deixava mensagens, mas Maite não retornava; enviava cartões que voltavam para seu endereço. E então, de repente, Maite ligava – sempre com as mesmas desculpas esfarrapadas. Estava muito ocupada, ou tinha se mudado, ou seu telefone fora desligado porque ela não tinha pagado a conta. Mas a realidade era que Maite era frágil. Ver sua mãe definhar lentamente a prejudicara muito. Ela simplesmente não tinha estrutura emocional para lidar com a doença do pai, então preferia ficar bem longe e evitar o contato ao máximo.

Dulce ainda não tinha conseguido falar com ela quando soube da morte de Alfonso e Anahí, e, francamente, ela gostaria de ter recebido um pouco de apoio emocional naquela situação. Foi por isso que Dulce ficou surpresa ao ver o nome dela em seu celular naquela noite, depois que ela e Chris colocaram as gêmeas na cama. Ela havia acabado de sair do quarto e estava fechando a porta quando seu telefone tocou.

Ela pensou em não atender, para que Maite soubesse como costumava se sentir. Mas Dulce acabou se sentindo culpada e resolveu falar com a irmã. E se fosse algo importante? E se Maite não a procurasse novamente por meses? Além de seu pai e das gêmeas, Dulce não tinha mais ninguém. Sem falar que aquela seria uma ótima desculpa para fugir do vinho habitual com Chris. E depois do que havia acontecido naquela tarde, quanto menos tempo ela passasse com ele, melhor.

– É a minha irmã. Preciso atender – disse ela, entrando em seu quarto e fechando a porta, fingindo não ter visto o lampejo de decepção que passou pelo rosto de Chris.

– Adivinha quem é! – disse Maite quando Dulce atendeu.

– Ei, mana. – Ela se sentou na beira da cama. – Quanto tempo faz? Três meses?

– Eu sei, eu sei, eu deveria ligar com mais freqüência. Mas o que tenho a dizer agora irá compensar minha ausência.

– Ah, é?

– Eu estou voltando para casa!

– Você está voltando para Nova York?

O coração de Dulce acelerou, mas sua irmã riu e disse:

– Não, não! Você está brincando? Los Angeles é fabulosa demais para se deixar. Eu estou ficando na casa de um amigo, de frente para o mar, em Malibu. Na verdade, estou agora mesmo sentada na areia, olhando as ondas.

Dulce já podia imaginar a irmã com uma cerveja em uma das mãos e um cigarro na outra. Ela sempre havia sido muito mais descolada do que Dulce, muito mais autoconfiante. No entanto, era tão sofrida. E Dulce tinha certeza de que a irmã também estava compartilhando o quarto do amigo.

– Então por que você disse que estava voltando para casa? – perguntou Dulce.

– Porque eu estou indo visitá-la.

– Quando?

– Quarta-feira da semana que vem. Haverá um teste para um filme independente que deve começar a ser rodado em agosto, e meu agente pensa que eu sou perfeita para o papel principal. Ficarei na cidade uma semana, para ver se realmente serei chamada.

– Parece promissor.

Embora, de acordo com Maite, seu agente pensasse que ela era perfeita para todos os papéis que apareciam.

– Sei o que você está pensando – disse Maite.

– Eu não disse uma palavra.

– Você não precisa dizer nada. Eu posso sentir seu ceticismo pelo telefone. Mas neste caso é diferente. Meu novo agente tem alguns contatos realmente impressionantes.

– Novo agente? O que aconteceu com o antigo?

– Eu não lhe contei? Nós nos afastamos há dois meses.

– Por quê? Eu pensei que ele fosse um super agente.

– A mulher dele nos flagrou em seu escritório.

– Você dormiu com o seu agente casado? – Por que aquilo não a surpreendia?

– Uma garota faz o que pode para conseguir o que quer, e isso não foi nenhum sacrifício, acredite. Além do mais, você não está exatamente em posição de me julgar.

Tecnicamente, o pai das gêmeas era um homem casado, mas foi uma situação bem diferente.

– Ele e sua esposa estavam separados, e só aconteceu naquela noite.

Quando ela soube que estava grávida, ele e sua esposa tinham se reconciliado. Não que Dulce quisesse casar com ele. Ele era um bom sujeito, mas ambos sabiam que aquilo havia sido um erro.