Fanfic: True Love. — Portiñón. AyD. — FINALIZADA. | Tema: Dulce e Anahí.

POV. ANAHÍ

Eu estava ofegante, tinha sido um esforço enorme ao andar em passos rápidos em cima dos saltos agulhas no sol escaldante de Barcelona. Puxei a minha respiração pela boca, tentando retomar o fôlego. Foi um alívio me sentar na cadeira tão confortável e sentir o ar frio do ar-condicionado em minha pele. Senti uma gota de suor escorrendo pelo meio de minhas costas, causando um arrepio desconfortável em minha espinha.

Não tinha pretensão de me atrasar. Odiava atrasos, mas tinha sido por uma excelente causa. Estou feliz, muito feliz. O meu sonho estava finalmente se realizando e não podia ser melhor. Estou com a língua coçando para compartilhar o que me tinha acontecido com a Dulce, mas, enquanto, ela fingisse ignorar a minha existência, não tinha muito que fazer ao não ser esperar.

Uma hora, ela iria explodir pelo meu atraso. Sei muito bem disso, conheço-a muito bem. Eram dez anos de amizade. Conhecia todas as suas manias, suas qualidades e seus defeitos. Sabendo disso tudo, sei que se eu abrisse á boca para me desculpar, seria mais ignorada.

Dulce tinha um jeito estranho de lidar comigo quando estava irritada. Ela me ignorava para depois de uns minutos, expor o seu desagrado.

Tínhamos uma amizade íntegra, sincera e companheira. Éramos unidas e cúmplices. Compartilhávamos nossos segredos e também os acontecimentos em nossas vidas. Seja o que for. Não tínhamos pudores e nem limitávamos os assuntos. Falávamos sobre tudo. Éramos um livro aberto com letras garrafais e maiúsculas. Sempre juntas. Ajudávamos nos momentos necessários e ás vezes, não tão necessários assim. Aconselhávamos.  Éramos companheiras de vida e de histórias.

Aliás, as minhas melhores histórias aconteciam ao lado de Dulce.

Por muitas vezes, Dulce tinha limpado as minhas lágrimas e acalentado o meu coração em seus braços quando algum babaca o despedaçava. Sinceramente, não sei o que faria da minha vida sem ela. O que começou despretensiosamente num bar de quiosque, se tornou essencial.

Somos mais que amigas, somos irmãs. Tenho um amor incondicional pela Dulce e sei que é recíproco, embora que não éramos melosas. Mas estava explícito em nossos olhos.

Eu tinha muitos amigos, mas nenhum chegava ao grau de intimidade que eu tinha com Dulce. E sinceramente, nem me esforçava para isso. Ter ela em minha vida era mais que o suficiente.

Vir para Espanha quando completei dezenove anos. No início, minha família fora contra, nunca tinha saído do acolhimento dos meus pais e dos meus irmãos que eram protetores. Fora uma luta para que o meu sonho em morar em outro País fosse realizado. Mesmos sendo maior de idade e podendo fazer o que bem entendesse da minha vida, não quis partir sem apoio da minha família. Depois de muito trabalho árduo e com a garantia de Dulce que ficaria de olho em mim, minha família cedeu.

Foi assim que adquiriram uma paixão muito exposta pela Dulce. Ela os tinha conquistado á ponto deles ficarem me perturbando e aconselhando para ter um relacionamento com ela.

Minha família era demais!

Quando cheguei á Espanha, Dulce tinha insistido para que eu morasse com ela, mas eu não quis. Achava injusto atrapalhar a rotina dela e não queria ser inconveniente, mesmo que ela dissesse o contrário. Fiquei na república da faculdade, trabalhei como garçonete até conseguir um estágio remunerado. Conclui meu curso de Engenharia Ambiental com honras. Já sai da faculdade empregada em uma construtora.

Continuo na mesma até hoje, e presto trabalho voluntário no Greenpeace.

O silêncio se instalou, sentia a ansiedade crescer dentro de mim cada vez mais. Olhei fixamente para Dulce, sem me importar com doce. Só queria contar. Qualquer coisa que me acontecesse, boa ou ruim, Dulce tinha que ser a primeira saber. Como também, ás vezes, precisava do seu apoio para realizar algo.

Carne e unha.

Percebi que a birrinha de Dulce iria demorar mais do que o necessário, então, resolvi chamá-la.

— Dulce... — O interesse por aquele cardápio já estava se tornando irritante.

— Vai ser pavê mesmo. — Dulce concluiu, fechou o cardápio e colocou em cima da mesa, virou-se e chamou a atendente. Deixando-me frustrada com isso. A atendente rapidamente apareceu, bem solicita, como sempre. — Vou querer pavê de bis, por favor.

— Certo. — A atendente anotou o pedido com um sorriso. Era linda, loira dos olhos azuis e sempre trocava olhares com a Dulce. — Mais alguma coisa?

— Para mim não. — Dulce me olhou questionadora.

— Eu vou querer um cupcake de amendoim e chá de maça com canela. — Disse meio contrariada.

— Com licença. — A atendente saiu, deixando-nos a sós.

Eu e Dulce nos olhamos por uns segundos.

Dulce é linda. E eu sempre admirei muito a sua beleza. Branquinha. Sua pele parecia uma flor copo de leite, de tão clarinha e sedosa. Os olhos tinha uma tonalidade única: Castanhos-avermelhados. Uma boca pequena e avermelhada. Os cabelos com madeixas loiras recém-adquiridas completava a perfeição. Parecia uma obra de arte, uma pintura de tinta á óleo.

Estava particularmente maravilhosa hoje, usava uma blusa cavada branca com os dizeres “Believe In Miracles”, o sutiã meia taça negro entrava em contraste com a pele e também a blusa. Calça jeans rasgada e alpargata listrada. Um look bem descontraído para variar os terninhos que ela sempre usava em seu dia-a-dia por conta do trabalho – mas que a deixava sexy do mesmo jeito. Tinha um corpo muito bonito, digno de ser admirado.

— Eu... — Comecei, mas fui interrompida.

— Por que se atrasou? — Dulce me perguntou irritada, olhando fixamente para mim. — O que aconteceu? Por que não foi um atraso de cinco minutos, foi de quase uma hora! Quero uma boa explicação para justificar esse chá de cadeira. — Ordenou, lembrando muito a mulher de negócios.

Ah, sangue espanhóis... Tão quentes! Não que o meu fosse diferente, aliás, sou mexicana!

— Foi por uma boca causa. — Não pude deixar de sorrir.

Dulce arqueou a sobrancelha.

— Boa causa? Foi salvar o planeta do aquecimento global? — Ela ironizou.

— Sou engenheira ambiental, posso muito bem fazer isso, um dia. — Respondi com uma carranca. Mas depois sorrir, deixando que a felicidade me contagiasse. Mas, mesmo ao meio do torpor da felicidade, um nervosismo me acometeu e fiquei receosa em contar. Ela esperava não muito paciente, me olhando intensamente. Isso não estava me ajudando muito. Respirei algumas vezes. — Eu... — Mordi o lábio inferior.

Dulce estranhou a minha hesitação, dava para ver em sua expressão. Deveria ser porque não fazia parte da minha personalidade ficar hesitante.

— Você...? — Estimulou-me, de repente, muito curiosa para saber o que tinha acontecido.

Antes que eu pudesse responder, a atendente voltou com os pedidos. Agradecemos e o clima ficou em suspense. Mastiguei o meu lábio inferior, um tique nervoso e Dulce percebeu isso, já que franziu o cenho.

— Eu nem sei por onde começar. É tão mágico. — Suspirei, mexi o pa/u da canela no chá de maçã.

— Compartilhe, estou precisando de um pouco de magia no meu mundo. Desde que Harry Potter acabou me sinto tão... Vazia. — Dulce implicou, joguei uma bolinha de guardanapo no rosto dela que riu.

Também rir, adoro o senso de humor dela. Isso deixou o clima mais suave, depois de fazer uns segundos de suspense, finalmente resolvi falar:

— Eu vou me casar! — Dei um gritinho histérico, mostrando a minha mão direita que tinha um anel com um pequeno solitário em meu anelar.

Dulce que tinha acabado de provar o pavê de bis engasgou. Tossiu violentamente com a mão na boca, seu rosto ficou vermelho escaldante. Alarmei-me, estava pronta para ajudá-la quando a voz dela ainda rouca pela tosse soou perplexo na doceria:

— O QUE?

Ops.

**

Eis-me aqui com a minha quarta fanfic.

Espero sejam conquistadas assim como estou sendo conquistada á cada dia que escrevo.

Um grande beijo.