Fanfic: True Love. — Portiñón. AyD. — FINALIZADA. | Tema: Dulce e Anahí.

POV DULCE

Sabe aqueles dias em que você está ricamente feliz? Que a sua mente e o seu corpo está absurdamente relaxados á um ponto que mesmo acontecendo inúmeras coisas, isso não é capaz de quebrar a sua paz de espírito nem arrancar a sua felicidade?

Esse era o meu dia.

Nada estava conseguindo me abalar hoje. Nem mesmo a reunião do conselho urgente, informando que o acionista Ronaldo Morgado vendeu as suas ações para outra pessoa. Se fosse em outro dia, isso poderia me perturbar. Ronaldo sempre fora um excelente acionista, e sempre contribuiu para o funcionamento da Corporation com o seu voto á favor nas minhas decisões.

Apesar de eu achar que ele deveria ter vendido as ações para mim e não para outra pessoa, isso ainda não me irritou. Nem mesmo em saber que foi a pessoa que adquiriu as ações, também não me perturbou. O conselho era formado apenas por sete membros, as ações maiores eram da minha família que era em torno de 80%, enquanto, os outros membros tinham apenas 5%. Então, a voz predominante era da mamãe, mas como ela quase sempre se abstinha, só aparecia em momentos cruciais – e sempre concordava comigo – eu que tinha o poder da caneta, como dizem...

Claudia fazia parte do conselho, mas quase sempre estava ausente das reuniões. Como hoje. O interesse da minha irmã era aparecer apenas quando o assunto era á criação, fora isso, os números, ela deixava para mim.

Voltei do almoço. Tinha optado em comer no restaurante da empresa mesmo. Entrei no hall da presidência saboreando o meu chocolate favorito quando Lydia veio em minha direção. Estava com a bolsa pendura no ombro e segurava uma carta que me entregou.

— Aqui. — Ela disse. Tinha alguma coisa estranha nela, e não me refiro ao cabelo. Era algo em sua expressão, parecia derrotada.

— O que isso? — Olhei dela para o envelope branco.

— A minha demissão. — Lydia disse com firmeza.

Fiquei surpresa com isso.

— Demissão? Você não pode se demitir assim do nada, se esqueceu de que existe o aviso prévio?

— Não esqueci, mas infelizmente, não posso cumpri-lo. A situação se tornou insustentável. — Lydia desabafou. — Sinto-me péssima em estar aqui, ao seu lado praticamente e não poder mais compartilhar dos nossos momentos íntimos. Não estou mais sabendo separar o profissional  do pessoal. Prefiro ir embora a sofrer.

Por essa também eu não esperava. Como a Lydia estava trabalhando bem resignada, sem nenhuma insinuação ou abordando assuntos pessoais, achei que tinha superado o nosso momento.

— Escutei bem? Lydia Camargo está se demitindo? — Uma voz nos abordou. Viramos para dá de cara com o Jason Simon.

— Espiando por trás da parede, Simon? — Perguntei séria.

— Claro que não. — Jason passou as mãos no terno caríssimo. — Esqueceu que também faço parte da presidência e que minha sala é ao lado da sua?

— Não. — Dei um sorrisinho bastante falso. — Como eu poderia esquecer.

— Voltando á minha pergunta, está se demitindo, Lydia? — Jason olhou para ela.

— Sim. — Lydia abaixou a cabeça, aparentemente chateada. — Não posso continuar sendo a secretária da Sra. Espinosa.

— Por quê? — Jason perguntou curioso.

— Por motivos pessoais que não cabem á você, Simon. — Respondi antes que Lydia abrisse á boca e entrasse em detalhes.

Lydia se manteve calada.

— Hoje deve ser o meu dia de sorte. Depois de arrematar 5% da Corporation, a sua secretária extremamente profissional se desliga de você. — Jason sorriu presunçoso. — Quero que seja a minha secretária, Lydia. Estou precisando de excelência já que além de vice-presidente também sou acionista.

Olhei bem para o Jason sem acreditar em sua idiotice. Sério isso? Ele achava que 5% das ações, o tornaria rei? Ou o dono da Corporation? Esse cara é uma eterna piada.

— Desde quando você precisa de secretária particular, Simon? — Perguntei. Até porque a Lydia fazia o serviço pelos dois.

— Desde que me tornei acionista, já disse. — Ele me respondeu entediado. Então, sorriu para Lydia. — Então, o que acha Lydia? Me dará a honra de ser minha secretária?

Lydia nem pensou.

— Claro.

— Espera... Você vai me deixar na mão para trabalhar com o Simon? — Perguntei incrédula.

Era inaceitável. Ela não queria cumprir o aviso prévio, mas em compensação ficaria trabalhando para o Simon? Antes que Lydia me respondesse, o aviso do elevador nos fez olhar para a direção. Sorrir ao ver quem era... Minha belíssima esposa ao lado da minha irmã. Ela me olhou e também sorriu para mim. Vê-la na empresa fazia a minha imaginação flutuar. A sua última visita rendeu boas horas.

— Boa tarde. — Anahí cumprimentou com bom humor e me deu um beijo na bochecha. — Olá amor.

— Oi amor, que surpresa mais agradável. — Abracei-a pela cintura e cheirei o pescoço dela. Cheirosa. Muito cheirosa.

— Boa tarde, Anahí. — Jason respondeu, olhando com intensidade para minha esposa.

Não gostei do olhar e fiquei carrancuda. Minha mão se tornou possessiva na cintura dela, num sinal bem claro de que ela era minha e de mais ninguém. Anahí não respondeu ao Simon, o olhou com desprezo e voltou sua atenção para mim.

— Reunião na recepção? — Claudia perguntou, olhando de Lydia para o Simon.

— Não necessariamente. — Respondi. — Lydia me pediu demissão, mas em contrapartida o Jason a contratou.

— O que? — Claudia parecia irritada. Percebi que Anahí ficou tensa, e Lydia parecia desconfortável. Minha irmã se virou para o Simon. — Você não precisa de uma secretária, quase não faz nada nessa empresa. Se Lydia se demitiu, está demitida e você não vai se meter nisso.

— Claudia, como sempre encantadora. Mas como perdeu a última reunião do conselho, deve está desinformada... Eu tenho o direito de me me/ter nisso já que agora sou acionista, comprei as ações do Ronaldo Morgado, e sou responsável por 5%.

— Você sabia disso? — Claudia me perguntou, olhando para mim.

Dei de ombros.

— Soube na reunião, hoje de manhã. — Falei sem muita importância. — A questão aqui é que agora estou sem secretária. — Olhei para Lydia. — Já que você vai continuar á trabalhar aqui na presidência, poderia cumprir o aviso prévio para mim até eu arranjar outra secretária.

Lydia olhou para Anahí antes de responder.

— Sinto muito, Dulce. Mas como eu disse, não posso mais trabalhar pra você.

— Mas... — Comecei, mas Anahí me interrompeu.

— Querida. — Anahí acariciou o meu braço, atraindo a minha atenção. — Já que a Srta. Camargo se demitiu por livre espontânea vontade e não quer lhe cumprir o aviso prévio, não se preocupe com isso. Eu tenho a solução para os seus problemas.

— Você vai ser a minha secretária? —Perguntei baixinho com certa malícia.

Anahí riu.

— Não. Mas eu conheço uma secretária muito capaz que por ventura está precisando de emprego. Você vai adorá-la. Ela é excelente, você não vai se arrepender.

Claudia ergueu um dedo, chamando atenção de todos.

— Voltando para o X da questão. — Minha irmã olhou para Jason com irritabilidade. — Querido, você só tem 5% das ações, acho até vergonhoso querer esfregar isso na nossa cara quando a voz predominante é da minha irmã, ou devo lembrar que acionistas com a maior ação que tem o poder?

— Parece pouco comparado ao que vocês têm, é. Mas posso fazer algumas exigências e exijo que Lydia seja a minha secretária. Algum problema nisso? — Jason perguntou cínico.

— Exige? — Claudia deu uma gargalhada sem humor. Eu, estava achando tudo muito divertido. — Com esses 5% você nem deveria ter o direito de abrir á boca! É muito irrelevante assim como a sua presença na empresa. E sobre a sua pergunta, sim, eu tenho todos os problemas do mundo. — Ela deu um passo com o dedo apontado para o Jason. — Não vem dá uma de galo no meu terreiro, querido, porque na terra em que você cisca, eu já canto!

— Não subestime os meus 5%, Claudia. Lembre-se que eu tenho uma excelente amizade com os outros acionistas e podemos nos voltar contra você. — Jason disse, começando a se estressar. — Ou melhor dizendo, vocês.

— Ah, é mesmo? Diga-me como os 20% vai destruir os 80%? — Claudia pediu com um sorriso cínico.

— Não me menospreze, ou nos menospreze, Claudia! — Jason disse com raiva. — Você não sabe o que sou capaz.

— Grande medo de você e a sua ameaça que é tão insignificante como você. — Claudia deu de ombros. Depois olhou pra Lydia. — O que você está fazendo aqui? Achei que já estaríamos no caminho do RH.

— Se Lydia for embora, eu também vou. Como sou insignificante aqui, tenho certeza que não farei falta. — Jason deu o ultimato. — O que vai ser? — Olhou de mim á Claudia.

Sempre quis o Jason fora da empresa, mas se ele fosse, eu ficaria sobrecarregada e isso não me era interessante. O suspense ficou no ar, Anahí olhou para mim, Lydia parecia nervosa e Claudia também me olhou, fiz um “não” perceptível para ela.

— Pode continuar na vice-presidência e com a Lydia á tiracolo, Simon. — Disse por fim. O rosto de Claudia se contraiu em contragosto, Anahí suspirou. Jason e Lydia pareciam radiantes.

— Ótimo. — Jason finalizou o dilema. — Lydia, você poderia vir em minha sala?

— Ela vai depois, Jason. Quero trocar uma palavrinha com a Lydia. — Claudia disse.

Jason deu uma rápida olhada e depois se retirou. O telefone da recepção começou a tocar, olhei para Lydia que não moveu um músculo para atender. Soltei de Anahí e fui até o telefone. Como esperado, era para mim. Um investidor japonês. Pedi para que aguardasse, iria atender no meu escritório.

— Amor... — Chamei atenção de Anahí. — Você ainda vai permanecer aqui?

— Não meu bem. Irei voltar para o trabalho, meu horário de almoço já está terminando. Nos encontramos em casa. — Ela me mandou um beijinho.

— Ah e, por favor, me manda essa mulher que você me falou, urgentemente. Estou precisando de uma secretária responsável que não me abandone. Que seja ética, acima de tudo. — Falei e percebi que Lydia estremeceu.

— Não se preocupe, ela estará aqui antes o quanto antes. — Anahí garantiu.

Sorrir para ela, e entrei no escritório...

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