Fanfic: Pai Por Um Tempo - Adaptação Vondy | Tema: Vondy

— Está pronta para ir para a cama...

As palavras baixas e roucas a envolveram conforme ele parou, a poucos centímetros de distância. Um instante mais tarde, quando o perfume de Chris invadiu seus pulmões, Dulce estremeceu involuntariamente. A natureza sedutora das sombras, o poder flagrante de sua presença... Estava se sentindo tão deslocada no tempo e no espaço, tão fora de si que, se Chris a tocasse naquele momento — que Deus a ajudasse —, ela poderia se esquecer de tudo o que reprovava e derreter em seus braços.

— Você foi incrível. — O olhar dele desceu sobre seus lábios. — Deve estar exausta.

Sentindo a boca seca, Dulce tentou concatenar as idéias. Sim, ela estava exausta. Muito mais do que havia imaginado.

— Eu sabia que ela ia entregar os pontos.

— Pois tive minhas dúvidas. — Chris olhou o bebê que dormia em seu berço improvisado. — Agora imagino que ela não vá acordar tão cedo.

— Tomara, pois acho que eu não vou conseguir cantar mais nenhum verso de “Nana, neném”!...

Ele fez um gesto de cabeça em direção à lareira.

Com os olhos mais ajustados à falta de luz, Dulce vislumbrou a colcha espessa jogada sobre as poltronas reclináveis e acompanhada de convidativos travesseiros brancos.

— Eu estava com vontade de tomar um bom conhaque diante do fogo desde as quatro horas da tarde... Não quer me fazer companhia?

A pulsação de Dulce se acelerou. Após ter passado as últimas horas sem descanso, com Chris ajudando como podia, sentia-se um pouco menos hostil em relação a ele.

Mas não o suficiente para concordar em ficar deitada diante de uma lareira acesa, bebericando um copo de conhaque.

Antes que ela pudesse recusar, contudo, Chris ergueu as mãos.

— Sei que pensa que eu não presto.

— Assim como qualquer outra pessoa que lê revistas ou navega na web.

Ele soltou um longo suspiro. Mesmo assim, manteve o sorriso sexy nos lábios.

— De qualquer forma, dou minha palavra de que não vou lançar mão da minha renomada técnica de sedução para tirar proveito da situação.

— E por que eu deveria acreditar em você?

— Porque não é meu tipo, lembra-se?...

Dulce fez uma pausa. Ela havia dito aquilo no hotel, e qualquer um que entendesse o significado do ditado “Os iguais se reconhecem” saberia que era verdade. Ela não podia negar o fato de Chris Uckermann ser sexy, irresistível... um conquistador nato.

Era melhor não se arriscar.

— Acho que vou preparar uma caneca de chocolate quente.

Quando ela fez menção de rumar para a cozinha, Chris a impediu.

— Vamos agir civilizadamente e encontrar um meio-termo, então. Nada de conhaque nem de chocolate quente. Que tal um vinho tinto?

— Não gosta mesmo de ser contrariado, não é?

Esfregando a mão sobre o peito agora coberto com uma camiseta branca, Chris soltou um gemido.

— Vamos, Dul, dê-me uma chance... Já é tarde. Nós dois estamos acabados. Podemos muito bem tomar uma bebida e relaxar um pouco antes de dormir.

Dulce suspirou. Aquele era o papel de cachorrinho abandonado, um dos muitos do repertório de conquista de Chris, ou ela estava superestimando seu próprio sex appeal? Ele já havia namorado modelos, estrelas de cinema e grandes herdeiras, não meninas de orçamento limitado, que moravam em estúdios no Brooklyn.

Droga. Talvez, bem no fundo, ela quisesse ver Chris flertando com ela. Talvez até mesmo que ele a beijasse.

Perguntou-se o que seus amigos e sua chefe diriam. Afinal, todos eles sabiam como ela se sentia em relação a homens do tipo dele.

Por outro lado, Chris tinha razão. Já era tarde. Eles estavam cansados. Ela bem que poderia baixar a guarda um pouco.