Fanfic: Chicago: A casa de pedras | Tema: Livro

A viagem 

Viajar sempre faz bagunça, ainda mais por tanto tempo. Minhas malas estavam espalhadas pelo quarto, uma delas aberta com as roupas mexidas. Eu cheguei de Chicago às quatro horas da manhã e só pude pensar em dormir. A viagem não fora tão longa mas era impossível dormir com tantas turbulências. Lembro-me de ter procurado o pijama naquela mala, mas o cansaço fora tanto que nem me importei e dormi do jeito que estava. Por um momento não acreditei no que estava vendo: era o meu quarto! Depois de três meses, que custaram a passar, eu estava de volta em Dallas, em minha casa. Nunca havia me sentido tão feliz por estar em casa. Ainda deitada, virei a cabeça e vi ao lado da cama que o relógio marcava dez horas, mas sentia como se não tivesse dormido nada. Minha cabeça doía, olhos ardiam, corpo cansado.  Levantei-me e fui ao banheiro. Ao me olhar no espelho: eu estava péssima. Por alguns instantes me observei e lembrei os longos três meses que passei na cidade de meu pai. Péssimos meses... Piores férias da minha vida. Antes que pudesse reclamar mais, senti meu estomago embrulhar... Vomitei. Não era novidade, eu estava vomitando há três dias, mas a médica tinha dito que era normal devido ao meu problema. Eu fiquei muito doente em Chicago, por isso tive que me submeter a certos tratamentos estranhos. A médica era a Melanie e se não fosse por ela, eu poderia ter morrido. Ela tinha vinte e oito anos, e como a médica que eu nem sabia se ela realmente era, me recomendou repouso e muito soro. Disse que se eu não melhorasse em até trinta dias, o caso seria sério. 

Tudo bem, sem pânico, eu ficaria bem. 

Vesti a primeira roupa que avistei sobre uma das malas e desci para a sala, onde minha mãe e Lara, minha irmã de doze anos, haviam preparado um café da manhã muito especial para mim. Além disso, haviam fitas e bexigas nas paredes. Lara escrevera em uma delas: “Bem-Vinda de Volta Lisy”. Nossa, realmente haviam sentido minha falta. Nunca pensei que fosse pensar assim, mas eu também sentira. Poder ver aquelas duas pessoinhas especiais na minha frente era muito melhor que a visão que eu tive pelos dias em Chicago. Aquilo era um sonho perto do pesadelo que passei lá. 

“Obrigada gente, mas eu estou um pouco enjoada, nunca vou conseguir comer tudo isso!” Eu sorri. Elas eram uns amores. 

“Lisy, estamos muito felizes de ter você de volta!” Minha mãe me disse. Elas duas me abraçaram e eu me senti realmente especial. 

“Filha, seu pai me disse que você pegou uma virose...Você está bem?” Quase engasguei ao ouvir isso. 

“Não se preocupe, estou ótima mãe. Com certeza foi algo que eu comi.” Respondi sorrindo. 

“Ele também me disse que você não quis ir ao médico.” 

“Não precisa mãe, foi apenas algo que eu comi misturado a ansiedade de chegar em casa logo...” Eu disse tentando ser convincente. 

“Tudo bem, mas se você não melhorar, vamos ao médico.” Mamãe não desistiria fácil. 

“Tudo bem mãe.” O assunto morreu ai. 

E foi assim que tudo começou: com mentiras. Mas depois tudo melhorou. E quando as coisas melhoram, com certeza pioraram em seguida.