Fanfic: November Rain | Tema: One Direction, Anahi, Dulce Maria, Maite

"É uma maldita noite fria tentando entender a vida
Você não vai pegar minha mão e me levar a algum lugar novo?
Não sei quem você é, mas eu estou com você"
[Avril Lavigne - I'm With You]

"Harry Styles e Anahí são vistos saindo juntos de casa noturna em Paris"

"Estão ficando? Anahí é vista entrando no carro de Harry Styles de madrugada"

"Harry Styles e atriz são clicados em clima intimo na última madrugada."

"Harry Styles deixa boate acompanhado"

- Styles? - estranhei logo após ver essas coisas no meu celular enquanto esperava as meninas no restaurante. Eram prints de notícias que Adam me mandava exigindo explicação. Minha cabeça latejava de dor. Eu estava com um óculos escuro para disfarçar as olheiras, estava péssima e com dor de garganta. Odeio ressaca. - Então é esse o sobrenome dele? - pergunto pra mim mesma.

Harry Styles... 

Ia ao Google procurar por uma daquelas notícias, mas logo as meninas chegaram animadas se sentando falando algo sobre o amigo do Adam. Me distraiu por tempos o rumo da conversa delas que falavam sobre o quanto ele era lindo, inteligente, gentil e todas as características de um homem perfeito. Isso já estava me deixando irritada, não era possível que só eu não o achasse "perfeito" assim.

Aproveitei para jogar na cara quão boas amigas elas eram quando se preocuparam em me perguntar sobre noite passada.

Os pontos de interrogação de Adam ainda estavam lá no vácuo.

19:00 horas. Encontramos o Adam e fomos para a casa do tal amigo dele onde seria essa tal festa que eu tinha certeza que seria chata. Odeio esses eventos, é tudo muito formal, e as pessoas sempre forçam um sorriso educadamente para nos cumprimentar.
Chegamos na `casa` - que na verdade era uma mansão gigante - de um tal de Berry, amigo do Adam. Sim, eu tive que concordar que ele era maravilhoso pessoalmente, mas devia ter uns 35 anos... Mas era lindo!

Sentia Adam me lançar olhares sérios enquanto conversava com algumas pessoas pra cá e pra lá. Tinha certeza de que ele só estava esperando uma oportunidade para vir falar comigo. Como se eu tivesse feito alguma besteira.

Fiquei andando sozinha pelos corredores enormes vendo os quadros das paredes tentando ocupar o tempo. Como esperado, tudo estava chato. Pude reconhecer algumas das pinturas. Algumas eram réplicas perfeitas como "A última ceia" de Leonardo Da Vinci, outras um pouco menos famosas, eram originais. Deviam valer uma fortuna.

- Olá Anahi - alguém disse ao meu lado.

- Olá. 

Cheguei num quadro de camelos, me lembrou da foto com alpacas que está no escritório do Adam. Isso também me fez lembrar que o meu couro estava assando com ele. Mas eu não fiz nada de errado, de verdade.

- Eu sou  Zayn - a pessoa ainda estava ao meu lado,me virei para ver quem era, ele sorria. Ele era estupidamente lindo.

Zayn...

- Nome exótico! - comento devolvendo o sorriso.

Mas tenho a impressão de já ter ouvido falar.

- Você não é daqui, é?

- Éh... não...

E ficou um silêncio. Eu esperei ele dizer alguma coisa, afinal foi ele que veio falar comigo, mas continuou em silêncio. Meio estranho.

"Ok" murmurei voltando a olhar os quadros.

- Eu conhecia seu tio, sei que já faz tempo, mas sinto muito. Ele era um ator incrível! - ele falou depois de um tempo, foi quando eu percebi que ainda estava do meu lado. Sorri fraco, não podia deixar de sentir uma pontada no coração toda vez que alguém falava dele, automaticamente me vinha seu rosto em minha mente. Balancei a cabeça.

- Veja só quem está por aqui - Berry aparecia no corredor com os braços abertos - Anahi, Zayn, eu adoro reunir pessoas! O que contam? Espero que saiam daqui com pelo menos um encontro marcado, ou então um show, quem sabe - dizia bem humorado.

- Eu a convidaria, mas acho que ela não faz a menor ideia de quem nós somos - respondeu Zayn no mesmo tom engraçado.

- Bobagem, quem não conhece vocês hoje em dia? Vocês estão no topo do mundo - Berry disse.

Os dois me olharam esperando eu falar alguma coisa. 

- Pera aí, o quê? - eles riram.

- Primeira garota que não conhece vocês, acho que vou colocá-la num pote antes de vocês a converterem - brincou. 

Eu estava bem perdida. Já havia entendido que ele era famoso, mas eu estava realmente sendo zoada.

- Anahi, você já ouviu falar em uma boyband chamada One Direction? - continuou Berry agora um pouco mais sério.

- É claro!

- Liam, Niall, Louis, Harry e Zayn...

Ele ergueu a mão até Zayn como se fosse óbvio. E era mesmo. Minha boca caiu até o chão, abismada. Só pode ser brincadeira.

Me lembrei quando eu conheci o Justin Bieber em um leilão que fui com meu tio Freddie em Londres, eu fiquei uns 15 minutos abismada e paralisada. Ele achou engraçado. Que vergonha! Mas depois de um longo tempo consegui conversar e conhecer ele, é um amor. E um ótimo amigo.

- É sério? - era tudo o que eu conseguia perguntar, Berry gargalhava e Zayn também não estava diferente.

Depois de 5 minutos foi que eu consegui raciocinar, eu devia parecer uma retardada ali, como quem acabara de ver um fantasma. Zayn só achava graça e respondia "sim" para toda vez que eu perguntava se era sério mesmo. Isso é loucura.

- Hey - Harry apareceu subindo as escadas.

- Você! É claro! - exclamei, agora que minha ficha caía. Por isso Adam tinha ficado tão bravo, ele deve ter ficado bravo por eu ter saído com um deles, eu já o ouvi reclamar deles antes. Adam trabalha na mesma empresa que possui um contrato com eles.

- É... hum... - ele parecia procurar palavras - Como é seu nome?

- Anahi.

- Ah é claro. Hum... Me desculpa por ontem - diz.

- Tudo bem - digo.

Ainda olho para eles perplexa. Tudo isso está uma confusão. Como diabos eles vieram parar justo aqui? Oh, céus!?

Berry me levou para conhecer o resto deles, achando divertido que eu não tivesse os reconhecido antes. De repente a festa se tornou tão interessante. Encontrei Dulce aos pulos sozinha num canto, ela, assim como eu e Maite e Demi também tinham acabado de descobrir o mesmo que eu.

- Como a gente não os reconheceu? - Demi perguntava incrédula.

- Estava escuro, vocês estavam bêbadas e eles são um pouquinho diferente das fotos - respondeu Maite.

- São diferentes, são muito mais lindos pessoalmente - complementou Dulce encarando Louis descaradamente do outro lado da sala. Nisso eu tive que concordar com ela.

Depois que o surto do One Direction passou, e as taças de champagne começaram a fazer efeito, tive um tempo para digerir tudo enquanto olhava para Niall, loiro de olhos muito azuis. Ele era extremamente gentil e engraçado. É aquele tipo de pessoa que te faz rir por simplesmente ser ele mesmo, o tipo preferido de todo mundo. Eu estava encantada.

- Não é de verdade, sabe, é temporária, eu só queria saber como ficaria, não tenho coragem pra essas coisas, é pra vida inteira, não é? - falava Niall ao mostrar uma tatuagem de henna no ombro - E deve doer pra caralho, acho que nunca vou chegar a fazer uma, não sei.

- Não dói tanto, acho que depende do lugar - nós andávamos ao redor da piscina, ele fez sinal para nós sentarmos na beirada.

- Pra mim dor é dor, não importa o lugar. Você já fez uma? - ele tirou os sapatos e colocou os pés na água. Eu acabei por fazer o mesmo, a água era morna, foi relaxante.

- Eu tenho uma.

- Sério? O que é? Onde? - ele me olhou ansioso.

Apontei para minha barriga, por cima do vestido.

- A sombra do Peter Pan, meu desenho favorito - respondo.

- Que legal! - exclamou ele - E que coragem! - agora me analisou, não pude deixar de rir.

A conversa com Niall durou quase a festa inteira, até que alguém o chamou. Ele falava pelos cotovelos, o que era bom, porque além de nunca faltar assunto, ainda me entretinha. Acabou que a festa foi bem menos chata do que eu esperava, principalmente pela companhia de Niall.

- Hey.

Ergui a cabeça para ver quem era, na esperança de encontrar Niall novamente, mas era Harry.

- Ah, oi.

- Que animação - ele fez uma careta.

- Foi mal, só estou um pouco cansada - digo sincera.

- Ressaca - ele ri se sentando ao meu lado, onde antes ocupava Niall, eu não consigo evitar de achar graça também.

- Um pouco, não consegui dormir direito. E pra quem estava gritando no telefone com a irmã me falando que não era um psicopata, você parece bem também.

Harry gargalhou.

- Me desculpa por isso também. Eu liguei mesmo para minha irmã? - perguntou um pouco confuso.

- Ela mandou você se foder - rio lembrando.

- Meu Deus! - observou a água clara da piscina pensativo. Faço o mesmo balançando os pés - Quer dar um mergulho?

- O que? Não, obrigada.

- Só um mergulho, vamos - insistiu.

- Você está falando sério? - ele deu de ombros - É quase meio noite.

- E é uma boa desculpa para ir embora da festa, não acha? - contrapôs.

- Então tá, você vai primeiro. - é claro que eu não ia.

- Não tem essa, eu vamos juntos ou eu te jogo e só você vai.

- O que?

Eu não terminei de falar e eu já estava dentro da piscina. De vestido e tudo, a minha sorte era que meu celular estava dentro da bolsa que eu tinha deixado do lado.

"Idiota" gritei para ele, como ele pôde me jogar na piscina? Quem ele pensa que é? Babaca, retardado, ignorante. Eu fervia em ódio. Ele havia pulado junto também de roupa, mas ele não tinha o direito de ter me empurrado. Eu conhecia Harry à 1 dia. Menos até, e ele estava... me beijando?
Sim, antes de eu perceber a gente já estava se beijando. E eu correspondia sem nem me dar conta. O beijo dele tinha gosto de menta. E ele beijava bem pra caramba. Oh céus! Toda a raiva que eu sentia segundos antes desapareceu. Eu não consegui pensar em nada, apenas correspondia em igual o modo como ele me beijava. Aliás, beijava não, ele estava me agarrando! Sentia as mãos grandes dele vagarem pela minha cintura e até o final das minhas costas. Então eu caí na real. Isso é loucura.

O empurrei para longe e saí da piscina, peguei minha bolsa e meus sapatos e entrei na casa sem olhar para trás. Todo mundo me olhou estranho e só então eu percebi que eu estava encharcada de água. Eu ri sozinha da minha situação. Acho que essa festa já deu o que tinha que dar - e o que não tinha também -.

. . .

Londres. Ah Londres. Há quanto tempo eu não venho aqui? 

Como sempre gelada. Fria. Vou ter que me re-acostumar com o clima daqui.

Chegamos no apartamento que a gente havia comprado. Nosso apartamento. Era... diferente, era simples e ao mesmo tempo luxuoso. Mas a parte que mais me deixou intrigada e fascinada foi que metade do apartamento era feito de vidro. Com vista para grande parte da cidade.

O meu quarto também tinha uma parede toda de vidro. Uma cama gigante de `casal`. Mas davam pra umas 3 pessoas dormirem ali confortavelmente.

O resto da casa era muito linda também. Tinha uma sala enorme e confortável. Um corredor cujo final dava em uma sala com um bar. Não aqueles bar de lugares públicos. Mas um bar doméstico. Eu ainda não tinha visto nem por fotos, pois foram as meninas que cuidaram disso. Eu levaria algumas semanas para me acostumar que aquele apartamento se tornaria minha nova casa. 

Vieram alguns sócios e empregados do prédio pessoalmente nos dar as boas vindas formalmente, eu estava animada em morar ali, não podia negar. Acho que essa mudança temporária vai me fazer bem, eu estava precisando me mudar um pouco, mesmo que fosse para voltar para Londres, seria só por alguns meses. Nós não tínhamos muitos planos, Dulce e Maite quiseram comprar o apartamento por parte de suas famílias. O pai de Dulce conseguiu um preço bem acessível para nós, e que compensou bastante pelos nossos planos. A gente poderia alugá-lo quando não estivesse usando.

Me joguei na minha cama suspirando. Quem diria que eu voltaria para cá novamente? Há três dias atrás estava morando em Chicago e agora voltei a morar em Londres. Minha vida realmente é uma loucura.

O quarto estava em silêncio, podia ouvir o som da minha própria respiração e a sensação do ar entrando e saindo de meus pulmões, fechei meus olhos...

Dulce veio nervosa me chamando e falando algo sobre vizinhos. A gente tinha acabado de chegar, eu lá queria saber de vizinhos?

- Vamos sim, venha - ela me puxou e me fez descer dois lances de escadas até o apartamento abaixo do nosso.

Essa é boa, nosso primeiro dia e a Dulce vai ver com os vizinhos... Ainda não acredito que estou fazendo parte disso... Ela apertou a campainha, eu estava bocejando. Comecei a encarar o mármore do chão, era a mistura de bege com marrom com fios dourados, tão bonito. Percebi que ela estava muito quieta do meu lado, então me virei para olhar

- Oi? - Niall disse perdido parado na porta. 

- Niall? O que você está fazendo aqui? - pergunto assustada.

- Annie! É bom te ver mas... O que VOCÊ está fazendo aqui? Vocês não estavam em Paris? -  e Zayn surgiu na porta.

- Sim, e vocês também - respondeu Dulce.

- A gente mora aqui. Vocês estão nos seguindo? - Zayn disse rindo.

- A gente mora no apartamento de cima - ela falou.

- Desde quando?

- Desde hoje.

Todos ficaram em um silêncio profundo. Harry apareceu atrás deles, mas só pode ser brincadeira. Ele acenou com a mão paralisado ao nos ver e se virou para os amigos.

- O que elas fazem aqui?

- Elas são nossas novas vizinhas - concluiu Niall sorrindo.

- É uma pegadinha? Onde estão as câmeras? - Harry olhou para o lados e para cima.

- É... Não.

- E as suas outras amigas? - quis saber Zayn.

- Saíram, mas já devem estar voltando - responde Dulce.

Minha vida pode ficar mais irônica que isso. Como isso foi acontecer mesmo? Será que Deus está brincando de The Sims com a gente? Começo a suspeitar que sim. Isso já era demais. Eu estava realmente intrigada com o fato de ser vizinha deles, qual a chance disso acontecer? Uma em um milhão.

Sei lá, eu quero dizer... Uma vez eu fiquei com um garoto numa festa quando eu morava em Chicago e duas semanas depois ele se mudou para meu bairro. Foi muita coincidência eu sei, mas agora era diferente. Eles são mundialmente conhecidos e estão morando no mesmo prédio que eu. Sabe, eu sei que se for parar para ver eu não sou exatamente o típico de uma garota normal. Por mais que eu não goste de admitir sei que meu sobrenome tem um peso acima do normal e tenho benefícios à parte, mais do que uma pessoa comum, o tipo de coisa que eu nunca pedi para ter. Venho de várias gerações de minha família que nadaram no dinheiro. E isso me permitiu sempre ter muitas oportunidades. Não só profissionalmente como também pessoalmente. Meu tio era um dos únicos da família que se tornou uma pessoa pública, e por eu morar com ele acabei vivendo a loucura dessa vida de festas e compromissos sociais. Uma das razões de conhecer várias pessoas famosas e ter maior facilidade com esse tipo de contato. 

Mas eu acho que nunca vou me acostumar com algumas coisas, é sempre tudo inesperado.

E mesmo assim, que loucura cara! Eles são... famosos mundialmente. E agora moram no andar abaixo do meu. Quer dizer, sou eu que moro no andar acima do deles, eles já estavam aqui antes. Eu espero que essa coincidência não traga problemas para nenhum de nós. 

Dulce ficou conversando com eles lá e eu voltei para meu quarto, o celular tocava em cima da poltrona. O nome de Adam brilhava no visor. Pensei seriamente em não atender, mas não podia ser tão mal educada assim. 

- Oi Adam - me jogo na cama já preparando minha defesa.

- Até que enfim! Como estão as coisas aí, deu tudo certo com o apartamento? - ele pergunta com um barulho de carros ao fundo, devia estar dirigindo.

- Sim, está tudo bem - suspiro.

- Como você está?

- Estou bem - respondo automaticamente.

- Mesmo? 

- Sim.

Ele ficou em silêncio. Eu sabia exatamente o que ele estava pensando.

- Adam, eu não quero ficar lembrando disso, eu estou bem. Vocês ficarem me tratando como uma criança não está ajudando - digo sincera de uma vez.

- Ok - ele murmurou do outro lado da linha - Se precisarem de alguma coisa me avisem - disse e desligou.

Tudo bem. - digo para a chamada encerrada. Ele nem tocou no assunto de eu ter encontrado Harry naquela noite, eu pensei que ele me daria uma bronca do tipo "Você não pode beber e não pode sair com um desconhecido, e nem conhecido". Mas ao perceber a intenção da ligação dele, eu penso que teria sido melhor ouvir esses tipo de coisas.

Eu voltei a morar em Londres, não estou voltando a morar na minha antiga casa e indo visitar o túmulo de Freddie todos os dias para chorar tudo o que não sobrou para chorar depois desses anos. Eles precisam entender isso. Eu precisei lidar com isso, e agora eles tem que parar de me tratar como uma criança.