Fanfic: November Rain | Tema: One Direction, Anahi, Dulce Maria, Maite

"Na manhã, quando você acordar
O dia desaparecer e sua maquiagem escorrer,
Aguente firme. Parece brega,
Mas eu estou esperançoso
Há uma razão para que o mundo gire,
Através do som do silêncio."
[Turin Brakes - Dark On Fire]

Nos separamos com muito custo, se despedindo eu virei de costas para entrar no hotel. Eu senti um vontade enorme de voltar e abraçar ele de novo. Me virei e ele ainda estava parado no mesmo lugar me olhando tão profundamente, como se não só soubesse o que eu sentia por ele, mas entendia também, refletindo sobre o assunto. Eu voltei para o abraçar novamente, ele passou a mão pela minha cintura, me pressionando contra o seu corpo. O seu cheiro inebriava a minha mente. Eu nunca tinha ficado daquele jeito.

Teria sido tão melhor se nós não sentíssemos nada, e essa era a ideia desde o começo, mas a gente falhou.
Nós sabíamos que era bem mais fácil a gente se xingar, se ofender, se provocar, brigar, porque nada daquilo era realmente verdade, nós só estávamos jogando, brincando um com o outro, fingindo não se importar. Mas agora não. Agora que nós estávamos bem ali, juntos. Não sabíamos o que fazer. Isso é tão complexo.

Devia ser coisa da minha cabeça, ou talvez não, mas eu sentia que havia muito mais coisas naquele abraço, coisas que ele não falou, mas estava dizendo em silêncio. Eu queria tanto ficar com ele. Não importava mais se ele ficava com várias garotas todas as noites... Eu só queria ficar com ele.

Eu sempre senti algo forte em relação à Harry desde o começo. Mas como aquele ódio se transformou em paixão? Quando foi que eu me perdi desse jeito?

Eu me soltou dele, dessa vez tendo a consciência de que a gente precisava se despedir mesmo, os seus olhos muito verdes brilhavam o reflexo nas luzes da entrada do hotel. Ele é tão lindo... Suspirei abaixando a cabeça e me virando, para entrar finalmente no hotel. Subi direto para o quarto, nem percebi que Dulce falava algo atrás de mim.

- Agora não, Dul - disse baixinho, abrindo a porta do quarto e indo me jogar na cama com um suspiro fundo.

Eu não consegui dormir naquela noite. Fui para o sofá da sala, me sentei observando a vista da cidade iluminada e calma da cidade iluminada na madrugada. Lembrei do dia que a gente se conheceu naquele pub em Paris, estávamos muito bêbados. Ele dizia coisas sem sentido e dava em cima de mim com cantadas baratas e engraçadas. Deu risada sozinha lembrando da sua voz embriagada falando que ele tinha um motorista que sabia dirigir. Como se não fosse óbvio um motorista saber dirigir. Eu acho que já gostei dele na primeira vez que a gente se viu. Mas depois fomos embora. E quando eu pensei que nunca o veria novamente, a gente se encontrou na festa do amigo de Adam, e eu descobri que era bem mais próxima dele do que eu imaginava. Lembro que ele me jogou na piscina, foi a primeira vez que nós nos beijamos. 

E depois mais uma vez a coincidência brincou com a gente, por me fazer morar no apartamento acima do dele. Foi aí que tudo começou a dar errado, ele e beijou e depois me deu um fora. E nós começamos a discutir e brigar sem fim. Quando foi o momento exato em que eu me apaixonei por ele? 

Eu não sei, mas quando me dei conta, simplesmente já era tarde demais.

. . .

Sábado, último dia em Madrid. 

Eu acordei cansada, como se não tivesse dormido há anos, tinha adormecido no sofá. Belisquei umas torradas integrais do café da manhã que Dulce pediu no quarto.

- Então, o que aconteceu ontem? - ela me olhou.

Eu suspirei.

- Não sei - respondi sincera.

- Como não sabe? Vocês conversaram, não conversaram? - ela exigia mais respostas.

- Conversamos - suspirei novamente - Mas não sei o que vai acontecer agora, eu disse que estava apaixonada por ele e ele não falou nada, só disse que gostava de mim. Eu acho que ele não sente o mesmo.

Ela abriu um sorriso.

- É claro que gosta Annie.

Eu ia devolver o sorriso, quando ouvi meu celular apitar. Puxei ele da mesa para ver uma mensagem do Gian perguntando como estava Madrid. Meu coração acelerou. Eu até tinha esquecido da gente, quero dizer, acho que não existe um "a gente". A gente só se beijou uma vez, e eu sentia alguma coisa por ele também. O que me deixava confusa sobre Harry também.

Nós fomos fazer mais um passeio pela manhã, e graças a Deus, Harry e Louis não apareceram, e nem a tarde. Eu consegui relaxar um pouco mais longe deles, e ao lado de Dulce, nós nos divertimos o dia inteiro. Foi como se o resto do mundo não existisse mais, e nem os nossos problemas.

Mas pela noite, Dulce me contou que sairíamos com Harry e Louis para um pub. Pensei seriamente em não ir, mas era nossa última noite na Espanha, eu precisava aproveitar... Mesmo que resultasse em um clima estranho com Harry.

Coloquei um curto vestido preto e calcei meus sapatos, esperei Dulce sentada no sofá, conversando com Gian. De alguma forma, era como se nada tivesse acontecido entre a gente, ele falava comigo como se nós não tivéssemos nos beijados. Ele não tocou no assunto, e eu também não.

Olhei Dulce de cima a baixo quando ela apareceu, pronta. Ela vestia um vestido dourado curto também, em contrasto com o seu cabelo liso e longo vermelho escarlate, e uma maquiagem esfumada preta. Eu babo na beleza dela.

Nós chegamos no pub, era bem tranquilo, encontramos Louis conversando com dois caras, mas sem Harry. Eu olhei em volta o procurando, ele não tinha vindo...

Suspirei sozinha e fui pegar uma tequila. Dulce tinha razão sobre eles servirem a melhor tequila da Europa, era simplesmente maravilhosa!

...

É claro que eu me perguntei várias vezes por que Harry não tinha ido, mas depois de umas 3 tequilas e algumas caipirinhas, eu estava perguntando para Louis, antes de criar coragem de ligar para perguntar diretamente para ele.

- Vai com calma ae - Louis me segurou pelos braços, para me manter em pé.

- Ele não gosta de mim, você mentiu! - acusei, minhas palavras saíam emboladas. Ele tentava me segurar, mas eu me rebatia, então ele desistiu.

- Tudo bem, vou falar para ele vir te buscar - ele diz me largando.

Arregalei os olhos.

- Onde ele está? - perguntei, e algo prendeu o meu pé quando fui me aproximar de Louis, eu caí no chão.

...

Peguei o copo de água que a Dulce me deu, minha cabeça parava de girar, mas meus joelhos ardiam. Respirei fundo. Avisei eles que voltaria embora e ela me colocou dentro de um táxi, avisando o endereço do nosso hotel.

- Você vai ficar aí? - perguntei para ela.

- Depois eu vou embora - respondeu - Tá tudo bem mesmo?

Assenti, ela tinha me dado um comprimido que tinha feito o efeito do álcool passar, eu estava bem, exceto pela dor nos joelhos e no braço da queda. Ela fechou a porta do carro, e o motorista deu partida no carro. Fiquei olhando as luzes passarem pela janela. Pensei em Harry.

Onde ele estaria agora? ...Provavelmente transando com alguma garota.

Revirei os olhos.

Paralisei depois que peguei o cartão do quarto e me virei. Cocei meus olhos algumas vezes, talvez fosse o resquício da bebida ainda fazendo efeito no meu cérebro... Mas acho que via Harry na minha frente.

- H-Harry?

- A gente precisa conversar - foi tudo o que ele disse, sério.

Meu coração acelerou. Ele fez sinal para irmos até o elevador, nós fomos para o quarto. Por que tinha que ser no quarto?

Ele fechou a porta do quarto e se virou para mim.

- Então... - comecei, sem saber o que falar, ele também parecia muito pensativo - Harry, sobre ontem... Tudo o que a gente conversou... foi verdade? - ele assentiu lentamente - E como as coisas ficam agora? Não podemos fingir que ninguém disse nada.

- Annie... Eu sei o quanto você valoriza um sentimento. Eu gosto de você e... Eu quero você, mas acho que não estou preparado para ter ainda - ele diz sincero me olhando diretamente, eu senti uma pontado no coração.

[música do cap.: http://www.youtube.com/watch?v=UhlQBQ61OME]

- O que você quer dizer? - pergunto com um nó na garganta, eu acho que já sabia.

- Nós dois juntos? Vamos cair na real, nunca daria certo - responde.

Eu fechei os olhos por um segundo, isso estava acontecendo mesmo. 

- Olha, eu prefiro esperar, quem sabe algum dia, no futuro... - continuou.

Ele estava me dando um fora, mais uma vez. Mas dessa vez era diferente, era muito pior, porque não era porque ele não gostava de mim, era justamente o contrário. Eu não conseguia entender porque ele tinha tanta aversão em se envolver comigo. Como se fosse algo extremamente proibido... e impossível.