Fanfic: Sombras do Passado - Adaptação Vondy | Tema: Vondy

Dulce deixou o carro no edifício onde tinha o apartamento e foi a pé até o café, um lugar agradável, com mesas cobertas na calçada. Um lugar onde os amigos se encontravam para conversar e olhar o mundo passar.

Christopher estava sentado numa das mesas da calçada. Trocara o terno de grife por uma calça preta de algodão e uma camisa aberta no pescoço. Dava-lhe um ar de relaxamento ... que ela sabia ser enganador.

Havia alguma coisa mais que exigia um segundo olhar, que despertava a curiosidade, a vontade de descobrir o que era, qual era o grau de poder que emanava dele. Uma sugestão de algo primitivo que, despertado, poderia provocar uma tempestade sensual que destruiria o equilíbrio de uma mulher. Uma qualidade que outros homens admiravam e invejavam, mas poucos possuíam.

Christopher levantou os olhos quando se aproximou e ela sentiu todo o impacto daqueles olhos escuros que penetravam os dela, percebendo por um momento sua vulnerabilidade antes que ela a mascarasse com sucesso.

Ele chamou a garçonete quando Dulce se sentou em frente a ele. Sem maquiagem, exceto por um toque de gloss na boca, os cabelos seguros por uma fivela e vestida de jeans e uma blusa simples, parecia quase uma adolescente. Mas as aparências podiam enganar, pensou ele, muito consciente da paixão que existia sob aquela fachada serena.

Lembrava-se bem demais do deleite sensual do corpo dela, o toque persuasivo e sua intensa disposição de partilhar... tudo.

O calor se libertou e o percorreu quando sentiu a reação espontânea, a necessidade de torná-la pronta e abandonada. Sua, como já fora... e seria de novo. Mulher nenhuma jamais fora igual a ela e ele queria o que tivera antes. Mais, queria que pagasse por tentar lhe negar o conhecimento de sua filha.

— Dulce.

A garçonete serviu o café com leite e ela tomou um longo e deliberado gole do líquido espumante, recolocou o copo cuidadosamente no pires e olhou para Christopher.

— Vamos acabar logo com isso — sugeriu com frieza.

— Pôr nossas cartas na mesa?

Ele era um estrategista soberbo, que jogava de acordo com regras próprias... e inevitavelmente deixava a estocada para um coup de grâce.

— Sim.

— O passo inicial é estabelecer a prova legal da minha paternidade.

— Uma coisa com a qual não concordarei sem conhecer completamente suas intenções. — Sua voz estava tranqüila, educada. — As imediatas e as de longo prazo.

Os olhos dele se semicerraram.

— O que for decidido visará basicamente aos melhores interesses de Nicki — disse com calma odiosa.

— E como será? — exigiu Dulce, o olhar cheio de raiva.

— Estabelecer direitos de custódia causará uma total transformação na vida dela, para pior. Escola, amigos, família. Não haverá esperança de estabilidade.

— Sou a mãe dela, maldição.

Ele a observou longamente, percebendo sua raiva, sua controlada necessidade de lutar contra ele... indiferente ao bom senso.

—- Nicki nunca demonstrou curiosidade sobre a ausência de um pai em sua vida?

Ela notou a raiva latente sob rígido controle e seus olhos ficaram mais atentos à inflexibilidade nos dele.