Fanfic: A flor e o beija-flor | Tema: vondy

Era uma tarde ensolarada de outono e Christopher cuidava dos cavalos da grande fazenda Saviñón limpando os cascos e trocando as ferraduras enquanto observava ao longe a bela garota de longos cabelos castanhos se divertir em cima de seu cavalo enquanto o animal corria, era possível ouvir as gargalhadas da menina, mesmo com tanto tempo de convivência ele não conseguia parar de admirá-la, de todas as formas e momentos, e mais uma vez ele se encontrava encantado pelo seu jeito, a harmonia que existia naquela moça era realmente hipnotizante, a forma como seu cabelo se esvoaçava no ar e os movimento totalmente sincronizados com o do cavalo e aquela risada que seria possível amolecer o coração de qualquer um que ouvisse, e o nome que por muitas vezes lhe tirara o sono por ser tão perfeito á pessoa que lhe pertencia -Dulce, ela fazia jus ao nome de fato e Christoper Uckerman sentia-se privilegiado em poder chamá-la de - minha.

Minha Dulce - ele pensou deixando um sorriso bobo brotar em seu rosto enquanto continuava observar a menina se divertir sobre o belo cavalo que ganhara do pai quando ainda tinha dez anos de idade, e ele se lembrava do brilho nos olhos da menina ao receber do pai o tão sonhado cavalo-com-cabelo-nas-patas como ela sempre dizia, Christopher tinha apenas treze anos na época mas Dulce já lhe causava sorrisos bobos o mesmo sorriso que agora ele tinha nos lábios cinco anos depois.

Christopher observou a doce menina guiar seu cavalo para que fosse em sua direção, finalizando seu serviço ele bateu uma mão na outra tirando a terra e limpando-as na roupa para confirmar que estivessem limpas assim que Dulce se aproximou dele.

-Oi moço bonito! - a voz de Dulce soou divertida e ela mantia um belo sorriso em seu rosto a deixando ainda mais graciosa.

-oi moça bonita - Christopher falou no mesmo tom de voz que Dulce, também tendo no rosto um belo sorriso.

- Estava pensando em ir no lago, quer ir comigo?

-seria uma honra, princesa -Christopher brincou imitando a voz de um lorde, fazendo Dulce negar com a cabeça rindo.

-então eu te encontro la! - Disse Dulce batendo as rédeas para o cavalo que novamente saiu correndo, Christopher por um momento voltou a observá-la - como pode ser tão linda? - pensou, e antes que ela sumisse do seu campo de visão ele se aprontou em pegar um dos cavalos do estábulo, e logo apos vestir a cela no mesmo montou e seguiu Dulce.

A moça de cabelos esvoaçantes continuava a emitir o belo som de sua risada, por vezes olhando para trás para se certificar de que Christopher estava há uma bela distância de si na tentativa frustada de se aproximar dela e até mesmo a ultrapassar.

Ao longe Dulce já avistava o pequeno lago que até parecia encantado ao se contrastar perfeitamente com o pôr-do-sol e as belas árvores de ipês roxos que o cervavam, Dulce sentiu paz no coração, aquela paz que sempre sentia ao ir naquele lugar e como se estivesse ouvido os sentimentos de sua dona, Barão foi diminuindo suas passadas enquanto se aproximavam cada vez mais do lago de águas mansas, Dulce puxou uma grande quantidade de ar para seus pulmões, apreciando o aroma daquele lugar e pode ouvir as cavalgadas do outro cavalo ficando cada vez mais próximo e mais lento e antes que pudesse olhar para trás, o cavalo parou ao seu lado e sobre ele Christopher mantia a postura de um verdadeiro cavaleiro mas em seu rosto - além da espessa barba - ela podia ver o olhar de menino, o sorriso tímido que escondia os dentes e mostrava as grandes e redondas bochechas naturalmente ruborizadas.

como pode ser tão lindo? - pensou Dulce, não havia dúvidas de que ela o amava, de todas as formas e momentos e com todas as qualidades e defeitos, e poderiam dizer que é cedo demais para ela entender o amor, afinal aos 15 anos de idade não existe coisa mais normal na vida de uma garota que se apaixonar, mas ela sabia que não era uma paixão qualquer e tinha certeza assim como a presença do frio na espinha sempre que ele se aproximava, Dulce sentia que tudo era real e acima de tudo era verdadeiro.

-você perdeu - disse a moça em tom zombeteiro

-você saiu primeiro, nem me deu tempo de pensar direito - se defendeu Christopher

-a culpa não é minha se você é dono de uma lerdeza fora do comum

Christopher revirou os olhos balbuciando um "blablabla"

-a verdade é que eu deixei você ganhar - disse Christopher fazendo Dulce cair na gargalhada

-certo, como ontem e todos os outros dias não é mesmo? - disse a moça irônica

-vamos lá Dulce, seja uma boa vencedora - disse Christopher no mesmo tom irônico.

Dulce serrou os olhos, mirando Christopher com uma falsa indignação

-está insinuando que eu roubei?

-estou - exclamou ele estufando o peito e tendo no rosto um sorriso zombeteiro

-então vamos apostar de novo - disse ela já se preparando para partir

-não estou mais afim - Christopher deixou um sorriso travesso invadir o seu rosto e antes que ela insistisse ele desceu de seu cavalo.

-amarelou - exclamou Dulce rindo

-claro que não, mas se formos apostar mais uma corrida perderemos o por-do-sol - disse ele amarrando seu cavalo no galho de uma das árvores, feito isso ele se direcionou até Dulce e esticou os braços para ela que sem pestanejar desceu do seu cavalo se jogando nos braços do amado e sem a liberar de seus braços Christopher a beijou com calma e saudade.

Aquela era a paisagem do amor, o por-do-sol sobre a lagoa reluzindo um brilho alaranjado e se misturando com o roxo dos ipês, o cheiro fresco da grama e ao longe já se ouvia o canto das cigarras anunciando que em breve a noite chegaria, já se tornara uma rotina na qual Christopher e Dulce não se fadigavam, na verdade esperavam ansiosos todos os dias para essa hora, era o momento em que eles sumiam do mundo e se encontravam no paraíso, ali não existia as broncas do pai de Dulce que não aceitava seu amor por Christopher e nem o trabalho árduo no campo em que ele se sujeitava apenas para estar próximo de sua amada. Na verdade ali só existiam eles, deitados sobre o gramado apreciando o amor que tinham para dar um ao outro, ali existiam apenas as risadas, os beijos, a conversa, o abraço, o toque, o frio na barriga e o calor dos braços, ali tinha a calmaria que eles precisavam e nada seria tão especial quanto aquele momento e não seria possível existir privilégio maior do que esse, era o momento perfeito e ninguém mudaria isso.