Fanfics Brasil - Marcas Sangrentas: Uma Guerra já Esquecida! Conto I - Unforgettable Wars

Fanfic: Conto I - Unforgettable Wars | Tema: Cavaleiros do Zodíaco


Capítulo: Marcas Sangrentas: Uma Guerra já Esquecida!

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Conto I - Unforgettable Wars/Capítulo 17 - Marcas Sangrentas: Uma Guerra já Esquecida!



 



— Acha que pode fugir de si mesma, Soranin? – a sombra questionou.



— Não... Não, não, não! Você não sou eu! – a amazona cambaleou para trás e parecia muito cansada. Deveria estar correndo há muito tempo.



— É claro que sou. Se não acredita em mim, ouça isso de sua própria família!



A sombra tomou sua verdadeira forma, que era idêntica a de Soranin, só que com uma armadura negra, e outras três surgiram. Eram sua irmã e dois adultos, muito parecidos com as duas, o que fez Relinde pensar que pudessem ser seus pais.



— O que está acontecendo aqui? – perguntou ele, sem entender.



Não obteve uma resposta.



Pensou um pouco e então se lembrou que Soranin dissera algo sobre poder ver o outro mas não poder se comunicar. Será que era isso? Mas se fosse verdade... ela teria visto tudo pelo que ele passou?



— Sui?! Mãe?! Pai?!



— Irmã! – a sombra de Sui se aproximou. – Por quê fez isso? Por sua culpa eles morreram... Se não fosse por você estariam vivos... Por quê, irmã?!



— O quê?! Não! Não fui eu! Eles morreram na guerra!



— Ela está certa, filha. Morremos para salvar vocês. – a mãe se encaminhou para perto da mais velha.



— Mamãe? Não... Não é verdade!



— Se tivesse nos obedecido, a vida seria muito diferente. – o pai se juntou a elas.



— É... É mentira!! – as lágrimas já estavam formadas, mas ainda não escorriam pelo rosto da amazona.



As três sombras então desapareceram, sobrando apenas a de Soranin novamente.



— Mentira? – ela arqueou uma das sobrancelhas. – Então veja com seus próprios olhos como a nossa vida poderia ter sido...



Ela fez um gesto com a mão e uma imagem apareceu ao seu lado. Nela dois bebês recebiam cuidados dos pais, sorrindo o tempo todo. Em um instante viraram duas garotinhas, de aproximadamente seis anos, uma loira e uma ruiva, que brincavam alegremente com a família. Depois, se tornaram adolescentes, e embora discutissem, os pais continuavam ao seu lado. Após isso, se tornaram adultas. Mudavam-se para suas casas com seus maridos e os pais as visitavam. Por último, com os pais já idosos, as duas, juntamente com seus maridos e filhos, os visitavam no hospital, levando flores e presentes.



A imagem tremeluziu e desapareceu por completo.



Soranin caiu de joelhos no chão. Relinde podia ouvir o seu choro mínimo e abafado, como uma criança que pede consolo ao não conseguir dizer o que quer ou o que sente.



— Vê agora como seríamos felizes? Teríamos os nossos pais por perto, casaríamos, teríamos filhos... Nada de preocupações de amazonas e intromissão dos deuses... Seríamos uma família normal!



— Não... É impossível... Eles morreram na guerra, eu já te disse!



— Ah sim, me esqueci que sua irmã não lhe contou toda a verdade... Bem, se duvida tanto assim de sua verdadeira natureza, por que não assiste o que realmente aconteceu naquele dia?



Mais um aceno de mão e outra cena surgiu. A mãe estava sentada na sala, com uma das filhas ao seu lado vendo TV e a outra em seu colo. De repente, o pai entrou pela porta. Ele trajava seu uniforme militar e estava apavorado.



— Tatsuo! O que faz aqui no Japão hoje? Não deveria estar no Santuário cuidando do treinamento de Calisto?



— Não há tempo para longas explicações, então vou resumir: eu e o cavaleiro de Gêmeos fomos designados para o Japão para uma missão. Um garotinho parece ter despertado o cosmo, e é poderosíssimo. Acham que pode ser ele... Enfim, algo deu errado. Gêmeos sumiu e há pessoas procurando por nossa família... – ele arfou. – ... velhos amigos meus... Mas eles estão diferentes, sobre o controle de algo... Estarão aqui em poucos minutos. Precisamos fugir, Kazuki.



— Mas as crianças...!



— Vamos dar um jeito, fique tranquila... Se esconda com elas. Eu vou tentar conversar com eles.



— Tatsuo, não! Você não pode ir sem a armadura!



— Kazuki, eles não hesitarão em acabar com vocês. E se descobrirem que sou um Santo, será ainda pior para a saúde mental deles... Tirando o fato de que iriam condená-las do mesmo jeito... Vai dar tudo certo. Confie em mim! – ele apertou as mãos da esposa.



— Eu confio, querido, eu confio... Apenas volte bem, ok? – ela o encarou docemente.



Tudo ficou escuro e quando a imagem voltou, Kazuki falava com Soranin.



— Fique aqui dentro, tudo bem, meu amor? A mamãe já volta.



Fênix deveria ter uns quatro anos, mas parecia compreender o que ela dizia. Kazuki fechou a porta do armário onde estava escondendo a filha e saiu do quarto. Espiando pela fresta, Soranin pode ver que ela agora conversava com Sui.



— Filha, cuide de sua irmã. Fique aqui na porta, e se ouvir algo, corra para dentro do quarto... Não façam barulho... A mamãe vai lá em baixo e já volta, ok?



— Pode deixar. – Sui bateu continência.



Ela então ali ficou, vigiando o quarto onde a irmã estava escondida, enquanto Kazuki descia as escadas e aguardava o pior.



Alguns barulhos vinham do lado de fora da casa, mas eram praticamente inaudíveis. Tatsuo estava lutando contra os soldados que antes eram seus amigos.



— Por quê estão fazendo isso? Sabem que me retirei do exército há anos! Não somos inimigos!



— Ordens de cima, Hayato. – o líder, que era o mais baixo, respondeu.



— Então vocês realmente enlouqueceram, não foi?



— Pelo contrário. Quem enlouqueceu foi você, se unindo ao inimigo.



— Não estou do lado inimigo! Tudo o que faço é pelo bem da minha família, vocês sabem muito bem disso!



— Sim, sabemos. E é por isso que vamos matar todos vocês... Sato, Mendez, Montenegro, encaminhem-se para a casa de nosso adorado ex companheiro. Imediatamente.



— Sim, senhor Urashima. – os três que o acompanhavam se retiraram e entraram no carro em que vieram, saindo em disparada pela estrada.

Tatsuo tentou impedi-los, mas lembrou-se de que eles não poderiam saber que ele era um cavaleiro de Atena. Ele não teve escolha, se não ficar e encarar os fatos.



***



Kazuki ouviu baterem em sua porta. Sabia que deveria fingir que não sabia de nada quando eles entrassem a força e não podia entregar as meninas por nada desse mundo.



A porta foi então arrombada, e eles entraram.



— Onde elas estão? – Montenegro, o mais alto de todos, perguntou. Possuía um sotaque espanhol e um moicano curto e preto assustador, que querendo ou não, combinavam com sua pele clara e olhos castanhos.



— Não sei do que está falando, senhor. – a mãe tentou parecer indiferente.



— Onde estão as crianças? – questionou Sato, o mais jovem. Branco como a neve e com tímidas íris azuladas, parecia mais uma criança do que um guerreiro. Os cabelos castanhos e bagunçados caiam pelo rosto. lhe proporcionando a aparência de um morto-vivo.



— Não estão aqui, lamento.



— Se não disser de uma vez, seremos obrigados a usar a força, então colabore! – Mendez, dentre eles o mais forte, e o único com cabelos claros como raios de sol, demonstrou agressividade.



— Eu já lhes disse. Elas não estão aqui. – ela fez uma pausa. – Não mais.



— Não mais? Para onde as levaram?



— Para um lugar seguro, longe de vocês!



— Ingrata! Responda minha pergunta! – Mendez se irritou, tornando seus olhos cor-de-mel mais tempestuosos.



— Elas estão escondidas na floresta. Nunca as encontrarão!



— Droga, não temos tempo... Elas não podem fugir! – Montenegro pareceu preocupado. – Vamos logo, cuidamos dela depois!



***



Curiosa com a barulheira lá em baixo, Soranin saiu de seu esconderijo e caminhou na direção da porta. Sui estava de costas para ela e ainda não havia notado a conversa que estava acontecendo no outro andar.



Deixou o quarto tendo o cuidado de não fazer nenhum barulho para que a irmã não a notasse. Após alguns segundos Sui ouviu o "sinal" que combinaram com sua mãe e correu para dentro do quarto de Soranin. Abriu o armário para acalmar a irmã, mas ela não estava lá. O desespero era enorme, ela poderia ter ido para qualquer lugar da casa.



***



Ainda na sala, os soldados agora estavam de costas, indo até a porta para sair em busca das meninas. Porém, quando a mãe achou que tudo estava saindo como o planejado, ouviu uma voz familiar chamando por ela.



— Mamãe? – Soranin estava a poucos metros dela, e não entendia o que se passava.



— Irmã, não! – Sui desceu as escadas correndo, indo em sua direção.



— Filha! – a mãe não conseguiu esconder o espanto. Seus olhos verdes instantaneamente brilharam e se encheram d'água.



Os três homens se viraram, abrindo um sorriso malicioso.



— Estão na floresta, não é? – disse Sato.



— Quase caímos nessa... Mas foi bem a tempo. – Mendez franziu o cenho.



***



Não muito distante, Tatsuo e seu velho companheiro, o tenente Urashima, discutiam. Este estava a ponto de sacar sua arma e atirar, quando o rádio do tenente tocou.



— Droga, Montenegro! O que foi? – do outro lado do rádio, o colega explicava a situação. – Sério? Não me diga... – continuou. – Certo. Estamos indo.



Ele desligou e se virou para Tatsuo novamente, ajeitando os cabelos pretos espetados.



— Boas notícias. Achamos suas filhas.



— O quê?! Impossível!



— Não foi difícil... – ele deu de ombros. – Mas veja pelo lado bom, os quatro estarão juntos na hora de suas mortes, como uma família feliz.



— Pare, Urashima! Não faça isso!



— Calado! – Urashima aproveitou que Tatsuo estava distraído e com a guarda baixa. Deu um soco em sua barriga fazendo-o cambalear para trás e este não pronunciou mais uma única palavra sequer. – Melhor assim... Agora, vamos até lá. – ele o apoiou em seu ombro e o arrastou até sua casa.



***



Quando entraram, Kazuki estava contida por Mendez e as crianças nas mãos dos outros dois soldados.



— Ora, ora, o que temos aqui? – o líder abriu um falso sorriso enquanto abria os braços.



— Urashima, pare! – Tatsuo tentou impedi-lo.



— Lamento, velho amigo.



— Ao menos... tire as crianças daqui... – pediu.



— Como quiser, mas saiba que não irei poupá-las... Rapazes. Deixem-nos a sós. – ordenou.



— E o que fazemos com elas? – perguntou Sato.



— Coloquem-as no carro e voltem para me ajudar. Certifiquem-se de trancá-lo muito bem, entenderam?



— Sim, chefe. – todos disseram.



— Isso será divertido. – Montenegro caçoou.



Os três saíram com as meninas, que choravam muito, e deixaram a sala.



"Vai ficar tudo bem", a mãe sussurrara. "Nós amamos vocês", o pai dissera. Por um breve instante, pareceu que realmente era verdade.



— E então... Como preferem morrer?



Enquanto tagarelava algumas opções, Tatsuo e Kazuki conversavam baixinho:



— Querida. – sua voz soava doce e calma.



— Sim? – ela respondeu, com uma tristeza inconsolável no olhar.



— Nós vamos salvá-las... E eu já sei como.



— Tatsuo, se for o que eu estou pensando, talvez elas não sobrevivam. São só crianças.



— Kazuki, tente entender, é isso ou todos iremos morrer... Antes nós do que elas.



— Certo, mas consegue fazer isso sem a armadura?



— Provavelmente.



— Certo. Estou pronta.



— Eu te amo, Kazuki... – falou o homem, sorrindo tristemente.



— Também te amo, Tatsuo... – ela o acompanhou.



Os soldados logo voltaram, assim como havia sido decretado. Mendez exibia os músculos definidos enquanto os outros dois riam sadicamente.



— E então, decidiram como vão morrer? – Urashima perguntou.



— Sim. – o cavaleiro respondeu prontamente.



— E como vai ser?



— Com honra! – brandiu.



O Santo de Peixes estendeu sua mão direita e uma única rosa branca surgiu entre seus dedos.



— Hahaha, ficou louco, Hayato? – zombou o tenente.



— Vai nos atacar com uma flor? Hahahaha, que idiota! – Mendez parecia não acreditar



— Que piada, hein Montenegro?



— Sim, não sei se rio ou se choro!



Virado de frente para Urashima, concentrou seu cosmo e atirou a rosa com toda a força restante. Era uma tentativa desesperada, mas poderia funcionar.



— O quê?! – todos questionaram ao mesmo tempo.



— Será que ele ficou mesmo louco? – perguntou Sato.



— Tsc, tsc, Hayato, francamente... Preferiu o suicídio? Não há nada mais desonroso que isso. – Urashima usava uma mistura de sarcasmo com realidade que era aterradora.



Na verdade, a rosa não tinha como alvo algum dos companheiros, mas sim a ele mesmo. A flor desviou-se do sentido original e acabou cravada no coração de Tatsuo, adquirindo uma coloração avermelhada assim como seu sangue. Kazuki apenas observava, imponente.



— Isso não irá matá-lo. Deixe-me ajudar!



Urashima sacou sua arma e atirou em Tatsuo. Ele poderia desviar, era um Santo de Ouro e se movia na velocidade da luz, mas sabia que não deveria. O fato de ele ter feito aquela rosa surgir do nada já deveria ter confundido demais seus companheiros, e ele não podia voltar atrás. O encarou de frente, sem hesitar, levando o tiro e manchando seu uniforme.



— Ainda está de pé? – questionou o homem baixinho. – Como isso é possível? Você não pode ser humano!



Mais tiros foram disparados e seu sangue agora escorria de vários pontos de seu corpo. Gotículas se espalhavam pelo ar e as pessoas que estavam ali começavam a sentir os efeitos colaterais do veneno.



— Eu... não consigo... respirar... – Montenegro se debatia no chão, levando as mãos ao pescoço.



— Minhas pernas estão dormentes. – Sato estava desesperado. – Não posso me mover!



— Argh, que dor de cabeça!! – com as mãos na cabeça, Mendez agonizava.



Um por um, todos caíram. Jaziam no chão, imóveis e pálidos. Restaram apenas Urashima, Tatsuo e Kazuki, que embora caída, ainda respirava numa tentativa de permanecer viva por mais algum tempo.



— Takeshi... Pare... Por favor... – mesmo cansado e quase morrendo, o Santo continuou a pedir que o amigo parasse.



— Não posso... Eu... preciso... te... matar! – Urashima tentava se controlar, mas a dor era insuportável.



Tentou dar um passo e atirar, mas foi ao chão no mesmo instante. Tatsuo se arrastou até ele e o apoiou em suas pernas.



— Takeshi... Por... quê?



Eles se encararam. Olhos azuis contra olhos azuis. Takeshi deu seu último suspiro e pronunciou uma única palavra: "Castor". Sorriu, com um olhar de arrependimento, e começou a olhar fixamente para um ponto aleatório do teto.



— Impossível... Takeshi... v-você o encontrou?! – ao ver que o amigo não respondia, tentou sacudi-lo. – Takeshi?!!



Parou assim que compreendeu que o coração de seu antigo companheiro já não mais batia.



— Takeshi... descanse em paz... – ele fechou os olhos do antigo companheiro. – Me perdoe... eu não... fazia ideia...



Os múltiplos ferimentos tornavam difícil a tarefa de falar e respirar ao mesmo tempo, mas Tatsuo ainda tinha suas últimas forças. Não demorou muito e Kazuki tossiu um pouco de sangue. Ela ainda estava viva depois de tudo.



— Desculpe por isso... querida... eu não queria que... acabasse assim... – as lágrimas rolavam pelo seu rosto.



— Eu aceitei esse risco quando... você decidiu se tornar um Santo... Eu sabia que algum dia... essa hora chegaria... Estou com você, querido... – ela se mostrou compreensiva.



— Eien'naru... – ele começou.



— ... Ai – ela completou, dando as mãos e caindo em um mar de rosas brancas, negras e vermelhas, junto ao marido.



Eien'naru ai. Amor Eterno.



Essa era a promessa dos dois, que com orgulho a cumpriram até o fim de suas vidas.



***



No carro dos soldados, Sui e Soranin continuavam presas. Choraram e gritaram tanto que não demorou para adormecerem, uma no colo da outra.



Pouco depois que a luta acabou, um garoto trajando uma armadura dourada se aproximou da casa dos Hayato, correndo, e entrou no recinto. Após alguns minutos, ele retornou. Olhava para o céu e derramava lágrimas sem parar, o que realçava suas feições de dor e pesar. Quando passou pelo carro, sentiu uma energia estranha, e algo o fez olhar pelo vidro. Ele percebeu que haviam duas crianças ali, e desesperado quebrou o vidro com o punho, pegando as garotinhas no colo e partindo para o Santuário com elas ainda desacordadas em seus braços.



 



 



 



 



Tudo tremeluziu e escureceu, se dissipando no ar feito fumaça. A imagem, dessa vez, desapareceu por completo.



— Viu só? Somos a mesma pessoa. Não duvide de mim. – a sombra voltou a falar com Soranin, convencida.



Soranin não disse nada, apenas continuou chorando. Seus olhos estavam vermelhos – de raiva, talvez – e ela tremia sem parar.



Relinde não acreditava no que estava presenciando. A história de Fênix era tão trágica quanto a dele. Tudo o que ele podia fazer era ficar quieto – sabendo que não conseguiria se mover mesmo se quisesse.



— Renda-se. Me ajude a ajudar você. Permita que eu leve embora essas mágoas... Não sou uma pessoa ruim, só quero o nosso bem. Vamos Soranin, venha comigo. Vamos acabar com tudo isso.



— Não... – ela murmurou.



— Como?... Eu posso lhe dar a vida que poderia ter tido ao lado de sua família. Posso trazer tudo isso de volta!



— Se tudo isso o que você me mostrou é verdade, eu tenho que seguir adiante. Não entendi muito bem o motivo que levou o tenente Urashima a agir assim, mas eu preciso descobrir o que é... E eu vou!... Não há atalhos pra isso, eu devo fazer por merecer, e você não vai me enganar!! – gritou, com raiva. – Não me interessa o que diga, não vou me render! Podemos até ser a mesma pessoa, mas você é meu lado mesquinho, meu lado egoísta, meu lado que teme tudo e só quer se esconder, um lado que não aceita que sofrimento é algo necessário para viver! Fazendo o que você acabou de fazer, só demonstrou que é mais fraca do que eu! Eu irei te vencer, assim como vencerei esse combate!



— Fênix... – Relinde sussurrou, ligeiramente pasmo com a situação.



A sombra se calou por um tempo, mas voltou a abrir um sorriso malicioso.



— Hahaha, pensa que consegue? Por quê não tenta então, jovem amazona?



— Eu vou... e agora!



Uma luz muito forte apareceu, forçando o Santo de Hidra a fechar seus olhos. Quando os abriu novamente, estava em outro lugar – de novo.



— Isso já está me irritando! – reclamou.



— Filho... – disse uma voz feminina que vinha de trás dele.



— M-m-mãe?!! – ao se virar, seus olhos se encheram de lágrimas ao ver uma mulher alta e loira de olhos verdes a sua frente. – É v-você mesma?!!



— Sim, filho. Sou eu, Ninive.



— Eu pensei que você tinha... – ele se deteve.



— Realmente, eu morri. Mas estive esperando por você.



— Esperando? Mas...



— É isso mesmo. Você matou seus amigos, sua mestra, seu pai e sua irmã. Agora, termine o trabalho.



Hidra não compreendeu suas palavras por um longo tempo, mas quando finalmente entendeu o que sua mãe queria dizer, protestou imediatamente.



— Não! Eu não posso!



— Pode, e deve. Esse é seu destino Relinde. – ela falava com um tom severo.



— Não vou aceitar isso! Eu cometi o mesmo erro várias vezes, e agora que me encontro são, controlo meus movimentos, e estou de frente para você, não o farei!



— Me mate, Relinde.



— Eu não vou lutar com você, mãe! Sem você eu cresci perdido e me tornei o que sou... Agora que você está do meu lado, não te deixarei ir embora!



— Certo. Então eu te matarei.



— O quê?!



— Só um de nós pode sobreviver. E deve ser você... Me ataque. Vamos. – Ninive abriu os braços.



— Não irei fazer isso com você, mãe! Não de novo... Papai estava certo, você morreu por minha causa... Você já não morava conosco, e eu desobedeci Cyprino e fui naquele bar para acertar as contas, então você foi atrás de mim, preocupada, e eles te mataram por causa da dívida que ele tinha! – o cavaleiro estava aflito, não podia perdê-la novamente.



— Ele estava bêbado. Não pôde te impedir... A culpa não foi de ninguém, esse era o meu destino.



— Não vou aceitar isso!



— Você sabe o que tem que fazer filho... Então faça logo, ou eu o farei.



— Eu te amo muito mãe, não posso!



— Também te amo muito, filho... – ela disse, se aproximando para abraçá-lo.



— Mãe... – Relinde foi invadido por um velho sentimento, que quase se esqueceu por completo: o amor de uma mãe.



Aquele abraço bem que poderia durar para sempre. Era o que ele mais desejava no mundo, embora chorasse como uma criança. A ilusão era tão real que Relinde realmente sentiu que a mãe estava ali.



— Desculpe por isso, filho. – pediu a mulher, ainda o abraçando.



— Isso o qu-...!



O Santo sentiu uma pontada em sua barriga e arregalou os olhos. Quando olhou para baixo, percebeu que o braço de sua mãe o havia transpassado. A dor era agonizante e havia sangue por toda parte. Ele não acreditava que a própria mãe, a única pessoa que ele amou de verdade nesse mundo, o havia atacado. Não era possível, não era lógico, mas ele nada disse. Estava em choque.



***



— Esperem. Estou captando uma energia estranha... – disse Meiying, atraindo novamente a atenção de todos os Santos. – E ela vem... de Relinde?!



— O que é aquilo em seu rosto? – perguntou Ulysses.



— É água, chifrudinho. – respondeu Athos.



— Então... ele está chorando... Mas e daí? – disse Jhesebel.



— Mas as lágrimas estão ficando vermelhas. – observou Sui.



— É sangue. – deduziu Heitor.



— O quê?! – todos os Santos pareceram abismados, menos Aristides.



— Vocês estão certos. Relinde está chorando lágrimas de sangue. – ela confirmou. – É uma ferida na alma.



***



Ao mesmo tempo que Relinde enfrentava sua mãe, Soranin batalhava contra si mesma. Ela sabia qual era seu ponto fraco, e a sombra se aproveitou muito bem dele.



— Acha que eu sou tão ingênua assim? – ela indagou.



— O quê?



— Tudo o que você fez até agora foi para me desestabilizar. Me deixar com medo, e assim tirar minhas forças. Mas eu posso te vencer. Sei qual é o seu ponto fraco.



— E como seria, amazona?



— Ora essa. Qual o contrário de trevas?



A sombra tornou a ficar quieta, refletindo sobre as palavras de Soranin.



— Você não... Você não ousaria fazer isso comig-... consigo mesma!



— Não? Então veja meu real poder: Chamas Incandescentes!!



— Está louca? Sabe que não consegue controlar essa técnica ridícula! Mesmo que seu cosmo aumente gradualmente com esse poder, suas chamas não brilharão forte o suficiente para me causarem danos sérios!



— Você que pensa. Meu cosmo queima ardentemente com minha força de vontade, e eu irei te derrotar, mesmo que eu morra! Pela minha família eu faço de tudo, e agora que você se passou por eles, jamais lhe perdoarei! Suma de uma vez por todas da minha vida!! Exploda meu cosmo, e me permita vencer este desafio!!



***



Do outro lado, os Santos estavam apreensivos com o que viam.



— Sui... a Soranin está... em combustão?! – Linus não compreendia.



— Não é real. Ela está queimando suas últimas energias para sair da ilusão, por isso seu cosmo tomou a forma de chamas. – Andrômeda cerrou os punhos. – Droga, Soranin, você quer morrer?!



— Se acalme. Ela vai ficar bem... Sua irmã é muito forte, Sui. – disse Aristides, colocando a mão em seu ombro.



***



Mas eles não sabiam o que realmente acontecia dentro da amazona de Fênix. Apenas ela mesma sabia como tudo aquilo doía em seu coração e alma.



— Bah, faz-me rir! Não tenho forma física. Posso muito bem escapar dessa luz me dissolvendo na escuridão! – mesmo preocupada, a sombra tentou se mostrar indiferente.



— Então por que não tenta? – a amazona zombou.



— Mas o quê...? Não consigo me mover! Há algo me prendendo nesta parede! Isso são... penas de Fênix?... Há várias delas pelo meu corpo! Não consigo escapar, sua maldita!!



De fato, várias penas laranjas estavam espalhadas pelo muro, impedindo sua locomoção, grudando-a ali.



— Demorou para perceber, hein. Você está presa e bem no foco de meus ataques. Agora, finalmente poderá voltar para onde nunca deveria ter saído: meu subconsciente!



— Não!! Você não pode me vencer! Não era pra ser assim!!



— Eu já te venci há muito tempo. Tudo acaba agora, de uma vez por todas... Darei tudo de mim neste ataque! Isso é por mexer com meus sentimentos e com minha família: Ave Fênix!!



— Não!!



O golpe foi direto para o alvo, corrompendo-o totalmente e dissipando as trevas. Queimando por inteiro e desaparecendo completamente, ela se foi – assim como as últimas forças de Soranin, que caiu em um mar de escuridão.




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Autor(a): rc2099

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  — Eles estão perdendo o equilíbrio, vejam! – notou Jhesebel. A amazona de Camaleão mal havia terminado de pronunciar essas palavras, e Relinde caiu de cara no chão, seguido por Soranin. — Zeus... Eles estão bem? – perguntou Linus. — Eu espero que sim... Mas e agora? Vamos lá a ...


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