Fanfic: Conto I - Unforgettable Wars | Tema: Cavaleiros do Zodíaco
— Eles estão perdendo o equilíbrio, vejam! – notou Jhesebel.
A amazona de Camaleão mal havia terminado de pronunciar essas palavras, e Relinde caiu de cara no chão, seguido por Soranin.
— Zeus... Eles estão bem? – perguntou Linus.
— Eu espero que sim... Mas e agora? Vamos lá ajudar eles ou temos de esperar mais? – questionou Yerik.
— Não podemos interferir. Temos que aguardar eles se levantarem... Esse é o momento decisivo. – respondeu Kirsi. – A vitória será daquele que levantar primeiro.
***
Fênix abriu os olhos mas não sabia onde estava, apenas notou que se encontrava de cara no chão, quase sem forças para se levantar. Só lembrava de ter tido um sonho muito estranho... Um sonho onde ela lutava contra si mesma.
Pensou durante alguns instantes e logo tudo veio à tona: não era um sonho, mas sim uma ilusão.
— Essa não... Relinde! – disse para si mesma, usando as últimas forças para se levantar e ir em sua direção.
Todos os Santos se voltaram para ela com expressões de surpresa. Soranin não pareceu notar os olhares preocupados e assustados que todos levavam em seus rostos.
— Ela sobreviveu... Irmã! Você está bem?! – Sui gritou.
— Espere, não interfira ainda. Ela pode até ter sobrevivido, mas será que ele saiu ileso? – Ulysses a interrompeu.
— É verdade, desculpem-me.
— Droga, Relinde... – Aristides falava consigo mesma, apreensiva. – ... o que aconteceu com você?
Hidra estava caído alguns metros em sua frente, inconsciente e muito machucado. Parecia estar realmente sentindo muita dor.
— Relinde, isso em seus olhos são sangue?! – ela estava desesperada. – Fale comigo, fale comigo! Por favor, Hidra, acorde!!
Soranin o virou de barriga para cima e notou um enorme ferimento em sua barriga, que parecia transpassá-lo. Tentava acordá-lo, mas de nada adiantava. Tentava bater em seu rosto, mas não conseguia uma resposta. Tentava ouvir seu coração, mas ele não batia.
— Mas o que é aquilo na barriga de Relinde? É um buraco?! – Meiying se surpreendeu tanto com aquele machucado que ficou atordoada.
— Deuses... Então a coisa foi séria! – Linus não controlava suas emoções.
— Relinde, por favor, volte! Me perdoe, eu não deveria ter te julgado mal. Eu não sabia que você havia passado por tudo isso! Volte, Relinde, por favor!!
Mas mesmo assim, ele não acordou. Soranin começou a chorar incontrolavelmente, derramando incontáveis lágrimas sobre o corpo do Santo de Hidra. Pela primeira vez em tantos anos ela se preocupava com um dos amigos de infância. Relinde poderia ser o mais cruel, mas ele tinha seus motivos.
Dez longos segundos se passaram até que ela ouviu um arquejo de dor, quase inaudível, vindo do cavaleiro.
— Mas o quê... O buraco no abdômen dele está... se fechando?! – o Santo de Cisne ameaçou cair para trás, mas Kirsi o segurou.
— Inacreditável... Isso é possível, Sui? – perguntou Aristides.
— Talvez seja. Na mitologia, as lágrimas de Fênix tinham o poder de cura... Mas eu já vi minha irmã chorar várias vezes quando estava machucada e isso nunca aconteceu... É algo inédito até pra mim.
— Acho que entendi... – disse Heitor. – A Fênix original só chorava quando presenciava algo que realmente a comovia. Talvez agora que ela sabe a história verdadeira de Relinde e que ele supostamente se foi, Soranin poderia ter criado lágrimas puras como as originais.
— Mas será mesmo?
— Espere e veja, chifrudinho... Espere e veja. – o cavaleiro de Golfinho bagunçou seu cabelo.
Percebendo o que estava acontecendo, Soranin se encheu de esperanças novamente.
— Relinde?! Você está vivo?!!
— É claro que... eu estou. Relinde de... Hidra... é invencível.
— É, ele está bem. – a amazona de Dragão concluiu.
— Melhor do que nunca... – Aristides concordou, baixinho.
Fênix abriu um largo sorriso, ajudando-o a se levantar.
— O que... aconteceu? – ele ficou confuso com todos da platéia olhando para ele.
— Eu te explico daqui a pouco. Venha, vamos até os médicos para que nos examinem.
— Eu não preciso de cuidados. Eu sou indestrutível!
— É claro que é... Mas não custa verificar, certo?
— Pff, como quiser... Mas me explique tudo.
— Eu vou. Prometo.
— Er...
— O que foi?
— Seu cabelo está... pegando fogo...
— O quê? Sério?! Apague então! – falou a menina, enquanto se sacudia.
— É mentira, hahaha! – zombou o outro.
— Idiota.
O mestre anunciou Soranin como a vencedora do quarto combate e pediu uma pequena pausa para que todos se acalmassem. Seus cabelos laranjas medianos voavam aleatoriamente e seu rosto, embora um pouco encoberto, demonstrava alívio por ambos estarem bem.
Não poderia ter vindo em melhor hora. Todos os cavaleiros e amazonas ficaram calados. Sui queria muito ver a irmã, porém não podia sair de sua área. Aristides sabia disso, então se ofereceu:
— Vou lá ver como Relinde está... Quer que traga notícias de sua irmã?
— Seria bom... Obrigada.
— Não há de quê. – a Santa de Raposa sorriu.
Enquanto isso, os dois eram analisados e conversavam sobre o que acontecera. Foram detectados poucos danos em Relinde, já que as lágrimas de Fênix o haviam curado, e ele logo foi liberado, junto a Soranin, que incrivelmente saiu ilesa. O veneno de Hidra havia desaparecido, e os ferimentos eram superficiais. Nenhum dano físico para nenhum dos dois, apenas mental.
— Descansem um pouco, isso lhes fará bem. Evitem emoções intensas durante algumas horas e logo estarão melhores. – a médica sugeriu.
— Hah, emoções intensas? Eu não tenho isso.
— Tudo bem, senhor, mas mesmo assim, evite.
O Santo virou as costas e foi embora. Soranin ficou e sussurrou para a médica:
— No fundo, ele quis dizer "obrigado".
A médica deu uma risadinha e a liberou.
— Ei, Relinde. Me desculpe por tudo... de verdade.
— Hum... Não.
— Valeu! - Soranin disse, com um sorriso meigo no rosto.
— Mas eu disse que não. – Hidra estava meio surpreso por ouvir aquilo.
— Eu sei. Por isso agradeci.
— Tanto faz. – ele fingiu indiferença.
— Desculpe tocar no assunto de novo, mas... eu sei que eles estão em um lugar melhor, não se preocupe.
— Seus pais também estão. – ele disse em um tom grosseiro.
— O quê? Como sabe dos meus pais?
— Ora essa, como assim? Quando eu abri os olhos sua voz me disse que um poderia ver o que o outro estava passando, mas não havia como se comunicar depois que eu avançasse... Depois que revivi minha história, fiquei alguns segundos sem ver nada, na escuridão completa, mas vi uma luz e a segui... Quando fiz isso cheguei até você, que estava correndo de uma sombra.
Soranin permaneceu calada.
— Eu fiquei "invisível", assim como você disse, mas uma luz apareceu pra mim e me fez fechar os olhos... Quando os abri novamente, estava em outro lugar. E então tive que batalhar contra... uma outra pessoa. – disfarçou.
— Que estranho... Quando eu acordei, foi você que apareceu pra mim e disse esse negócio sobre ver o que se passa mas não ser visto ou ouvido... Enfim, eu vi somente até a parte onde Ariadne caiu... Depois tudo escureceu e eu acordei no Santuário. Uma sombra veio até mim e eu comecei a correr... Acho que o tempo passou de forma diferente pra cada um.
— Deve ser... Mas quem era aquele dourado? Estava tão escuro que não vi nem o rosto e nem como era a armadura.
— Eu também queria saber... – o olhar da amazona era distante.
— Eu não quer-... Er... Quer dizer... É. Tanto faz.
— Não se preocupe, não vou espalhar seu segredo por aí.
— Não é mais segredo. Eu sei que eles agora já sabem... – disse enquanto olhava para o lenço amarrado em seu pulso. – Mas você não ousaria mesmo assim.
— Ela era muito bonita... – disse Soranin, tentando afastar os pensamentos ruins da cabeça dele.
— Sua mãe também.
— Obrig-... Ei! – por um instante, a Santa quase caiu na brincadeira de Relinde.
— Hahahaha, estou brincando, sua tosca! – ele riu.
— Sei...
— Ou não... Hahaha!
Soranin ficaria com raiva se essa conversa tivesse se passado antes da batalha, mas ela agora compreendia. Apenas se limitou a abraçá-lo.
— Acho que você bateu a cabeça. – disse o punk, estranhando o sentimentalismo de Fênix.
— Provavelmente. – ela caçoou.
— Ande logo. Me largue.
Ela o soltou e Aristides se aproximou dos dois.
— Estão melhor? – perguntou.
— Eu sempre estou bem. – Hidra respondeu prontamente.
— Como pode ver, estamos ótimos.
— Isso é bom... – ela riu. – Soranin, sua irmã está preocupada com você... Acho que deveria ir falar com ela.
— É verdade!... Nossa, vou lá agora mesmo. Obrigada Aristides!
— Por nada, querida.
Soranin deu um passo para ir embora, mas parou e se virou novamente para os dois.
— Ah, Aristides...
— Sim?
— Boa sorte. – ela abriu um sorriso e se dirigiu para onde a irmã estava.
— Boa sorte com o qu-... – Aristides se deteve, levando a mão os lábios ao compreender suas palavras.
— Do que ela estava falando, Aristides? – Relinde se intrometeu.
— N-não é nada... - disfarçou.
— Huh, não me interessava mesmo...
— Um dia você ficará sabendo, Relinde... Um dia você ficará sabendo.
— Tanto faz.
A amazona soltou um longo suspiro enquanto caminhavam para longe dos médicos.
***
Não muito distante, Sui e Linus conversavam com Soranin:
— Que bom que você está bem, Soranin! E parabéns por sua luta!
— Linus tem razão. Foi incrível!
— Obrigada... Er... Sui, depois que tudo isso acabar, eu poderia te perguntar uma coisa... hum... importante?
Ela se referia aos pais, mas Sui pareceu não notar.
— Claro que sim. O que você quiser.
— Valeu.
— Soranin? – interrompeu Kirsi, que estava ao lado de Linus.
— Ah? Sim?
— Você foi ótima. Parabéns.
— O-obrigada Kirsi. – respondeu, estranhando as congratulações da amazona.
***
Ao lado de Sui, Athos falava com Ulysses e Jhesebel:
— Se essa luta fosse minha, eu teria acabado com a ilusão em poucos minutos.
— Você não duraria cinco segundos, Athos!
— Sério, chatonilda? Então vamos ver quem aguenta mais tempo... Chamem Fênix e Hidra aqui para que eles possam nos atacar, aí tiraremos a prova.
— Não brinca com isso, Athos! Isso pode parecer divertido para você, mas para eles deve ter sido terrível!
Antes que Athos pudesse responder, Kirsi e Linus foram chamadas para o combate.
— Você consegue Linus! – Soranin a incentivou.
— Acredito em você! – Sui se juntou à irmã.
— Obrigada!
Ela seguiu adiante, aflita, mas sem olhar para trás.
— Você consegue, maninha! – disse Heitor, falando com Kirsi.
— Não vai me desenhar quando eu sair toda machucada dessa luta, hein? – ela disse, abraçando-o e rindo.
— Eu digo palavras, querida... Eu digo palavras! Haha!
— Pff! Hahahaha!
— Você vai vencer, Kirsi. Eu sei que vai.
— Obrigada, Heitor.
Um breve silêncio ocorreu, então Heitor deu uma cotovelada discreta em Yerik e se afastou um pouco.
— Er... Kirsi? – o Santo de Cisne a chamou, cambaleando para frente.
— Sim, Yerik?
— Abra as mãos e feche os olhos, por favor.
— Hum... ok... – ela obedeceu, estendendo as mãos em forma de concha.
— Tome. Isto aqui é para você... Eu mesmo que fiz e... bem... é bobo, eu sei...
Ele colocou dois brincos de cristal em forma de estrela em suas mãos. Kirsi abriu os olhos e os pegou delicadamente com os dedos.
— Oh, Yerik... São lindos!
— Sei que estrelas têm um significado especial pra você, então pensei em fazer algo especial para lhe dar sorte na batalha.
— Eu adorei! Mas... eles não vão derreter se eu usar? Gelo é algo delicado.
— Ah, não se preocupe, são feitos de gelo eterno. São indestrutíveis e não derretem com o calor... Mas ainda sim podem ser um pouco gelados, então tome cuidado... Aqui, deixe que eu os coloque pra você.
O loiro cuidadosamente pegou os brincos das mãos da garota e os colocou em suas orelhas.
— Obrigada! Agora se me permite, eu tenho que ir. – ela acenou com a cabeça na direção da arena central.
— Ah, claro... Apenas me prometa que vai dar o seu melhor, sim?
— Não confia em mim, Cisne?
— Não, não. Não é isso... É só que... eu me preocupo com você Kirsi... – ele ficou sem graça.
— Hahaha, eu estava brincando, bobinho! Também me preocupo com você, e agradeço pelo presente. – ela o abraçou.
Foi um abraço curto, mas durou tempo o suficiente para Yerik corar.
A amazona então se encaminhou para o ringue, mas ele a chamou novamente:
— Kirsi, eu... – ele se deteve quando ela se virou. – Ahn... deixa pra lá...
Ela deu uma leve risada e continuou seu caminho. Enquanto olhava para ela se afastando, Heitor voltou para o seu lado.
— Eu estraguei tudo, não foi? – perguntou o cavaleiro de Cisne.
— Sim.
Yerik então se virou para ele, incrédulo por causa da confirmação que o amigo lhe dera.
— Hahahahaha, relaxa amigo, eu só estava brincando! – caçoou o mais velho.
— Idiota! – o outro riu.
As duas já se encontravam no ringue, prontas para começar a luta.
Agora era felino contra canídeo. Lobo contra Lince. Virgílio contra Dante. A vitória contra a derrota.
Linus atacou primeiro, errando o alvo por pouco.
— Não irá a lugar nenhum se continuar nesse ritmo, Lince.
— Você também não, Lobo. – respondeu, atacando a amazona pelas costas.
Ela apoiou um joelho no chão, mas não demonstrou reação.
— Não tão rápido, Linus...
As palavras de Kirsi eram sarcásticas, o que fez Linus se questionar por um momento. Ela então caiu de costas, sentindo uma dor agonizante em sua barriga.
— Isso... arde como... fogo... Argh!! – exclamou, examinando as marcas de garras em sua pele.
— "Uma dor assim, se tivesse podido prevê-la, saberia suportá-la.” — recitou Kirsi.
— Virgílio... Certo... Argh! Que assim seja Kirsi, receba meu golpe mais poderoso: Flechas de Lince!!
Os múltiplos feixes dourados atingiram a Santa de Lobo em cheio, arrastando-a para trás com força. Por sorte ela conseguiu se estabilizar, colocando um dos punhos do chão e curvando-se para frente.
— "A grande honra se conquista com a vingança." — retrucou Linus.
***
Pouco distante do ringue, Unicórnio, Golfinho e Camaleão conversavam:
— Do que elas estão falando?
— Sei lá, chifrudinho... Deve ser papo de mulher.
— Isso é poesia, Athos. – Jhesebel explicou.
— Como eu disse, "deve ser papo de mulher". – ele fez aspas com as mãos.
— Aff, as vezes você é um chato, sabia?
— Caham... "As vezes"?! – pigarreou Ulysses.
— Nhé, nhé, nhé, mimimi, mimimi... Deixem eu ver a luta dessas duas, está ficando interessante.
— Você gosta de ver garotas brigando? Uau, essa é novidade pra mim.
— Corrigindo, caro chifrudinho: eu gosto de ver garotas.
— Ele não tem jeito, tem? – indagou Camaleão.
— Não, não tem.
***
Enquanto isso, as duas oponentes duelavam ferozmente na arena.
— Não adianta me atacar dessa maneira, Kirsi. Eu tenho a visão muito aguçada e posso saber onde vai me golpear.
— Idem. Eu posso interpretar sua expressão corporal, e com um mínimo movimento que você faz eu posso prever qual será o próximo. – disse, tentando acertar a amazona no joelho esquerdo.
Lince pulou por cima de Lobo bem na hora em que ela ia acertar o golpe.
— Previsível... – sussurrou Kirsi, que já estava do lado da adversária, pois tinha antecipado sua esquiva. – Receba minha técnica principal: Uivo Mortal!!
— Linus! – gritou Soranin.
— Você consegue! Não desista! – disse Sui.
Mas a Santa não conseguiu se desviar dos brilhantes prismas e acabou de cara no chão. O chamado de suas amigas a distraiu, assim como Kirsi havia planejado.
— Droga, você é realmente forte...
— É tudo uma questão de opinião. – retrucou a mais velha enquanto tirava a franja dos olhos. - Linus, eu sei que você pode me derrotar, então tente. Não desista!
— O quê? Você quer que eu te derrote?
— Se isso for necessário para você provar seu valor, sim. Não caia perante um desafio. Dê o seu máximo, mesmo que suas intenções não sejam as melhores!
***
Heitor e Yerik, que estavam sentados lado a lado, se entreolharam, desconfiados.
— Típico da Kirsi encorajar o adversário, não acha? – comentou Yerik.
— Sim... Diferente dos demais, que só pensam em si mesmos, ela faz o possível para incentivar o oponente a seguir em frente.
— Fico imaginando no que ela está pensando...
— Na verdade, não é essa a questão.
— Hã?
— Nós deveríamos imaginar o que ela está sentindo, e não no que está pensando... Ela acha que pode ajudar a amazona de Lince, mas o que a faz realmente querer fazer isso?
— Então, ela enxergou algo de diferente em Linus...
— A lógica de Kirsi é complicada, nem eu entendo muito bem.
— Olha quem fala, hahaha!
— O que está insinuando, Yerik?
— Ora essa, não sou eu que faço desenhos malucos como os seus. – ele riu.
— Hahaha, isso é realmente verdade... E como é. – Heitor fitou as duas novamente.
***
De volta ao combate, quem sofria agora era Kirsi, com múltiplos arranhões nos braços e pernas.
— Não entendo os motivos de você querer que eu me esforçe, mas cumprirei seu desejo... Receba minha técnica suprema: Garras Cortantes de Ventania!!
A amazona de Lobo foi atirada para longe, no limite da arena, e por pouco não foi desclassificada. Ela ficou ali, caída, sem fazer nada durante alguns segundos, mas logo se levantou e caminhou na direção da Santa de Lince como se nada tivesse acontecido.
— Ainda não desistiu? Vamos logo com isso... Prove meu golpe secreto: Unhas do Lynx!! — gritou.
O golpe foi cruel com Kirsi, aumentando gradativamente os danos e a expondo a uma queda grave. A Santa de Lince se aproximou de onde a adversária havia caído e começou a questioná-la:
— Kirsi, o que deu em você? Por quê está agindo assim?
— Vendetta... – respondeu, com sangue escorrendo pela boca.
— O quê?! Não, Kirsi... Eu não quero mais vingança!
— "Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho."...
— Isso não se aplica nesse momento Kirsi, pare de devanear! Eu tenho bons motivos para seguir em frente, e é isso que me motiva... Eu agora tenho uma família de verdade!
— Era exatamente isso que eu queria ouvir... – disse a outra amazona enquanto se levantava e tomava uma postura de ataque. – Você finalmente sabe em nome do que está lutando... A verdadeira batalha começa agora.
— "O sucesso encoraja-os: eles podem porque pensam que podem."...
— Exatamente. Vamos lutar pra valer agora?
— Não.
— O quê?! – Kirsi voltou a postura normal.
— Não preciso mais lutar. Você já me venceu.
— Linus, não foi isso o que eu quis dizer!
— "Feliz aquele que conseguiu compreender a causa das coisas." ... O que Virgílio disse se encaixa perfeitamente. Eu finalmente compreendi por que estou aqui e por que te conheci... Foi para poder dar mais valor à minha nova família, e nunca desistir dela.
— Mas, Linus... E seu irmão?
— Justamente por isso estou dizendo essas coisas. Não posso deixar que o que aconteceu com ele se repita novamente... E é por isso que eu lutarei daqui em diante. Independente dessa reunião com Efilnaem, seja lá o que for, não vale a pena... Não pra mim.
— Está certa disso?
— Mais do que nunca. Você também tem seus motivos para estar aqui, e eles estão bem ali atrás esperando por você. Eles querem a sua companhia... A sua família te espera... – Linus fez um gesto na direção de Heitor e Yerik.
— "O amor me move: só por ele eu falo."... — Kirsi finalmente compreendeu.
— Justamente.
— Por favor, não faça isso se não for o que o seu coração quer.
— É o que ele quer, sim.
As duas se abraçaram por um momento e Linus cruzou o limite do ringue, deixando Kirsi vencer.
— Kirsi de Lobo é a vencedora do combate número cinco! Parabéns amazona e boa sorte na próxima e última etapa! – disse o Papa.
Ela fez uma reverência, se juntou à amiga, e ambas foram ao encontro dos paramédicos.
— Uau. Isso foi... estranho. – observou Athos.
— Por quê? Lince fez o que achou melhor. – disse Ulysses.
— Pra mim ela estava com medo de perder, isso sim.
— Credo, Athos! Ela tinha seus motivos! – comentou Jhesebel.
— Imagina se bastasse um mimimi desses pra vencer... – ressaltou. – Se fosse assim, o Relinde teria vencido a Fênix facilmente.
— Alguém está falando do glorioso Relinde de Hidra por aqui? – Hidra apareceu do nada atrás de Athos.
— Não, não, não, imagina...– tentou disfarçar para evitar confusão. – Está tudo bem.
— Sério? – perguntou Relinde, desconfiado.
— Juro juradinho. – Athos forçou um sorriso.
— Acho bom mesmo! – Relinde o ameaçou sarcasticamente, pouco antes de Aristides chegar para levá-lo de volta.
— Ufa... Ei, do que vocês estão rindo? – perguntou Athos ao perceber que seus amigos riam da situação.
***
Mais em frente, os médicos davam as notícias para as duas.
— Bem, o lado bom é que nada sério aconteceu... – disse um médico alto e com cabelos louros.
— Então, além dos arranhões, estamos bem? – perguntou Kirsi.
— Sim. Foi realmente muita sorte. – ele respondeu.
— É... Muita sorte... Hum, com licença, preciso ir! – disse Linus, correndo para longe dos médicos e de Kirsi.
— Ela está bem? – questionou a doutora morena.
— Se nem você que é médica sabe, imagina eu... – riu e depois se afastou, voltando-se para a médica novamente e sorrindo. – Obrigada por cuidar da gente.
A doutora correspondeu o sorriso, pensando consigo sobre como aqueles jovens podiam ser tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo.
***
Naquele mesmo instante, Andrômeda e Fênix discutiam com Linus sobre os motivos que a fizeram desistir. Ela se esforçava para fazer com que elas compreendessem a situação, mas nem ela mesma entendia muito bem. Foi algo que simplesmente veio em seu coração.
Algo do tipo que Bianor faria.
Autor(a): rc2099
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).