Fanfic: Conto I - Unforgettable Wars | Tema: Cavaleiros do Zodíaco
Sui tinha em mente o Jardim porque seria o primeiro lugar em que ela iria se quisesse ficar sozinha, já que o veneno das rosas permitia somente que amazonas conseguissem ficar lá, por conta das suas máscaras que não deixam o pólen passar e chegar até seu nariz.
Enquanto corria, imaginava o que os outros estariam fazendo e quais dificuldades todos eles enfrentariam a seguir.
— Eu vou voltar, prometo. – disse para si mesma. – Aguentem firme, estou quase chegan-...
Ela parou, surpresa, e viu que se encontrava diante do mais belo entre todos os Santos de Atena: Calisto de Peixes. Ele estava delicadamente sentado sobre uma pedra, bem no meio do Jardim Carmesin, com uma Rosa Diabólica entre os dedos.
— Por favor, – pediu com uma voz suave e tristonha, sem olhar para ela – não se aproxime.
Sui já havia muitas vezes ouvido falar dele, e inclusive já o tinha visto uma vez. Foi no dia em que ela e sua irmã chegaram no Santuário. Ele era um homem forte, com lindos cabelos castanhos compridos, olhos que pareciam dois diamantes cristalinos, e era muito formoso e inteligente, mas não falava com quase ninguém por causa de seu sangue venenoso.
Se lembrou que no dia em que chegaram, enquanto lhes apresentavam o local, havia notado um homem que parecia triste, sentado na beira de um penhasco próximo. Enquanto a irmã se divertia na feira da vila, foi até lá para ver como ele estava. Quando se aproximou, ouviu um barulho e se virou. Não era nada, mas quando voltou a olhar para frente, ele havia sumido.
Era a única lembrança concreta que tinha dele.
— S-senhor... – disse enquanto ia em sua direção. – E-eu...
— Ainda está aí? – retrucou Calisto. – Eu disse para não se aproximar!
— P-perdão... Eu estou procurando a amazona de Grou...
— Ela não está aqui. Agora vá embora. – ordenou enquanto fitava e girava a delicada flor nos dedos.
— Não.
— Como é? – ele parou o movimento, surpreso pela contradição, e a encarou.
— Não vou embora. Sei muito bem quem você é, e não tenho medo. Venenoso ou não, seu sangue não é diferente do meu. Se quiser, eu coloco minha máscara, mas daqui eu não irei sair!
— Você é aquela garotinha de alguns anos atrás, não é mesmo?
— Sim, sou ela mesma.
— Ótimo. Agora que finalmente conseguiu falar comigo, se retire.
— Já disse que não irei sair daqui! – Sui bateu o pé.
— Porque insiste tanto, amazona? Quer morrer por minha causa?
— Eu vim à procura de Kibou. Se o senhor disse que ela não está aqui tudo bem, eu acredito, mas não vou sair antes de conversarmos!
— Não lhe devo nenhum favor, Santa de Bronze. Vá embora! – estabeleceu Calisto, se levantando e desaparecendo, como na última vez.
— Não adianta se esconder, eu sei que está aí, e a minha corrente também! – começou a gritar Andrômeda, olhando ao redor enquanto procurava o cavaleiro – Sei também que odeia essa maldição que todos os cavaleiros de Peixes carregam... Conheço muito bem a história do Elo Carmesin! Eu o vi acontecer, vi os efeitos que ele causa, e sinto muito pelo seu mestre, mas você não pode ficar fugindo de sua vida desse jeito! Entendo que só quer proteger os outros, mas está protegendo a si mesmo? E se estiver, está se protegendo de quê? Toda rosa tem seus espinhos, mas eles podem ser cortados! Não espero que compreenda minhas palavras, mas deveria ouvir com mais atenção uma pessoa capaz de ficar tanto tempo sem uma máscara neste Jardim!
Sui esperou uma resposta, mas como nada obteve, adentrou mais ainda no Jardim, que com a luz do Sol parecia tingido de sangue. Esse fato a incomodava um pouco, mas ela nada disse. Escolheu uma rosa aleatória, com seu caule cheio de espinhos fez um pequeno corte em seu dedo indicador e depois a colocou no cabelo. Peixes, embora impressionado, não se manifestou em momento algum. A observava um pouco a distância, esperando que ela logo desmaiasse com o veneno daquela rosa diabólica. Mas nada aconteceu.
Andrômeda continuou andando pelo jardim, sem nenhuma preocupação, até que escolheu um lugar, se sentou, e começou a montar uma coroa com várias daquelas flores. Calisto estava atento, apenas observando o que ela fazia, mas quando olhou novamente, Sui havia desaparecido. Imaginou que a garota havia desmaiado por causa do pólen e foi até lá buscá-la.
— Da próxima vez, não subestime o poder dessas rosas, Andrômeda. – comentou enquanto ia para o local onde ela antes se encontrava. – Se eu lhe tirar daqui agora, você deve ficar bem em algumas semanas.
Para sua surpresa, a jovem não estava mais ali. Olhou em volta de si mas nada viu. Estava sozinho novamente.
Ou era o que ele pensava. No momento em que deu mais um passo, sentiu alguma coisa de baixo de seu pé. Saiu de cima e percebeu que era a máscara da menina. Curioso, abaixou-se para pegá-la, e sentiu algo pinicar sua cabeça. Levantou seu olhar e viu que era Andrômeda. Ela havia acabado de colocar a coroa de rosas em sua cabeça e ainda estava com a pequena rosa nos longos cabelos loiros.
— Eu não tenho medo pois sou como você. – revelou calmamente.
— C-como isso... Como isso é possível? – o dourado arregalou os olhos, espantado.
— Seu mestre, Tatsuo de Peixes, era meu pai. Ele se recusou a me treinar pois eu era muito nova e frágil, então partiu novamente para o Santuário para ajudar você a se tornar um Santo... Embora recusasse isso, eu acabei recebendo a potência de seu sangue involuntariamente. Sou a única que herdou essa característica. Minha irmã não é afetada por que, de alguma forma, desenvolveu imunidade ao meu veneno. Porém não suporta a exposição constante e direta das rosas... O veneno que foi passado a mim só se manifesta quando elevo meu cosmo, por isso posso controlá-lo. Esse é um dos motivos de eu odiar batalhas, não gosto dessas coisas pois sempre preciso recordar de não revelar meu verdadeiro cosmo e as lembranças da minha família voltam... É terrível... Embora sábio, meu pai conhecia minha natureza e só queria me ajudar, o que facilitou um pouco as coisas. Se não fosse por ele, nunca teria chego até você, Calisto. Tenho certeza que foram como pai e filho... Afinal, ele quase nunca estava em casa. Tinha que ficar no Santuário durante muito tempo. As vezes não vinha jantar por que estava cuidando de você, e todas nós sabíamos que haveria um dia em que ele não voltaria para casa... Mas vocês não terminaram o Elo, não foi? Ele se foi antes de você superá-lo.
Calisto, sem palavras, apenas conseguia olhar para a garota. Ela era alguém que embora mais jovem, conhecia muito bem sua história, pois também a tinha vivido. Ela conhecia o silêncio, a rejeição, a solidão, a culpa... Ele finalmente havia descoberto que não estava sozinho no mundo.
Estava prestes a começar a falar quando ela ergueu seu dedo, ainda sangrando. Ele ficou paralisado e finalmente compreendeu o que ela queria dizer. Mas... ela era apenas uma criança. Não poderia aceitar fazer algo do tipo.
— Entendo que esteja preocupado, mas não fique assim, não precisa ser agora. – disse, limpando o dedo. – Você é quem sabe, não vou te obrigar a aceitar minha decisão... É apenas que... Seria um jeito melhor de... Bem... você sabe...
O Santo nunca imaginou que chegaria o dia em que precisaria tomar uma decisão daquelas. Se fizesse isso, a garota morreria, se não fizesse, se culparia para o resto da vida por não ter aceito seu último pedido. Aquilo não era algo humano para se fazer, ninguém deveria ter que escolher entre a vida ou a morte de alguém... Isso era errado.
— Ouça Calisto... – disse, com toda a doçura do mundo. – É um dever meu continuar o que meu pai começou. É uma escolha arriscada, eu sei. Um de nós não vai sobreviver, mas é importante que façamos isso. Sei que talvez não esteja preparado para tomar essa decisão, mas saiba que seria muito importante pro meu pai e pra mim que você se tornasse um cavaleiro muito forte. Você já é, mas esse é seu desafio final. Tatsuo sabia que esse dia chegaria, e você deve responder o último pedido dele... Responder ao meu último pedido... Sim ou não, não importa, apenas quero que você faça sua escolha. Ela vai influenciar nossas vida para sempre. Daqui em diante, estaremos ligados.
— E-e-eu... N-não posso... – ele abaixou a cabeça. – No Elo Carmesin, um mestre com sangue venenoso e um aprendiz devem trocar uma gota de sangue por dia. O aprendiz, embora sofra, deve aguentar... A imunidade dele aumenta gradativamente conforme os anos passam, e o Elo só termina quando um deles se vai... Se o aluno morrer o mestre terá fracassado, e se o mestre morrer sua missão será completada... O meu mestre... – ele fez uma pausa rápida e se corrigiu. – o seu pai, se foi antes de terminarmos o Elo, mas eu não posso fazer isso com você! – ele ergueu os olhos, que estavam quase transbordando.
— Vamos fazer o seguinte então, – começou a amazona, como se falasse com uma criança de cinco anos – eu tenho uma missão para cumprir, mas prometo voltar com vida. Assim que eu retornar e nos encontrarmos, você me diz sua decisão, tudo bem?
— S-sim... Tudo bem...
Ela o abraçou e ele correspondeu, deixando uma lágrima escorrer.
Calisto não conseguia dizer uma única palavra. Era um momento tão agradável e tão sombrio ao mesmo tempo que ele estava em choque.
Infelizmente, tudo isso seria carregado pelo vento dentro de um curto prazo e eles nunca mais se veriam. Esse era o destino de Peixes, o Elo Carmesin.
Autor(a): rc2099
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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