Fanfic: Conto I - Unforgettable Wars | Tema: Cavaleiros do Zodíaco
Soranin pensou um pouco e esperou os dois se afastarem. Quando garantiu que não havia mais ninguém olhando, abriu a gargantilha que sempre carregara no pescoço. Ela tinha a forma de um coração e continha uma foto de duas pessoas dentro. Do lado direito uma mulher e do esquerdo um homem.
A mulher era ruiva e com cabelos enrolados e medianos, igual Soranin. O sorriso transmitia esperança e os olhos verde claros mostravam a ternura que toda mãe deveria ter. Era baixinha mas muito bonita e usava um vestido verde escuro. O homem tinha cabelos loiros iguais aos de Sui, mas eram bem mais curtos. Sua expressão passava tranquilidade e os olhos azuis certa paciência seguida de caridade. Era alto, viril, e vestia um uniforme militar que realçava sua pele branca como a neve, igual à da esposa. Eram seus pais.
Na frente da gargantilha estava gravado: "Kazuki & Tatsuo - Eien'naru Ai", que eram o nome dos pais e a frase "Amor Eterno" em japonês.
— Fiquem tranquilos, estou indo visitar vocês... – disse com um sorriso melancólico no rosto.
Sem pressa nenhuma começou a ir em direção ao Cemitério enquanto "conversava" com os pais, contando acontecimentos e histórias que havia ouvido e vivido. Era como se conseguisse ouvir um sorriso naquela fotografia... Mas ela ainda não podia desistir de sua missão. Isso a deixava um pouco triste, mas não parou de falar com eles.
No caminho fez uma pausa para comprar dois buquês de flores, um de lírios, os preferidos da mãe, e um de cravos, os preferidos do pai – o que era meio irônico, já que ele era o cavaleiro de Peixes e lidava com rosas o tempo todo. Viu que o simpático comerciante tinha também um Bonsai em sua prateleira, uma planta de sua terra natal.
— Quanto custa este Bonsai, senhor? – perguntou.
— Oh, jovem, por seres uma pessoa tão bondosa não cobrarei nada por ele. Pode ficar. – respondeu gentilmente o senhor.
— Desculpe, senhor, mas não posso aceitar. Tudo tem um preço, e eu desejo saber o dele.
— Ah, considere como uma cortesia da casa por ter comprado dois buquês. O lugar para onde está indo é muito solene... Não sei quem está indo visitar, mas leve esta planta. No Japão, ganhar um destes é um desejo de força e sabedoria.
— Sim, é verdade... Lá também é visto como um sinal de boa sorte, e como o senhor está me oferecendo, vou aceitar. Agradeço muito, senhor, de verdade.
— Não por isso, menina. Faz um tempo que não vou lá ver minha esposa... Um dia quem sabe nos encontramos lá, por ironia do destino? – sorriu. – Heh, mas estou divagando e tomando seu precioso tempo... Não precisa agradecer.
— Senhor... Se não se importar, poderia me dizer o nome dela?
— Sim, criança. Seu nome era Rhode... A Rosa... Nem preciso lhe dizer qual era sua flor preferida, não é? – sorriu. – Bons tempos.
— Posso comprar uma também? Gostaria de deixar uma lembrança, pra que não deixe de saber que o senhor não se esqueceu dela.
— Eu ficaria muito feliz, pequenina, mas não será necessário comprar. Tem algo que eu gostaria que levasse para ela... Algo especial... Espere aí.
O senhor se abaixou, vasculhando a parte de trás de seu balcão. Quando se levantou, colocou uma caixa e uma rosa vermelha sobre o móvel.
— Se possível – disse – poderia entregar isso para ela? Abra a caixa somente quando estiver de frente pra ela e retire o que tem dentro... Coloque o objeto ao lado de seu túmulo junto à rosa, por favor.
— Pode deixar. Farei isso sim.
— A propósito, meu nome é Galen. Qual o seu?
— Soranin, senhor.
— Pessoa-céu... Muito interessante, senhorita. Combina com você.
— Obrigada... Bem, vou entregar isto a ela imediatamente então. Sabe a localização?
— Oh sim, desculpe... Está no extremo oeste, entre os últimos.
— Tudo bem, aqueles que estou indo visitar estão por lá também.
— Certo... Mas lembre-se: "As dificuldades são como as montanhas..."
— "... elas só se aplainam quando avançamos sobre elas." — interrompeu Soranin. – Eles sempre me diziam isso.
— Boa sorte novamente, jovem... Rhode ficará feliz em ter companhia novamente.
— Agradeço por tudo, senhor Galen.
Soranin se dirigiu até os portões do Cemitério. A senhorita Atena permitiu que seus pais fossem enterrados ali já que ela e a irmã começariam a morar lá, mas já haviam se passado muitos anos desde que estivera ali pela última vez... Parecia mais bonito do que antes, e sem dúvidas mais lápides haviam sido acrescentadas. A guerra era algo triste, tira tudo das pessoas. Tudo o que elas mais amam... Mas não era um momento para pensamentos ruins. Ela deveria seguir em frente.
Pétalas voavam pelo lugar, como de costume. Era um cenário bonito se visto com os olhos certos.
— Aqui está... – disse, se sentando na grama e colocando os pertences ao seu lado. – Boa tarde, querida Rhode... Galen pediu para que eu lhe trouxesse isso...
Ela abriu a caixa e retirou um porta retrato com a foto dos dois junto a um cartão, que dizia: "Para a pessoa mais especial da minha vida: A única rosa do meu jardim..."... Como lhe foi pedido, colocou-os ao lado da lápide – para o bilhete não voar o deixou embaixo do retrato, com a rosa em cima – e sorriu.
— Você era uma pessoa muito bonita, Rhode... Tenho certeza que ainda é... – começou a dizer, com os olhos cheios de água. – Seu marido jamais se esquecerá de você. Estarão juntos para sempre. Seus corações estão ligados, acredite em mim... Me perdoe não poder ficar mais, mas preciso ver outras pessoas também... Mas por favor Rhode, espere apenas mais um pouco por Galen, ele virá te visitar em breve, prometeu isso a mim... prometeu a você!
Como uma forma de respeito, Soranin se inclinou diante de Rhode e se levantou. Então voltou a andar e foi na direção de seus pais.
Quando os encontrou, sentou-se no meio das lápides e começou a entrelaçar as flores que comprou, uma por uma, com toda a paciência do mundo. Fez dois círculos, um com cada buquê, e colocou-os respectivamente sobre os túmulos de mármore, com o Bonsai no meio.
— Separei um poema para vocês... Onde quer que estejam, espero que ouçam... – disse, olhando para o céu.
Ela recitou um poema japonês que falava sobre honra, família, amor e liberdade e depois se ajoelhou, com as mãos na grama, e começou a orar.
Ficou mais um tempo ali, encarando as lápides e tentando trazer mais lembranças à tona. Mas nada de novo voltava. Ela era muito pequena quando eles se foram... Mas isso não a abalava. Sui sempre dizia que quando algo triste acontece, devemos ser os primeiros a sorrir... E foi isso que ela fez. Abriu um sorriso e olhou para a foto na gargantilha... Foi aí que sentiu uma mão repousando em seu ombro.
— Eram seus pais? – perguntou uma voz feminina.
— Sim eram... Se foram há alguns anos.
— Compreendo...
— Você também veio visitar alguém espec-... – ela se virou e se interrompeu, como se tivesse visto um fantasma. – K-Kibou?
— Sim Soranin, sou eu... Vim aqui para te encontrar. – disse Grou.
— Me encontrar? Mas... Por quê?
— Porque eu sei sobre sua decisão. Sei que o caminho que escolheu foi diferente do da sua irmã. Sei por que realmente está aqui no Santuário... Vocês procuram por Meanlife, e eu sei onde ela está.
— Como...?
— Os meios não importam. Apenas saiba que terá que decidir em breve... Sabe do que estou falando.
— Entendi... Sabia que não poderia fugir disso para sempre... Mas Grou, me ouça, é perigoso você andar por aí com um cosmo desses! Por que fugiu naquela hora?
— Eu não sei... Só queria ficar sozinha... Estava andando por aqui e te encontrei... Desculpe.
— A culpa não foi sua. Acho que eu faria a mesma coisa se fosse você... Bom, independentemente, eu combinei com minha irmã e meu mestre de nos separarmos e procurarmos por você. Devemos nos encontrar no anfiteatro assim que o sol se pôr... Venha comigo para podermos conversar melhor, sim?
— Tudo bem. Mas Soranin... Me prometa uma coisa... Quando nos reunirmos no teatro, diga que eu estava sentada perante o túmulo de um amigo e então você me achou e me convenceu a ir com você.
— Eu lhe prometo... Vamos então?
Kibou ajudou Soranin a se levantar e as duas partiram para se juntar aos outros. Enquanto se afastavam, Soranin sussurrou baixinho para os pais as seguintes palavras: "Meiyo", "Shinko", "Akogare", "Ai" e "Kazoku". Respectivamente: "Honra", "Fé", "Saudade", "Amor" e "Família".
Autor(a): rc2099
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Sui foi a primeira a chegar no local marcado, mas Calisto não a acompanhava. Ele disse que deveria voltar o mais rápido possível para proteger a Casa de Peixes e ela não o deteve, afinal, Santos de Ouro não devem deixar suas posições – ainda mais em tempos antecedentes à guerra. &mdas ...
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