Fanfics Brasil - 3 - Excalibur Rei Arthur

Fanfic: Rei Arthur | Tema: Rei Arthur, clássicos, época, magia, guerra,


Capítulo: 3 - Excalibur

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   Uma espada tinha levado Artur ao trono, mas ele a presenteara ao arcebispo. Certo dia, ele disse a Merlim que não possuía nenhuma espada digna do nome.
    — Como lamento ter doado a espada da pedra. Ela iria me servir muito bem nas guerras por vir.
   — Não há o que lamentar — murmurou Merlim, sacudindo sua longa barba branca. — Não havia virtude alguma naquela espada. Ela serviu seu propósito ao fazer de você um rei. Amanhã partiremos para encontrar uma nova espada, feita especialmente para você. Essa espada se chama Excalibur. É tão poderosa que ninguém consegue resistir à sua força: ela corta o aço e o ferro com facilidade de uma foice cortando o feno. Com Excalibur você derrotará seus inimigos e trará a paz e a liberdade a seu reino.
   Ao alvorecer do dia seguinte, eles partiram a cavalo. Viajaram por vários dias até se encontrarem num vale estreito, confinado entre montanhas de um verde-escuro. Por fim, escalaram uma passagem estreita e olharam para baixo, onde viram uma depressão rochosa escavada nas montanhas: nela havia um grande lago.
   Enquanto as montanhas estavam envoltas numa escura sombra arroxeada, as águas do lago brilhavam ao pálido nascer do sol. Às margens do lago havia salgueiros esbranquiçados, álamos tremulantes sobre um relvado de grama fresca e verde. Lírios floresciam nos prados e, para além do lago, Artur viu, através de uma brecha nos morros, uma misteriosa e vasta planície, meio escondida entre as réstias da luz ablíqua.
   Artur e Merlim desceram a cavalo a encosta íngreme rumo às margens gramadas do lado e olharam fixamente para as àguas límpidas e azuladas. O lago era tão transparente que dava para ver seu fundo arenoso.
   — Este é o lago de Avalon — murmurou Merlim. — Do outro lado, além das colinas, fica a planície de Camlann, onde, num dia ainda distante, você travará sua última batalha. Observe com cuidado agora e veja o que vai acontecer.
   Ao examinar as águas tranquilas com seus olhos aguçados, Artur viu um braço esguio, vestido de seda branca, segurando no ar uma espada brilhante. Então, subitamente, ouviu uma voz suave, chamando seu nome — "Artur, Artur, bem-vindo, rei Artur" — e logo, caminhando sobre as águas na direção dele, vinha uma mulher vestida numa túnica azul-celeste, com uma faixa dourada em torno de sua cintura.
   — Eu sou Nimue, a Dama do Lago — ela disse, com a voz semelhante ao vento a suspirar entre as árvores. — Sua espada, Excalibur, aguarda você. Eu a mantive a salvo até este momento. Venha, suba naquela barca e venha buscá-la.
   Vendo um bote flutuando sob um salgueiro, Artur caminhou pela água rasa e entrou nele. No mesmo instante, o bote se virou, com a proa apontando para o vasto espelho d'água, e se moveu pelo lago como que remado por mãos invisíveis. Quando atingiu o centro do lago misterioso, seu movimento cessou, como um barco em repouso sobre um mar em calmaria.
   Enquanto olhava com assombro a seu redor, Artur viu, de repente, um rosto abaixo dele, dentro d'água. Uma mulher de cabelos louros estava sorrindo para ele de dentro do espelho de águas calmas do lago. Suas tranças douradas flutuavam em torno dela e seu corpo esguio cintilava na luz vacilante das águas. Era dela o braço erguido acima da superfície do lago: agora ela o levantava bem alto, segurando no ar uma espada reluzente e uma bainha de prata cravejada de pedras preciosas. A espada e a bainha ardiam como uma única chama entre a água e o céu azul.
   Artur estendeu o braço e levantou da água a espada e a bainha, apanhando-as do braço vestido de seda. E as brandiu acima da cabeça como se chamasse seus homens para a batalha. A água fria escorreu-lhe pela manga até o pescoço e o peito.
   Contemplou estasiado a lâmina de metal azul e o punho de marfim e ouro entrelaçados. Ao fazer isso, a barca deu meia-volta e flutuou de volta até a margem, onde Nimue estava de pé à sua espera para saudá-lo com um sorriso.
   — Guarde bem sua espada — disse-lhe ela —, pois é um artefato encantado. Foi feita só para você, e lhe servirá bem. Mas tem de ser usada somente em justa causa. Meu dom tem ainda uma outra condição: Você é jovem, e seu reinado apenas começou. Mas todos os reis são mortais, e um dia você morrerá. Quando este dia chegar, eu chamarei Excalibur de volta ao meu lago. Ela precisa regressar às águas de onde saiu; do contrário, o encanto será quebrado e a memória do rei Artur se enferrujará como qualquer espada.
   Com tais palavras, Nimue caminhou de volta sobre as águas e desapareceu em meio à névoa do amanhecer; Artur estava tão fascinado com a beleza dela, e tão arrebatado pelo dom, que não lhe vieram palavras para agradecer. Enquanto seus olhos estavam fixos na sombra da neblina, murmurou à meia-voz para si mesmo:
   — Que belo rosto ela tem! Quem é esta Dama do Lago?
   Merlim interrompeu aquele embevecimento:
   — Nimue é uma velha amiga minha. É uma feiticeira muito maior do que eu. Por isso, a magia desta espada é tão poderosa. Vejo que você está deslumbrado com seus presentes. Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: o que é mais precioso, a espada ou a bainha?
   Artur riu da pergunta. Não pensou duas vezes:
   — Ora, a espada, é claro! A bainha é a mais primorosa que já vi, mas um simples estojo de couro bastaria para abrigar esta espada. É a lâmina que fará o serviço.
   — Pois você está errado — disse Merlim, asperamente. — Já esqueceu tão depressa tudo o que lhe ensinei? As coisas nem sempre são o que parecem. De fato, a bainha é cem vezes mais preciosa que a espada. É verdade que uma lâmina que corta o aço mais duro é mesmo excelente, mas é a bainha que guarda a espada e a mantém a salvo... e que preserva a sua vida. Enquanto houver a bainha a seu lado, você não perderá uma gota de sangue, por mais implacável que seja o ataque do inimigo. Lembre-se disso: é muito mais difícil salvar uma vida do que tirá-la.
   Em silêncio, Artur e Merlim regressaram a Camelote. Seus pensamentos seguiam rumos diferentes. Os de Merlim iam para a adorável Dama do Lago. Os de Artur, para sua espada e a bainha mágicas. Nos anos que se seguiriam, os destinos daqueles dois homens estariam entrelaçados com seus pensamentos naquele dia de sol.



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Autor(a): biiviegas

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   Três anos depois de se tornar rei, Artur tinha derrotado os saxões em seis grandes batalhas. Os invasores fugiam em seus navios ou então juravam lealdade ao rei. Assim, a paz finalmente reinou em toda a Bretanha e havia de durar muitos anos.   É claro que o povo ainda sofria com as tramas malignas de magos e bruxas escondidos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 9



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  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 18:03:57

    Lido o epílogo. Linda história e um belo final, apesar de um tanto triste! Parabéns! Gostei muito dessa história e texto tão bonitos. Que venham mais histórias com textos tão bons assim, sejam eles originais ou adaptações. Abraço e boa sorte! Deus abençoe!

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 17:48:29

    Muito triste o capítulo 8, mas também com mais um admirável desfecho. Os três provaram sua honra até o fim. Muito digno!

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 17:03:56

    Lancelote provou realmente ser um honrado cavaleiro. Outro desfecho surpreendente de mais um episódio.

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 14:50:02

    Essa feiticeira Morgana é muito cruel mesmo. Lamentei a morte de sir Accolon, fruto dessa vingança de Morgana de seu meio-irmão Artur. Artur é um cavaleiro muito nobre e piedoso, quase morre dessa vez pelas mãos da irmã através desse manto enfeitiçado. Agora que Artur viu de fato quem realmente é Morgana, resta saber quais serão as próximas armações de dela e como Artur fará para detê-la. A história está muito boa.

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 14:48:51

    Foi incrível a aventura de Artur naquele reino desconhecido e na Capela Verde, fiquei muito surpreso com o desfecho desse episódio.

  • grandeshistorias Postado em 20/07/2017 - 15:51:27

    Sacanagem Merlim não alertar o rei Artur da futura traição de Guinevere que preveu em sua bola de cristal, cuja traição vai destruir o reinado de Artur... Vamos ver o que acontece agora.

  • grandeshistorias Postado em 15/07/2017 - 14:50:16

    Li o capítulo 1... Curioso para saber o q vai ser de Arthur agora... Garoto inteligente demais, e sábio. Os sábios de Vortigerno são mesmo muito ignorantes, era óbvio q tendo uma fundação como aquela, nunca iriam erguer um palácio ali. Mas esperar o q também daquela época de tão escassas informações e até mesmo nula tecnologia. Gostei de ver Vortigerno fugindo, e espero q não volte tramando outra. Adaptação muito boa e texto maravilhoso.

  • grandeshistorias Postado em 06/02/2017 - 21:27:35

    Adicionei aos meus favoritos. Me interessou muito a história! Já li o prólogo e vou continuar lendo os capítulos. Me lembro na sétima série a professora lendo para nós o livro Rei Arthur e a Távola Redonda. Ela o leu até o final ao longo de muitas aulas. Isso foi na época em que era exibida na tv a novela Pé na Jaca, do qual o enredo e os nomes dos personagens tinham uma livre inspiração na história do Rei Arthur. Boas lembranças!

  • fernandocordeiro93 Postado em 27/12/2016 - 13:10:13

    Posta mais


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