Fanfics Brasil - 6 - A vingança da fada Morgana Rei Arthur

Fanfic: Rei Arthur | Tema: Rei Arthur, clássicos, época, magia, guerra,


Capítulo: 6 - A vingança da fada Morgana

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   Quando Uther Pendragon, o pai de Artur, se apaixonou por Igraine, ela já era casada com Gorlois, duque da Cornualha. Mas Uther matou Gorlois num duelo. Por esse ato cruel, a filha de Igraine, a fada Morgana, nunca perdoou Uther; e quando este morreu, ela lançou sobre Artur a responsabilidade pelos pecados de seu pai.
   Ela jurou que um dia teria sua vingança. E enquanto Artur crescia, Morgana estudava as artes ocultas e a magia negra. Agora sua desforra estava se aproximando.
   Numa capela de pedra em ruínas no fundo da floresta vivia a fada Morgana — olhos negros, cabelos negros, coração negro —, rodeada de livros de magia e com sua bola de cristal. Estava sempre cozinhando o mal em seu grande caldeirão, enchendo-o com ingredientes mágicos para seus feitiços: pernas de sapo, asas de morcego, cuspe de cuco, suco de zimbro, e coisas assim.
   Finalmente, conseguiu terminar a poção. Esfregando as mãos com alegria, soltou uma terrível gargalhada:
   — Agora eu posso me vingar e dar um fim em Artur!
   Seu plano era demoníaco e ardiloso.
   Certo dia, pouco depois de seu regresso da Capela Verde, Artur estava caçando na companhia de seus cavaleiros. E aconteceu que ele e Sir Accolon da Gália se perderam dos outros enquanto perseguiam um grande cervo. Galoparam por colinas e pântanos, milha após milha, para tão longe que seus cavalos acabaram por cair mortos, e eles tiveram de prosseguir a pé.
   Mas o cervo também ficou cansado e logo teve de parar para beber água num lago escuro no meio da floresta. Foi ali, à beira do lago, que Artur sacou da espada e saiu correndo ao encalço do cervo.
   Enquanto os cavaleiros estavam de pé junto à sua presa, foram surpreendidos pela visão de um pequeno navio, com todas as suas velas de seda enfunadas, a deslizar na direção deles sobre as águas calmas do lago. Ele veio vindo, veio vindo, até que a proa encalhou nas areias em que os dois estavam. O navio parecia convidá-los a subir. Contudo, parecia não haver vivalma a bordo.
   — Venha, cavaleiro — disse o rei Artur a seu companheiro. — Vamos desvendar o mistério deste navio.
   Assim, eles subiram a bordo e encontraram o navio coberto de tapetes e cortinas de sedas e tecidos inestimáveis, mobiliado com cadeiras e mesas requintadíssimas. A noite escura desceu enquanto eles vasculhavam o porão. E quando emergiram no deque encontraram uma centena de tochas ardentes dispostas pelos flancos do navio, de modo que tudo em volta estava tão claro como se fosse dia. Embora o navio parecesse deserto, doze jovens donzelas subitamente apareceram para saudar o rei Artur e Sir Accolon, reclinando-se diante do rei.
   — Nós lhe damos as boas-vindas, rei Artur — disseram elas, em coro. — Aqui estamos para revigorar suas forças.
   Assim falando, elas conduziram os cavaleiros até uma sala onde, sobre uma mesa forrada com toalha branca estavam postas as comidas e bebidas mais convidativas. Os dois homens se admiraram com o suntuoso banquete: nunca tinham visto uma refeição melhor.
   Depois de terem comido e bebido tanto quanto desejaram, eles foram levados para cabines separadas: cada uma delas era ricamente mobiliada e tinha uma cama forrada com lençóis de seda. Como ambos estavam exaustos da caçada e meio tontos do vinho, logo adormeceram profundamente em seus leitos, e dormiram pesado por toda a noite.
   Era já tarde na manhã seguinte quando o rei Artur despertou: para seu desalento, a cama macia e a rica cabine tinham desaparecido. No lugar delas, ele se viu deitado sobre o chão frio de pedra da masmorra de um castelo. Mas não estava sozinho. Atravessando a escuridão, vinham gemidos e lamentos de outros prisioneiros.
   — Quem são vocês? — perguntou Artur. — Por que se queixam?
   Na calmaria que se seguiu, uma voz atormentada respondeu:
   — Somos vinte cavaleiros mantidos prisioneiros aqui. Alguns de nós têm padecido nesta masmorra por quase sete anos.
   — Qual é o seu crime? — indagou Artur.
   — O senhor deste castelo, Sir Damas, é o mais cruel cavaleiro vivo, e o maior covarde do reino. Ele tem um irmão mais novo, Sir Onslake, um nobre cavaleiro, bem-amado de todos. Mas Sir Damas lhe recusa sua herança. Assim, Sir Onslake nos enviou, seus melhores cavaleiros, como emissários a seu irmão. Mas o traidor nos capturou e nos prendeu, tão logo entramos no castelo, e nos lançou nesta masmorra. Vários bons cavaleiros já morreram de fome. E nós também certamente morreremos, pois estamos fracos demais para nos levantarmos.
   — Deus nos livre — disse Artur.
   Enquanto falavam, uma jovem entrou na mesmorra e perguntou a Artur como ele estava.
   — Não sei dizer, senhorita — respondeu ele —, pois não sei por que estou aqui nem qual vai ser o meu destino.
   — Então eu lhe direi — retomou ela, suavemente. — O senhor foi escolhido por meu amo para lutar em nome dele. Ele o nomeou seu campeão numa justa. Se o senhor concordar, sua vida será poupada. Se recusar. ficará aqui até o fim de seus dias.
   — Prefiro lutar e morrer a apodrecer numa prisão — disse Artur. — Mas só lutarei se estes cavaleiros também forem libertados.
   — Assim seja — disse ela depois de uma pausa.
   — Mande preparar um cavaleiro e uma armadura — disse ele.
   Quando seus olhos ficaram habituados à escuridão Artur ditou detidamente o rosto dela.
   — Cara senhorita, não é verdade que eu já a vi em Camelote? — perguntou.
   — Não, não, não — disse ela, aflita. — Sou filha de Sir Damas e passei toda a minha vida aqui.
   Mas ela estava mentindo, pois de fato era dama de companhia da fada Morgana.


   Enquanto isso, várias milhas longe dali, Sir Accolon da Gália também estava despertando de um sono pesado. E ficou alarmado ao se ver deitado, não em sua cama quente, mas à beira de um poço profundo. Bastava ele se mexer um milímetro para mergulhar no fundo daquele poço.
   Rolando rapidamente para o lado oposto, ele olhou à sua volta, perguntando-se como podia ter ido parar naquele estranho pátio. Não podia haver dúvidas; ele e o rei Artur tinham sido enfeitiçados pelas donzelas do navio.
   — Aquelas criaturas eram demônios, não mulheres — murmurou ele. — Se eu sair ileso desta aventura, matarei todas as mulheres que usam encantos e feitiços.
   Nesse exato momento, apareceu um estranho anão — um sujeito feioso, com boca larga e torta e nariz em forma de pá.
   Reclinando-se muito diante de Sir Accolon, ele anunciou numa voz rascante:
   — Sou emissário da senhora fada Morgana. Ela lhe envia seus cumprimentos mais sinceros e espera que esteja em ótima disposição. Ela pensa no senhor constantemente e quer encarregá-lo de uma missão: ela deseja que o senhor seja seu campeão... amanhã ao meio-dia. O senhor lutará com um cavaleiro que ofendeu a sua honra. Veja, eu lhe trago aqui Excalibur, a espada do rei Artur, para que nenhum mal lhe aconteça. Se o senhor ama minha senhora, levará para ela a cabeça do outro cavaleiro. Então ela se casará com o senhor, que se tornará o seu rei.
   "Eu sem dúvida defenderia a honra de minha dama", suspirou Sir Accolon para si mesmo. "E já que este camarada me traz Excalibur, não pode haver dúvida de que é um enviado da própria Morgana. Todos esses encantamentos devem ser obra dela para que eu possa lutar contra seu inimigo."
   Ele abraçou o anão, dizendo em voz alta:
   — Mande meus cumprimentos à sua senhora e diga-lhe que terei prazer em ser seu campeão... ou em morrer tentando.
   O anão então desapareceu tão depressa quanto tinha surgido. Pouco depois, chegou um cavaleiro montado, acompanhado de seis escudeiros. Era Sir Onslake, nobre irmão do perverso Sir Damas. Cumprimentou Sir Accolon e perguntou o que ele fazia ali.
   — Estou aqui para lutar numa justa causa amanhã ao meio-dia — respondeu o intrépido cavaleiro.
   Sir Onslake ficou entusiasmado, pois julgou que aquele cavaleiro desejava ser seu campeão contra o cavaleiro de seu irmão. Pois um mensageiro do irmão tinha chegado aquele dia para desafiar seu melhor cavaleiro para uma justa a fim de resolver suas diferenças. O campeão de Sir Damas lutaria até a morte com o campeão de Sir Onslake.
   Mas como os melhores cavaleiros de Sir Onslake tinham sido mortos ou aprisionados por seu irmão desalmado, ele não tinha ninguém que defendesse sua causa. E agora o bravo Sir Accolon tinha se oferecido — ou assim ele pensou.
   — Venha até minha casa e descanse, caro senhor — disse Sir Onslake. — O senhor jantará comigo e com minha esposa. Meus servos lhe darão um banho e o vestirão, e prepararão o melhor cavalo de meu estábulo.
   Assim, Sir Accolon seguiu o fidalgo através do pátio e entrou na mansão, onde havia criados à espera para lavá-lo e vesti-lo com finas roupas. Depois de ter comido à vontade com o senhor e a senhora, foi levado a um quarto onde passou uma noite repousante. Na manhã seguinte, foi vestido de armadura, com um elmo na cabeça. Em seguida, sentaram-no sobre um cavalo de batalha, e um escudeiro o conduziu a um verde prado, não muito longe do castelo de Sir Damas.
   Enquanto isso, naquela mesma manhã depois da missa, o rei Artur foi igualmente paramentado de armadura, com um elmo na cabeça, e posto sobre um corcel negro pronto para a batalha. Um escudeiro também o conduziu ao prado, onde uma grande multidão se reunia para assistir à justa.
   Ambos os cavaleiros eram servidos por seis escudeiros e cavalgavam em suas montarias atrás de seus respectivos senhores: Sir Damas e Sir Onslake.
   Enquanto esperava sobre o cavalo, Artur repentinamente ouviu uma voz de mulher chamando por ele:
   — Majestade, venho da parte de sua querida irmã, a fada Morgana. Ela lhe envia sua espada Excalibur, pois tomou conhecimento do perigo mortal em que o senhor se encontra. Aqui está a espada e sua bainha. Minha senhora reza pelo seu sucesso. Deus esteja com o senhor.
   Artur sentiu a espada colocada em sua mão e a bainha atada à sua cintura, e agradeceu calorosamente à donzela. Agora ele sabia que não havia chance de fracassar.
   Ambos os cavaleiros estavam sentados em suas selas, impacientes, em cada extremidade do campo, à espera de que a justa começasse. Nenhum deles sabia quem era seu oponente. Ao sinal combinado — o soar de uma trombeta — os dois homens dispararam com todo ímpeto um contra o outro, com as lanças em riste. Golpearam os escudos um do outro tão ferozmente que os dois desabaram no solo com suas respectivas montarias.
   Os dois cavaleiros se levantaram ao mesmo tempo, espadas alçadas, e arremeteram rapidamente um na direção do outro, com toda a força que puderam. No entanto, a espada do rei Artur sempre falhava em perfurar a armadura do seu oponente, enquanto a espada deste conseguia atingir a sua: a cada golpe que Accolon desferia, o sangue de Artur esguichava; no entanto, aquele mal se arranhava com as investidas de Artur.
   Logo Artur estava tão gravemente ferido que não era de se espantar que ele estivesse caído no solo. Accolon agora avançava, espada erguida, para liquidar o adversário. Baixou a arma com toda a sua força — mas o golpe apenas lascou o almo de Artur enquanto ele rolava para o lado. Colocando-se de pé num salto, Artur, todo ferido, com o sangue a lhe escorrer pelo rosto e a lhe nublar a visão, arremeteu num golpe de reação que quase derrubou Sir Accolon.
   Lutaram ferozmente até perderem o fôlego. Então, tendo repousado, voltaram a investir um contra o outro, pisando duro e rugindo de dor. Cortavam-se e golpeavam-se até que o solo lamacento ficou rubro de sangue. A essa altura, Artur tinha sete feridas profundas que jorravam sangue, e qualquer uma delas teria causado a morte de um homem normal.
   Todos os que presenciavam o duelo empalideceram ao ver tamanha carnificina. As cotas de malha dos dois cavaleiros estavam reduzidas a frangalhos, e seus corpos agora estavam desprotegidos contra os golpes vindos do outro lado.
   Artur, enlouquecido pelo modo como tinha sido enganado — pois agora via que Excalibur estava nas mãos de seu rival —, fez uma última investida desesperada. Atacou tão ferozmente com a espada que ela se partiu em duas.
   Sir Accalon riu de sua vítima desamparada e avançou para desferir o golpe fatal. Não havia escapatória, sem dúvida.
   — Senhor cavaleiro — exclamou Accolon —, o senhor foi derrotado; está sem espada e perdeu muito sangue. Não desejo matá-lo, por isso, renda-se a mim.
   — Não — Artur disse entredentes, com firmeza. — Prefiro morrer cem vezes a me render a qualquer homem. Embora me falte uma espada, não me falta honra. Não vou envergonhar meus votos de cavaleiro.
   — Bem — disse Accolon —, não vou compartilhar sua vergonha. Defenda-se! Prepare-se para receber o golpe fatal!
   Tendo dito isso, Accolon, com a espada erguida acima da cabeça de Artur, baixou-a com toda a força. Mas Artur aparou o golpe com seu escudo e revidou com o punho da espada, fazendo Accolon cambalear três passos para trás. Era a chance de Artur.
   Quando Accolon caiu de costas, Excalibur escapou de sua mão e caiu por terra, aos pés de Artur. Assim que o rei agarrou-a pelo punho, sentiu que aquela era mesmo a sua espada.
   — Você esteve longe de mim por muito tempo, Excalibur — disse ele —, e causou muito dano.
   Com isso, antes que Accolon pudesse se recuperar, Artur saltou para a frente, arrebatou a bainha da cintura do outro e a lançou para o lado.
   — Senhor cavaleiro — disse Artur —, o senhor já derramou muito sangue com esta espada hoje; agora é o seu sangue que vai correr.
   E pulou sobre Accolon, arremessando-o contra o solo tão brutalmente que o sangue jorrou de sua boca, nariz e ouvido. De pé sobre o cavaleiro derrubado, o rei Artur gritou:
   — Renda-se ou morrerá!
   — Vá em frente e mate-me — ofegou Accolon, cuspindo sangue. — Eu também estou preso a votos de cavalaria e jamais me renderei. Prefiro morrer a viver na vergonha. Mas lhe direi uma coisa antes de morrer: o senhor é o melhor cavaleiro com quem jamais lutei, e não é vergonha alguma morrer por suas mãos!
   Enquanto Accolon falava, Artur julgou ter reconhecido aquela voz.
   — É um bravo homem, senhor cavaleiro — disse Artur, baixando a espada. — Mas diga-me: de onde vem e qual o seu nome?
   — Venho da corte do rei Artur — disse Accolon —, meu nome é Sir Accolon da Gália.
   Aquilo foi como uma punhalada no coração de Artur.
   De repente, ele entendeu tudo: o feitiço lançado contra eles no navio, as doze jovens encantadoras, a masmorra e a briga dos irmãos, a falsa espada de sua irmã... É claro, tudo aquilo tinha sido tramado por Morgana para que ele fosse morto.
   — Diga-me — murmurou, tristemente —, quem lhe deu esta espada?
   — Ora, a senhora fada Morgana — respondeu Sir Accolon.
   E contou a Artur a história do anão, seu amor por Morgana, seu voto de ser seu campeão, e a promessa dela de se casar com ele assim que tivesse entregado a cabeça de seu oponente.
   — Essa maldita espada trouxe minha morte — disse Accolon finalmente. — Mas quem é o senhor para qe Morgana queira tão ardentemente vê-lo morto?
   — Oh, Accolon — disse Artur —, não me reconhece? Sou o seu rei.
   Quando ouviu isso, Accolon gritou:
   — Oh, meu Deus, tende piedade de mim! Perdoe-me, majestade, eu não sabia que era o senhor.
   — Deus o perdoa — disse Artur —, pois essa batalha não foi obra sua. Foi minha irmã, a fada Morgana, que usou de magia para fazê-lo lutar. Ela nos enganou a ambos, e terá de pagar por isso, eu juro!
   Todos os cavaleiros e damas que tinham presenciado a batalha chamavam por piedade. Então, Artur chamou Sir Damas e Sir Onslake à sua presença.
   A Sir Damas ele disse:
   — O senhor não é digno dos votos da cavalaria. É um covarde, um vilão. Por isso, ordeno que dê a seu irmão o castelo e tudo o que lhe pertence. Tudo o que o senhor terá vai ser um cavalo sobre o qual partirá para longe destas terras. E ordeno-lhe, sob pena de morte, que indenize os vinte cavaleiros que mantém prisioneiros.
   A Sir Onslake o rei Artur disse:
   — Por ser um bom cavaleiro, verdadeiro e justo em todos os seus atos, eu convido o senhor à minha corte. Mas primeiro diga onde eu e Sir Accolon podemos repousar e curar nossas feridas.
   — Majestade — respondeu Sir Onslake —, eu os levarei a um convento. As freiras tratarão de seus ferimentos e cuidarão dos senhores até que estejam bem.
   Quando chegaram ao convento, as freiras limparam e cuidaram dos ferimentos tão bem quanto podiam. Mas Accolon tinha ido longe demais: perdera tanto sangue que morreu alguns dias depois. Artur recuperou-se e logo pôde deixar o convento. Antes de partir, mandou que o corpo de Sir Accolon fosse colocado num esquife.
   — Levem o corpo para minha irmã Morgana — disse ele, raivoso. — Digam-lhe que este é um presente meu para ela. Avisem-na, também, de que agora estou de posse de Excalibur e que logo ela sentirá o aço desta espada!
   Artur deixou o convento e cavalgou até Camelote, onde a rainha Guinevere e seus cavaleiros se rejubilaram ao vê-lo. E quando ouviram sobre suas estranhas aventuras, sobre a morte do bravo Sir Accolon e a perversidade da fada Morgana, todos exigiram que Morgana fosse queimada numa fogueira.
   No entanto, naquela noite, enquanto ceavam no grande salão, uma mulher apareceu, trazendo um manto firmemente bordado, que reluzia com pérolas e rubis, e era forrado com pele de marta e arminho.
   Dirigindo-se ao rei Artur, a mulher disse, humildemente:
   — Meu senhor, venho da parte de sua irmã, a fada Morgana. Ela suplica seu perdão. O demônio que havia se apoderado dela já se foi. Ela agiu de forma trasloucada por causa da mágoa. Para se redimir, ela lhe envia este presente. Ao vestir este manto, Vossa Majestade jamais sentirá dor novamente.
   O rei Artur se comoveu com as palavras da mulher e estendeu a mão para receber o manto. Mas neste exato momento, Nimue, a Dama do Lago, subitamente apareceu.
   — Espere, majestade — disse ela, com a mão no braço do rei. — Preciso falar-lhe.
   Ela murmurou no ouvido dele, para que ninguém mais pudesse ouvir:
   — Não vista esse manto. Deixe que a enviada de Morgana o use primeiro.
   Voltando-se para a portadora do manto, Artur disse:
   — Agradeço-lhe pelo presente, mas gostaria de vê-lo primeiro na senhora.
   Um brilho de pavor se estampou nos olhos da mulher.
   — Oh, não, majestade. Não sou digna de um traje tão nobre.
   Artur gritou, com raiva:
   — Mas você vai vesti-lo antes que isso toque minhas costas.
   Fazendo sinal a dois cavaleiros para que a contivessem, o rei pegou o manto e o colocou sobre os ombros da mulher, que se contorcia e gritava.
   Então, ele e seus cavaleiros tiveram uma horrível visão.
   O manto e a mulher se incendiaram em chamas repentinas e devoradoras. Em poucos segundos, tudo o que restava era um monte de cinzas sobre o assoalho.
   Ao saber disso, Morgana fugiu por mar até a Gália para escapar da ira do rei Artur. Diante de sua corte, o rei Artur jurou:
   — Um dia eu me vingarei de minha irmã. Guardem bem minhas palavras.



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Autor(a): biiviegas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 9



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  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 18:03:57

    Lido o epílogo. Linda história e um belo final, apesar de um tanto triste! Parabéns! Gostei muito dessa história e texto tão bonitos. Que venham mais histórias com textos tão bons assim, sejam eles originais ou adaptações. Abraço e boa sorte! Deus abençoe!

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 17:48:29

    Muito triste o capítulo 8, mas também com mais um admirável desfecho. Os três provaram sua honra até o fim. Muito digno!

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 17:03:56

    Lancelote provou realmente ser um honrado cavaleiro. Outro desfecho surpreendente de mais um episódio.

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 14:50:02

    Essa feiticeira Morgana é muito cruel mesmo. Lamentei a morte de sir Accolon, fruto dessa vingança de Morgana de seu meio-irmão Artur. Artur é um cavaleiro muito nobre e piedoso, quase morre dessa vez pelas mãos da irmã através desse manto enfeitiçado. Agora que Artur viu de fato quem realmente é Morgana, resta saber quais serão as próximas armações de dela e como Artur fará para detê-la. A história está muito boa.

  • grandeshistorias Postado em 24/07/2017 - 14:48:51

    Foi incrível a aventura de Artur naquele reino desconhecido e na Capela Verde, fiquei muito surpreso com o desfecho desse episódio.

  • grandeshistorias Postado em 20/07/2017 - 15:51:27

    Sacanagem Merlim não alertar o rei Artur da futura traição de Guinevere que preveu em sua bola de cristal, cuja traição vai destruir o reinado de Artur... Vamos ver o que acontece agora.

  • grandeshistorias Postado em 15/07/2017 - 14:50:16

    Li o capítulo 1... Curioso para saber o q vai ser de Arthur agora... Garoto inteligente demais, e sábio. Os sábios de Vortigerno são mesmo muito ignorantes, era óbvio q tendo uma fundação como aquela, nunca iriam erguer um palácio ali. Mas esperar o q também daquela época de tão escassas informações e até mesmo nula tecnologia. Gostei de ver Vortigerno fugindo, e espero q não volte tramando outra. Adaptação muito boa e texto maravilhoso.

  • grandeshistorias Postado em 06/02/2017 - 21:27:35

    Adicionei aos meus favoritos. Me interessou muito a história! Já li o prólogo e vou continuar lendo os capítulos. Me lembro na sétima série a professora lendo para nós o livro Rei Arthur e a Távola Redonda. Ela o leu até o final ao longo de muitas aulas. Isso foi na época em que era exibida na tv a novela Pé na Jaca, do qual o enredo e os nomes dos personagens tinham uma livre inspiração na história do Rei Arthur. Boas lembranças!

  • fernandocordeiro93 Postado em 27/12/2016 - 13:10:13

    Posta mais


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