Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
O padre Antônio, um sujeito de sessenta e poucos anos e uma vasta cabeleira grisalha, saiu de uma porta na lateral do altar e atravessou a nave da igreja com uma agilidade impressionante para alguém da sua idade. Seu olhar severo esteve preso em meu rosto durante todo o trajeto. Ao nos alcançar, porém, ele se voltou para Christopher e sorriu.
— Meu caro senhor Uckermann, que bom vê-lo! — exclamou o sacerdote.
— Padre Antônio — Christopher fez uma mesura elegante. — Como tem passado?
— Muito bem, com a graça de Nosso Senhor. Espero que todos em sua casa estejam gozando* de boa saúde. — Então, ele me encarou com aqueles acusadores olhos enrugados e apenas disse: — Senhorita Dulce.
— E aí, padre Antônio? — Meio sem jeito, tentei fazer uma reverência, mas era difícil conseguir tal proeza usando aquele vestido bufante (ainda que eu não usasse a crinolina), e os sapatos estúpidos e desconfortáveis me faziam oscilar. Acabei apenas inclinando levemente a cabeça, para evitar constrangimentos.
— Não tive a oportunidade de revê-la quando visitei a propriedade do senhor Uckermann ontem. A senhorita Maite havia levado a noiva à modista. Uma pena. Gostaria de ter conversado em particular com a senhorita . Parece que terei uma nova chance — ele sorriu com malícia. — Soube de seu acidente ontem. Espero que não tenha se ferido gravemente.
— Só um pouco, no braço — mostrei a atadura a ele.
— Padre — chamou Christopher com sua voz grave —, o senhor tem tempo para mim agora?
Isso fez o rosto do sacerdote se iluminar.
— Certamente, meu caro. Apenas me dê um minuto para me preparar.
— Claro.
Ele fez um aceno de cabeça para Christopher e se dirigiu para os fundos da igrejinha, nos
deixando a sós.
Fiquei na ponta dos pés para alcançar a orelha do meu noivo e sussurrei:
— Por que você precisa se confessar?
— Vamos nos casar amanhã, Dulce.
— E...?
Ele suspirou, mas sorriu.
— Não vou me sentir digno de recebê-la, senhorita, se não fizer isso. — Ele deve ter percebido o pânico que crescia descontrolado em meu corpo, pois emendou: — Não precisa fazer nada que não queira ou que a deixe desconfortável. Nada, compreende? — Eu só balancei a cabeça, concordando como de costume. — Mas quero que entenda que para mim é
importante ter essa conversa com o padre Antônio. Preciso me sentir digno de você.
— Mas você já é!
Ele sorriu de leve, acariciando minha bochecha com as costas da mão.
— Aos seus olhos, meu amor — Christopher murmurou. — Como eu disse, não precisa fazer nada que não queira.
Uma pena que o padre não concorde com Christopher, pensei.
— Sabe, eu preferia me casar no quintal da sua casa. — E nem precisa de um padre, eu quis acrescentar.
— Nossa casa — ele corrigiu. — Foi aqui que meus pais se casaram, Sofia.
Gosto da ideia de unirmos nossa vida na mesma capela onde eles fizeram os
votos deles.
Sem dizer nada, nem ao menos nos dirigir um olhar, o padre voltou com uma daquelas estolas no pescoço, concentrado, as mãos cruzadas sobre a pança. Então ele entrou na casinha. Christopher beijou minha mão, fez uma mesura — e meu coração reagiu de imediato. Christopher me fazia sentir tão especial quando se curvava daquela maneira, me olhando nos olhos! Ele teria se dirigido ao confessionário se eu não o tivesse impedido.
— Não demora muito lá dentro, tá bem?
Christopher assentiu.
— Serei rápido. — E tocou minha testa com os lábios macios por um breve segundo antes de desaparecer atrás da cortina vermelha que fazia as vezes de porta do confessionário.
Eu tentei me distrair olhando as imagens dos santos e contando vitrais, mas não deu muito certo. Comecei a andar de um lado para o outro diante do altar, inquieta.
Eu esperava que Christopher saísse dali com as orelhas vermelhas ou coisa assim; não foi o que aconteceu, entretanto. Horas depois — ao menos me pareceu —, Christopher deixou a casinha sorrindo, aliviado. Quase em êxtase.
Eu me adiantei até ele.
— Ei, você parece... ótimo!
Christopher exibiu aquela fileira de dentes brancos perfeitos.
— E por que não estaria?
Encolhi os ombros.
— Eu... não sabia o que esperar. Não me confesso desde a primeira comunhão
— admiti. — Nem lembro como se faz isso.
— Por que isso não me surpreende? — ele riu.
Eu desviei os olhos e escorreguei o indicador pelo encosto negro de um dos bancos.
— Então... — comecei sem jeito. — Se eu quisesse... humm... me confessar, o que eu teria de fazer, exatamente?
Não, eu não queria entrar naquela casinha com o padre, mas ouvir Christopher dizendo que queria ser digno de me receber me fez pensar no assunto. Eu também queria ser digna dele, e sabia que não era. Em muitos aspectos.
Em todos os aspectos, drog. . Então me lembrei de onde estava e interrompi meu pensamento.
— Você não tem que fazer isso — Christopher me assegurou, e eu sabia que ele estava sendo sincero.
— Sei disso — concordei, ainda fitando a madeira lisa. — Mas andei pensando e acho que você tem razão. Se vou me casar como manda o figurino, então vou tentar fazer tudo direito.
Sua mão se encaixou sob o meu queixo, e ele inclinou meu rosto para cima.
— Falo sério — ele me garantiu. Suas íris negras brilhavam como nunca. — Não precisa fazer nada que não queira.
— Eu também tô falando sério. Não vou fazer nada pela metade. Só não sei o que devo dizer ao padre.
Christopher me estudou por um momento, então franziu as sobrancelhas ao perceber que eu estava sendo sincera.
— Creio que deva contar o que mais a aflige — sugeriu.
— Você não pode ser um pouquinho mais específico? Tipo, por onde eu começo?
Isso o fez lutar contra um sorriso.
— Lembra-se dos Dez Mandamentos, Dulce? — Assenti, muito embora não lembrasse. — Pode usá-los como guia.
Bastante receosa, fui até o confessionário. O padre já estava saindo dali, mas, ao ver que eu me aproximava, tratou de se fechar lá dentro de novo.
Eu cerrei a cortina atrás de mim. Então, encontrei uma espécie de escada, com apenas um degrau, presa à estrutura de madeira. Fiquei olhando, tentando adivinhar o que fazer a seguir. Devia ter perguntado mais coisas a Christopher quando tive a chance. Talvez, se eu espiasse pela cortina, ele...
— Ajoelhe-se, minha filha — ajudou o padre.
— Ah, sim. É claro. — Fiz o que ele mandou.
Havia uma janelinha protegida por intrincadas tiras de madeira, por isso eu não conseguia ver o padre Antônio, apenas um vulto escuro através das frestas.
— Conte-me os seus pecados — disse ele.
— Hã... certo. Eu não sei bem o que dizer. Eu pequei...? — tentei.
— Muito bem — vi o vulto assentir.
Esperei que ele me desse uma dica do que dizer em seguida, mas, como isso não aconteceu, imaginei que tinha acabado. Soltei um longo suspiro de alívio e comecei a me levantar, mas a ordem imperativa vinda do outro lado do confessionário me fez cair de joelhos outra vez. Doeu. Podiam ao menos colocar uma almofada naquela tábua.
— Prossiga — ele ordenou.
Muito bem. Aquilo seria complicado, porque quase tudo que era divertido era considerado pecado. Eu não passei os últimos anos levando uma vida louca, mas também não fui santa. Tentei me lembrar dos Dez Mandamentos, como Christopher sugerira. O problema foi que não consegui me lembrar de nenhu...
— Ah! Eu não matei ninguém — falei orgulhosa. — E, de resto, acho que cometi um pecadinho ou dois.
— E que pecados foram esses?
— Do tipo que todo mundo comete? — arrisquei.
O vulto bufou.
— Minha filha, preciso que seja mais específica.
— Eu sei! Tô tentando pensar em alguma coisa pra falar para o senhor, mas não tá rolando, padre. Eu faltei muito nas aulas de catecismo!
Juro que o vi revirar os olhos.
— Senhorita Dulce, não tenho certeza se entendi o que pretende, mas é pecado mentir, e é ainda mais grave ser leviana para com um homem de fé.
— Mas não estou mentindo! Realmente não faço ideia do que o senhor quer que eu diga. Não poderia me dar umas dicas do que devo dizer?
Ele sacudiu a cabeça.
— O arrependimento deve partir de seu coração.
— Mas como vou saber se me arrependo se não sei do que devo me arrepender? O senhor podia... podia... me ensinar de novo! — me animei. — O senhor não pode se negar a isso, padre.
— Muito bem. — Mas sua voz o contradizia. — Alguma vez desejou mal ao próximo?
Pensando em Carlos, meu antigo chefe, respondi:
— Várias vezes.
— E se arrepende disso?
— Não muito — admiti, remexendo uma linha solta da atadura. — O senhor precisava conhecer meu chefe. Ele é um completo idiota.
Ouvi um suspiro exasperado.
— Senhorita Dulce, gostaria de lembrá-la que estamos em um templo sagrado. Poderia moderar seu palavreado?
— Ah, me desculpe. Não quis ser desrespeitosa, é só que o senhor perguntou, e eu tive que responder, porque senão estaria mentindo. E o senhor sabe que mentir é pecado, justamente o que me trouxe aqui, então...
— Sim, sim, eu entendi — ele me interrompeu, impaciente. — Apenas se atenha a seus pecados e evite comentários desnecessários.
— Certo. Desculpe. Pode continuar.
Tive a impressão de que ele esfregava a testa, mas não deu para ter certeza.
— Por acaso já se deixou dominar pela inveja, preguiça, raiva ou soberba? — indagou num folego só.
— Sim, sim, sim e... muito de vez em quando, sim também.
— Alguma vez feriu a moral e os bons costumes, senhorita?
Essa era fácil.
— Não.
— Tem certeza? — insistiu.
— Tenho.
O padre suspirou pesadamente.
— Creio que terei de ser mais específico. — Ele virou a cabeça na minha direção. Sua voz ficou mais alta quando perguntou: — Luxúria lhe diz alguma coisa?
— Ah! — Oh-oh! — Hã... Olha só, acabei de me lembrar de umas coisas.
Eu disse alguns palavrões e não ajudei os sem-teto porque achava que dar dinheiro a eles só contribuiria com seus vícios e... acho que é isso. Não, peraí.
Muitas vezes eu desejei socar a cabeça do Gustavo no triturador de papel do escritório. Nunca fiz isso, claro, mas não sei se o que conta é a intenção... E é isso aí. Foi bom falar com o senhor.
— Espere um momento, minha jovem! — ele rugiu ao me ver ficar de pé.
Gemi, exasperada, soltando os ombros.
— Ajoelhe-se — ordenou.
— Tá legal! — eu resmunguei, voltando para a posição anterior e torcendo muito para que o padre também não me visse com clareza e não notasse como eu estava corada. — Eu não sou virgem. É isso que o senhor queria ouvir?
— Na verdade — sua voz era mais baixa agora, quase triste —, gostaria que tivesse guardado castidade, como manda a lei da Igreja. Como pode viver em pecado e sob o mesmo teto de seu noivo? Não teme por sua alma?
Ou pela dele?
— Padre, eu sei o que o senhor deve estar pensando, mas o Christopher não é esse tipo de homem.
— Sei muito bem que espécie de homem seu noivo é — ele esbravejou, parecendo descontente com Christopher também.
— Então deve saber que ele não está se aproveitando de mim nem nada. Ele me ama.
— E quanto à senhorita, está se aproveitando dele? — perguntou sem titubear, me deixando muito irritada.
— Não! Claro que não! Eu amo o Christopher! Se o senhor soubesse tudo o que passei para conseguir estar aqui com ele, não me perguntaria uma coisa dessas. Não sei se sabe, mas não tenho família aqui perto.
— Sim, fui informado.
— Claro que pensei no que as pessoas diriam quando soubessem que eu estava morando com os Uckermann. Tudo bem que foi mais por causa da Maite, só que o Christopher não quis me deixar ficar na pensão. Disse que mulheres de respeito não se hospedam em pensões. Aí o que sobrou foi ou ficar com os Uckermann ou na rua. Duvido que o senhor faria uma escolha diferente da minha se estivesse no meu lugar.
O sacerdote ficou em silêncio por um tempo, o que me fez pensar que aquela explicação seria suficiente para que me deixasse em paz.
Não foi.
— O que aconteceu com a sua família, minha filha? — perguntou, um pouco mais cortês agora.
— Meus pais morreram cinco anos atrás. Num acidente de carr... Num acidente. Eu não tenho ninguém além dos Uckermann. Não tenho dote, nem grana, nem parente. Minha única amiga tá a um milhão de anos de distância. Não tenho nada — bufei, tentando encontrar uma posição que não fizesse meus joelhos doerem tanto.
— Continue.
— Eu sei o que o senhor pensa de mim. Sei o que todos pensam a meu respeito. E sim, eu queria poder ser a noiva que o Christopher merece, a que todo mundo esperava, mas não sei ser essa mulher perfeita. Eu sou só... sabe, eu. — Arranquei a linha da atadura com força e o curativo afrouxou um pouco. — Odeio essas roupas quentes e, por mais que eu me esforce, nunca vou me habituar a elas. Não gosto da casinha, nem do jeito como algumas pessoas
me olham por aqui.
O sacerdote se mexeu, se encostando mais na telinha que nos separava e apoiando o cotovelo nela.
— E por que suporta tudo isso? — ele quis saber.
— Porque eu amo o Christopher, padre.
— É um bom motivo — ele concordou e me pareceu mais cordial. — Um nobre motivo.
— E ele me ama também. Vou fazer o Christopher feliz. Tão, tão feliz que o senhor nem
vai acreditar!
Parei para tomar ar. Minha respiração estava acelerada e tive a impressão de que aquele discurso inflamado não tinha sido dirigido ao padre.
Franzi a testa.
— Torço para que esteja certa — ele se afastou da janela. — Lembra-se de mais alguma coisa?
— Não, padre.
— Muito bem. Eu a absolvo de seus pecados. — Ele fez o sinal da cruz em minha direção. — Reze cem ave-marias e cinquenta padre-nossos como prova de seu profundo arrependimento.
— Q-quantos?! — engasguei.
— Cem ave-marias e cinquenta padre-nossos.
— Meu Deus! Por que tudo isso?
— Reze mais dez ave-marias por usar o santo nome do Senhor em vão, sim? — ele completou satisfeito.
— O quê?! O senhor acha que me castigar vai fazer com que eu me arrependa de pecar? Vai é me deixar arrependida de ter me confessado, isso sim!
— Acrescente mais trinta padre-nossos — disse calmamente.
Eu já estava pronta para protestar de novo, mas tive a impressão de que isso só faria com que a minha punição aumentasse.
— Argh!
Saí daquele cubículo pisando duro. Christopher estava ajoelhado em um daqueles troços de madeira feitos para aquilo mesmo em frente ao altar, concentrado em sua oração. Esperei ao seu lado por um momento até que ele ergueu a cabeça e franziu a testa.
— Como foi? — perguntou.
— Ainda pior do que eu tinha imaginado! O padre me deu um castigo.
— Penitência, meu amor. — E exibiu um meio sorriso. — Ele lhe deu uma penitência.
— Tanto faz. Podemos ir pra casa agora?
Christopher me observou confuso.
— Você precisa cumprir sua penitência antes.
— Aqui? — questionei em pânico.
— Tão longa assim? — ele inclinou a cabeça para o lado.
Eu bufei.
— Cento e dez ave-marias e oitenta pai-nossos — contei. — Eu não vou terminar de rezar antes de comemorarmos um ano de casados!
— Você deveria estar agradecida. Padre Antônio foi bondoso com você.
Ele me deu trezentas ave-marias e cento e cinquenta padre-nossos.
Meus olhos se arregalaram.
— O que você andou aprontando?! — Não tinha como Christopher ter se saído pior que eu.
— Muitas coisas. — Ele alcançou minha mão e me ofereceu um espaço
ao seu lado.
— Ele me fez dizer que não sou mais virgem — resmunguei, já de joelhos. — Aposto que toda aquela enrolação sobre pecados era pra saber se a gente já tinha ficado junto pra valer.
— Ele já sabia.
— Ele te fez dizer também? — O padre Antônio devia ser um agente do FBI infiltrado no século dezenove, especializado em arrancar segredos das pessoas ou coisa assim. Só podia ser isso.
— Não, Dulce. Eu contei a ele.
— Você o quê? — olhei para o meu noivo, chocada. Agora eu entendia a insistência do padre Antônio em me fazer confessar que não era virgem. O descontentamento dele com relação a Christopher. — Mas por que diab... humm... por que fez isso?
— Era preciso — ele encolheu os ombros. — Não quero que nada pese em minha consciência amanhã, quando for tomá-la como esposa. Quero me sentir em paz comigo mesmo. Sei que o que fizemos foi... — ele fez um careta.
— Não posso dizer que foi errado, pois não foi. Mas eu devia ter sido mais firme em minhas convicções. Não lamento um único segundo que passamos juntos, e isso não faz de mim um homem honrado.
Um pequeno sorriso se espalhou pelo meu rosto.
— É claro que faz, só o fato de se preocupar é prova disso. Mas, tudo bem, você fez o que achou certo. — Tentei encontrar uma postura menos dolorida. Meus joelhos latejavam. — Se é importante pra você, é importante pra mim também. Agora vamos mandar bala nessa reza ou meus joelhos não vão sobreviver.
Christopher não conseguiu conter a risada.
— Eu já mencionei como adoro sua forma de se expressar? — Ele voltou a juntar as mãos, mas dessa vez com a minha entre as dele. Então se inclinou levemente para sussurrar em meu ouvido: — Obrigado por compreender e ficar ao meu lado.
— De nada. E só você me amar pro resto da vida e estamos quites.
Aquele brilho prateado faiscou em suas íris negras, e minhas bochechas esquentaram.
— Pensei que me pediria algo impossível, senhorita — ele murmurou.
Cutuquei seu braço com o cotovelo.
— Vamos lá. Primeiro as ave-marias.
Trinta milhões, novecentas e setenta e duas ave-marias depois, meus joelhos estavam um caco. Precisei do auxílio de Christopher para me levantar e endireitar as costas. Deixamos a igreja e um padre Antônio mais do que satisfeito ao me ver sair mancando dali.
Depois de passarmos na casa do médico e Christopher resgatar Meia-Noite, meu noivo me ajudou a subir no lombo do cavalo e, para minha surpresa, me colocou na parte de trás, se acomodando à minha frente. Ele nunca tinha feito isso antes.
Sempre que cavalgávamos, eu ia na frente, com seus braços enlaçados em minha cintura, como um cinto de segurança que me impedia de cair de cara no chão.
— O que você está fazendo? — perguntei.
— Levando-a para casa, senhorita — respondeu por sobre o ombro.
— Mas eu vou aqui atrás?
— Algum problema?
— Ah, nenhum, se você pretende ficar viúvo antes mesmo de se casar.
Ele deu risada.
— Vamos devagar, basta se segurar em mim.
Pegando minhas mãos e passando-as por sua cintura, ele as prendeu em seu tórax firme, tomando cuidado para que meu ferimento não esbarrasse em nada.
— Podemos ir?
— Por que não fazemos como sempre? — sugeri. — Eu me sinto mais segura aí na frente.
— Eu... Dulce, quando você... quando a tenho em meus braços, meus pensamentos às vezes... quase sempre... todas as vezes... — ele se corrigiu, exalando pesadamente e deixando os ombros caírem. — Minha mente segue um rumo que não consigo refrear e... — ele limpou a garganta. — Ao menos até amanhã eu gostaria de manter os pensamentos longe de... humm... determinados assuntos — e ruborizou.
Entendendo o que ele quis dizer, revirei os olhos, encostando a testa entre suas omoplatas. Humm... O cheiro de Christopher era tão bom, meio amadeirado, com uma mistura de ervas e algo mais selvagem. Me fazia pensar em... Aaaaaaah!
— Tudo bem, acho que entendi seu ponto — falei embaraçada, tentando rebater os pensamentos libidinosos que se insinuavam pelo meu cérebro. — Mas já aviso que isso não vai funcionar.
Apoiei-me em suas costas para conseguir passar, com dificuldade, uma das pernas para o outro lado do animal. O vestido subiu um pouco, deixando
minhas panturrilhas à mostra. Voltei a abraçar Christopher, prendendo as mãos em seus ombros. O corte ardeu, mas nada que eu não pudesse aguentar. Deitei a cabeça em suas costas e esperei nossa partida. Em vez disso, Christopher ficou totalmente imóvel.
— Dulce, o que está fazendo? — ele quis saber, tenso.
— Garantindo que eu não vá me estatelar no chão, ué. — Segurei ainda mais forte, colando meu peito em suas costas.
O corpo dele se retesou por completo. Christopher suspirou desanimado, sacudindo a cabeça.
— Tem razão — concordou. — Isso não vai funcionar.
GrazihUckermann: Claro, até pq é o cap mais legal que eu já li kk Bjss S2
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Autor(a): Fer Linhares
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Depois que Christopher decidiu que era melhor apenas ele ter pensamentos impróprios, e não todos os homens da vila — por causa das minhas canelas expostas e tal —, voltamos à posição padrão: eu na frente, cercada por seus braços fortes. Ele quis almoçar na pensão, mas, depois da convers ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??