Fanfics Brasil - Capítulo 9 (2ª Temporada) Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)


Capítulo: Capítulo 9 (2ª Temporada)

1185 visualizações Denunciar


Eu estava sentada no sofá da sala, conversando com Maite e Anahí. Eu me sentia feliz, mas algo parecia fora do lugar. Inesperadamente, Christopher entrou na casa, atravessando o cômodo sem olhar para mim.
— Christopher? — chamei.
Ele não respondeu. Nem ao menos se virou. Fui atrás dele pelo longo corredor, mas, por mais que me apressasse, não conseguia alcançá-lo.
Comecei a correr, e, quanto mais me esforçava, mais distante ele ficava.
Tudo o que eu via eram suas costas largas se afastando cada vez mais. Eu chamava por ele, gritava, mas ele não se virava de jeito nenhum...
— Christopher! — arfei, me sentando na cama com o coração acelerado, a boca seca, as mãos trêmulas.
Olhei em volta e a luz do sol entrava pela janela, banhando o quarto quase vazio com sua luz morna e dourada.
Um sonho! Foi só um sonho.
Eu sabia diferenciar uma coisa da outra. É claro que Christopher não tinha desaparecido.
Mas eu precisava vê-lo.
Tipo agora!
Saltei da cama e comecei a me vestir às pressas, pegando o primeiro vestido que encontrei pela frente. E foi assim que Madalena me encontrou, toda atrapalhada com os botões da roupa. Ela trazia nas mãos uma bandeja abarrotada de pães e bolos, mas a abandonou sobre a mesa na entrada do cômodo e se apressou em me ajudar.
— Por que tanta pressa, senhorita Dulce?
— Preciso falar com o Christopher. Ele já acordou?
Madalena se deteve.
— O senhor Uckermann está acordado há muito tempo. Já até tomou o café da manhã. Mas a senhorita não deve vê-lo até a cerimônia. Quer que eu prepare seu banho agora?
— Madalena, é sério, preciso ver o Christopher. É urgente!
— Não será possível — ela respondeu enervantemente calma e voltou a trabalhar nas porcarias de botões minúsculos sem a menor pressa. — No dia do casamento, os noivos só podem se ver diante do altar. É a tradição.
— Droga, Madalena! Você não entende! — resmunguei, ajeitando o decote.
— A senhorita é quem não entende. O patrão nem deveria ter dormido sob o mesmo teto que a senhorita. Não vou permitir que línguas maldosas ataquem a sua honra e a da família Uckermann. A senhorita não se preocupa com o bom nome de seu futuro marido? Com o da senhorita Maite?
Bufei, derrotada.
— Claro que sim.
— Pois bem. Mais tarde terá todo o tempo do mundo para falar com o senhor Uckermann. Trouxe seu café da manhã. Espero que esteja de seu agrado.
— Sim, sim, tá tudo com uma cara ótima. — O vestido foi fechado afinal.
— Mas... humm... eu preciso... usar a casinha primeiro!
O rosto da mulher demostrava a mesma desconfiança que ouvi em sua voz quando disse:
— Senhorita Dulce, por favor, não seja imprudente.
— Mas eu preciso usar a casinha, de verdade. É sério, Madalena, não faça essa cara! Nem me passou pela cabeça procurar o Christopher.
Madalena exalou em desaprovação. Antes que ela decidisse me amarrar ao pé da cama, saí do quarto em disparada, rumo ao escritório de Christopher.
Imaginei que estivesse ali tentando botar os pensamentos em ordem, ou, sei lá, dando aquele nó complicado na gravata. No entanto, tropecei em Gomes no corredor. — Bom dia, senhorita Dulce — ele se inclinou. — Aonde vai com tanta pressa?
— Bom dia, seu Gomes. Hã... eu preciso... falar uma coisa com o Christopher... uma coisa, tipo... muito importante e tem que ser agora! Sabe onde ele tá?
Seus olhos enrugados se estreitaram quando ele examinou minha cabeça. Levantei a mão e toquei o tecido.
Ai, droga, esqueci as plumas. Quer dizer, os retalhos.
— É pra deixar meu cabelo bonito! — me apressei em explicar. — Vai ficar bacana. Maite garantiu. Por favor, seu Gomes, preciso encontrar o Christopher.
— Mas, pensando bem, talvez não fosse boa ideia. Não enquanto aquelas coisas estivessem na minha cabeça.
— Os noivos não devem se encontrar antes da cerimônia.
— Eu sei, eu sei. A Madalena acabou de me passar esse sermão, o Christopher já me disse isso também, até Maite comentou, mas surgiu uma... emergência! E eu preciso mesmo falar com ele. É, tipo, um assunto de vida ou morte!
O mordomo assentiu.
— Sendo assim, ficarei feliz em ajudá-la. — Eu já estava pronta para beijar sua careca quando ele prosseguiu: — Escreva um bilhete e terei prazer em entregá-lo ao patrão.
— Bilhete? Qual é, seu Gomes! Preciso falar com ele pessoalmente!
Assuntos de vida ou morte não se resolvem por meio de bilhetinhos.
O homem sacudiu a cabeça.
— Sinto muito, senhorita, temo que não vai ser possível. É a tradição.
— Uma tradição bem estúpida, se quer saber minha opinião.
— Ainda assim, farei o possível para que a senhorita a cumpra.
Droga!
Tudo bem, eu podia encontrar meu noivo sem ajuda.
Vasculhei a casa toda, mas Ian não estava no escritório, nem no quarto, muito menos na sala de visitas. Marchei decidida rumo à cozinha. Examinei com atenção as muitas cabeças que encontrei por ali, mas a de Christopher não estava entre elas.
Por mais que eu odiasse, fui obrigada a usar a casinha e, em seguida, corri em direção aos estábulos, na esperança de que ele estivesse lá.
Não tive sorte.
— Bom dia, senhorita Dulce — saudou-me Isaac, retirando o chapéu torto. — O patrão acabou de sair para cavalgar.
Cavalgar? Eu quase tendo um ataque nervoso e ele cavalgando tranquilo por aí?
Isaac deve ter notado minha indignação, pois acrescentou:
— Precisei trocar a ferradura de Meia-Noite. O patrão quis testar se estava tudo bem antes de ir para a vila. Mas, se o que a aflige é o... — ele pigarreou — assunto da nova remessa de champanhe, fique tranquila. As garrafas já foram acomodadas na adega.
— Ah — corei. Pelo tom hesitante e encabulado do garoto, ele sabia que a causadora da guerra das rolhas fora eu. Maravilha para quem pretendia causar boa impressão no novo emprego... Quer dizer, na nova função naquela casa. — Tudo bem. Pode me fazer um favor, Isaac? Assim que o Christopher... o senhor Uckermann chegar, diga que preciso falar com ele. E que é urgente!
— Darei o recado — o menino assentiu solene. — Mas, senhorita, se me permite a ousadia, está se sentindo bem?
A preocupação dele me desarmou.
— Tô meio enjoada, Isaac — sorri. — Mas valeu por perguntar. Você é muito gentil.
Corando — as pessoas daquele século gostavam muito de corar —, Isaac colocou as mãos atrás das costas.
— Com todo respeito, senhorita, acho que deveria me permitir chamar o dr. Almeida. Creio que há algo errado com sua cabeça.
E lá se foram meus momentos de calmaria.
— É pra me deixar bonita!
Corri de volta para a casa enorme e fui direto para o quarto. Meu banho já me esperava. Adicionando talos e flores na água, Madalena me lançou um olhar divertido.
— Conseguiu o que queria?
— Você sabe que não — resmunguei, cruzando os braços sobre o peito.
Parecendo muito satisfeita, ela organizou mais uma vez a mesinha que ficava ao lado da banheira e então me deixou sozinha.
O vapor suave da água quente misturado ao aroma das flores era relaxante, mas, ainda assim, não o bastante. Não me demorei no banho.
Christopher  havia comprado para mim alguns produtos de higiene e beleza no armazém. Talcos, óleos corporais e um creme para o rosto. Usei o óleo com aroma de lavanda e amêndoas e me sentei em frente ao toucador ainda embrulhada na toalha. Olhei-me no espelho, examinando minha cabeça repleta de pontas brancas. Esperava que Maite realmente soubesse o que estava fazendo.
Aproveitei que estava sozinha para camuflar as olheiras com uma maquiagem bem simples. Foi muita sorte a minha bolsa — e o kit de maquiagem — ter ficado com Christopher quando parti na primeira vez.
Maite entrou no quarto assim que terminei de me maquiar. Linda e perfumada, ela estava pronta em seu vestido marfim arrematado por delicados bordados na manga curta. Os cabelos estavam arrumados em um coque negro, de onde uma trança fina e longa entrelaçada a um fio dourado descia até a altura do ombro.
— Uau! Você tá tão linda! — exclamei maravilhada. — Parece uma daquelas garotas do cinem... — me detive, sacudindo a cabeça. Ela não parecia, ela era uma daquelas garotas de filmes de época. E não fazia a menor ideia de que eu não. — Você tá linda demais, Maite!
— É muita gentileza sua, Dulce — ela inclinou levemente a cabeça, fazendo uma graciosa reverência. O fio dourado enredado na trança reluziu. — Madame Georgette já entregou o vestido?
— Não que eu saiba.
A menina arfou e cobriu a boca com a mão enluvada.
— Oh, não! Estamos com o tempo contado. Você vai se atrasar!
— Toda noiva se atrasa — apontei.
— Uma noiva jamais se atrasa! — afirmou aflita. — É rude!
— É? — Humm... eu precisava atualizar as informações que tinha sobre casamento.
Porém Maite estava agitada demais e começou a andar de um lado para o outro, então achei melhor deixar o assunto de lado. Permaneci sentada diante do toucador, envolvida na toalha, examinando seu ir e vir.
— E aí... — comecei, segurando a toalha mais junto ao corpo. — Viu seu irmão por aí?
Ela me lançou um olhar afiado.
— Sabe que os noivos devem se encontrar apenas no altar.
Revirei os olhos.
— Eu preciso falar com ele! Por favor, Maite? — supliquei. — É só um instantinho! Por favor, por favor, por favoooooooor!
Ela deliberou por um instante, pressionando os lábios. Pela expressão torturada, cheguei a pensar que me ajudaria.
— Sinto muito, Dulce — disse por fim. — Falta pouco para a cerimônia.
Precisamos nos apressar, ou você se atrasará. Tenho certeza de que madame Georgette já está a caminho.
Anahí abriu a porta sem aviso, já vestida e impecavelmente maquiada, com o cabelo loiro preso em um penteado elaborado, em que cachos perfeitos lhe caíam ao redor do rosto. Ela estava muito bonita no vestido rosa-claro com estampas de flores delicadas quase no mesmo tom.
— Bom dia, queridas! Como está se sentindo hoje, senhorita Dulce? — perguntou.
— A ponto de vomitar a qualquer momento.
— Esplêndido! — vibrou, se aproximando.
— Mas o vestido ainda não foi entregue! — contou Maite, alarmada.
— Oh, não Maite! — Anahí levou as mãos unidas ao coração. — Será que madame Georgette teve um imprevisto? Seria uma tragédia!
— Vocês duas não estão me ajudando — reclamei. Eu já tinha coisas demais para pensar.
— Sinto muito, querida, tem toda razão. Tudo sairá como o planejado.
— Elisa pegou a minha mão e a apertou de leve.
— Senhorita Maite, seu trabalho é um primor! — a loira elogiou ao ver os retalhos-plumas. — Já devem estar bem firmes. Vamos soltá-los agora?
— Por favor, ajude-me. Dulce tem muito cabelo — comentou minha quase cunhada, tocando minha cabeça.
Comecei a suar.
Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem! Ian não desapareceu. Só está. . por aí, em algum lugar.
A porta se abriu de novo e me enchi de esperanças, pensando que Christopher havia conseguido burlar a segurança de Madalena, mas era madame Georgette, envolvida em um tecido roxo brilhante.
— Bonjour, mes chéries! Como a noiva está se sentindo nesta manhã glorriosa? — indagou com seu sotaque francês. Ela trazia uma enorme caixa branca nas mãos.
Maite, Anahí e eu — vergonhoso, eu sei — soltamos um suspiro coletivo.
— Enjoada — Anahí e Maite disseram ao mesmo tempo, antes que eu pudesse responder.
Magnifique, mademoiselle Dulce! — e sorriu enormemente. — Consegui refazer as mangas. Esperro que aprrecie o trrabalho. Vou ajudá-la a se vestir.
Não pude dizer que já havia gente demais para isso. Foi bacana da parte dela me oferecer ajuda e vir lá da vila só para isso. Muito embora eu desconfiasse de que ela queria estar presente para se certificar de que eu usaria todas as peças que criara. Isso podia ser tanto assustador quanto dolorido.
Madalena entrou no quarto segundos depois, elegante em um vestido verde-escuro com algumas flores bordadas nas mangas e no modesto decote. Seu cabelo estava preso sob um chapéu de palha com renda nas laterais e se encaixava na parte de trás da cabeça.
O quarto ficou pequeno e, como sempre acontece onde há muitas mulheres reunidas, independentemente do século em que se está, logo uma discussão se formou. Madalena e madame Georgette começaram a se estranhar, enquanto Anahí e Maite quase me escalpelavam para retirar os retalhos.
No meio da confusão, Maite tentava me convencer a usar o espartilho.
— Nem vem, Maite — objetei. — Já tô apavorada com a ideia de tropeçar na barra do vestido. Não posso vestir aquele treco. Não vou conseguir respirar, e aí vou desmaiar antes de dizer sim.
— Mas madame Georgette fez aquele espartilho especialmente para hoje. Veja que lindo trabalho! — E apontou para a cama. A costureira dispusera ordenadamente todas as peças sobre o colchão.
— Oui, chérie Maite. O vestido prrecisa do esparrtilho parra ficarr fantastique! — Madame Georgette ergueu a peça branca com delicados bordados prateados para examinar seu trabalho. Ela estava satisfeita. — Não querr que o senhorr Uckerrmann tenha uma noiva radiante? Não querr que a admirrem?
— Mas ninguém vai ver o espartilho!
— Ninguém além de seu noivo — assinalou a mulher, arqueando as sobrancelhas. — E todas sabemos o fascínio que les messieurs têm por essa peça.
— Madame! — censurou Madalena, irritada. — Esta conversa não é apropriada na presença de senhoritas.
Madame Georgette revirou os olhos.
— Suponho que deva usar o traje completo, senhorita Dulce — comentou Anahí, soltando os retalhos com uma agilidade impressionante. — Além de ser apropriado, isso lhe pouparia tempo e evitaria discussão.
— Madame Georgette e Anahí têm razão — concordou Maite. — A noiva deve se vestir para agradar a seu noivo. E já estamos atrasadas!
— Mas...
— Por favor, Dulce — ela implorou. Seus enormes olhos azuis brilharam como duas safiras.
Diante de tantas caras suplicantes, pressionei as têmporas e respirei fundo.
— Ai, Maite, droga! Tudo bem. Só não aperta muito.
Então começou pra valer. Eram tantas mãos sobre mim que temi que, no fim, um de meus membros se perdesse na bagunça. Elas foram bastante cuidadosas com meu braço machucado, mas é tudo o que posso dizer.
Usando a calcinha que madame Georgette vendia apenas para mim — um tipo de caleçon de renda ajustado na cintura por um fino cordão, só que aquela recebera a adição de ligas —, Maite me colocou dentro do temível espartilho. As meias de seda branca vieram a seguir, então a anágua adaptada com bambolês (tudo para evitar a crinolina), uma saia toda encrespada de tule e, por último, o vestido.
Escolhi um modelo simples, sem frescura, e isso fora um problema para madame Georgette. O tomara que caia de cetim com decote reto era recoberto por um corpete de mangas longas confeccionado na mais delicada renda, em uma sobreposição quase lírica. O decote ombro a ombro e os padrões da renda emolduravam o colo, e as mangas desciam até meus punhos, escondendo a bandagem. Nas costas, uma fileira de minúsculos botões de pérola terminava na altura dos quadris. A saia em inúmeras camadas de tecido diáfano era ampla mas nem tanto, e, quando eu me movi, tive a impressão de estar envolta em uma névoa mágica. Uma faixa larga arrematava a cintura, com uma flor no mesmo tecido da saia posicionada quase
na lateral. Dispensei a cauda, mas permiti que a costureira aplicasse o mesmo bordado delicado na barra dos véus, ou ela teria um ataque cardíaco.
Era o vestido de noiva perfeito.
Ah, e era todo branco.
— Ainda não me conforrmo com este vestido. É tão simples, sem cor!
Quem se casa toda de branco, sem nenhum bordado colorrido? Mon Dieu!
— lamentou a costureira.
Ela bem que tentou me convencer a usar um dos vestidos de noiva da época — dourados ou marfim perolados, recobertos de enfeites brilhantes e multicoloridos —, mas, se era para casar, que fosse da forma como eu conhecia.
— Pois eu achei a ideia maravilhosa! — comentou Maite, me ajudando a sentar.
Ela deslizou os dedos pelos meus cachos, apanhou algumas forquilhas
— algo parecido com grampos de cabelo, só que bem maiores —, separou as mechas laterais, torceu e as prendeu na parte de trás da minha cabeça.
Doeu um pouco, já que as forquilhas tentaram penetrar meu cérebro. Com a ajuda de Madalena, os véus — um longo e um curto — foram fixos em meus cabelos.
— Está pronta — anunciou Maite, me examinando de cima a baixo. — Oh, espere! Quase me esqueço. — Ela alcançou minha mão esquerda e retirou o anel de noivado.
— Ei! Isso é meu.
— Eu sei. Mas hoje precisará que este dedo esteja livre, senhorita. —
Em um piscar de olhos, ela o deslizou pelo dedo anular de minha mão direita.
Então se afastou para me observar novamente, e um sorriso satisfeito surgiu em seu rosto. — Agora está pronta. E perfeita!
As mulheres me rodearam. Um a um, os sorrisos se ampliavam. Os olhos de Madalena se alagaram.
— Oh, senhorita Dulce! — gemeu a governanta.
— Até que não ficou tão mal assim... — madame Georgette cedeu, me analisando com aprovação.
Levantei-me com dificuldade — culpa do espartilho, que me tirava o fôlego e ameaçava me derrubar no chão, desmaiada — e caminhei lentamente até o espelho. Era pequeno demais, mas ainda assim dava para ter uma ideia da minha aparência. Maite conseguiu fazer meu cabelo finalmente parecer fabuloso. Largos cachos sedosos se espalhavam pelas minhas costas e ombros. As forquilhas eram trabalhadas, cheias de pedrinhas brilhantes, e faziam as vezes de uma pequena coroa na parte de trás da minha cabeça. Não podia negar que o vestido era impressionante.
Minha cintura ficou bem marcada e a renda das mangas emprestava um ar romântico e bucólico ao visual.
Mas aquela não era eu.
— Oh, céus! Ela vai desmaiar! — gritou Anahí.
Muitas mãos me alcançaram. Umedeci os lábios e precisei de ajuda para
sentar. O maldito espartilho espetou minhas costelas.
— Preciso... respirar... um pouco. Preciso... — de uma garrafa de vodca, de duas de rum e de meia dúzia de cervejas, talvez — de um minuto.
— Vou buscar uma taça de vinho. Certamente a ajudará a recuperar a cor — disse Madalena, e saiu em disparada porta afora.
— Tenho alguns sais que podem ajudar! Deixei a bolsa na carruagem —
Madame Georgette correu também.
— LÁUDANO! — Maite e Anahí gritaram ao mesmo tempo e dispararam em busca do remédio.
Acabei ficando sozinha no quarto, agora bagunçado. Inspirei fundo, desejando que Nina estivesse ali para me estender a mão. Descalcei às pressas os sapatos, que combinavam com o vestido, e os empurrei para debaixo da cama. Vasculhei as poucas coisas deixadas no guarda-roupa e encontrei as botas de cano curto que tinha encomendado. Retirei-as da caixa e as calcei com dificuldade. Curvar-me com o espartilho era uma tarefa quase impossível. Foi difícil amarrar o cadarço, mas, depois de algum contorcionismo, consegui. Suspendi a saia e fiquei olhando para as botas.
Bom, agora estava mais a minha cara, embora as botas não fossem muito
confortáveis.
Toc-toc.
Dei um pulo da cama.
— Dulce? — chamou a voz que esperei ouvir desde que abri os olhos naquela manhã.
— Christopher! — arfei, subitamente revigorada, e corri até a porta.
— Não abra! — alertou ele assim que alcancei a maçaneta.
Paralisei, perturbada.
— Por que não?
Oh, meu Deus! Ele mudou de ideia. Ele desistiu! Sabia que vomitar na frente dele não era uma boa ideia. Sabia! Ah. Meu. Deus!
— Não traz sorte o noivo ver a noiva vestida antes da hora.
— Ah! — exalei de alívio, mas ainda assim precisava vê-lo. — Isso é besteira, Christopher. — Tentei girar a maçaneta, mas não consegui. Ele a segurava do lado de fora. — Solta essa maçaneta. Preciso ver você.
— Besteira ou não, vou me precaver de todos os lados. Falta pouco agora.
Queria falar comigo?
— Eu... estou nervosa e tive um pesadelo e... queria que você pudesse me abraçar e me dizer que vai ficar tudo bem. Que eu não vou desmaiar, não vou tropeçar na igreja e cair na frente dos seus conhecidos, e nem vou envergonhar você de qualquer outra maneira. Ah, e que você não vai fugir.
Ouvi Christopher suspirar.
— Tudo vai ficar bem, meu amor. Acalme-se, por favor. Não gosto de saber que está tão aflita. Mas não quero trazer má sorte à nossa vida conjugal, então terá de ser só um pouquinho paciente. Nenhuma dessas coisas vai acontecer, sobretudo a que se refere a mim. Vim avisá-la de que já estou indo para a igreja. Eu lhe trouxe uma coisa. Vou deixar aqui no chão.
Pertenceram à minha mãe. Ela ganhou de meu pai quando nasci, e eu me sentiria muito honrado se aceitasse usar isso hoje. Não abra a porta até que eu me afaste, por favor.
— Mas eu quero te ver! — protestei, sacudindo a maçaneta. — Preciso te ver! Preciso de você!
— E me terá para sempre. — Um suspiro doloroso se seguiu. — Sinto como se o relógio estivesse me punindo — ele confessou à meia-voz.
— E apesar disso você não vai abrir a porcaria desta porta, vai? — constatei quase às lágrimas.
Ele não respondeu. Tinha ido embora? Entrei em pânico.
— Christopher? — chamei com o coração aos trancos.
— Ainda estou aqui.
Respirei um pouco.
— Senti sua falta essa noite. Muito mesmo.
— Dulce... — ele murmurou, e eu podia apostar que tinha fechado os olhos e sua testa estava vincada. Houve uma leve movimentação na maçaneta. Apenas um suave vibrar, que logo cessou. — Preciso ir antes que cometa uma besteira. Nós nos encontramos em uma hora. — E seus passos ecoaram enquanto ele se afastava.
Não lhe dei ouvidos e abri a porta bem a tempo de avistá-lo de costas em seu smoking negro, caminhando a passos firmes e rápidos pelo corredor. A meus pés, um solitário e perfeito lírio branco exalava seu perfume sobre uma caixa quadrada de veludo azul. Peguei o estojo e abri,
me deparando com uma delicada gargantilha, na qual safiras ovais contavam com uma moldura dourada que pareciam folhas. O par de pequenos brincos formava um conjunto. E ambos combinavam demais com o anel que ele me dera depois de me pedir em casamento. Ao que parecia, ele pretendera me dar aquelas joias desde sempre.
Aproximei o lírio do rosto, sentindo seu aroma inebriante, e lembranças do meu primeiro baile ali preencheram minha cabeça. Ele pusera um lírio como aquele nos meus cabelos.
Ergui a cabeça e voltei a observar a figura alta e imponente, com seu andar elegante e cadenciado, se afastando e desaparecendo, numa cena tão parecida com meu pesadelo que me causou arrepios.




GrazihUckermann: Continuando, casamento? só no proximo capitulo, que sera amanhã kkkkk Bjss {#emotions_dlg.kiss} S2


 


Comentem!!!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

A carruagem decorada com fitas e flores — iguais aos arranjos que ajudei Maite a preparar — estacionou em frente à igreja. A fachada amarela e branca era simples, apenas uma torre lateral e uma cruz ao centro da construção.Anahí e Madalena já estavam ali; tinham ido de carona na carruagem da madame Georgette. A go ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52

    Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2

  • tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32

    amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro

  • Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03

    Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2

  • GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38

    Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV

  • GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26

    Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo

  • Postado em 15/01/2017 - 20:30:45

    ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14

    ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada

  • Postado em 15/01/2017 - 17:24:53

    amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46

    owts bebe vondy a caminho amando

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26

    Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais