Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
O que deveria ser apenas um almoço de casamento se transformou em um lanche e, posteriormente, em um jantar. Tochas foram acessas para iluminar o pátio, e Madalena apareceu dizendo que já era hora de cortar o bolo de três andares decorado com rosas de glacê, e que eu deveria jogar o buquê. Fiquei feliz por essa tradição já existir. Sobretudo porque eu estava mesmo muito a fim de jogar meu buquê. De preferência na cara enrugada da tia Cassandra, que não tirava os olhos enrugados de mim, com a boca encurvada nos cantos, em uma fria indiferença.
No entanto, as garotas solteiras relutavam em se posicionar atrás de mim.
Algumas mães até as seguraram pelo braço, impedindo-as de arriscar a sorte, como se eu fosse um tipo de praga ou coisa assim. Queria poder dizer que aquilo não me magoou. De todo modo, lancei as flores com mais força do que pretendia, e, em vez de o buquê seguir a trilha até as mãos das poucas jovens solteiras espremidas na pista de dança, ele procurou outro alvo, caindo bem na cara de uma envergonhada Madalena.
Logo em seguida, Christopher ordenou que os músicos tocassem uma seleção de valsas — pois esse gênero eu quase conseguia acompanhar — e me arrastou para o centro do espaço. Ficamos rodopiando entre outros casais, quase coladinhos, e aquilo era o céu. Bom, quase. Eu estava exausta, o espartilho me incomodava e as botas criaram uma pequena comunidade de bolhas nos meus pés. Estava louca para me livrar daquilo tudo. Soltei um suspiro, e Christopher imediatamente diminuiu o ritmo.
— Você está exausta.
— Desculpa. Meus pés estão acabando comigo. Não me leve a mal, fico feliz que essas pessoas queiram comemorar nosso casamento e tudo mais, mas, tipo, elas não vão embora nunca mais?
Christopher riu.
— Não enquanto nós dois estivermos aqui. É falta de educação deixar a festa antes dos noivos.
Eu parei de dançar.
— E você só me diz isso agora?! — Fiz uma nota mental para mais tarde pedir ao Christopher que fizesse uma lista com todas as porcarias de regras de etiqueta do século dezenove para decorá-las o mais rápido possível. — Precisamos avisar que estamos saindo, ou sair de fininho tá bom?
Um dos cantos de sua boca se curvou para cima.
— Sair de fininho é uma ideia mais atraente.
Olhei para os lados e, disfarçadamente, fui empurrando Christopher para perto da escada. Paramos junto ao quarteto de cordas, e fingi estar entretida com as fitas que tremulavam sobre a nossa cabeça. Pelo canto do olho, vi a tia dele arrastando as saias em nossa direção.
— Ah, não! Corre, Christopher, corre! — eu o empurrei escada acima, passando pela porta da frente e fechando-a com rapidez. Ouvi algumas risadas vindas do jardim.
Segurei a mão de Christopher e voltei a correr. Percorremos apenas alguns metros antes que ele me detivesse e, em um piscar de olhos, me tirasse do chão, me aconchegando em seus braços. Os bambolês da anágua se eriçaram, formando uma espécie de caverna na minha saia.
— O que tá fazendo? — perguntei, dobrando as pernas e procurando acalmar todo aquele tecido enquanto alguns empregados passavam com bandejas e tentavam disfarçar o sorriso.
— Levando minha esposa muito cansada para o quarto — Christopher explicou animado.
Ele atravessou a casa comigo nos braços e foi direto para o nosso novo quarto. Abriu a porta, entrou e só então me colocou no chão.
— Uau! — exclamei ao observar o ambiente.
Meu quadro, aquele que ele pintara em minha ausência, tinha sido pendurado na parede azul-clara. A cama com dossel ostentava um lençol branco e imaculado. O amplo guarda-roupa tinhas entalhes em quase todas as portas. Havia uma penteadeira, um toucador, uma banheira duas vezes maior que a do meu antigo quarto, uma poltrona perto da alta janela.
Cortinas diáfanas do mesmo tom das paredes pendiam do teto ao chão, como uma cascata. A mesa redonda logo na entrada estava coberta por uma toalha bordada em tons de amarelo-ouro e azul, com um imenso vaso de lírios brancos sobre ela. Aproximei-me da cama e deslizei a ponta dos dedos sobre as letras C e D entrelaçadas nas fronhas.
— Madalena fez tudo isso?
— Com a ajuda do senhor Gomes — disse ele, bem atrás de mim.
— Eles fizeram um excelente trabalho. Ficou lindo.
Uma batida na porta me sobressaltou.
Era Madalena.
— Senhor Uckermann, sei que está feliz com o casamento, mas os criados não param de comentar sobre seu pequeno rompante apaixonado de agora há pouco. — E foi logo entrando no quarto. — O senhor deveria ter mais modos. E você, senhorita, deveria parar de rir.
— Desculpa, Madalena — pressionei os lábios na tentativa de atendê-la.
Não deu certo.
Madalena revirou os olhos.
— Ainda bem que fui informada de que os senhores resolveram se recolher. — Ela se adiantou em minha direção, mas falava com Christopher. — Vou ajudar sua senhora a se vestir apropriadamente. O senhor pode esperar no outro...
Ele se colocou diante dela, impedindo que chegasse até mim.
— Eu mesmo farei isso.
— Senhor Uckermann, o senhor não pode... — começou ela, desconcertada.
— Minha esposa está muito cansada, cuidarei dela esta noite. A senhora fez um ótimo trabalho. Agora pode ir descansar. — Pegando-a pela mão, ele conduziu a mulher até a porta.
— Mas, senhor, eu deveria...
Ele sacudiu a cabeça antes que ela pudesse terminar.
— Hoje não, senhora Madalena. Esta noite Dulce será só minha.
— Senhor Uckermann! — ela o censurou, corando, já fora do quarto. — Assim o senhor parece um... um cavalheiro...
— Apaixonado? — ele tentou.
— Desavergonhado! — ela corrigiu. — Eu... vou deixá-los, se é o que deseja, mas, se sua senhora precisar de meus préstimos, mande me chamar imediatamente.
— Boa noite — ele começou a fechar a porta.
— Boa noite, Madalena. Arrasou na decoração — eu falei, ainda rindo.
— Boa noite, senhora. — Ela se virou e Christopher se apressou, fechando e passando a chave na porta antes que ela mudasse de ideia.
— Essa foi por pouco. — Ele soltou o ar com força.
— Não entendi bem o que ela quis dizer com “ajudar a me vestir apropriadamente”. — Porque, sendo franca, eu esperava passar minha noite de núpcias sem muita roupa. Nenhuma, na verdade. Será que havia mais alguma porcaria de tradição que eu não conhecia?
— Ela se referia a ajudá-la com a...
Toc-toc.
Christopher fechou a cara e voltou a abrir a porta. Era Gomes, dessa vez
— Senhor. Perdoe-me, mas creio que me esqueci de colocar isto no quarto — ele estendeu uma bandeja com uma jarra de cristal enfeitada.
— Obrigado — Christopher pegou a bebida.
— Ao seu dispor, senhor. Boa noite, senhores. — O mordomo lançou um sorriso de cumplicidade a ele, fez uma grande mesura, colocando a bandeja debaixo do braço, e partiu.
Christopher trancou a porta atrás de si e colocou a garrafa sobre a mesa redonda, afastando o vaso de lírios para o canto. Ele serviu dois cálices que já estavam ali e me entregou um. O líquido dourado reluziu com a luz bruxuleante das velas.
— O que é isso?
— Hidromel. É costume os noivos fazerem uso por um ciclo lunar inteiro. A começar pela noite de núpcias. — E me encarou com os olhos sérios e intensos.
Um calor lento, porém denso, começou a se espalhar em minhas entranhas.
Experimentei um gole da bebida licorosa — lembrava um pouco vinho do Porto — para me distrair. Era boa. Tomei o cálice todo. Christopher bebeu sem tanta pressa, o olhar sempre grudado em mim.
— Quer mais um pouco? — ofereceu.
— Ãrrã.
Ele pegou meu cálice e foi até a mesa. Eu me sentei na beirada da cama.
— Por que é preciso tomar isso durante uma lua inteira?
— Segundo a tradição... — Ele tampou a garrafa e se juntou a mim, sentando-se bem ao meu lado, e me estendeu a bebida. Sorvi um gole. — Isso garantirá muitos filhos ao casal.
Engasguei, cuspindo e tossindo convulsivamente. Christopher se sobressaltou, dando tapinhas gentis nas minhas costas.
— Fi-filhos? — balbuciei.
Ele me olhou de um jeito curioso.
— No futuro, Dulce. Não se espera que o casal conceba um herdeiro na lua de mel. São poucos os que têm essa sorte.
— Ah, tá. — Como se isso me deixasse aliviada. — Então isso aqui não vai me engravidar, tipo, esta noite, vai?
— Na verdade, eu tinha esperanças de que seria eu quem iria engravidá-la um dia, não uma bebida — ele riu, tentando parecer tranquilo, sem deixar transparecer a súbita apreensão que sentia.
Ai, meu Deus. Christopher queria filhos. E muito em breve, desconfiei.
— Não precisa beber se não quiser — ele me assegurou. — É apenas uma antiga tradição.
— Não é isso. É só que... eu ainda não tô pronta pra... err... sabe, pensar em fifilhos.
— Ainda mais depois de me machucar. A maneira como a sutura em meu braço tinha sido feita... Bom, foi o suficiente para me fazer crer que a cesariana ainda não era muito popular no século dezenove. E a alternativa me parecia tão atraente quanto ser decapitada.
— Meu amor — Christopher tocou a lateral do meu rosto. Seu polegar passeou preguiçoso pelo meu lábio inferior, fazendo meu sangue correr rápido nas veias. — Que tal se permanecêssemos no presente esta noite?
Aquelas palavras, aliadas ao toque quente, varreram minha apreensão para longe. Assenti uma vez e alcancei o véu em minha cabeça.
— Espere! — ele pediu, assim que notou minha intenção de removê-lo, tomando o cálice de minha mão e o colocando no chão. — Por favor, permitame. Sonho com este momento há semanas.
Abandonei os grampos imediatamente ao ouvir sua urgência.
Suas íris negras infinitas se tornavam ainda mais profundas conforme fitavam minha silhueta. O calor ardeu em meu peito, se espalhando pelo meu pescoço e meu rosto. Era esse o efeito do hidromel, ou apenas uma reação do meu corpo ao olhar de cobiça de Christopher?
Fosse o que fosse, eu não tinha tempo para refletir sobre isso, pois Christopher se levantou, sempre me encarando, e estendeu a mão. Fiquei de pé com sua ajuda e dei alguns passos para frente. Ele me rodeou, até se posicionar atrás de mim. Com delicadeza, retirou as forquilhas dos meus cabelos e, em seguida, o véu. Cachos pesados me caíram sobre os ombros. Enterrando os dedos nas mechas, ele as empurrou para o lado e depositou beijos suaves em minha nuca, na curva do meu pescoço, em meu ombro desnudo. O fogo dentro de mim se inflamou, e eu me senti consumida por ele.
— Ficou adorável em seu pescoço. — Os dedos dele acompanharam as pedras da gargantilha.
— São lindas. Obrigada pelo presente.
Christopher deixou suas mãos deslizarem e procurarem as pequenas pérolas nas costas do meu vestido. Começou a abri-las, uma a uma, enquanto eu me conservava ereta, graças ao espartilho, a respiração já descompassada. A dele e a minha. Christopher se demorou um instante com os botões e, quando todos foram abertos, escorregou o vestido rendado até meus cotovelos, os dedos cálidos estimulando cada pedacinho de minha pele exposta. Com
deliberada lentidão, deu a volta até ficar de frente para mim. Então, colou os lábios abrasadores nos meus enquanto as mãos desciam fluidas, empurrando o tecido por meus pulsos, e sendo particularmente cuidadoso com meu antebraço machucado.
Assim que me livrou da parte de cima da roupa, ele deu um passo para trás e ergueu meus braços, para então puxar o vestido para cima, o caminho mais fácil. Seus olhos queimaram ao encontrar o espartilho bordado.
Madame Georgette sabe das coisas, pensei, satisfeita.
Curioso com o que poderia encontrar, Christopher se dedicou às fitas de cetim que prendiam as duas anáguas em minha cintura. Os tecidos se amontoaram aos meus pés, e Christopher tomou distância para me examinar, prendendo a respiração. Ele se deteve então nas meias de seda, presas por ligas à calçola de renda.
O desejo explodiu dentro dele, seu rosto ganhou cor, os olhos, um brilho quase ofuscante, um esgar sutil no canto da boca. A adoração de um artista apaixonado perante sua musa. Diante daquele olhar, eu me senti linda, sexy, uma deusa.
— Eu poderia admirá-la pelo resto da vida e ainda não me seria suficiente — disse ele, num sussurro rouco que fez meu corpo estremecer.
Christopher percebeu minha reação, e algo em sua expressão mudou. O artista estava dando lugar ao amante.
Impaciente, ele tirou o paletó, abriu os botões da camisa e veio ao meu encontro, erguendo-me com facilidade do chão para me colocar gentilmente sobre a cama, como se eu fosse o mais precioso cristal.
Deitando-se ao meu lado, deu início a uma trilha de beijos, que começou na ponta dos meus dedos da mão e terminou em minha boca. Acariciei a pele quente de suas costas, seus ombros, seus braços, fortes e rijos. Abri as coxas para que ele se encaixasse entre elas.
— Esta noite eu lhe entrego este corpo — proferiu ele, solene. — Pois a alma que o habita e o coração que aqui bate há muito lhe pertencem. E serão seus, apenas seus, para sempre. Eu juro, Dulce.
Dominada por uma miríade de emoções e sensações, não consegui abrir a boca e dizer que ele me possuía por inteira, que ele era o meu mundo todo. Em vez disso, busquei sua mão e entrelacei nossos dedos, erguendo os olhos na esperança de que ele lesse neles tudo aquilo que eu não consegui expressar com palavras.
Ele entendeu. Ele sempre entendia.
— Ah, Dulce... — gemeu, mergulhando em minha boca.
***
Acordei com tudo sacudindo ao meu redor. Eu estava deitada sobre o peito de Christopher, seu braço me envolvia, e a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que estávamos em meio a um terremoto. A chama da vela sobre a mesa de cabeceira estava quase se apagando, mas consegui ver os móveis ao redor, os potes de creme sobre a cômoda, o aparador ao lado da banheira abarrotado de vidrinhos. Tudo completamente estático.
O tremor vinha da cama.
De Christopher.
Ele tremia quase que convulsivamente. Tentei me levantar, mas seu braço se apertou ainda mais em minha cintura, se transformando em uma algema inescapável. Murmúrios dolorosos surgiam-lhe do fundo da garganta.
— Christopher — toquei seu rosto de leve. — Christopher, acorde.
Imerso em algum tipo de horror que eu não era capaz de ver, ele se contraiu sob o meu toque. Então seus olhos se arregalaram de repente, ele se sentou e soltou um grito de absoluto terror que parecia vir de sua alma.
Ele gritava o meu nome, e, sobressaltada, notei que ele chorava.
— Ei, tô aqui. Calma. Tá tudo bem — eu me sentei e toquei seu ombro.
Seus olhos inundados se voltaram em minha direção e percorreram cada traço meu. Mãos trêmulas se encaixaram no meu rosto, depois investigaram meu pescoço, meus ombros, como se ele estivesse se certificando de que eu permanecia inteira. Arfando, ele me puxou para seu colo, me abraçando com tanta força que eu mal conseguia respirar.
— Deus! — ele proferiu, não sei se como prece ou súplica, e beijou cada pedaço meu que pôde alcançar.
— Tudo bem. Foi só um pesadelo — garanti. — Não era real.
Alisei seus cabelos murmurando palavras de consolo, na esperança de acalmá-lo. Mas, em vez disso, Christopher enterrou a cabeça na curva do meu pescoço, me espremendo contra o seu corpo, ainda trêmulo, e chorou em completo abandono, os ombros sacudindo com força.
— Vai ficar tudo bem. Foi só um sonho ruim. Eu tô aqui — eu sussurrava, afagando sua nuca.
— Está — ele soluçou. — Você está aqui.
— E não vou a parte alguma — eu lhe assegurei, beijando sua têmpora.
— Porque meu lugar é aqui com você.
Consegui desalojar sua cabeça de meu pescoço para que ele pudesse ver meus olhos na luz bruxuleante da vela. Era a primeira vez que eu via Christopher chorar, e aquilo me assustou como nada mais poderia. Doía-me no fundo da alma, me fazia desejar que meu coração interrompesse suas batidas e que meus pulmões detivessem seus movimentos.
Eu o beijei tão furiosamente que nossos dentes se chocaram. E Christopher correspondeu com a mesma loucura, os dedos se afundando na carne nua de minhas costas. Aprofundei o beijo até que a tormenta dentro dele se suavizasse, se transformasse em chuva e, por fim, numa fina garoa.
Ele suspirou quando minha boca se desprendeu da dele. Permaneci no seu colo, deslizando os dedos por seus cabelos suados.
— Você tá bem? — murmurei, usando a mão livre para secar a umidade em suas bochechas.
— Sim, obrigado — ele fungou. — Foi apenas um maldito pesadelo.
— Sobre me perder — deduzi.
Ele assentiu uma vez. Esperei que prosseguisse, e, quando isso não aconteceu, suspirei, desapontada.
— Deve ter sido por causa da TCP. Você me disse que estava com medo de que alguma coisa desse errado.
— TCP? — Os olhos úmidos ficaram confusos.
— Tensão Pré-Casamento — expliquei, brincando com uma mecha negra que havia caído na sua testa. — Ela quase me deixou louca. Deve ser por isso que só se casa uma vez na vida. Ninguém aguentaria uma segunda rodada sem ir parar no manicômio.
Christopher riu, e o som de sua risada fez meu coração ganhar vida outra vez.
Eu suspirei aliviada. Estava louca para que ele me dissesse o que tanto o afligira, mas eu finalmente tinha conseguido acalmá-lo, levar seus pensamentos para outra direção, então não tive coragem de colocar o dedo na ferida.
— E agora que já passei pelo suplício e tudo mais, tô pronta para o que realmente interessa. Nossa lua de mel! A que horas a gente vai sair?
Christopher ficou tenso, o maxilar se enrijeceu no mesmo instante.
— Quanto a isso — ele se remexeu no colchão —, eu queria...
Uma batida à porta me fez pular. Era madrugada. E nossa noite de núpcias. Algo muito grave devia ter acontecido para que fôssemos perturbados. Ou então ouviram os gritos aterrorizados de Christopher.
Ele bufou, esfregando o rosto.
— O que um homem precisa fazer para ter um pouco de privacidade em sua noite de núpcias? — Ele desceu da cama, agarrou as calças e a camisa e se enfiou dentro delas.
— Deve ter acontecido alguma coisa séria. — Tipo alguém ter morrido engasgado com um bem-casado durante a quadrilha.
— É melhor que tenha mesmo!
Ele passou as mãos pelos cabelos e marchou até a porta, abrindo-a apenas o suficiente para ver quem estava ali àquela hora da madrugada.
— Tia Cassandra! — sua exclamação continha desespero e irritação. — Pensei que estivesse cansada da viagem.
— E estou, por isso serei breve. Não gostei de minhas acomodações.
— Como disse?! — Fiquei na dúvida se Christopher queria rir ou gritar.
— O quarto é pouco arejado. Exijo uma acomodação à minha altura.
Christopher soltou um longo suspiro.
— Amanhã falarei com a governanta para preparar-lhe um dos outros quartos de hóspedes. Eu estou... hã... um pouco ocupado agora, como pode imaginar.
— Que decepção, meu sobrinho. — Ela estalou a língua. — Nunca pensei que viveria o bastante para vê-lo dar as costas à sua família.
Pela rigidez que dominou o corpo do meu marido, percebi que ela o magoara.
Christopher era decente a esse ponto.
Levantei da cama e fui vasculhar a cômoda em busca do meu pijama
preferido. Enfiei a camisa às pressas e, descalça, me dirigi até a porta.
Toquei o ombro de Christopher. Ele se espantou e deixou a porta se abrir um pouco mais. A mulher vestia uma camisola rosa ridícula sob o roupão da mesma cor, cheio de plumas nas mangas. Não era uma visão agradável para se ter na noite de núpcias. Não era agradável em noite nenhuma!
— Tudo bem, Christopher. Acho melhor arrumar outro quarto para sua tia. — Ou ela vai ficar aqui discutindo a noite inteira, eu quis acrescentar.
— Céus! O que pensa que está fazendo, minha jovem?! — A mulher arregalou os olhos ao analisar minhas pernas nuas, quase derrubando o castiçal que segurava. — Onde está sua compostura?
Preferi ignorar o comentário. Estava vestida até demais para uma noite de núpcias.
— Vou te levar pro meu antigo quarto. É bem espaçoso e arejado. — E ficava no outro extremo da casa.
— Eu cuido disso — Christopher me segurou gentilmente pelo braço. — Volte para a cama. Vou pedir para a senhora Madalena preparar tudo e voltarei assim que puder.
Sacudi a cabeça.
— Madalena deve estar desmaiada. Ela trabalhou duro nos últimos dias. Eu arrumo tudo rapidinho. — Fiquei na ponta dos pés para beijar seus lábios surpresos e fui para o corredor escuro. — A senhora não vem? — perguntei olhando por sobre o ombro, já que Cassandra permanecera imóvel e boquiaberta.
— Decerto não está pensando em andar pela casa nesses trajes. Ou na falta deles, devo salientar.
— O pessoal da casa já está acostumado comigo, não se preocupe com isso. Agora podemos ir? Tenho a impressão de que a senhora tá doida pra cair na cama.
Ela me ignorou e se dirigiu a Christopher.
— Não pode permitir uma loucura dessas, meu sobrinho. Sua noiva está nua! Não pode admitir que ande por aí sem roupas!
Ele me lançou um sorriso torto, um olhar de deleite no rosto perfeito.
Tanto eu quanto ele sabíamos que o que a mulher dizia era verdade. Christopher jamais me deixaria andar pela casa daquele jeito sem fazer uma cena.
Porém ele havia se dado conta do meu plano e embarcado nele. Meu Deus, como eu amava aquele homem!
— Ela não precisaria se a senhora concordasse em dormir no quarto em que foi acomodada. — Ele se encostou no batente e cruzou os braços sobre o peito.
O rosto de Cassandra assumiu um tom vermelho preocupante.
— Está bem! Em nome do decoro, ficarei naquele aposento medíocre.
Mas escute o que estou dizendo, meu sobrinho, sua esposa lhe causará muitos infortúnios, se essa é a maneira como costuma se portar. Não me surpreenderei se ouvir que você foi mortalmente ferido em um duelo ao tentar defender a honra dela. Boa noite! — Cassandra suspendeu a camisola, empinou o queixo e nos deu as costas.
O horror ao ouvir a palavra duelo me deixou paralisada, e, sabe-se lá por quê, me lembrei da conversa da Cara de Cavalo logo depois da cerimônia. Quando ela comentou sobre esperar um escândalo ou um funeral, eu havia deduzido que fosse uma conotação, não que estivesse sendo literal. Será que era por isso que metade dos convidados tinha ficado me encarando daquele jeito? Eles esperavam que Christopher acabasse morto num duelo porque de alguma maneira eu não me comportava como deveria? Por isso as garotas não quiseram meu buquê?
— O que ela disse é verdade, Christopher? Os duelos ainda existem? — perguntei com o coração aos pulos assim que voltei para o quarto e Christopher fechou a porta.
Ele me avaliou por um longo momento, então suspirou.
— São ilegais, mas, sim, existem.
Eu me estiquei e segurei seu rosto entre as mãos.
— Não quero que você se meta numa coisas dessas pra me defender. Tá me ouvindo? Eu proíbo você!
Ele riu.
— Você jamais me deu motivos para isso, meu amor.
— E você tá fugindo da promessa. Eu não dou a mínima pra minha honra, podem falar o que quiserem, só não quero meter você e Maite em confusão. E duelar é uma tremenda burrice.
Alcançando uma de minhas mãos, ele girou a cabeça e plantou um beijo demorado em minha palma.
— Tenho que concordar. Sou um pacifista. E você está ficando tensa à toa. Está com sede?
— Um pouco. — Deixei que ele me conduzisse até a cama, mas esperei de pé enquanto ele pegava um copo de água para mim. — Acho que você está certo. Ando uma pilha. Não vejo a hora de a gente viajar e deixar toda essa TCP para trás — falei quando ele me estendeu o copo.
O corpo dele ficou rígido no mesmo instante.
— Sobre isso, lamento muito, meu amor, mas... — ele respirou fundo — teremos que adiar a viagem.
— O quê? Mas por quê?
— Surgiu um... — ele desviou o olhar. — Imprevisto. Sei que não poderia ser mais inoportuno, mas teremos que ficar aqui por uns tempos.
Sinto muito.
— Que tipo de imprevisto?
— Um que me impede de levá-la a qualquer lugar no momento.
Por que ele parecia tão aflito? Por que me dava meias explicações?
Eu observei seu rosto com atenção, tentando entender. Foi aí que uma ideia me ocorreu.
— Um imprevisto do tipo financeiro, não é? Droga, Christopher, eu te falei pra não gastar tanta grana comigo e com o cas...
Ele sacudiu a cabeça, me detendo.
— Não é esse o problema. Nada relacionado às finanças, garanto. É apenas... um problema repentino no estábulo. Não poderei me ausentar até que tudo se resolva.
— Ah! — soltei um longo suspiro aliviado. — Então tudo bem. A gente cancela a viagem. Não tem problema. Sério, lua de mel é uma coisa bem chata.
Quem quer ficar quatro horas no aeroporto esperando um voo atrasado e depois chegar ao destino e descobrir que a bagagem foi extraviada e que terá de se virar com as roupas do corpo até alguém encontrar sua mala? Não que a gente corra esse risco aqui, mas mesmo assim.
Ele exibiu um sorriso triste.
— Não estamos cancelando, apenas adiando até que seja seguro.
— Seguro? — franzi a testa ante sua escolha de palavras.
— Seguro me ausentar por tanto tempo — ele explicou e começou a desabotoar a camisa. A dele. — Não quero que nada perturbe nossa viagem, por isso preciso de um tempo para resolver certos assuntos. Apenas algumas semanas e poderemos partir. — E, com isso, desfez o último botão e escorregou a camisa pelos ombros generosos. — Para mim realmente não
importa onde estamos, para onde vamos, desde que você esteja comigo.
Lutei para desgrudar os olhos dele e prestar atenção no que dizia. Cara, eu devia ganhar um prêmio só pela tentativa, muito embora eu desconfiasse de que não tivesse sido muito bem-sucedida, considerando o sorriso ofuscante que surgiu em seu rosto conforme ele me puxava pela cintura e tombávamos juntos na cama. Meus cabelos caíram sobre o meu rosto. Ele enroscou uma mão nas madeixas e as puxou para trás com delicadeza, colando a boca ao meu ouvido.
— Agora me permita compensá-la pelo adiamento — murmurou, para em seguida distribuir uma porção de beijos molhados por todo o meu pescoço.
Mas é claro que permiti. E é óbvio que qualquer outro pensamento que não fosse ligado ao homem enroscado em mim se dissipou. Porém um eco, um sibilo quase inaudível, tentava perfurar a névoa da paixão. Minha intuição sussurrava que ele não tinha me contado toda a verdade.
(pessoa sem nome): e não vai gostar mais mais ainda kk bjss S2(GrazihUckermann esse é seu comentario?)
tahhvondy: Essa tia é mó chata, e ainda vai meter eles em confusão kk Bjss S2
Comentem!!!!
Autor(a): Fer Linhares
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Os raios de sol acariciaram minhas pálpebras. Suspirei e me movimentei na cama, sentindo os braços de Ian me apertarem com força. Abri os olhos e girei a cabeça no travesseiro, encontrando o rosto do meu marido relaxado, ainda inconsciente. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios. Eu nunca me cansaria de olh ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??