Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
Os raios de sol acariciaram minhas pálpebras. Suspirei e me movimentei na cama, sentindo os braços de Ian me apertarem com força. Abri os olhos e girei a cabeça no travesseiro, encontrando o rosto do meu marido relaxado, ainda inconsciente. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios. Eu nunca me cansaria de olhar para Christopher.
Desvencilhando-me dele com cuidado, saí da cama e caminhei pelo quarto na pontinha dos pés. Apanhei meu pijama favorito esquecido no chão e o passei pela cabeça — Christopher estivera particularmente impaciente na noite passada, razão pela qual os cantos de minha boca teimavam em curvar para cima.
Fui até o guarda-roupa, admirando as molduras entalhadas nas portas feito heras. Abri uma delas em busca do pacote que Maite dissera ter guardado ali, já que não me permitiram entrar no quarto antes do casamento. Encontrei apenas vestidos. Vasculhei o assoalho, mas ainda assim não achei a caixinha.
Abri a segunda porta, e mais coisas que Christopher comprara para mim estavam penduradas e arrumadas com capricho. Franzi o cenho e apalpei as peças em vão. Na terceira tentativa, um pressentimento ruim se apossou de mim conforme eu examinava a vasta coleção de camisolas e penhoares de cetim de cores variadas. Escancarei a última, e meus sapatos faziam fila na prateleira, ordenados pela altura dos saltos.
Dei um passo para trás com o coração batendo rápido até trombar no baú próximo à janela. Levantei a tampa e, além de roupas de cama, encontrei a caixa de veludo verde. Fechei o móvel e deixei o pacote sobre ele, correndo para a cômoda e abrindo as gavetas em um ritmo frenético.
Anáguas, calcinhas, espartilhos, uma coisa esquisita que se parecia com... uma pochete de crochê?
Ergui a peça e a examinei de diversos ângulos. Havia uma espécie de cauda presa a uma das fitas. Que raios era aquilo?
Dei de ombros e guardei de volta, esbarrando os dedos em algo ainda mais estranho. Uma pequena coleção de esponjas jazia no fundo da gaveta.
Eu as analisei, completamente confusa. Havia um barbante preso a elas, bem ao centro. Apertei as esponjinhas macias entre os dedos. Pouco menores que uma ameixa, só que em formato irregular, eram pequenas demais para ser usadas no banho.
— O que faz fora da cama assim tão cedo? — perguntou a voz rouca de
Christopher, me fazendo derrubar as esponjas dentro da gaveta.
Ele se esticou na cama, fazendo a madeira ranger de leve sob seu peso, e esfregou o rosto.
— Onde estão as suas coisas? — perguntei sem rodeios.
— No quarto.
— Não estão! Já olhei tudo. — Abri os braços para o guarda-roupa escancarado. — Só tem coisas minhas aqui.
Christopher se apoiou nos cotovelos, o lençol deslizou por seu peito nu e se amontoou na
cintura estreita.
— Eu quis dizer no quarto ao lado — ele indicou uma porta ao lado do guarda-roupa que até então eu não havia notado.
Meu coração mais parecia uma britadeira conforme eu me dirigia a ela.
Alertas luminosos piscavam em minha cabeça quando pousei a mão na maçaneta. Tomando fôlego, eu a girei e, ao abrir a porta, me deparei com uma decoração masculina típica da época: uma cama maciça — mas sem dossel — dominava quase todo o espaço, e uma poltrona negra descansava ao lado da janela.
Perturbada, me atrevi a entrar e, sem perder tempo, fui direto ao guarda-roupa, tão grande quanto o do quarto ao lado. Abri uma das portas, e ali estavam as roupas de Christopher. Com a testa franzida, apanhei um de seus casacos.
Christopher, já vestido com as calças da noite passada, surgiu sob o umbral da porta, passando a mão nos cabelos negros e encorpados.
— Esse é o meu quarto e aquele é o seu. — Ele me puxou para junto de seu peito, enrolando os braços em minha cintura e afundando o rosto em meus cabelos. — Bom dia, minha Dulce.
Por mais que todo o meu corpo se rebelasse contra a ideia — e, ah, a revolta em meu íntimo teria deixado a Inconfidência Mineira no chinelo —, consegui me desvencilhar dele para encará-lo.
— Por que temos quartos separados? — Sacudi o casaco. — Por que todas as suas coisas estão separadas das minhas?
Sua testa franziu.
— As damas normalmente preferem manter a privacidade.
— Bem, pois eu não sou uma dama! — berrei, jogando o casaco nele para provar meu argumento. Ele não esperava pelo ataque, então nem tentou se esquivar. O tecido, ainda no cabide, atingiu seu ombro direito.
Christopher tinha um quarto só para ele. Não me queria ao seu lado todas as noites? Mal tínhamos nos casado e ele já me rejeitava?
Droga, eu sabia! Sabia que o casamento faria nossa vida sexual evaporar. As estatísticas nunca mentem.
— Percebo que não gostou da ideia — ele tentou me alcançar, mas eu me esquivei.
— Você é muito perspicaz.
— Dulce... — ele se esticou de novo, mas me afastei de suas mãos. Ian suspirou. — Pare de fugir de mim.
— Ah, quer dizer que só você pode, é?
— Eu não estou fugindo — afirmou, paciente.
— Ainda! Mas veja só, tem um quarto só pra você — fiz um gesto amplo para que ele enxergasse aquele cômodo imenso, completamente mobiliado, que abrigava todos os seus pertences.
Foi a vez dele de se alterar.
— Isso é por você, Dulce, não por mim! Apenas quis preservar sua privacidade.
— E por que diabos você acha que eu ia querer ter privacidade justo aqui? — apontei para a cama. — Uma das razões pra gente se casar tão depressa era pra dormir juntos sem a Madalena encher nosso saco. Mas aí você arruma um quarto conjugado e tem uma cama só pra você. Legal. A gente mal se casou e você já me deixou de lado. Literalmente!
Isso o fez rir e, dessa vez, ele me pegou pela cintura antes que eu pudesse me afastar. Então me envolveu em seus braços e beijou a ponta do meu nariz.
— Não é nenhuma rota de fuga. Este quarto é uma mera convenção.
Não tenho o desejo nem a intenção de passar uma noite que seja longe da sua cama.
— Tá vendo? — Lutei para me livrar dele, mas tudo o que consegui foi fazer com que ele me segurasse ainda mais apertado. — Minha cama. Era para ser a nossa!
— E é — respondeu tranquilo.
— Não se todas as suas coisas estão no quarto ao lado.
Pela expressão dele, percebi que Ian finalmente entendeu meu argumento. Ainda assim, hesitou, me lançando aquele olhar penetrante na máxima potência.
— Eu não quero impor-lhe minha presença, Dulce.
— Você é meu marido, caramba! — bufei, socando o peito dele de leve.
— Tudo que é seu deve estar embolado com o que é meu, que nem a gente fez com a nossa vida.
Isso trouxe um sorriso esplêndido ao seu rosto. Ele se abaixou e passou um braço pelos meus joelhos, me pegando no colo e voltando para o quarto em que passamos a noite.
— Gosto dessa palavra. Embolar — disse Christopher e, como prova, me colocou na cama e, bom, meio que se embolou em mim. — Mandarei o senhor Gomes providenciar a mudança hoje mesmo, está bem? — Ele correu o nariz pela minha bochecha. — Perdoe-me se isso a entristeceu. Não era a intenção.
— Tudo bem — respondi num sussurro, fechando os olhos e me
deleitando com a carícia. — Só quero que suas coisas fiquem junto das minhas.
Estou tentando ao máximo me adaptar a tudo, mas aqui no quarto não, Christopher. Aqui somos só você e eu, sem rótulos, sem época, nada. Apenas nós dois. No nosso quarto.
— Que bom que pensa assim. — Ele mordiscou minha orelha e eu estremeci em seus braços. — Porque não sei ao certo o que faria se você me mandasse dormir longe de você, ainda que fosse por apenas uma noite. Eu enlouqueceria, certamente.
Ouvir aquilo trouxe à tona a lembrança de seus soluços, seu pavor naquela madrugada. Eu o empurrei de leve, para poder ver seus olhos.
— Você tá bem?
— Pretendo ficar, minha esposa. — Ele tentou se inclinar, mas eu o detive.
— Tô falando do que aconteceu na noite passada. Se quiser conversar sobre... você sabe, talvez ajude — terminei meio sem jeito.
Christopher soltou um longo suspiro agastado.
— Não há o que dizer. Creio que meu cérebro juntou meus maiores temores, que é perdê-la, caso ainda não saiba, e produziu aquelas imagens terríveis. Falar não ajudará, apenas tornará mais difícil esquecer. Beijá-la, em contrapartida, parece uma técnica muito eficaz... — E dessa vez eu permiti que ele me alcançasse.
Christopher começou a se dedicar ao meu pescoço, e eu virei a cabeça para que ele tivesse livre acesso, mas vislumbrei de relance o motivo que me levara a vasculhar as gavetas agora esquecido sobre o baú.
— Espera, Christopher. — Apoiei as mãos em seus ombros e o empurrei de leve.
Adorei a consternação em seu rosto causada pelo adiamento. Acabei rindo.
— É que eu tenho uma coisa pra você.
A surpresa dele foi o que me fez capaz de me soltar de seu abraço tão facilmente. Arrastei-me pelos lençóis e me estiquei para alcançar o pacote.
Um pouco apreensiva, voltei para junto dele.
— Toma. — E lhe entreguei a caixa, me sentando sobre os calcanhares. — Seu presente de casamento.
Lentamente, Christopherse sentou, analisando o pacote.
— Você o comprou para mim? — Sua testa franziu e as sobrancelhas arquearam num misto de alegria e confusão que tomou conta de sua face.
Não me pergunta. Não me pergunta como paguei. Só aceita, por favor!
— Espero que goste — forcei um sorriso.
Christopher ficou observando a tampa fechada da caixa por um momento imensurável. Meus nervos quase entraram em colapso antes de ele erguer
os olhos e cravá-los em mim. Aquele brilho prateado quase me cegou.
— Obrigado — murmurou numa voz intensa e enrouquecida.
— Mas você ainda nem abriu — eu ri, tensa. — Pode ser uma fita de chapéu cor-de-rosa.
— E eu a amaria de todo o coração. — Ele voltou a examinar o que tinha nas mãos. — Como eu poderia não amar algo que comprou pensando em mim, Dulce?
— Fico contente em ouvir isso, mas não é uma fita. Abre logo e me diz se gosta.
Ele examinou a caixa com um leve sorriso nos lábios. Parecia um menino que acabara de ganhar sua primeira bola. Eu mordi o lábio e entrelacei os dedos, ansiosa em todos os níveis. A caixinha parecia tão minúscula em suas mãos enormes...
Christopher soltou a pequena trava dourada e levantou a tampa.
— Meu amor... — ele disse, sem ar.
A ponta de seus dedos passeou pelo mostrador do relógio aninhado no cetim creme, que fazia o prateado parecer ainda mais cintilante. Com movimentos deliberadamente lentos, Christopher desalojou o relógio dali, testando seu peso, sentindo a textura. Então, ele virou o objeto para examinar a parte de trás, traçando o símbolo do infinito com o polegar. Seus olhos dispararam em direção aos meus. E diziam tanto. Perguntavam ainda mais!
Minha boca ficou seca.
— Eu... — clareei a garganta. — Eu sei que não é tão vistoso quanto o que você tinha. E também sei que o do seu pai é insubstituível, mas você ficou tão triste quando ele quebrou que eu quis, sei lá, tentar te deixar menos triste. E também porque eu acho que nada mais pode representar o que aconteceu com a gente. É como um coração mecânico. Ele grava a passagem do tempo. Os ponteiros registraram cada dia quando ainda não nos conhecíamos, numa espécie de contagem regressiva. Eles marcaram cada minuto desde que nos encontramos. E agora marcarão cada segundo da nossa vida.
Christopher não disse nada, apenas continuou me observando como se enxergasse minha alma.
— T-tinha outros modelos na loja — continuei, insegura —, uns mais chiques, com pedras brilhantes, mas eu pensei que você fosse gostar desse mais simples, porque... porque pode haver beleza na simplicidade, não é? Nem sempre uma coisa enfeitada é bonita. Quer dizer, não que você não mereça algo luxuoso. Você merece! É que às vezes uma coisa mais... comum pode ser atraente. Tipo, mesmo se for diferente das outras e... — engoli em
seco. — Ele parecia fora do lugar naquela vitrine, mas aí nas suas mãos parece tão mais bonito.
Eu mordi o lábio para calar a boca. Não sei ao certo se pelo olhar intenso de Christopher, que parecia atingir meus ossos, se por medo de que ele compreendesse que eu não falava do relógio ou se porque ele logo se daria conta de que eu não tinha grana para comprar um presente daquele.
— É perfeito — sua voz falhou. — Nunca vi nada tão belo, que se encaixe tão bem em minhas mãos, que seja mais precioso ou signifique mais para mim. — Mas ele ainda me encarava.
Soltei o ar com força, me sentindo mais leve, mas ainda trêmula.
— Ainda bem. Porque não sei se já existe troca nas lojas deste século.
— Pisquei algumas vezes para afastar as lágrimas que teimavam em se acumular nos meus olhos.
Ele pousou a mão na lateral do meu rosto, e seu polegar percorreu minha bochecha.
— É o presente mais bonito que já recebi em toda minha vida. — Ele moveu a mão, deslizando-a por meu pescoço até parar no centro do meu peito, sobre o meu coração. — Jamais me afastarei dele — Christopher murmurou tão intensamente que fiquei na dúvida se ainda falávamos do relógio.
— Mandei gravar suas iniciais.
— É mesmo? — Christopher se aprumou para revirar a peça, abrindo-a com familiaridade, e a aproximou do rosto para ler a inscrição na tampa.
Eu o vi prender a respiração enquanto lia, os olhos ligeiramente mais brilhantes.
— Ah, Dulce! — Ele me puxou para perto e grudou a boca na minha, me beijando quase com brutalidade. Mas de repente me soltou e saltou da cama.
— Não! Volta aqui! — reclamei, arfando.
— Em trinta segundos — Christopher riu, esticando a corrente do relógio com destreza e enlaçando-a ao passante da calça. Então colocou o objeto dentro do bolso e as mãos na cintura estreita. — Como estou?
Admirei meu marido dos cabelos negros bagunçados aos pés descalços, me detendo por um longo instante no meio do caminho. Christopher era...
— Muito gostoso — suspirei.
A testa dele encrespou.
— Gostoso, como uma comida a ser saboreada? — perguntou um tanto confuso.
Dei mais uma conferida.
— Definitivamente!
Aquele brilho prateado se insinuou em seus olhos e o canto de sua boca perfeita subiu, num claro convite. Que, infelizmente, não tive tempo de aceitar, porque alguém bateu à porta.
Christopher resmungou alguma coisa, irritado com a interrupção, e se pôs a procurar a camisa pelo chão. Assim que estava apresentável, foi atender à
porta, e uma histérica Madalena entrou no quarto.
— Perdoem-me, meus senhores. Lamento interrompê-los justo hoje, mas eu não sabia a quem recorrer. — Ela corou ao me ver apenas com a camisa e se virou, ficando de costas para mim. — Algo terrível aconteceu!
— Por que não se senta, senhora Madalena? — Christopher indicou uma das cadeiras perto da porta.
— Não seria adequado, senhor Uckermann.
— Bobagem. Venha — ele pegou a mulher pelo braço, guiando-a gentilmente até o assento.
Saí da cama e, assim que ela se acomodou, me ajoelhei diante dela.
— Por que você tá chorando? O que foi que aconteceu?
— Um terrível engano, senhora Uckermann — ela soluçou.
— Dulce — corrigi. — Que tipo de engano?
— Isaac desatrelou os cavalos da carruagem da senhora Cassandra ontem à noite. Os pobres animais estavam fadigados por conta da viagem, e o menino os levou ao estábulo para lhes dar um pouco de água. Mas a senhora sua tia — ela fitou Christopher através das lágrimas — não havia dado permissão, e hoje de manhã ela ficou furiosa com o menino por ter feito tudo sem consultá-la. E agora Isaac e o senhor Gomes irão partir, pois a senhora Cassandra demitiu o menino!
Autor(a): Fer Linhares
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— Senhora Madalena, por favor, acalme-se. — Christopher tocou de leve o ombro da mulher em prantos. — Ninguém deixará esta casa. Ao menos nenhum de meus empregados. — Algo perigoso faiscou em seu olhar. — Vou até o estábulo falar com Isaac e desfazer o mal-entendido.— Fi-fico muito grata, patr&ati ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??