Fanfics Brasil - Capítulo 19 (2ª Temporada) Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)


Capítulo: Capítulo 19 (2ª Temporada)

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Corri para a entrada do estábulo com o coração na garganta. Os empregados foram ao socorro de Christopher detendo o animal, que resistiu, mas acabou por fim cedendo e parando tempo suficiente para que Christopher se desenroscasse e levantasse. Minha pulsação retornou a um ritmo quase normal quando o vi se pôr de pé, mas o alívio durou pouco. Apenas até que eu pudesse ver seu rosto sujo de terra distorcido numa careta feroz.
— O que pensa que está fazendo, Dulce? — ele exigiu saber, parando bem à minha frente, as mãos nos quadris estreitos.
— Eu que pergunto. Machucou alguma...
— Por que está usando minhas calças? — ele me interrompeu, furioso.
— Não acredito que está tão bravo só porque peguei sua roupa emprestada. — Tentei brincar para aliviar o clima. Não funcionou. Na verdade pareceu irritá-lo ainda mais. — Ei, o que você tá fazendo? — objetei, quando ele começou a desabotoar a camisa.
— Cobrindo você — disse com o maxilar trincado. Assim que terminou com os botões, ele jogou a camisa em meus ombros.
— Eu já estou coberta, Christopher — reclamei, devolvendo-lhe a camisa. — Você não.
— Dulce... — E foi mais que um alerta.
— O quê? — empinei o queixo. — Não precisa de tanto estardalhaço.
Você sabia que eu usava calças. Já te contei isso!
Sua mandíbula se contraiu.
— O que não significa que poderá usá-las aqui.
— Você pensa que vai decidir o que eu vou usar, é? — cutuquei seu peito nu com o dedo. — Porque não vai funcionar. Não vou deixar que seja abusivo nem...
— Nem o quê? Antiquado? — completou, jogando a camisa novamente sobre mim. — Caso ainda não tenha reparado, você se casou com um homem do século dezenove. Isaac — ele chamou, sem desviar os olhos dos meus. — Vá cuidar da cerca quebrada. Leve Joaquim e Sebastião com você.
— Sim, senhor Uckermann — o garoto respondeu de pronto.
Fiquei encarando Christopher, revoltada e indignada, enquanto os três se retiravam. Dessa vez eu não estava expondo nem um único centímetro de pele. Era tão injusto ele mandar os empregados se retirarem por pensar que eu não estava vestida de forma apropriada.
Outra vez.
— Você não é antiquado — assegurei. — Você nunca se comporta assim a menos que o assunto seja... — Ah, inferno! — Minhas roupas — me dei conta, tarde demais.
— Se sabe de minha relutância, por que ainda insiste?
— Porque é assim que eu sou! — Eu me livrei da camisa e abri os braços para
que ele examinasse meu corpo. — Essa é a mulher que conheceu. Passei a vida toda vestindo calças! Eu sei que não é a moda por aqui, mas não estou exibindo pele alguma, estou decente, e muito mais confortável, se quer saber. Eu adoro calças.
Ele inspirou fundo, sacudindo a cabeça e apertando a ponte do nariz entre o polegar e o indicador.
— Você está tudo menos decente, Dulce.
— Não estou pedindo permissão, Christopher. Além do mais, como vou aprender a cavalgar usando aquelas porcarias de vestido? Vou acabar me matando, e com certeza vou mostrar muito mais pele com eles do que com as calças.
Isso o pegou de surpresa. Suas sobrancelhas se arquearam.
— Não sabia que desejava aprender a montar.
— Já tá na hora de eu aprender a me virar sozinha. Portanto, preciso das calças. Não foi por isso que você parou e me colocou na sua frente quando voltávamos da confissão? Porque minhas canelas ficaram de fora?
Christopher prendeu o fôlego e arregalou os olhos.
— Você pretende montar como um cavalheiro? Com as pernas escarranchadas?
— Como assim? — perguntei, inclinando a cabeça sem entender. — Há diferença no jeito de montar entre homens e mulheres? — Porque até então eu não vira nenhuma garota sozinha sobre um cavalo.
— As damas usam uma sela especial na qual as pernas ficam posicionadas em apenas um dos lados.
Chocada, me obriguei a perguntar:
— E como é que param em cima da sela? — Eu era a única que via o absurdo daquilo? — Não me parece seguro. E com certeza não é natural. Eu quero aprender a montar do jeito certo, com uma perna de cada lado, e terminar viva no fim do percurso.
Christopher bufou, passando a mão pelos cabelos, como se isso o ajudasse a clarear as ideias.
— Isso está fora de cogitação.
— Eu preciso aprender a montar, Christopher. Quero poder me locomover sem a ajuda de ninguém. Não posso depender de alguém sempre que quiser ir à costureira ou à farmácia... ao boticário, quer dizer. A questão é que eu dirijo desde os dezoito anos. Nunca bati o carro, sou uma boa motorista. Estarei segura. — Ao menos eu estava tentando me convencer disso.
Ficamos nos encarando por um longo instante. Eu não podia ceder. E ele não parecia nada disposto a largar o osso. Por fim, algo em seu olhar mudou.
— Muito bem — concordou. — Se sua vontade é aprender a cavalgar, terei o maior prazer em lhe ensinar, desde que use roupas e a sela adequadas.
— Mas eu não quero cair! E quero usar calças! — bati o pé e minha bota se encheu de areia.
— E eu não quero seu corpo exposto dessa maneira! — ele explodiu.
— Meu corpo não está exposto, droga!
Christopher riu, mas não era um riso feliz. Longe disso.
— Posso ver cada contorno dele, Dulce.
— Ah, pelo amor de Deus — joguei os braços para cima. — Implicar com a minha saia vá lá, mas com as minhas calças...
Minhas calças — ele frisou.
— Já é demais. Você vai me ensinar a cavalgar ou não?
— Não enquanto não trocar de roupas.
Furiosa, empinei a cabeça para poder olhar em seus olhos.
— Tudo bem. Então vou procurar alguém que não se importe com o que estou vestindo. — E lhe dei as costas.
— Não, não vai!
— Você não pode me imp... Ei! Me solta! — gritei surpresa quando Christopher me agarrou pelos quadris e me jogou por sobre o ombro nu, como se eu não pesasse mais que um pacote de Ruffles. — Que inferno, Christopher! Me solta!
Ele não me deu a menor atenção e começou a andar. Eu me debati, socando suas costas e esperneando, mas tudo que consegui foi uma pressão mais firme ao redor de meus quadris.
— Tá, tudo bem — desisti, soltando os braços, que sacudiam como os de uma boneca de pano. — Eu não vou procurar outra pessoa pra me ensinar a montar. Pode me pôr no chão agora.
Christopher ergueu um ombro, me acomodando melhor.
— Não acredito em você nem por um minuto. Nem mesmo você acredita no que disse. Por que é sempre tão teimosa, Dulce?
— Acho muito engraçado você ter um ataque por causa das minhas roupas quando você mesmo tá pelado! Vai matar a Madalena do coração se entrar assim.
Isso o fez interromper sua passada e me colocar no chão. Atirei a camisa para ele com raiva e marchei furiosa em direção à casa. Ele não podia estar falando sério sobre cavalgar com as pernas de um mesmo lado.
Como isso seria possível? Tudo bem que era assim que eu estava acostumada a montar, porém Christopher sempre ia atrás, com seus braços fortes me mantendo no lugar. Mas sozinha? A chance de acabar com a cabeça rachada ao meio era enorme. E, se ele estava pensando que mandaria no meu guarda-roupa, era melhor pensar direito.
Entrei em casa bufando, mal ouvindo a reclamação de Cassandra quando passei pela sala. Christopher estava me seguindo — não que eu tivesse me virado para ver, mas a voz irritante da tia chamando seu nome me deu a dica.
Eu não sabia para onde ir. Queria falar com alguém que me entendesse, mas essa pessoa estava no século vinte e um, provavelmente brigando com o marido também.
Estúpido século dezenove sem telefone!
— Dulce — chamou Christopher.
Eu segui em frente, vendo tudo borrado, e acabei na porta do escritório dele. Entrei e esperei impaciente, andando de um lado para o outro como um bicho enjaulado. Ele entrou instantes depois.
— Não acredito nisso, Christopher — despejei de vez. — Não acredito que você possa ser tão... Nosso relacionamento só deu certo porque você é um cara de cabeça aberta, moderno até. Compreendo seus motivos para não querer que eu use minha saia por aí, mas as calças? Não, isso eu não posso aceitar.
É puro capricho!
Ele fechou a porta e se encostou nela, cruzando os braços sobre o peito, me avaliando a distância, sexy pra diabo, com alguns botões da camisa abertos.
— Por que insistiu tanto para que eu vestisse a camisa?
— Porque não gosto que se exiba assim!
— Também não gosto que você se exponha — disse ele calmamente, sem tirar os olhos de mim.
— Mas é diferente. Eu... — Fiz uma careta quando me vi sem argumentos. — Eu não estava me expondo, estava querendo te ajudar, caramba! É tão errado assim querer usar calças?
Seu olhar escorregou pelo meu corpo, se detendo nas malditas calças.
— Fora do nosso quarto, sim, será um problema. Um que pode acabar me levando a contar passos ao amanhecer. — Seu rosto exibia um misto de fúria, indignação e... bom, desejo.
Foi aí que eu entendi. Todo aquele estardalhaço a respeito das calças não era
porque Christopher não gostava de me ver dentro delas. O grande problema era ter gostado demais!
Uma parte de mim se regozijou, aliviada. A outra ficou preocupada com
a tal ideia de contar passos. Ele estava falando dos duelos?
— Eu só queria aprender a montar para poder te ajudar a treinar os cavalos — murmurei, derrotada.
Eu pensei que nada pudesse deixar Ian mais irritado que as calças. Mas estava enganada.
— No estábulo? — ele deu um passo à frente. Sua postura blasé foi para o espaço. — Você perdeu o juízo? Ali não é lugar para uma dama.
— Você precisa de ajuda — apontei-lhe um dedo imperioso. — Você mesmo disse que está atolado.
— Sempre cuidei de tudo sozinho, Dulce. — Ele empinou o queixo, e eu desejei que fosse menos atraente para que eu pudesse ignorar aquele maxilar teimoso.
— Mas agora você tem a mim, e eu quero ajudar. Quero ser útil, Christopher!
— E você é! — ele suspirou exasperado, esfregando a testa. — Deus, não acredito que estamos discutindo isso!
— Quando, ChristopherIan? Quando fui de alguma utilidade desde que cheguei aqui? Tudo o que fiz foi atrapalhar você e tomar seu tempo pra ficar me pajeando por aí. Eu não sou dessas, Christopher. Gosto de me sentir útil. Quero fazer alguma coisa pra te ajudar.
— Eu agradeço a preocupação, mas o estábulo não é adequado para uma dama. É perigoso demais. Assunto encerrado.
Argh! Odeio quando você separa as coisas por gêneros. — Voltei a andar. — Mas tudo bem, se não vai me deixar ajudar lá embaixo, então quero ajudar na administração. Fiz faculdade pra isso e, apesar de não ter computador por aqui, posso dar conta do recado. Encontrei seus livros-caixa mais cedo e dei uma olhada. Montei umas planilhas... — Então corri até a mesa, peguei o caderno onde fizera as anotações e entreguei a ele.
— Você andou mexendo nos livros de contabilidade?
Se eu estivesse menos irritada, teria notado a frieza e a nota de cautela embutidas naquele comentário e ficado calada em vez de dizer:
— É. E consegui separar todos os gastos que achei dispensáveis. — Eu o fiz abrir a brochura na página certa. — A gente pode enxugar um pouco os gastos supérfluos até você pôr os lucros em ordem. Andei pensando a respeito e acho que deveríamos...
— Não — disse ele, fechando o livro depois de ter dado uma rápida olhada nas minhas anotações.
— Mas você ainda nem ouviu o que eu...
— Não existe nós aqui. — Soltando o caderno sobre a mesa, ele ergueu os olhos para me encarar. Havia tanta coisa neles. Orgulho, porém, era a mais proeminente. — Este é o meu trabalho, Dulce. Minha responsabilidade.
Você não devia ter mexido nas minhas coisas, nem deve se preocupar com a nossa situação financeira quando não há motivos para isso.
Finalmente percebi quanto ele estava ofendido. Recuei um passo.
— Mas, Christopher, eu sou boa!
— Isso não está em discussão, Dulce.
— Mas... eu quero cuidar de você. É o que uma esposa faz, não é? Além disso, não sei ficar à toa, sem fazer nada. Vou enlouquecer!
Ele fechou os olhos e esfregou a testa outra vez.
— Por que é tão teimosa? — exalou com força.
Frustrada, me deixei cair no sofá, enterrando a cabeça nas mãos. O couro rangeu. Aquela discussão não nos levaria a lugar nenhum.
Passaríamos o resto da vida discutindo sem chegar a um consenso.
Recostei-me no sofá e deixei a cabeça pender para trás, fitando o teto.
— Não foi assim que planejei passar a lua de mel.
— Acredite quando digo que nem eu. — Sua mágoa era tão difícil de ouvir quanto de ignorar.
Percebi que ele não fazia por mal. Apenas seguia à risca os padrões segundo os quais fora talhado. Eu teria um trabalho árduo pela frente.
Alguém bateu à porta.
— Entre. — Christopher soltou um suspiro agastado.
Gomes entrou e fez uma mesura. Avisou que o dr. Almeida acabara de chegar. Christopher disse que já iria recebê-lo, e o mordomo partiu logo em seguida.
— Gostaria de estar presente enquanto ele examina o curativo — falou, mas ainda estava irritado.
— Não tenho certeza se é isso mesmo o que você quer. Aliás, estou tentando entender sua atitude nos últimos minutos, e, quanto mais penso, menos compreendo.
Ele me lançou um olhar duro, mas, de certa forma, magoado.
— Posso acreditar nisso. Tento entendê-la sempre, mas a recíproca não é verdadeira. Procure pensar como alguém deste século e talvez compreenda que o que peço é razoável: apenas me deixe cuidar de você, protegê-la. Você esquece que nem todos os homens deste século são dignos de receber o título de cavalheiro. Fique com as malditas calças, se é o que deseja. Mas não espere que eu me sinta feliz com isso. — Ele deixou o escritório, batendo a porta com tanta força ao passar que eu estremeci.



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Autor(a): Fer Linhares

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Terminei de abotoar o vestido verde de mangas curtas e me olhei no espelho, pensando no que Christopher dissera havia pouco. Era difícil para mim compreender aquele século. Muita coisa no mundo havia mudado desde que eu nascera. Mas não era tão incomum assim ouvir uma mulher dizer que o marido preferia que ela ficasse em casa c ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



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  • kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52

    Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2

  • tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32

    amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro

  • Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03

    Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2

  • GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38

    Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV

  • GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26

    Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo

  • Postado em 15/01/2017 - 20:30:45

    ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14

    ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada

  • Postado em 15/01/2017 - 17:24:53

    amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46

    owts bebe vondy a caminho amando

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26

    Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??


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