Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
Terminei de abotoar o vestido verde de mangas curtas e me olhei no espelho, pensando no que Christopher dissera havia pouco. Era difícil para mim compreender aquele século. Muita coisa no mundo havia mudado desde que eu nascera. Mas não era tão incomum assim ouvir uma mulher dizer que o marido preferia que ela ficasse em casa cuidando dos filhos a trabalhar e ajudar no orçamento familiar. Christopher não estava exigindo nada de que eu já não tivesse ouvido falar. Ainda assim, eu esperava que ele compreendesse que eu não era aquele tipo de garota. O problema era que ele não conhecia o “meu” tipo. Tive que lembrar que ele conhecia apenas um mundo, o seu, e, apesar de eu lhe contar como o meu funcionava, sabia que ele não o compreendia completamente. Eu mesma não entendia muitas coisas do século vinte e um.
Os homens se puseram de pé assim que pisei na sala. Christopher pareceu surpreso ao ver que eu havia trocado de roupa. Já não parecia furioso, mas algo ainda o incomodava muito. Rezei para que fosse a mesma angústia que me corroía por causa da nossa discussão.
O dr. Almeida me aguardava na companhia do sobrinho e de William.
Júlio era um pouco parecido com o tio, mas muito sério, e eu não me lembrava de alguma vez ter ouvido sua voz. Já William empregava todos os seus esforços para fazer Maite sorrir e estava conseguindo. A garota, sentada ao lado do primo, mantinha os olhos fixos no chão, mas exibia suas covinhas, e, pelo tom rosado em seu rosto, eu podia jurar que Maite era capaz de sentir o olhar de William sobre ela.
Infelizmente, Cassandra também estava presente.
— Ora, já era tempo — disse ela, encantadora como sempre. — Quanto mais as visitas teriam de esperar para que a senhora se desse ao trabalho de vir recepcioná-las?
— Tia Cassandra... — resmungou Christopher, num tom sombrio, vindo ao meu encontro.
— Toda espera vale a pena quando se é recompensado com uma visão encantadora como a senhora Uckermann. — O médico se aproximou e pegou a minha mão. — Como tem passado, minha querida?
Tudo bem, eu admito. Ficava cada vez mais difícil odiar aquele homem.
— Tô bem, dr. Almeida. E o senhor?
Seu humor mudou e, de súbito, pareceu cansado, velho, desolado.
— Sentindo-me de pouca utilidade em dias como este — murmurou ele, infeliz.
Christopher se retesou ao meu lado, lançando um olhar aflito para o amigo e me deixando confusa.
— Como assim, dr. Almeida? — eu quis saber.
— O senhor não prefere refazer o curativo no quarto? — Christopher perguntou depressa. Depressa demais! Ele parecia em pânico, a ponto de me lançar sobre os ombros e sair correndo. O que era totalmente injusto, porque eu tinha quase certeza de que não tinha cometido gafe nenhuma.
— Sim, senhor Uckermann. Um pouco de privacidade será bom para sua esposa — concordou o homem, e se abaixou para pegar a maleta sobre a mesa de centro escura.
Não me escapou a troca de olhares entre eles. Meu marido parecia enviar uma mensagem ao médico. E eu não consegui entender.
— O que tá acontecendo? — insisti, olhando de um para o outro.
— Meu tio perdeu uma paciente hoje — Júlio contou, abrindo a boca pela primeira vez. Sua voz era um tantinho aguda demais.
— Um terrível acidente — completou William. — Não havia mais nada que o bom doutor pudesse fazer.
— Quando uma tragédia dessas acontece, me questiono sobre a justiça da providência divina — disse Alfonso com pesar.
— Compreendo o que quer dizer — comentou Maite. — Às vezes me flagro refletindo sobre isso também.
— Deve ser culpa da sensibilidade dos Uckermann. O mundo nos deprime, o tempo todo.
— Não me parece um julgamento acertado de seu caráter, primo.
— Ah, mas é, querida Maite. Sou uma alma atormentada. Trata-se de uma maldição — brincou Alfonso, e Maite riu.
William estudou minha cunhada, depois observou Alfonso demoradamente, o cenho franzido.
Christopher deu um passo para o lado, bloqueando a cena e ficando de frente para mim.
— Podemos ir? O dr. Almeida ainda precisa visitar outros pacientes.
Fiz que sim, ainda incomodada com alguma coisa que eu não conseguia nomear. Além do mais, eu tinha a sensação de que Christopher não queria que eu soubesse do acidente da garota. Mas por quê, se eu nem a conhecia?
Assim que chegamos ao quarto, o médico começou a trabalhar nas ataduras e depois nos pontos. Christopher evitava meu olhar e puxava conversa fiada com o médico a todo instante. Minha intuição gritava àquela altura e me peguei pensando na melhor maneira de abordar o assunto. Optei por ser direta.
— Então — comecei quando a conversa dos dois cessou por um breve instante. — Quem morreu mesmo?
O médico ergueu a cabeça para Christopher. Meu marido manteve a expressão impassível.
— Ninguém que você conheça — Christopher se apressou em responder.
— Isso eu já sabia, mas quem era ela? Você a conhecia? Como foi o acidente?
Ele pressionou os lábios até se tornarem uma linha quase invisível.
— Por que quer saber, Dulce? — Sua rispidez foi mais um sinal de que algo ali estava errado.
— Porque você ficou todo esquisito quando mencionaram a morte da mulher. Você a conhecia, não é?
Ai, meu Deus! Só podia ser isso! Christopher a conhecia. Talvez em algum momento ele tivesse amado essa mulher. Na adolescência, por exemplo. E agora ela havia morrido e ele se sentia mal com isso, e não podia me contar porque pensava que eu não entenderia.
E é claro que eu entendia. Eu tinha a minha história, era natural que ele também tivesse uma. Claro que eu o compreendia. Até poderia acompanhá-lo, se ele quisesse se despedir. Desde que ela não tivesse sido muito bonita e que seu nome nunca mais fosse pronunciado, tudo bem para mim.
— Não, eu não a conhecia — Christopher esfregou a testa, fechando os olhos.
— Não? Então... por que não quer que eu saiba o que aconteceu?
— Porque não há nada a ser dito. — Ele ergueu os ombros e examinou o trabalho do dr. Almeida mais de perto. — Foi uma fatalidade, apenas isso.
— Que tipo de fatalidade? — insisti. — Ela foi atropelada? Rolou da escada? Caiu um raio na cabeça dela?
Christopher prendeu a respiração, o médico ergueu os olhos de súbito, ambos me encarando com espanto.
— Caiu um raio na cabeça dela?! — perguntei atônita.
Muito contrariado e ainda alterado, Ian assentiu uma vez.
— Meu Deus — exalei com força. — O século dezenove não é o lugarzinho calmo e tranquilo que eu imaginava.
— Perdão, como disse, senhora Uckermann? — O dr. Almeida tinha os olhos fixos em mim.
— É... nada. — Voltei-me para Christopher: — Como foi que isso aconteceu?
Ele hesitou por um momento, esfregou o rosto com força e acabou deixando seu corpanzil cair aos pés do colchão.
— A jovem foi atingida por um raio duas noites atrás. Ela procurou abrigo sob uma árvore durante a tempestade e então...
— Ah, não! — gemi. — Ninguém avisou para garota que não se deve ficar debaixo de uma árvore se estiver chovendo?
Ele me lançou um olhar estranho.
— E por que alertariam?
Foi a minha vez de ficar confusa.
— Ué, as árvores atraem raios, não se deve ficar perto de uma durante uma tempestade. Todo mundo sabe disso.
Mas, pela cara do Christopher e do médico, nem todo mundo sabia.
— Tem certeza, minha querida? — perguntou o dr. Almeida. — Sua teoria se baseia em quê, precisamente?
— Bom, no que a minha mãe me disse. Não sei bem como funciona, mas acho que a árvore meio que serve como um para-raios, por causa das raízes.
— Espantoso! — ele exclamou de olhos arregalados.
— E explicaria algumas coisas... — Christopher fitou o médico, buscando respostas.
Examinei atentamente sua expressão e tentei entender por que ele se esforçara tanto para evitar que eu soubesse daquela história se nem conhecia a tal garota.
Depois de refletir por um instante, cheguei à conclusão de que não quisera me assustar, assim como fizera com suas finanças.
Não gostei daquilo. Sua vontade de me proteger era bacana e tal, mas o fato de esconder coisas de mim me deixou em pânico. Não era esse tipo de casamento que eu pretendia ter. Honestidade sempre viria em primeiro lugar.
Era assim que eu sempre agira com ele.
— Não posso me demorar — disse o dr. Almeida, removendo o último ponto. — Preciso ir à casa do senhor Albuquerque antes do jantar. Que horas são?
Christopher retirou o relógio que eu lhe dera do bolso da calça e checou as horas.
Ao ver o relógio, algo desagradável ferroou meu cérebro, cravando suas garras ali e querendo emergir. Mas eu logo trancafiei o pensamento no fundo da mente, de onde eu esperava que ele jamais saísse.
Autor(a): Fer Linhares
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Christopher acompanhou o médico até a porta e não voltou para o quarto. Porém, alguns segundos depois, Madalena me chamou, avisando que ele estava no escritório com um tal senhor Domingos e que desejava que eu me juntasse a eles. Passei as mãos nos cabelos, tentando deixá-los quase decentes, e fui procur&aa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??