Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
Eu encarava o teto branco. Só isso. Por que é que eu estava olhando para ele?
— Dulce?
Eu me sentei no sofá vermelho, procurando, e meu coração quase saiu pela boca.
— Nina! — exclamei, pulando sobre minha amiga e me agarrando a seu pescoço. — O que você tá fazendo aqui?
— Eu que devia te perguntar isso. — Ela me segurou pelos ombros, examinando meu rosto com a preocupação estampada nas feições delicadas. — Você não devia estar vivendo o seu “felizes para sempre” no século dezenove?
— Mas eu estou no século... — No entanto, quando olhei ao redor, para a sala mobiliada, a TV e os objetos modernos do apartamento da minha melhor amiga, minha voz sumiu. — Vinte e um?
Minha respiração vacilou, assim como meu coração.
— Onde está o Christopher? — perguntei num fiapo de voz estremecida
— Não faço ideia. Eu não vi mais ninguém. — Ela sacudiu a cabeça, fazendo seus cachos dançarem. — Como foi que chegou aqui?
— Eu não sei, Nina.
— Como assim, não sabe? — Nina apoiou as mãos nos quadris. — Dulce, o que você aprontou dessa vez?
— Não sei! Não era pra eu estar aqui. Não era! — Corri para a janela, mas, quando abri as cortinas, não havia janela nenhuma, apenas uma densa parede branca. — Nina, o que tá acontecendo?
Como ela não respondeu, eu me virei. E me dei conta de que ela tinha simplesmente sumido, assim como o sofá em que eu estava deitada, os móveis. Tudo o que restava era um vazio enorme que ecoava em meu peito.
— Christopher!
Corri para a porta, mas não havia saída: uma parede de tijolos impedia a passagem. Eu me afastei, respirando aos soluços, até bater as costas na parede oposta. Não, em uma porta. Uma que não estava ali antes. Forcei a maçaneta e ela girou. Um longo corredor surgiu, algumas poucas luzes piscavam, num esforço para se manterem acesas. Saí em disparada, correndo e chamando por Christopher, mas o corredor parecia não ter fim. Uma porta vermelha surgiu na lateral esquerda, e eu me agarrei a ela, forçando com o corpo para fazê-la abrir. Quando consegui, me deparei com uma escada em caracol que parecia alcançar o céu. Ou o inferno, dependendo da direção que eu escolhesse. Preferi descer e, saltando os degraus de dois em dois, cheguei ao térreo, que nada mais era que uma rua escura da minha metrópole, parcialmente coberta por uma fina névoa. Um arrepio percorreu minha coluna, e abracei a mim mesma tentando reter o calor.
Carros passavam a toda por ali, pessoas andavam apressadas, esbarrando umas nas outras, em mim. Os cheiros de concreto e de escapamento queimavam minhas narinas.
Para onde Nina tinha ido? Por que eu voltara àquele século? Onde estava Christopher?
Procurei por ele em meio à multidão, mas era difícil distinguir alguém com toda aquela neblina. Então vi uma cabeça de cabelos negros se sobressaindo no mar de pessoas. E ela se afastava em ritmo acelerado.
— Christopher, eu tô aqui!
Corri trombando em muita gente. Elas formavam uma barreira quase intransponível, que me jogava para trás toda vez que eu me aproximava dele.
— Christopher, espera! — gritei, me livrando de algumas mãos, mas ele não me ouviu. Continuou seguindo em frente a passos largos e dobrou a esquina.
Pareceu que horas se passaram até que conseguisse alcançar o cruzamento que levava ao beco escuro.
E ali estava ele, de costas para mim, olhando fixo para o muro de tijolos pichados.
— Chgristopher, como foi que chegamos aqui? — perguntei sem fôlego.
Ele se virou, parecendo muito confuso ao inclinar a cabeça para o lado e me examinar com atenção.
— Perdoe-me, mas nós nos conhecemos?
— O quê? — Eu me aproximei, esticando o braço para tocá-lo, mas, antes que meus dedos fizessem contato, Christopher se dissolveu feito fumaça.
— Não!
Emergindo da escuridão em um vestido esvoaçante, ela, a mulher que me enviara ao século vinte e um, exibia uma expressão sombria.
Estanquei onde estava, dura feito um cadáver.
— Não! — ofeguei. — Por favor, não! Por favor, não faça isso!
Ela me observou por um longo instante antes de responder com pesar:
— Sinto muito. — E olhou para o céu enevoado. — Acabou, Dulce.
Segui seu olhar bem a tempo de ver um raio relampejar dentro das
nuvens negras para em seguida me atingir.
— NÃO! — Sentei na cama, ofegando, o coração aos pulos, o ouvido zumbindo, e meu corpo todo tremia. O sol entrava pela janela. Olhei para o lado, agarrando os lençóis frios da cama com dossel. — Christopher! — Atirei as cobertas para o lado e abri a porta do quarto conjugado, apenas para me deparar com mais vazio. — Não, por favor, não.
Eu mal conseguia me manter de pé, então me apoiei na parede e tateei até encontrar a porta, com medo de girar a maçaneta e dar de cara com outra parede de tijolos. Mas ela se abriu como de costume, e o corredor parecia o mesmo de sempre. No entanto, meu coração estava tão apertado e batia tão rápido, que era como se algo estivesse mesmo faltando.
Trôpega e com a visão obstruída pelas lágrimas, fui seguindo em frente, e, ao passo que o medo crescia ainda mais, meus pés ganhavam força e eu seguia mais rápido, até estar correndo e gritando o nome do meu marido a plenos pulmões.
A porta do escritório se abriu bruscamente. Christopher procurava em volta, o rosto preocupado. Meu coração acelerou ainda mais.
— Christopher! — colidi em cheio com ele, enroscando meus braços ao redor de seu tronco e enterrando minha cabeça em seu pescoço, inalando o aroma que fazia meu mundo girar. Christopher não tinha desaparecido! Ele estava ali, me abraçando com força.
— Meu amor! Você está tremendo! O que aconteceu? — As mãos espalmadas subiam e desciam por minhas costas.
— Eu voltei. Voltei e vo-você não estava lá. Só a Nina estava, mas depois não estava mais! Aí eu te procurei e te encontrei, mas você... su-sumiu. — Eu tremia descontroladamente. — Ela disse que tinha acabado! E eu joguei comida naquela mulher. Depois teve a dança, e aquele palhaço ficou me cantando, e a porta não era uma porta e tinha uma escada muito longa. A Nina virou fumaça, e você não me reconheceu, e um raio me-me atingiu e você... você... não sabia quem eu era!
Eu não conseguia ordenar os pensamentos. As imagens estavam todas misturadas, e eu não era capaz de separar o pesadelo da realidade. Não que alguma vez na vida eu tenha conseguido, mas agora a confusão havia atingido novos níveis, e tudo que eu pude fazer foi chorar como uma criancinha assustada.
— Eu sabia que devia manter aquelas histórias longe de você — ele praguejou baixinho e me apertou com tanta força que senti uma de minhas costelas estalar. Mas me fundir a Christopher de um jeito irreversível, numa completude indissolúvel, para que ninguém jamais pudesse nos separar, era tudo que eu queria. — Ninguém a levará a parte alguma, Dulce. Eu não vou deixar!
— Não vai?
— Nem que eu tenha de mover o céu e a terra. Você nunca mais se afastará de mim, quer goste disso ou não.
Não sei bem por quê, mas achei aquilo engraçado e comecei a rir.
Era muita coisa para assimilar. Fazer meu cérebro entender, separar o que realmente tinha acontecido do que fora um pesadelo, muito embora tudo parecesse um.
Porém o riso frouxo logo tomou outro rumo e voltei a chorar, ainda mais do que antes.
— Por favor, Dulce, não chore. Meu coração não suporta vê-la sofrer assim. — Ele tocou a lateral do meu rosto, afastando meus cabelos para o lado e beijando minha testa, minha bochecha, a pontinha do meu nariz molhado e meus lábios inchados pelo choro.
— Só me-me abraça — solucei. — E não me solta.
— Nunca mais — ele completou, me apertando com tanta força que meus pés saíram do chão.
Levantei a cabeça e busquei sua boca, porque, naquele momento, ela era a cura para a minha dor. E Christopher sabia disso, pois a forma como me beijou expressou tudo que eu precisava ouvir. “Estou aqui. Sempre estarei aqui”, dizia ele, mesmo sem proferir palavra alguma .
— O que pensam que estão fazendo?! — alguém berrou.
Cassandra.
Enrijeci nos braços de Ian e libertei seus lábios. Ele me colocou no chão, mas não me soltou.
A mulher me encarava com raiva. Seu filho, um pouco mais atrás, parecia aturdido e desviou o olhar para o chão.
— Tia Cassandra. — Christopher me segurou mais firme. — Este não é o momento mais oportuno para um de seus sermões.
— E quando será oportuno, meu sobrinho? — perguntou ela, furiosa.
— Quando será a ocasião apropriada para falarmos da nudez de sua esposa?
Eu olhei para baixo, para a camisa velha manchada de tinta, minhas pernas nuas, meus pés descalços.
Ah, merda.
Estiquei a barra da camisa, tentando cobrir o máximo possível de pele.
Christopher pareceu se dar conta da minha seminudez ao mesmo tempo que eu, e, relutantemente, me soltou para tirar o paletó e colocá-lo sobre os meus ombros.
— Eu... tenho algo a resolver. — Alfonso se esquivou pela porta e se afastou o mais rápido que pôde, sem voltar os olhos para mim. Porque, ao contrário da mãe, ele era extremamente educado e gentil.
Christopher me empurrou para trás, colocando seu corpo entre mim e a tia, os braços esticados e protetores. Ela não deu a menor importância para isso. Seu olhar feroz permaneceu cravado em mim, como se tentasse me fazer sumir ou alguma coisa assim. Então ela voltou os olhos para Christopher.
— Que espécie de homem se tornou? — esbravejou. — Um devasso, como seu tio?
— Eu já disse que agora não é um bom momento — repetiu, impaciente.
— Que direito tem de expor Maite à influência desavergonhada desta mulher? — Ela apontou para mim. — E a sua própria conduta não me parece melhor que a dela neste momento.
— Maite já está crescida e sabe o que deve ou não fazer.
— Ela é apenas uma menina! Uma menina que venera o chão que esta mulher pisa! E se tornarão iguais se ninguém impedir! Você quer que Maite aja como esta mulher? Que se exponha dessa forma?
Aquilo fez Christopher reagir. Só não foi a reação que eu esperava.
— Esta mulher é a dona da casa na qual a senhora tem dormido nas últimas noites. — Ele aumentou o tom de voz e deu um passo à frente. Cassandra recuou. — A senhora não se referirá a ela nesses termos novamente, se ainda desejar dormir sob este teto.
Cassandra empinou o queixo pontudo.
— É isso o que deseja, Christopher? Assistir à sua irmã se envergonhando diante de toda a sociedade? Vestindo calças e atraindo olhares de cavalheiros sem moral? Tratando a criadagem como da família? Andando pela casa desnuda e exibindo o corpo como se fosse uma...
— Basta! — Christopher gritou tão alto que as paredes pareceram chacoalhar.
Cassandra se calou, piscando várias vezes. — Saia desta casa e esqueça o caminho de volta. A senhora não é mais bem-vinda aqui.
— Pois é o que farei. Não ficarei nem mais um minuto sob o mesmo teto que esta dama. — E me olhou com desprezo. — Conheço esse tipo de mulher. Seu tio sustentou muitas delas.
— Retire-se. Agora. — Christopher trincou os dentes. Eu tive a impressão de que, se Cassandra fosse homem, eles teriam rolado no chão.
— Partirei imediatamente. Mas esteja certo de que sua irmã não será corrompida pela depravação desta dama. Levarei Maite para viver comigo.
Autor(a): Fer Linhares
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Eu sabia que não devia interferir. Era assunto de família, e eu devia ter deixado os dois se resolverem. Infelizmente, meu cérebro, ainda perturbado pelo pesadelo, entre outras coisas, decidiu ignorar o bom senso.Não que isso fosse novidade.— Maite não vai a parte alguma, muito menos com a senhora — me meti, saind ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??