Fanfics Brasil - Capítulo 29 (2ª Temporada) Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)


Capítulo: Capítulo 29 (2ª Temporada)

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Eu sabia que não devia interferir. Era assunto de família, e eu devia ter deixado os dois se resolverem. Infelizmente, meu cérebro, ainda perturbado pelo pesadelo, entre outras coisas, decidiu ignorar o bom senso.
Não que isso fosse novidade.
— Maite não vai a parte alguma, muito menos com a senhora — me meti, saindo de trás de Christopher. Ele parecia ter dificuldade de controlar a raiva.
— O lugar dela é aqui.
— O lugar dela é ao lado de pessoas de bem — Cassandra rebateu. — Maite precisa de bons exemplos.
— Deve estar louca, dona Cassandra, se acha que vou deixar Maite viver sob seus cuidados e se tornar uma mulher amarga feito a senhora.
Ela sorriu de um jeito cínico.
— Era de esperar tais insultos de uma dama de sua estirpe.
— A senhora ainda não viu nada! Tenta encostar um dedo na Maite pra ver o que é uma mulher desqualificada de verdade.
— Ela não é sua responsabilidade — assinalou Cassandra, altiva.
— É minha. — Christopher por fim abriu a boca. Sua voz estava fria, morta. — Eu cuidei de Maite quando ninguém mais o fez. Vivemos sozinhos por anos sem que ninguém se preocupasse conosco ou com nosso bem-estar. A única que demostrou interesse é a mulher com quem me casei. Não me venha dizer agora o que é bom para a minha irmã, pois a senhora mal a conhece!
— Aquela fúria ameaçava extravasar. — Sou o tutor dela, e Maite não vai a parte alguma. Porém a senhora vai.
A mulher titubeou, mas se recompôs depressa, empinando o nariz um tanto avantajado.
— Se pensa que faltarei com a minha obrigação, está muito enganado.
Se quiser me expulsar, terá de fazê-lo com as próprias mãos, pois não sairei daqui até estar certa de que minha sobrinha está em segurança. E, como bem sabe, minha determinação é inabalável.
— O quê?! — gritei. Viver com a Cassandra seria um pesadelo. E tão ruim quanto pensar que Maite podia perder sua reputação porque dei mancada e estraguei tudo. De novo.
Christopher nem piscou para responder:
— Será um prazer ajudá-la encontrar o caminho da rua.
As feições de Cassandra endureceram, a fúria tingindo-as de vermelho.
— Isso é o que veremos! — E saiu pisando duro.
Quando ela já estava longe, eu, em pânico, quis saber:
— Christopher, o que a gente vai fazer?.
Ele mantinha os olhos fixos nas costas da mulher.
— Apresentaremos a porta da sala a ela.
— Sério, Christopher. Tô falando de Maite. Ela... Cassandra pode... ter razão — admiti, mortificada.
— Não, ela não tem. — Ele me empurrou para dentro do escritório e encostou a porta.
— Christopher... — engoli em seco. — O que sua tia disse... sobre manchar a reputação de Maite, acho que já está acontecendo. As pessoas estão falando. De mim, de você. E acho que de Maite também.
Ele parou de andar e se virou para me encarar. Uma cólera excessiva cintilava em seus olhos. Recuei um passo.
— O que estão dizendo sobre você? — ele exigiu saber.
— Aquilo que eu já esperava. Que sou diferente... de um jeito ruim. Mas admito que fiquei surpresa por eles acreditarem que eu faço bruxaria — ergui os ombros.
Tentei desviar o olhar para o chão, mas Christopher cruzou a sala e, com dois passos, estava bem à minha frente, segurando meu rosto e o inclinando para cima.
— Dulce, você é diferente de um modo extraordinário. Você é extraordinária! É a razão de eu acordar no meio da noite só para me certificar de que ainda está ali, tamanho é o medo que tenho de perdê-la outra vez. É o motivo pelo qual me sinto tão afortunado, é a causa do sorriso estúpido que me estica a boca antes de dormir. As especulações da sociedade não significam nada para mim.
— Mas, Christopher... — Prendi a mão no pulso que ainda estava em meu rosto.
— Não é da Dulce que estão falando. Com isso eu não me incomodaria — muito, eu quis acrescentar. — Estão falando da senhora Uckermann, sua mulher, cunhada da senhorita Maite. Se... se eu não aprender tudo bem depressa... E eu juro que tenho me esforçado, mas sempre dá tão errado! Mas se eu não mudar, se as pessoas continuarem a me julgar porque tenho outros hábitos, Maite vai ficar com essa marca pra sempre, não vai? Como aquele duque que você me contou uma vez, que deu vexame num baile e ninguém nunca mais
esqueceu.
Ele inspirou fundo.
— Dulce... — Mas por mais que ele relutasse, vi a verdade aparecer e alterar sua expressão.
— Então sua tia tem razão. — Eu me esquivei dele, passando por baixo de seu braço e me dirigindo até a janela. — Quando a gente se conheceu você disse que procurava uma boa influência pra sua irmã. E eu não sou boa influência pra ela. Amo Maite, não consigo imaginar esta casa sem ela, mas não posso ser a ruína de todos os sonhos dela por querer mantê-la perto de mim.
Senti Christopher se aproximar.
— O que está dizendo?
Tomei fôlego.
— Que talvez Maite devesse ir viver com a Cassandra mesmo, que sabe essas paradas de etiqueta do século dezenove e tal. Seria o melhor para ela.
Ao menos por uns tempos. Até eu conseguir... você sabe, me comportar direito e fazer esse povo maluco se dar conta de que não sou uma bruxa.
— Não diga bobagens.
Cruzei os braços, ainda de costas para ele.
— Eu vi o futuro dela, Christopher. E é tão lindo, alegre, cheio de amor, do jeito que Maite merece. Eu não posso permitir que seja alterado. Ontem mesmo o... humm... — me detive, mordendo o lábio.
— O... — instigou ele, bem atrás de mim.
— Ontem, no baile dos Romanov, o cara que será tudo na vida da sua irmã vacilou. Ninguém me contou. Eu vi.
— E estamos falando de... — Ele se deteve sugestivamente.
— Boa tentativa, mas não vou contar. O que estou querendo dizer é que vou fod/er com a vida de Maite.
— Dulce! — ele censurou.
— Desculpa, mas não achei palavra melhor. Tá vendo? Imagina se falo um palavrão desses perto dela? E se ela me perguntar o que significa? Porque você sabe que eu vou contar. Nunca vou mentir para Maite. Já basta ter de esconder dela que viajei no tempo, que vim do futuro. É disso que eu tô falando. Sei que você não quer que eu lhe conte tudo, mas ela quer saber, Christopher. Maite é esperta, curiosa e inteligente. E o que quer que ela me pergunte, sempre responderei com a verdade, como eu fiz com... humm... — Parei de falar. Christopher não precisava saber da conversa sobre sexo que tivemos às escondidas.
— Com o quê? — perguntou, desconfiado.
— Deixa pra lá. É que... eu amo a Maite. E faria tudo por ela, e, se pra ela ser feliz, eu tiver de me afastar, então...
— Não — ele replicou sem titubear. — Ela não seria feliz longe de você. Maite também a ama, Dulce.
— Você acha? — perguntei esperançosa, me virando para encará-lo. — Porque a última coisa que eu quero é vê-la triste.
Christopher sorriu, pousando as mãos grandes e quentes em meus ombros.
— Maite conversa mais com você do que comigo. — Seus dedos longosdeslizaram pelos meus braços até se aquietarem em minha cintura. — Sua opinião se tornou mais importante para ela que a minha. O que acha?
Soltei um suspiro aliviado e deixei a cabeça tombar no peito de Christopher.
— Ainda bem, porque eu não posso ficar sem ela. Já tive que deixar a Nina para trás. Não suportaria perder Maite também.
Ouvi um rangido e olhei para a porta. Estava entreaberta, e eu pensei ter visto uma movimentação, mas não havia ninguém ali.
— Então o que vamos fazer para acabar com a fofoca? — Ergui cabeça.
— Quer dizer, além de eu tentar me passar por uma mulher do século dezenove?
— Você agora é uma mulher do século dezenove — ele me corrigiu, sério. — E não acredito que a reputação de Elisa seja maculada porque a cunhada dela desconhece os passos de uma dança tola.
— E nem por ter jogado comida na anfitriã do baile?
Um meio sorriso curvou sua boca para cima.
— Não.
— E nem por não ter desmaiado quando quase foi atropelada?
— Nem mesmo por isso. — O sorriso dele se ampliou.
— E nem por... — A lista era infinita, mas ele me impediu de continuar, pousando um dedo sobre meus lábios.
— Não. Nada poderia.
Soltei um longo suspiro.
— Xabe, exa coija de eu ficar envergonhando voxê não acontexeria no meu tempo — resmunguei sob seu dedo e ele riu, liberando minha boca. — Eu sou bem comum por lá.
— “Comum” é a última palavra que eu escolheria para descrevê-la
— Andei pensando... E se você fizesse uma lista das regras do século dezenove? Eu posso decorar tudo bem depressa, e aí eu pararia de te envergonhar.
Christopher fechou a cara.
— Você não me envergonha e jamais me envergonhou. Quando vai entender isso? — E sua expressão se suavizou quando ele falou: — Agora pare de se preocupar com tolices e venha aqui. — Ele já inclinava a cabeça para me beijar.
Depois disso, Christopher me levou até o quarto, atento para que ninguém me visse com tão pouca roupa. Em seguida, anunciou que precisava visitar um arrendatário.
— Não gostaria de me acompanhar? Não quero deixá-la sozinha — perguntou, quando eu já estava decentemente vestida.
Bom, eu também não queria ficar longe dele, no entanto tinha uma coisa para fazer e já estava com o prazo apertado.
— Acho melhor não. Se você vai tratar de negócios, prefiro ficar e não correr o risco de me meter sem querer. Além do mais, deixar sua irmã sozinha com a sua tia ainda solta por aí pode não ser uma boa ideia.
— Tem razão. Avisarei os empregados agora mesmo sobre a partida de Cassandra.
— Não tenho certeza se ela pretende mesmo ir embora. Você falou sério ainda agora? Teria coragem de arrastá-la porta afora?
— Não se trata de coragem, e sim de honradez — bufou, aborrecido. — Se fosse Alfonso, eu não hesitaria. Mas ela... Maldição! Me vejo de mãos atadas. Espero que o fato de não ser mais bem-vinda baste para que faça as malas. Preciso ir agora. — Ele me segurou pelos ombros. — Serei o mais breve possível.
— Vai lá. — Agarrei as lapelas de seu paletó e o beijei. — E acaba com eles!
— Por que é que eu faria isso? — Ele me fitou horrorizado.
Eu ri.
— É, tipo, vai lá e detona... Ou, sei lá, boa sorte.
— Ah! — Ele exibiu os dentes brancos perfeitos. — Obrigado.
Assim que fiquei sozinha, fui procurar Maite, mas mais uma vez ela saíra com Alfonso. Não gostei nada daquilo. Precisava ter uma conversa franca com a minha cunhada e entender bem o que andava se passando em seu coraçãozinho adolescente.
Eu me dirigi para a cozinha e encontrei ali as caixas de frutas que encomendara e os frascos vazios que o seu Plínio prometera me enviar.
Com as mãos na cintura, Madalena olhava desconfiada para aquilo tudo, bufando.
— Tenho medo de perguntar o que a senhora vai aprontar agora.
— Preciso fazer uma grande quantidade de condicionador, Madalena. Tipo, um montão mesmo. — Peguei um abacate e fingi examiná-lo. — Pensei em fazer um estoque. Vai que o Christopher muda de ideia e a gente acaba viajando de repente? — Pronto. Parecia uma desculpa bem convincente.
— Eu me pergunto o que fazer com os cocos. A senhora utiliza apenas a água. E tenho feito um bocado de compotas.
— Eu gosto de compotas.
Ela pegou uma faca pontiaguda e um coco, posicionou-o precisamente sobre a mesa de madeira e me olhou feio.
— Então deveria comê-las de vez em quando. A senhora tem comido muito pouco. — E começou seu trabalho.
Eu apenas revirei os olhos. Madalena havia se habituado a meu apetite com mais facilidade do que Anahí, e o fato de Christopher estar assaltando a cozinha durante a madrugada, em busca de guloseimas para mim, milagrosamente — devo acrescentar — ainda não chegara aos ouvidos da governanta.
Preparei uma grande quantidade de papa e, enquanto Madalena a misturava com a água de coco, fui apanhar os óleos, que agora eu deixava na despensa para facilitar. Examinei os vidrinhos e me surpreendi ao constatar que já havia usado mais da metade.
Madalena me ajudou a encher os frascos quando a mistura ficou pronta.
Fizemos muita meleca, mesmo usando o funil que ela pegara por ali.
Minhas mãos estavam lisas e engorduradas, e era muito difícil arrolhar os frascos. Quando terminamos, lavei as mãos na tina e usei uma das caixas de frutas, agora vazias, para acomodar os vidrinhos. Coloquei-a no chão, para que Isaac me ajudasse com elas mais tarde, mas, ao endireitar a coluna, uma vertigem me fez cambalear, e eu teria caído se a mesa não estivesse tão próxima.
— Dulce! — Madalena se adiantou, me pegando pela cintura e tentando me manter de pé. — Senhor Gomes! Acuda!
Ela começou a me arrastar não sei bem para onde, pois estava tudo escuro e um apito agudo tilintava em meus ouvidos.
— Tá tudo bem, Madalena. — Mas minha voz soou tão fraca que só piorou as coisas.
— Oh, Virgem Santíssima, a senhora está pálida feito vela.
— O que se passa, senhora Madalena... Senhora Dulce!
E, de repente, fui erguida do chão. Eu quis pedir para Gomes não fazer aquilo, porque ele era um senhor de idade e não havia medicamentos para dor nas costas por ali, mas a vertigem não passava. E, conforme minha visão voltava, as paredes da cozinha começaram a girar.
— Vou mandar Isaac ir chamar o dr. Almeida. — Gomes me colocou com cuidado sobre a mesa.
— Não, devemos avisar primeiro o patrão. Ele não está longe — Madalena se opôs.
— O médico é mais importante — contestou Gomes.
— Minha querida, deite-se. — Madalena ajeitou os meus cabelos para trás, tocando minha testa com seus dedos quentes.
Eu obedeci, e foi a pior ideia que já tive. O enjoo ficou incontrolável, e tudo que pude fazer foi descer da mesa às pressas e cambalear até a tina, onde despejei todo o meu café da manhã.
— Minha nossa! Aqui está, querida. Tudo vai ficar bem — murmurou carinhosamente Madalena , passando um pano úmido em minha têmpora.
— Vou procurar Isaac — avisou Gomes.
— Não, seu Gomes! — Forcei a voz, tentando parecer melhor. — Eu tô legal. Devo ter comido alguma coisa ontem no baile que não me fez bem. O ponche estava com um gosto estranho. Mas agora já passou.
E era verdade. Como que por um milagre, a vertigem e o enjoo cessaram. Pedi um copo de água e fui prontamente atendida. Eu ainda estava ajoelhada no chão, com Gomes e Madalena me cercando, preocupados e prestativos, quando a voz de Cassandra ressoou pela cozinha:
— Confraternizando com a criadagem outra vez. Isso é tão deplorável.
Levantei os olhos. Gomes se agachou e colocou meu braço ao redor de seus ombros, me ajudando a levantar.
— Em que posso servi-la, senhora? — Madalena se apressou, interpondo-se entre a mulher e mim. — O almoço logo será servido.
— Já não disse para não se dirigir a mim a menos que solicitado, criatura estúpida? Arranje um pouco de chá. E, assim que Alfonso voltar, diga a ele que exijo sua presença em meus aposentos.
— A senhora não devia estar arrumando as malas, dona Cassandra? — interferi.
A mulher empinou o nariz e voltou seu olhar de desdém para mim.
— Eu já disse que não vou a parte alguma sem minha sobrinha! E sua aparência é lastimável.
— A sua também — resmunguei mal-humorada. — Mas não fico jogando isso na sua cara.
Gomes deixou escapar uma gargalhada e tentou disfarçar com uma falsa crise de tosse. Madalena escondeu o sorriso virando o rosto.
Cassandra correu os olhos pela cozinha e franziu a testa ao observar a caixa repleta de garrafinhas de condicionador. Sacudindo a cabeça, ela me encarou e se empertigou.
— Cuidado, senhora Uckermann. — Ela arqueou as sobrancelhas exatamente como os vilões fazem nos filmes. — Seu reinado nesta casa não durará muito mais.
Ela girou sobre os calcanhares com tanta altivez que suas saias chegaram a empinar um pouco, revelando a gaiola de ferro sob elas.
— Mulherzinha intragável — resmungou Gomes, fuzilando as costas de Cassandra.
— Mal posso esperar pela partida dela — concordou Madalena. — Ah, querida, veja, sua cor está voltando! — Ela tocou minha bochecha com as costas da mão e suspirou.
— Creio que devemos chamar o médico para nos certificar de que o mal-estar não voltará — sugeriu o mordomo.
— Sério, seu Gomes, não precisa — contestei. — Tô ótima! Foi só um pouco de ressaca, eu acho. Como naquele dia em que o doutor me deu ópio. Já passou. E, olha só, eu acho que vocês não deviam mencionar o que aconteceu para o Christopher, porque ele pira fácil e vai me deixar presa naquela cama por sabe-se lá quanto tempo.
— Ele é muito cuidadoso com a sua saúde — Madalena apontou.
— Mas eu não tô doente. Só o preocuparia à toa.
— Talvez ela tenha razão, senhora Madalena — Gomes concordou. — O patrão perde o juízo quando o assunto é a saúde da esposa.
Madalena ponderou por um instante e, por fim, cedeu.
— Vamos fazer como a senhora deseja, mas, se eu notar que o malestar voltou, falarei com o seu marido e certamente ele chamará o dr. Almeida.
— Tá certo, Madalena. Mas eu tô bem. Juro.
No entanto, só por precaução, ela me fez ficar quieta na sala de leitura e a cada cinco minutos aparecia para dar uma conferida em mim. Eu estava lendo o terceiro volume de Emma quando ouvi um barulho de carruagem se aproximando. Espiei pela janela a tempo de ver Maite desembarcar.
Acenei para ela, que devolveu o cumprimento. Então me apressei para encontrá-la, disposta a descobrir o que andava rolando entre ela e o primo.
Porém eu a encontrei na sala com o olhar perdido na janela, os braços cruzados. Seu ar era tão triste que me partiu o coração.
— Ei, o que foi? — me aproximei e toquei seu ombro.
— Oh, não foi nada. — Ela tentou sorrir, mas o sorriso era vazio, sem as covinhas que eu tanto amava.
— Maite, não tenta me enganar. O que aconteceu? Você tá deprimida.
Foi o William? Porque se ontem à noite ele fez ou falou alguma coisa que...
— Não! — ela se apressou em dizer, seu rosto se encheu de cor. — Ele não fez nada que mereça recriminações, posso garantir. Só fiquei triste com as notícias que a senhora Portilla me contou, a respeito da senhora Domitila, uma amiga dos tempos de criança. A família dela se mudou faz alguns anos, tivemos o mesmo professor de francês e até fizemos algumas aulas juntas.
Ela era adorável, Dulce. Gostava muito de cavalgar e era tão aplicada nos estudos! Sonhava se casar e ter muitos filhos. Ela conseguiu a primeira parte e estava tão contente. Mas tudo acabou, pois ela... Houve uma tempestade e...
Ela não precisava terminar.
— Ah, Maite. — Eu a abracei com força. — Sinto muito.
A menina soluçou baixinho em meus braços, os ombros estreitos se sacudiam de forma dolorosa. Engoli em seco e tentei afastar o medo que subitamente tentava se instalar em meu cérebro. Mais uma vítima da maldição. E Maitea conhecia...
Não, não existe essa coisa de maldição, Dulce! Foi um acidente. Acorda!
— Ouvir a triste notícia me fez pensar em minha própria existência — prosseguiu Elisa. — Se eu me fosse agora, o que deixaria para trás? O que teria feito que seria digno de ser lembrado?
— Nem pense numa besteira dessas. Você fez e vai fazer muitas coisas.
Você me ajudou a ser menos... esquisita, cuidou do seu irmão, alegra a vida dele. E a minha!
— Isso não é digno de ser lembrado — ela resmungou, erguendo a cabeça.
— É sim! Fazer alguém feliz é mais difícil do que parece. E você fez a Anahí e eu nos tornarmos amigas. E isso era praticamente impossível.
Ela esboçou um sorriso, mas ele logo desapareceu e seus olhos ficaram marejados.
— Por que isso tinha de acontecer, Dulce? Domitila era tão jovem!
— Não sei, Maite. Nina acredita que Deus nos empresta nossa alma, que são pedaços da alma do próprio criador. E que, em algum momento, ele precisa desses pedaços e os chama para voltar para casa. Foi nisso que me apeguei quando meus pais morreram. Sabe, no fim das contas, me senti grata pelo tempo que tive com eles.
Seus enormes olhos azuis estavam avermelhados pelo choro, e, mesmo assim, ela continuava linda, como a princesa encantada que era.
— É uma maneira reconfortante de se pensar.
— É sim. Mas não fique tão perturbada com essa história. Você vai viver bastante tempo e será muito, muito feliz. Acredite em mim. Eu sei!
— Está bem. — E, fácil assim, ela secou as lágrimas e fez o melhor que pôde para sorrir.
Era de partir o coração. Maite estava mal e precisava de ânimo. Eu tinha que fazer alguma coisa.
— Tá legal. — Eu a puxei pela mão. — Vamos fazer a única coisa que anima uma amiga... menor de idade... — me dei conta. Enchê-la de álcool não parecia boa ideia. — Beleza, vamos fazer a segunda melhor coisa para levantar o astral de uma garota!
— E o que é?
— Compras!


 


 



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Autor(a): Fer Linhares

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Tudo bem, eu não pretendia fazer compras. Mas Maite estava tão para baixo que foi a única coisa que me ocorreu no momento. O século dezenove limitava muito as minhas opções.Isaac acomodou o cesto com os frascos de condicionador no teto da carruagem, bem escondido, e instruí o garoto a entregá-lo discretam ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



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  • kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52

    Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2

  • tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32

    amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro

  • Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03

    Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2

  • GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38

    Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV

  • GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26

    Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo

  • Postado em 15/01/2017 - 20:30:45

    ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14

    ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada

  • Postado em 15/01/2017 - 17:24:53

    amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46

    owts bebe vondy a caminho amando

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26

    Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??


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