Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
Meu corpo parecia pesar uma tonelada. Era isso, ou havia um elefante sentado sobre mim.
Meus membros estavam pesados, e movê-los se provou tão impraticável quanto aprender a me comportar direito naquela sociedade atrasada. Ao menos meus olhos pareciam funcionar.
Quer dizer, quase.
— Acho que ela está voltando a si! — disse uma voz delicada em algum lugar por ali.
— Graças a Deus! — Ouvi Christopher responder, exalando com força, e, logo em seguida, algo macio como veludo tocou minha mão. Seus lábios.
Esforcei-me para abrir os olhos, e, depois de algumas tentativas não muito bem-sucedidas por causa da claridade que entrava pela janela, finalmente consegui enxergar alguma coisa. Christopher estava ao meu lado, sentado na cama.
— Oi — ele disse, num tom muito preocupado.
— Oi — minha voz saiu áspera.
Maite também estava ali, do outro lado da cama, esfregando delicadamente meu antebraço.
— O que aconteceu? — eu quis saber, correndo os olhos de um para o outro.
— Você desmaiou — contou Christopher. — Fiquei apavorado, não sabia o que fazer. Você não voltava a si.
Franzi a testa, os eventos anteriores foram voltando aos poucos à minha mente, e as peças começaram a se encaixar.
— Acho que levantei rápido demais. Deve ter sido uma queda de pressão.
— O dr. Almeida já deve estar chegando. — assegurou-me ele, e eu gemi.
Minha aversão ao médico tinha desaparecido por completo depois do baile na casa de lady Catarina, mas meu pavor quanto a seus métodos e tratamentos só piorava cada vez que eu precisava de seus serviços.
— Não precisava incomodá-lo só porque eu tive uma tontura boba, Christopher.
— Boba? — ele repetiu, incrédulo. — Você ficou desacordada por dez minutos!
Humm... Que coisa estranha. Eu não era dessas e... Ei! Talvez eu estivesse enfim entrando no clima do século dezenove! Aquela mulher não tinha dito que eu devia desmaiar, como uma dama bem-educada?
No entanto, nem eu mesma me convenci disso. Era provável que o desmaio tivesse mais a ver com a falta de comida e a montanha-russa de emoções do que qualquer outra coisa. Eu não andava tendo muito apetite nos últimos tempos. Sobretudo se Cassandra estivesse à mesa.
— Mesmo assim não precisava fazer o dr. Almeida vir até aqui. Ele vai me fazer tomar algum treco com gosto ruim!
— Se for preciso para reestabelecer sua saúde, eu não vou me opor. Tampouco permitirei que recuse o tratamento.
— Christopher tem razão — comentou Maite. — O doutor é muito experiente, ouça e faça o que ele disser.
— Mas, Maite... — Tentei me sentar, porém Christopher me impediu. — Foi só uma queda de pressão!
— Não temos como ter certeza disso — ela retrucou.
Teimosa feito o irmão!
— Por que estão demorando tanto? — resmungou Christopher, conferindo as horas no relógio que eu lhe dera. — Já deveriam ter chegado.
— Talvez o dr. Almeida esteja atendendo outro paciente — Maite arriscou.
— Mas eu preciso dele aqui! — meu marido retrucou, como se isso fosse motivo suficiente.
— Bem, então talvez você pudesse levar Dulceaté ele — Maite sugeriu.
— Seria mais rápido do que esperar Isaac encontra o bom doutor.
— Não posso arriscar, Maite. — Ian sacudiu a cabeça. — Não sei o que causou o desmaio, pode acontecer outra vez. Prefiro que Dulce permaneça descansando na cama.
— Se alguém se desse o trabalho de perguntar o que acho — comecei —, eu diria que tudo isso é um exagero. O médico deve ter coisas mais importantes pra fazer do que vir aqui dizer que devo comer com mais frequência.
Christopher virou a cabeça abruptamente em minha direção e me lançou um olhar afiado.
— O que quer dizer com “comer com mais frequência”? — a voz enfurecida ecoou pelo cômodo. Achei que a veia pulsando em sua têmpora não era bom sinal.
— Quero dizer que, com tudo o que aconteceu hoje, nem lembrei de almoçar... — Eu me encolhi. Ele soltou um palavrão que fez Maite corar. — Nem vem. Você também não almoçou!
— Vou pedir à senhora Madalena que lhe traga alguma coisa.
— Christopher, não precisa...
— Dulce, não discuta comigo agora! — Seu tom foi tão cortante que achei melhor deixar por aquilo mesmo. — Algo em especial lhe apetece?
Pensei por um momento.
— Bolo seria legal.
Ele assentiu uma vez e ficou de pé. Então se inclinou para me dar um beijo delicado na testa.
— Volto em um minuto. — E acariciou meu rosto com as costas dos dedos. — Promete que ficará na cama?
— Se eu prometer, suas coisas se mudam pra cá ainda hoje?
As roupas de Christopher continuavam no outro quarto. Gomes e Madalena se recusavam a fazer a troca toda vez que eu pedia, alegando falta de decoro.
Resolvi eu mesma levar algumas peças, porém as roupas magicamente desapareciam do quarto em que dormíamos e reapareciam no guardaroupa do cômodo ao lado.
Christopher franziu a testa e olhou para a porta do quarto conjugado.
— De acordo. Vou falar com Gomes outra vez. — Ele fitou a irmã. — Maite, se importaria de fazer companhia a Dulce enquanto vou até a cozinha?
— Não, de modo algum. Eu não pretendia deixar minha irmã mesmo que não me pedisse.
Christopher assentiu e, muito relutante, saiu do quarto. Eu bufei assim que a porta se fechou.
— Seu irmão precisa parar de achar que sou feita de cristal. Vai acabar careca antes dos trinta nesse ritmo.
Maite soltou uma risadinha.
— Creio que ele não possa se conter. Até eu fiquei alarmada ao vê-la chegar desacordada. E recorde-se de que a primeira vez que a vi havia um talho em sua testa!
Eu ri também.
— Foi mal. Não sei o que aconteceu. Acho que a coisa com o cavalo me abalou mais do que imaginei.
— Sim, é sempre um acontecimento triste. Christopher fica muito deprimido, mas tenho a impressão de que seu mal-estar o fez se esquecer um pouco da tristeza de perder Meia-Noite. Anahí está na sala tentando distrair tia Cassandra. Minha tia queria vê-la, ficou desconfiada de que seu desmaio se tratasse apenas de um estratagema para atrair a atenção de Christopher.
Revirei os olhos.
— Logo se percebe que essa mulher não me conhece. E, se eu já não gostasse da Anahí, depois de saber que ela está contendo a fera, passaria a amá-la. — Fiz menção de me sentar, mas Maite foi mais rápida.
— Não, não se levante, ou Christopher brigará conosco — ela me deteve pelo ombro.
A porta se abriu e Madalena entrou com uma bandeja nas mãos, seguida de perto por Christopher e pelo dr. Almeida. A governanta me lançou um olhar aflito ao passar por mim, e suas mãos tremiam conforme ela colocava o prato de bolo sobre a mesa de cabeceira. Eu a fitei com curiosidade, mas tudo que recebi em resposta foi uma espécie de soluço. Ela se retirou sem encarar mais ninguém.
Voltei minha atenção para Christopher, mas ele estava... Bom, não sei ao certo o que o incomodava, mas algo estava errado.
— Boa tarde, Dulce. Soube que deu um grande susto em seu marido — disse o médico, apoiando a maleta sobre a cama.
— Christopher é muito exagerado. Foi apenas uma queda de pressão. — Sorri para Christopher.
Ele não sorriu de volta.
— Veremos. — O médico abriu sua valise.
Maite se levantou.
— Bem, estarei na sala se precisarem de mim. — E saiu do quarto com uma reverência apressada.
O médico me fez várias perguntas, para em seguida retirar um cone metálico da maleta e pressionar a boca larga do objeto contra o meu peito, colando o ouvido no orifício menor. O dr. Almeida me apertou em todos os lugares que os médicos costumam apalpar.
Christopher se aproximou para acompanhar o exame de perto, cruzando os braços.
— O que foi? — perguntei.
Ele apenas sacudiu a cabeça e desviou o olhar, ainda aborrecido. Na verdade, parecia prestes a explodir, como uma lata de refrigerante sacudida por uma daquelas máquinas de misturar tinta.
— Não sente nada diferente? — o médico insistiu mais uma vez. — Nenhum sintoma?
— Não. Fiquei sem comer, só isso. Eu disse ao Christopher que não era nada, mas ele não acreditou em mim.
— Humm... — O dr. Almeida franziu a testa ao fim do exame. — A princípio foi apenas uma queda de pressão, senhor Uckermann.
Christopher soltou um longo suspiro de alívio, fechando os olhos. Imaginei então que aquela atmosfera irritadiça iria embora, mas eu me enganei. O que havia acontecido agora?
— Vamos observar se o episódio se repetirá — continuou o médico. — Por precaução, recomendo um pouco de repouso.
— Ah, não, doutor! — resmunguei.
— Não precisa ficar na cama, apenas não se exercite muito e evite se expor ao sol forte ou fazer passeios prolongados.
— Tínhamos planejado uma viagem — Christopher falou pela primeira vez desde que voltara com o médico. Sua voz soou grave.
— Não seria aconselhável — o médico foi categórico.
Christopher assentiu uma vez.
O dr. Almeida passou-lhe ainda outras recomendações e em seguida se despediu, dizendo que precisava visitar um paciente.
— Vou acompanhar o doutor até a porta — ele me avisou, evitando meu olhar.
— Tá bom — concordei, embora quisesse enchê-lo de perguntas.
Christopher escoltou o médico para fora do quarto. Pouco depois Maite retornou.
— Christopher está tão transtornado que mal trocou duas palavras comigo. O que houve? — ela perguntou, se sentando na beirada do colchão.
— Eu tinha esperanças de que você me contasse.
— Ele pediu que eu viesse lhe fazer companhia e saiu. Algo muito grave deve ter acontecido.
Eu concordava com ela. Queimei os miolos em busca de respostas, mas não consegui encontrar nada.
Maite me manteve presa à cama como se eu fosse uma inválida. Até arrumou um jogo de xadrez e tentou me distrair. Não que eu soubesse como jogar. Não que eu estivesse prestando atenção nas peças que ela movia.
Cassandra bateu à porta um tempo depois avisando que o jantar seria servido e que exigia a presença da sobrinha. Perguntei por Christopher, mas, com poucas palavras, ela disse que não era um mensageiro.
— Tia Cassandra, estamos preocupadas! — explicou Maite, também aflita. — Christopher estava muito zangado esta tarde. Não sabemos o motivo.
A mulher se aproximou da cama, os olhos presos em mim, como se fosse uma caçadora, e eu, sua presa.
— Meu palpite é de que algo que a senhora Uckermann fez o deixou naquele estado. Aliás, a senhora parece bem-disposta. A cor em seu rosto é tão vibrante que ninguém diria que desfaleceu ainda há pouco.
— É blush. Da MAC. Incrível, né? — sorri.
— De quem? — A mulher franziu o cenho, e muitas dobras decoraram sua testa.
Se eu não estivesse tão preocupada com o que perturbava Christopher, teria rido da sua cara confusa.
— Vai comer, Maite — sugeri à minha irmã caçula. — Vou esperar Christopher voltar.
Ela relutou, mas, diante da insistência de Cassandra e da minha
teimosia, acabou cedendo.
A noite caiu e eu não aguentava mais ficar deitada, então pulei da cama e, para matar o tempo, decidi escrever para Nina. Com a vela nas mãos, sentei-me à mesa no canto do quarto e comecei a rabiscar com a pena. Eu tinha acabado de esfregar o mata-borrão no papel — e borrado quase tudo, tornando a leitura incompreensível, mas e daí? Nina nunca leria nada daquilo mesmo —, quando Christopher regressou.
Pulei da cadeira, apreensiva. Ele parecia esgotado, estava descabelado e trazia uma bandeja nas mãos, o olhar totalmente voltado para o prato. Foi aí que percebi que Cassandra tinha razão: eu tinha tudo a ver com o que quer que o estivesse incomodando.
— Até que enfim! Você sumiu. Fiquei preocupada — falei, com uma voz que não era minha.
— Eu precisei sair. Como está se sentindo?
— Bem melhor.
— Fico feliz. Trouxe o jantar. A senhora Madalena disse que você quis me esperar. Não devia ter feito isso. — Ele examinou a bagunça de papel com a testa franzida. Juntei tudo depressa, antes que ele visse algo que não devia, e guardei dentro do volume de Emma, empurrando-o para o lado.
Christopher acomodou a bandeja no canto da mesa.
— O que está acontecendo, Christopher?
— Primeiro coma. Ordens médicas. — Ele arrastou a cadeira para que eu me sentasse.
Christopher se acomodou ao meu lado, mas impôs certa distância, mantendo-se enervantemente longe, e me empurrou um dos pratos. Sem jamais erguer os olhos, ele esperou que eu começasse a comer para só então fazer o mesmo.
Eu mais brinquei com a comida do que de fato a engoli — um verdadeiro pecado, pois Madalena era uma cozinheira de mão cheia — e, depois de algumas garfadas e de o meu estômago reagir de um jeito estranho, desisti.
— Coma um pouco mais — ele pediu num sussurro.
— Não dá, Christopher. Tô tensa. Por que tá tão irritado?
Ele empurrou seu prato — tão cheio quanto o meu — e se levantou.
Caminhou até a janela e ficou de costas pra mim.
— O que tá acontecendo? — insisti, me pondo de pé.
Então ele se virou e eu me encolhi diante de sua expressão. Meus instintos gritavam para que eu saísse correndo, mas como é que eu faria isso, se minhas pernas pareciam grudadas ao assoalho? Com os olhos fixos nos meus, ele cruzou o quarto a passos largos até ficar a uns trinta centímetros de mim. Christopher se inclinou de leve, tirando algo do bolso do casaco e o depositando na mesa ao lado do prato.
— Creio que isso seja seu.
As moedas tilintaram ao tocarem a madeira. Olhei para ele sem entender, mas minha confusão durou pouco mais de um segundo. Um frasco âmbar surgiu de seu bolso e foi colocado ao lado do dinheiro.
Ah, merda!
— Quer tentar explicar, Dulce?
Autor(a): Fer Linhares
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— Eu pretendia te contar... — comecei, mortificada.— Quando? Quando pretendia me contar que anda negociando seu creme de cabelo? — perguntou ele, ofendido.Eu me encolhi.— Agora? — arrisquei.Ele bufou, perambulando pelo quarto.— Eu tentei te contar antes! — me apressei em dizer, tentando acompanhar suas passadas largas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??