Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)
— Eu pretendia te contar... — comecei, mortificada.
— Quando? Quando pretendia me contar que anda negociando seu creme de cabelo? — perguntou ele, ofendido.
Eu me encolhi.
— Agora? — arrisquei.
Ele bufou, perambulando pelo quarto.
— Eu tentei te contar antes! — me apressei em dizer, tentando acompanhar suas passadas largas. — Hoje mesmo, lá na beira do riacho, mas você não quis me ouvir, e das outras vezes eu... eu fiquei com medo de que você reagisse como tá fazendo agora.
— E como esperava que eu reagisse? — ele esbravejou. — Que saltasse de alegria por saber que não sou o bastante para você?
Eu me detive, derrapando no piso de madeira, atônita.
— Não é nada disso, Christopher! Como pode pensar um absurdo desses?
— Como acha que me sinto, Dulce? — Ele andava de um lado para o outro, me deixando zonza. — Como acha que me senti quando minha tia me entregou esse frasco? Ela flagrou um moleque dando dinheiro à senhora Madalena e disse que isso tem ocorrido com frequência. A senhora Madalena está conosco há anos e nunca vendeu nem mesmo um pão doce.
Achei estranho e fui confrontá-la. Eu a censurei e a pobre mulher nem se defendeu. Levei um tempo para pensar em abrir o frasco e me dar conta de que havia creme de cabelo seu ali dentro. — Então foi assim que ele ficou sabendo. Por que Madalena não me contou quando teve a chance? — Quando eu lhe disse isso, ela acabou confessando que quem vende este produto é a minha esposa! Esposa essa que jurou diante de Deus e de toda a vila jamais mentir para mim!
— Eu sei! — concordei depressa. Não havia mais motivo para meias verdades. — E isso estava me matando, eu pretendia te contar. Juro! Só estava esperando o momento certo. O problema é que... ele nunca apareceu. — Abri os braços, desolada.
Christopher ficou me observando, bestificado. Ele abriu a boca algumas vezes, sem saber o que dizer. Parecendo sufocar com as palavras, esfregou a testa, os olhos dardejando. A compreensão então o atingiu.
Sua voz parecia morta quando ele voltou a falar:
— Você ficou com medo de que eu tentasse impedi-la.
Eu estava pronta para soltar o não que faria tudo ficar bem de novo.
Mas, em vez disso, fiz o que era certo.
— Você iria — murmurei. — Como fez com as calças e a contabilidade.
Você deixou bem claro que não quer que eu trabalhe.
— Porque não precisa! — Ele friccionou a testa de novo.
— É isso que você não entende. Preciso, sim, da mesma forma que você.
Você não cria os cavalos porque precisa do dinheiro, pois para isso tem propriedades arrendadas. Você faz porque gosta. No começo, eu dizia a mim mesma que só estava vendendo meu creme para poder te ajudar com as finanças, porque eu pensava que você estava atolado em dívidas, mas não era só por isso. Eu queria mesmo te ajudar, mas também gosto de me ocupar, de me sentir útil.
— É diferente, você... — Ele se deteve, me lançando um olhar tão cortante que arrepios fizeram meus pelos se arrepiarem. — O que quer dizer com ajudar com as finanças?
Engoli em seco. Nunca tinha visto Christopher tão furioso. Não comigo.
— Você sabe o que quero dizer. — Mal dava para ouvir a minha voz. — Não me olha assim, Christopher.
— E como devo olhar para a mulher que rejeita e humilha o marido publicamente? — ele gritou.
Meu estômago se contorceu, como se eu tivesse levado um soco. Algo parecido com pânico, mas multiplicado por mil, tomou conta de mim e fiquei com medo de desmaiar de novo. Respirar se tornou impossível e o quarto começou a girar.
Christopher percebeu quanto me feriu. Uma dezena de emoções cruzou seu rosto, entretanto, tonta como eu estava, não pude reconhecer quais. Talvez pânico, preocupação, arrependimento, mas foi tudo tão rápido e eu estava transtornada demais para ter certeza de qualquer coisa. Ele deu um passo à frente, me segurando pelos ombros e me levando até a cama.
— Maldição, Dulce! — ele cerrou a mandíbula. — Agora não é o melhor momento para termos essa conversa. Você precisa descansar.
Conversaremos em outra ocasião. — Ele fez menção de sair.
— Não, peraí! — Saltei do colchão e, meio cambaleante, me coloquei em seu caminho. — Temos que esclarecer tudo agora. Você não pode simplesmente ir embora sem resolvermos isso, sem me deixar explicar como tudo aconteceu.
— Você está abatida. Não está bem, e eu aqui a enchendo de... — Ele se virou e seguiu até a janela. Apoiou uma das mãos na parede e encostou a testa no vidro. Seu peito subia e descia rápido.
— Christopher... — tentei, dando um passo à frente, desejando tão desesperadamente tocá-lo que chegava a doer. Porém me detive, receando que ele me rejeitasse. Eu não suportaria. Não sobreviveria.
— Testei Storm esta noite — ele disse quando hesitei. — Ele parece bem o bastante para a viagem. Fui até a vila e conversei com o dr. Almeida.
Ele virá vê-la todos os dias durante minha ausência. Deixei o senhor Gomes e a senhora Madalena de sobreaviso, e o médico será chamado se preciso, quer você autorize ou não.
O que ele dizia foi penetrando aos poucos no meu cérebro.
— Você vai viajar sem mim? — Não era para ter soado tão alto. Nem tão desesperado.
— Você sabe que eu preciso ir. Duas éguas estão prestes a entrar no cio.
Uma terceira já entrou. Não posso adiar mais.
— E eu não posso ir junto? Ou você não pode mandar outra pessoa no seu lugar?
— Quem escolhe as matrizes sou eu. Isaac ainda não está pronto. Preciso de um garanhão no máximo em sete dias, Dulce, ou terei sérios problemas no estábulo. Eu já deveria ter partido há muito tempo. Antes mesmo do casamento. Pensei que resolveria isso a caminho do chalé, nas montanhas, mas nada saiu como esperado. — Ele lutava para se manter no controle de suas emoções, e eu só queria que ele não fosse tão bom nisso.
— Por favor, siga as recomendações do dr. Almeida enquanto eu estiver fora.
Devo voltar dentro de uma semana no máximo. Creio que será melhor assim. — Mas tive a impressão de que ele não estava tão certo disso. — Preciso de um tempo para ordenar meus pensamentos.
Recuei um passo, o coração batendo ferozmente contra as costelas ao ouvi-lo dizer a palavra que começa com T. O mundo parou, meu coração interrompeu suas batidas frenéticas conforme eu me dava conta do estrago que tinha feito. Christopher queria um T...
Eu nem conseguia pensar na palavra.
“A morte certamente deve ser menos dolorosa”, a fala dele ecoou em minha
cabeça, amplificando minha agonia.
— Christopher, olha pra mim — pedi num sussurro dilacerado.
Ainda que relutante, ele me atendeu. Seu olhar, sempre tão profundo, estava raso, não devolvia nada.
— Você precisa mesmo ir, ou só quer me punir?
Ele me encarou por um longo instante antes de responder:
— Sabe que preciso partir. Nós já havíamos combinado.
— É, e combinamos que eu iria junto.
— Isso foi antes de você ter sofrido um desmaio.
Um pensamento muito desagradável serpenteou pela minha mente, mordendo e infectando meu cérebro de um jeito doentio.
— Você... você se arrependeu, não foi? — indaguei com a voz trêmula. — Se deu conta de que eu não sirvo pra você, e agora não sabe como cair fora porque é um homem honrado e jamais ofenderia minha honra me abandonando. É isso, não é? Seja sincero comigo, não me engane para o meu próprio bem.
Christopher sacudiu a cabeça, rindo, mas sem humor algum.
— Você me pede para ser franco, mas oculta muita coisa de mim. Fala tanto em direitos iguais para os sexos, mas não age de acordo com o que prega. Não há coerência nisso, Dulce.
Ele tinha razão, ainda que eu detestasse admitir. E ele não havia respondido à minha pergunta, reparei.
— Você se arrependeu? — insisti, prendendo a respiração com medo do que ouviria.
Christopher se aproximou devagar e encaixou uma das mãos em meu rosto.
Aquela opacidade em seu olhar desapareceu por um instante, dando lugar a chamas ardentes. Com o polegar, ele acariciou minha bochecha fria. Por um momento cheguei a pensar que fosse me beijar, me assegurar de que estava tudo bem, por isso fechei os olhos e esperei. Mas ele simplesmente me soltou e deixou as mãos penderem ao lado do corpo.
— Sua cegueira me fere a alma, Dulce...
Abri os olhos a tempo de vê-lo se dirigir até a porta. Aquela porta. A que não deveria existir nem jamais ser usada. Christopher a abriu.
Por favor, não. Não entre aí. Por favor, volte.
— E dilacera meu coração saber que tal dúvida ainda exista no seu.
A porta do quarto conjugado se fechou. De modo suave, apenas um sussurro, mas na minha cabeça foi como se algo tivesse sido implodido. O pesadelo que sempre me atormentava se tornara real. Eu me abracei e fiquei ali, encarando a madeira escura. Queria entrar naquele maldito quarto e me atirar em seus braços. Porém a mensagem tinha sido clara. Ele desejava ficar sozinho.
Um... tempo.
Christopher queria um tempo.
Uma dor excruciante me dominou e afundei no chão, cobrindo o rosto com as mãos. Chorei em silêncio para que ele não ouvisse os gritos de agonia enquanto meu coração se partia em milhares de pedaços.
Autor(a): Fer Linhares
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Eu estava sentada no parapeito da janela da sala, olhando para o lírio branco em minhas mãos. Não sabia há quanto tempo estava ali. Horas, dias, era indiferente. Os ponteiros do relógio deixaram de ter importância no momento em que Christopher partiu. A vida perdera o significado.— Senhora... — chamou Madale ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52
Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2
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tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32
amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro
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Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03
Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2
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GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38
Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV
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GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26
Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo
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Postado em 15/01/2017 - 20:30:45
ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14
ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada
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Postado em 15/01/2017 - 17:24:53
amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46
owts bebe vondy a caminho amando
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tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26
Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??