Fanfics Brasil - Capítulo 39 (2ª Temporada) Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA]

Fanfic: Perdida, Encontrada - (Vondy) [TERMINADA] | Tema: Vondy (Adaptada)


Capítulo: Capítulo 39 (2ª Temporada)

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A casa toda estava desperta e iluminada quando chegamos. O que era incomum, ainda mais por ser de madrugada. Christopher saltou do cavalo com agilidade.
— Tá todo mundo acordado? — perguntei, quando ele estendeu os braços para me ajudar a descer.
— Depois de tudo que aconteceu esta noite, creio que não seja nenhuma surpresa.
Isaac se precipitou porta afora.
— Senhor Uckermann, acabo de voltar. Nem sinal da senhora Uckermann. Seu primo ainda não retornou da busca, mas... — O moleque soltou um suspiro de alívio ao me ver. — Oh, graças ao bom Deus, o senhor a encontrou!
Christopher colocara a casa toda à minha procura? Ouvir aquilo aqueceu de leve meu coração.
Isaac se apressou em pegar as rédeas das mãos de Christopher.
— Eu cuido deles, patrão.
— Obrigado, Isaac. Venha, Dulce. — Colocando a mão em minha cintura, tão leve que eu mal sentia o toque, ele me conduziu para dentro da casa.
Madalena estava inquieta na cozinha, zanzando de um lado para o outro, as mãos unidas como se estivesse rezando, vestida com o mesmo roupão marrom grosseiro de antes, e a touca cheia de babados ainda lhe cobria os cabelos. Ela arfou quando me viu, e instintivamente levei as mãos à cabeça. Nada horripilante dessa vez, graças ao coque firme que ela fizera mais cedo.
— Oh, senhora Uckermann, fiquei tão preocupada! — ela soluçou, me abraçando com força. Apesar disso, Christophermanteve a mão em minhas costas.
— Estou tão arrependida pelo que eu disse. Não me expressei corretamente, me esqueci de que a senhora tem hábitos diferentes e poderia se confundir. Era o outro senhor Uckermann. — Ela me soltou e limpou o rosto molhado. — Este rapaz jamais a trataria com tamanha sordidez. — Ela olhou para Christopher com ternura. — Perdoe-me, querida.
— Tá tudo bem — eu lhe assegurei. — Percebi o engano já tem um tempo.
— Oh! Meus nervos estão em pandarecos! — ela soluçou. — Pensei que a senhora tivesse desaparecido como da outra vez e o patrão fosse voltar àquela vida miserável de bebedeira e autocomiseração. Eu não suportaria.
De canto de olho, vi Christopher se encolher de leve, os dedos em minha cintura se contraíram e se enterraram em meu vestido.
— Eu me perdi — falei aos dois, tão baixo que eu mesma mal pude ouvir minha própria voz. — Está muito escuro lá fora.
Ela assentiu uma vez, tentando se recompor, sem sucesso. Christopher pigarreou, mas a mão em meu corpo não relaxou.
— Senhora Madalena — ele começou, numa clara tentativa de mudar de assunto. — Sei que estamos todos tendo uma noite difícil, mas eu lhe seria muito grato se tivesse a bondade de preparar um banho para Dulce.
— Sim, claro, agora mesmo, senhor Uckermann. — Ela alcançou a bacia e a colocou sobre o fogão à lenha.
Christopher me conduziu em direção ao quarto, mas, ao passarmos pela sala, nos deparamos com uma verdadeira comitiva. Cassandra andava de um lado para o outro, enquanto Anahí chorava copiosamente no canto, próxima à janela. Maite estava ao lado da amiga, acariciando-lhe os cabelos desordenados e sussurrando alguma coisa com veemência. Porém, ao me ver chegar, minha cunhada cruzou o aposento e se jogou em meus braços.
Christophermais uma vez não me soltou.
— Oh, graças a Deus! — Ela enterrou o rosto em meu pescoço, me abraçando pelos ombros com força.
— Você está bem? — perguntei.
— Agora que está aqui, estou sim. — Ela ergueu a cabeça. — Não a encontrávamos em parte alguma! Pensamos que havia partido outra vez.
Ah, minha querida irmã, que susto nos deu.
— Desculpa — repeti. — Não tive intenção de preocupar vocês.
— É claro que teve! — a voz aguda de Cassandra ressoou no cômodo.
— É a sua ocupação favorita! Por que outra razão envergonharia seu marido fazendo negócios escusos com o boticário? Por que outra razão deixaria sua casa na calada da noite, senão para preocupá-lo? — Seu rosto estava rubro, furioso. — Ou há motivo ainda mais vergonhoso? E pare de chorar, criatura deplorável! — ela rosnou para Anahí, que soluçou ainda mais.
Eu abri a boca para falar, mas Christopherfoi mais rápido.
— Tia Cassandra, faça um favor a todos nós. Cale a boca! Minha paciência chegou ao limite. Espero não ter o desprazer de encontrá-la sob o meu teto amanhã, ou, juro por Deus, me esquecerei da boa educação e a colocarei porta afora pessoalmente. Não estou brincando — cuspiu, num tom tão feroz que até eu me encolhi. No entanto, ele soou mais controlado quando se dirigiu à irmã. — Volte para a cama, Maite, e console sua amiga. Dulce está em casa e não vai a parte alguma, garanto. Resolveremos os outros assuntos pela manhã.
Ela assentiu uma vez e se virou, pronta para atender ao pedido do irmão, mas eu a detive, tocando seu braço.
— Maite, você está bem com tudo isso? — murmurei, apontando discretamente Anahí com a cabeça.
— Estou muito preocupada com o destino dela. Alfonso não podia ter feito o que fez. — Seus olhos faiscaram de raiva, mas não como os de uma mulher apaixonada que fora traída. Longe disso. Maite era o retrato de uma amizade leal e zelosa, pronta para acabar com o que causara tamanha dor na amiga. Era bom Alfonso não chegar perto dela.
Suspirei de alívio e mirei Anahí. A garota me lançou um olhar aflito.
Seus cabelos e suas roupas estavam tão bagunçados que lembravam muito... bom, meu antigo eu. Os olhos inchados e vermelhos revelavam como ela se sentia sem esperanças e envergonhada.
— Não fica assim — eu disse. — Vamos dar um jeito.
— Oh, Dulce — ela soluçou.
— Não há nada a ser... — começou Cassandra, mas rapidamente se calou quando Christopher lhe lançou um olhar duro.
— Vamos, Dulce. Você precisa descansar. — Christopher desejou boa-noite a todos e voltou a me guiar em direção ao quarto.
Um empregado preparava meu banho, e eu fiquei de canto, com Christopher ao meu lado. Mas ele olhava para todas as direções, menos para mim.
Madalena surgiu logo depois com a água quente.
— Oh, querida, parece tão exausta! Vou auxiliá-la.
Christopher deu um passo à frente.
— Não será necessário, senhora Madalena. Mas, se puder, leve um chá para a senhorita Anahí. Depois vá descansar. Cuidarei de minha esposa.
Era a primeira vez que ele se referia a mim como sua esposa desde que descobrira a respeito do condicionador. Um suspiro me escapou dos lábios sem que eu pudesse detê-lo.
Madalena se prontificou a fazer o que Christopher pedira. Então secou as mãos no roupão, pegou a bacia que trouxera e se retirou. Christopher foi até a porta, e por um momento pensei que ele sairia também, mas apenas girou a chave, trancando-a.
Lentamente, meu marido virou sobre os calcanhares, ficando de frente para mim. Ele olhava para baixo, para uma das mãos, segurando o relógio que eu lhe dera. Seu polegar percorria o desenho na caixa. Então ele ergueu a cabeça e me encarou com um brilho nos olhos negros como o céu daquela madrugada sem lua.
— Você... — sua voz saiu rouca. Ele limpou a garganta. — Consente que eu que permaneça em seu quarto?
— Era pra ser o nosso quarto — apontei, deprimida.
Algo cintilou em suas íris de ônix. Parecia... esperança.
— E você me quer nele? — insistiu.
— Eu sempre quis, Christopher. Foi você que decidiu ir para o quarto ao lado.
Ele se encolheu como se tivesse tomado um soco. Mas rapidamente se recompôs e, atrelando o olhar ao meu, guardou o relógio no bolso da calça e se aproximou devagar. Eu queria tocá-lo, beijá-lo, mas não sabia como seria recebida, de modo que fiquei imóvel. Então, ele me contornou e se posicionou bem atrás de mim. Dedos firmes tocaram minha cabeça e senti um puxão suave. A forquilha tilintou ao cair no chão. O mesmo destino foi dado a todas as outras. Não sabia dizer o que era melhor: o alívio por me livrar daquela pressão ou o toque de Christopher.
Meus cabelos caíram livres, cobrindo meus ombros como um manto espesso. Ele enterrou os dedos nas mechas e as puxou de lado, para ter acesso aos delicados botões em minhas costas. Eu prendi a respiração, ansiando por mais, mas Christopherparecia tomar cuidado para que nossas peles não se encontrassem. Ele desabotoou o vestido, soltou o fecho do meu sutiã, se livrou da minha calcinha, descalçou meus sapatos, sem jamais me tocar de verdade.
Quando a última peça de roupa descansou inerte no assoalho, Christopher apoiou a mão na base de minhas costas e me empurrou com gentileza em direção à banheira, porém manteve os olhos fixos nas botas, como se não suportasse me ver nua.
Nauseada, entrei na água no piloto automático. Meus pensamentos corriam frenéticos em diversas direções, e não notei quando Christopher se ajoelhou bem atrás de mim. Não até ele começar a umedecer meus cabelos.
Era como se ele tivesse se transformado em uma sombra que eu não era capaz de tocar.
— Você não precisa fazer isso — sussurrei para que ele não percebesse a mágoa em minha voz. — Pode deixar. Eu me viro.
Ele se atrapalhou um pouco com o frasco de xampu. Houve uma breve hesitação.
— Você não quer a minha ajuda? — A voz dele estava igualmente baixa.
— Não quero que faça algo só porque acha que deve. — Encolhi as pernas e abracei os joelhos, apoiando o queixo neles. — Conheço você. E não quero sua piedade, Christopher.
— Não é o caso — ele garantiu, agora com mais volume na voz. — Não estou fazendo isso por você, Dulce.
Ele espalhou uma quantidade generosa de xampu, massageando minha cabeça com tanta doçura que, mesmo contra a minha vontade, fechei os olhos, querendo absorver aquele toque por inteiro. Ele usou o jarro de prata para retirar a espuma e, para minha surpresa, espalhou o condicionador nos fios, levando todo o tempo do mundo. Ao terminar, mergulhou as mãos na água, agora esbranquiçada, e passou o sabonete de azeite entre elas até obter espuma. Os dedos levemente calejados tocaram minhas costas, me fazendo estremecer. Ele hesitou ao notar minha reação, mas me inclinei em direção às suas mãos, de modo que ele prosseguiu, fazendo movimentos lentos e circulares em minha pele. Sem pressa.
— Se não é por pena, por que é que tá fazendo isso? — perguntei, mirando a água. Ele se deteve outra vez e não respondeu. — Por quê, Christopher?
Eu sei que não quer me tocar. Você não consegue nem me olhar direito.
Ele inspirou fundo.
— Maldição, Sofia! É por querer tocá-la desesperadamente que mantive os olhos longe de você. Sabe quanto isso tem me custado?
— O quê? — soltei, esquecendo completamente que deveria dizer, toda educada, “Perdão, como disse?”, conforme mandava o manual de etiqueta .
Que se dane a etiqueta!
Eu girei tão rápido dentro na banheira que o movimento brusco derramou bastante água, mas não me importei. Encontrei seus olhos furiosos, enfim livres daquele distanciamento, daquele véu obscuro. Calor, amor, desejo, ainda estava tudo ali, reluzindo em faíscas prateadas, com a indignação.
— Por que você teve que manter os olhos longe de mim? — Meu coração batia tão forte e retumbava tão alto em meus ouvidos que temi não ouvir a resposta.
Mantendo contato visual, Ian esticou o braço para tocar meu rosto, e eu prendi a respiração, mas ele desistiu e baixou a cabeça.
— Eu perdi qualquer direito sobre você no momento em que me dirigi àquele maldito quarto conjugado. Sei quanto a magoei e lamento profundamente por isso. Estava disposto a aceitar sua indiferença como um cavalheiro, mas, depois do que aconteceu esta noite, eu... não sou tão forte. Precisava tocá-la de alguma maneira, sentir que ainda está aqui, que não escapou de meus dedos outra vez.
— Então não é porque me odeia e sente tanta raiva que ficou com nojo de me tocar ou qualquer coisa assim? — Uma lágrima traidora escorreu pela minha bochecha.
— O quê? Não! Dulce, de onde... Meu Deus, não! Não, meu amor, não! — Um som angustiado lhe escapou da garganta quando ele segurou meu rosto entre as mãos e me beijou.
Um furacão de emoções e sensações devastou meu mundo. Eu sentia tudo e, ao mesmo tempo, parecia que tinha deixado de existir, que me fundira a Christopher. Uma de suas mãos escorregou até a minha nuca, depois percorreu as minhas costas, forçando meu corpo para frente até que se grudasse ao dele.
Seus dedos se afundaram em minha carne quando o beijo se tornou feroz, nostálgico, alívio puro.
Suspirei em seus lábios famintos, tão sedenta dele quanto ele de mim, e agarrei seus cabelos, trazendo-o mais para perto. Christopher não mostrou nenhuma resistência quando o arrastei para dentro da banheira, e mais água caiu no chão.
Tentei ajudá-lo a se livrar rapidamente de suas roupas, mas ele estava impaciente demais e acabou desistindo delas. Sua boca macia e quente percorreu meu pescoço, seus dedos deslizavam pelo meu corpo e seus dentes mordiscavam suavemente meu ombro. Então, ele se movimentou dentro da banheira e me colocou em seu colo, travando a boca na minha, me sugando com força e se entregando a mim de maneira devastadora e desamparada.
A camisa molhada estava colada a seu peito, e eu me deleitei com a musculatura firme, revisitando cada saliência, cada reentrância, saciando meus dedos afoitos. Suas mãos quentes deslizaram pelas minhas costas até a minha cintura e então subiram pelo meu tórax. Christopher gemeu, comprimindo o quadril contra o meu, e eu teria desejado me demorar mais por ali, matar melhor a saudade, se não estivesse com tanta pressa, se não precisasse tanto dele. Enrolei os dedos na barra da camisa, tendo dificuldades para livrá-lo do tecido pesado que se colava a seu corpo perfeito. Ele me ajudou, puxando-a pelo colarinho e atirando-a longe, para então voltar a me beijar.
A camisa caiu no chão com um ploft suave enquanto eu me engajava na briga com a calça dele. Foi difícil abrir os botões, pois meus dedos tremiam demais. Mas Christopher estava ainda mais impaciente que eu, então os abriu com dois violentos puxões.
Pude ouvir um rugido primitivo reverberar em seu peito quando ele se uniu a mim, me fazendo estremecer violentamente em seus braços. Tudo dentro de mim se retesou, fui direto ao limiar onde prazer e loucura se misturam. Esperando, ansiando...
— Diga que ainda é minha — sussurrou Christopher em meu pescoço. — Diga que pode me perdoar.
Afastei a cabeça apenas para encará-lo. Seus olhos estavam brilhantes, úmidos. Ah, Christopher...
— Sou sua. Alma, corpo e... — Apanhei sua mão e a coloquei sobre o meu coração, com as batidas fortes, urgentes. Batia por ele. Para ele. — Completamente sua.
Ele imitou meu gesto, tomando minha mão livre e espremendo-a de encontrou ao peito.
— Seu. Completamente seu — murmurou com intensidade.
Com as mãos espalmadas sobre nosso coração, os olhares travados um no outro, os sentimentos se misturando às sensações, tudo ganhou dimensões inimagináveis. Nós havíamos nos unido diante de um padre e de todos os moradores da vila, prometendo nos tornar um só, mas, para mim, o verdadeiro momento era aquele. Ali na banheira, com Christopher reclamando meu corpo e meu coração e me oferecendo o seu. A intensidade dos toques, das carícias, do olhar me sobrepujou, e lágrimas inundaram meus olhos, me fazendo flutuar na imensidão brilhante de meu próprio universo. Senti os dedos de Christopher se contraírem sobre o meu coração e seu gemido rouco e selvagem ecoar pelo ambiente.
Desabei totalmente sobre ele, me entregando por completo e deixando a cabeça pender sobre a sua testa, ofegando. Os olhos que eu tanto amava, e nos quais eu sempre me perdia, estavam marejados.
— Não fuja mais de mim, Dulce. — Christopheracariciava minhas costas. — Não me apavore assim.
— Eu não tive a intenção. Desculpa. — Segurei seu rosto e beijei seus lábios. — Sinto muito.
— Eu quase enlouqueci quando não a encontrei e a senhora Madalena me disse o que havia acontecido, o que ela havia lhe dito. Imaginei que tivesse pensado que era eu no quarto da senhorita Anahí e que tivesse partido outra vez — ele falou magoado, virando o rosto para o lado e beijando a palma de minha mão esquerda. Ele a girou com delicadeza, levando a aliança e o anel de safira aos lábios, e senti como se ele os estivesse colocando ali novamente.
Eu me endireitei e sacudi a cabeça.
— Nunca mais vou mentir pra você, Christopher. Quando ela falou, eu pensei, sim.
Estava nervosa porque você vinha me evitando, não suportava a ideia de que você não queria nem falar comigo e... Bom, pareceu fazer sentido quando
Madalena disse que o senhor Uckermann estava no quarto da Anahí, já que você ficou de cochichos com ela e tudo mais. Mas, assim que consegui pensar melhor a respeito, percebi que não podia ser você, que não podia ser o meu senhor Clarke. Eu quis voltar pra casa, só que estava perdida.
— Precisamos fazer algo a respeito de seu senso de direção — ele brincou. E logo em seguida sua expressão mudou. — E eu não estava de cochichos com a senhorita Anahí. Estava me inteirando do que aconteceu por aqui enquanto estive fora. Mais especificamente a respeito do que aconteceu com você enquanto estive ausente.
— E por que não perguntou pra mim?
Ele ficou mortalmente sério.
— Eu estava tão desesperado para falar com você, para tocá-la, que não conseguia raciocinar direito. Não sabia como seria recebido por ter estupidamente me colocado de boa vontade para fora do seu quarto — ele exalou com força, esfregando a mão no rosto. — Como pôde pensar que eu não queria falar com você, Dulce? Estava louco para que me desse um sinal de que ainda me desejava em sua vida. Mas você simplesmente me dispensou depois do jantar, e eu temi tê-la perdido para sempre. Fiquei zanzando pelo escritório o restante da noite, tentando arquitetar uma estratégia para me reaproximar.
— Ah, é?
Ele fechou a cara.
— Sua surpresa me ofende. Desde que nos encontramos na estrada, tudo que eu mais queria era tomá-la em meus braços, mas você hesitou. — Ele levou uma de minhas longas mechas úmida para trás de meu ombro. — Eu me senti doente, impotente, Dulce. O que mais eu poderia fazer?
— Mas eu só titubeei porque você pediu um tempo!
— Eu precisava me acalmar, meu amor — murmurou ele. — Quando fiquei sabendo de seu acordo com o boticário, pensei em sua saúde frágil e temi piorar seu estado com minha fúria. Não queria discutir naquele momento e terminar falando bobagens das quais poderia me arrepender pelo resto da vida. Eu já havia dito o suficiente. Por isso me dirigi para aquele maldito quarto. Naquele espaço, eu ficaria perto de você, mas não lhe causaria aborrecimentos. Naquele momento eu me esqueci de seu horror com o quarto conjugado e só percebi o que havia feito quando já era tarde demais. Ter de deixá-la naquele estado de fragilidade me dilacerou.
Só fui capaz de me ausentar porque Maite prometeu me escrever todos os dias. E cumpriu sua promessa, o que tornou essa maldita viagem ainda mais insuportável. Por muito pouco não joguei tudo pelos ares.
— Sério?
Ele fez que sim.
— O dono da Fazenda Esperança fez uma oferta razoável para arrendar o estábulo. E eu quase aceitei, só para poder voltar mais cedo para casa.
Mas então pensei que precisava discutir o assunto com minha esposa antes de tomar qualquer decisão. Comprei os dois primeiros cavalos nos quais pus os olhos e peguei a estrada.
Eu franzi a testa, tentando acompanhar tudo o que ele estava dizendo.
Meus olhos foram se arregalando conforme a compreensão me invadia.
— Então é isso? Um tempo significa só esfriar a cabeça pra não dizer besteiras? — exigi saber, com o coração aos pulos.
— Certamente. O que mais significaria? — Ele me fitou intrigado.
— O que mais? — quase berrei. — Ah, nada importante. Só, você sabe, reconsiderar, repensar em tudo, decidir se ainda vale a pena insistir. Deixar em suspenso. O nosso casamento, quero dizer.
— O quê?! — Christopher se endireitou, mas me segurou pela cintura para que eu não saísse de onde estava. — Esse tempo todo você pensou que eu queria isso?
Pressionei os lábios com força para não chorar e balancei a cabeça, concordando.
— Maldição, Dulce! — cuspiu ele, furioso, e me sacudiu de leve. — Por que diabos eu faria uma tolice dessas se eu a amo tant... — ele se interrompeu, me avaliando com a testa franzida. — Foi isso que a manteve tão hesitante?
— Você pediu um tempo! Existem regras pra isso, uma delas é não pressionar o parceiro até ele decidir o que quer. Todo mundo sabe disso!
— Eu não! — rebateu com ardor.
— E como é que eu ia saber? Você podia ter se explicado melhor!
— Se não estivesse a um passo de perder a cabeça, se a amasse menos, talvez eu de fato pudesse.
Enterrei a cabeça entre as mãos e gemi.
— Como é que a gente pôde se desencontrar tanto? Será que esses duzentos anos sempre vão separar a gente?
Christopher tocou gentilmente meu queixo e me fez erguer a cabeça, então deslizou a ponta dos dedos por meu lábio inferior.
— Não, não vão. Nós não permitiremos que isso aconteça. Agora, vamos sair daqui. Você está ficando com frio — sussurrou, tristonho. Ao sair de cima dele, compreendi o motivo. Uma terrível sensação de perda se abateu sobre mim assim que nossos corpos se separaram.
Christopher me ajudou a sair da banheira e me envolveu com a toalha áspera.
Eu me sequei apressada, sentindo um pouco de frio. Vesti minha camisa manchada favorita enquanto Christopher se secava sem pressa, me observando atentamente. Fui até o quarto anexo e apanhei uma camisa imensa, que mais parecia uma camisola, só que masculina, com colarinho e bolsos frontais. Eu a entreguei a ele e me sentei aos pés da cama.
— Como você sabia onde me encontrar? — perguntei.
— Não sabia, foi sorte. — Ele vestiu a camisolona sem se dar o trabalho de abotoar os punhos e veio se juntar a mim. O colchão cedeu um pouco com seu peso. — Como eu disse, estava no escritório tentando pensar em uma forma de... bem... — Ele coçou a nuca, constrangido. — De seduzi-la.
— Só pra ficar registado, você não precisa de estratégia nenhuma comigo.
Um esboço de sorriso curvou os cantos de seus lábios pra cima.
— Vou me lembrar disso. Mas naquele momento eu não conseguia acreditar que a tivesse perdido novamente, dessa vez por culpa minha. Eu ainda não tinha conseguido pensar em nada útil quando ouvi os gritos da senhora Madalena. Imaginei que minha tia estivesse atormentando a pobre mulher e não dei muita importância. Eu tinha problemas mais graves e urgentes com os quais me ocupar. Instantes depois, escutei relinchos de Storm e estranhei. A senhora Madalena me procurou, branca feito cera, e me disse que você havia fugido, explicando o que tinha lhe dito. Ah, Dulce! — Ele sacudiu a cabeça. — Senti meu mundo ruir. Fiquei tão preocupado com seu sumiço que quase enlouqueci. Fui procurá-la pela casa, porque não podia acreditar que você se arriscaria na mata àquela hora da noite, sobretudo
com a maldição pairando sob nossa cabeça. Bati no quarto de Maite, acreditando que você pudesse ter ido até lá, para conversar ou... não sei. Mas você não estava. Gomes e eu vasculhamos cada canto. Foi aí que percebi que Storm se aquietara e desconfiei de que havia uma razão para isso. Desci para o estábulo e descobri que o cavalo fugira. E ali entendi que você tinha me deixado.
— Eu não deixei você — objetei. — Eu me perdi, é diferente! E Storm me seguiu por vontade própria. Eu o mandei voltar pra casa, mas ele não me escutou.
— Você não vai acreditar no estrago que ele fez no cercado — contou, arqueando as sobrancelhas. — Alertei todos os empregados e ordenei que saíssem à sua procura. Eu voltei para interrogar a senhora Madalena e Maite na tentativa de descobrir seu paradeiro. A pobre Madalena chorava tanto que mal conseguia pronunciar uma frase coerente. Estava indo pegar um cavalo quando me lembrei de vê-la escrevendo algumas cartas. Supus que a resposta pudesse estar nelas. — Ele engoliu em seco. — E, de certa forma, estava.
— São pra Nina.
— Eu sei. Li algumas. — Ele soltou um suspiro pesaroso, virando a cabeça em
direção ao livro recheado de cartas sobre a mesa. — Por que acha mais fácil falar sobre o que sente com alguém que está tão longe do que comigo?
Eu franzi a testa, preocupada com o conteúdo das cartas. Qual delas será que ele tinha lido?
— Porque há certas coisas que você não consegue entender. — respondi cautelosa. — Não que a culpa seja sua. E agora eu entendo isso.
Você foi moldado para acreditar em certos paradigmas. Só que eu também fui. E eles são tão opostos que acabaram criando esse abismo entre nós dois.
— Não, não foi por isso. Você precisa falar comigo. E parar de fugir de mim. Sei que tem opiniões diferentes das minhas, mas não sou tão cabeça dura, Dulce. Posso tentar entender. Ao menos tentar, ainda que continue discordando. É importante que me explique seu ponto de vista, e tudo o que lhe peço é que ouça o meu. Não faz sentido você se comunicar com Nina e me deixar no escuro.
Ele tinha razão.
— Desculpa. Mas o que você fez depois que leu as cartas? Saiu por aí sem rumo? — perguntei, tentando mudar o foco.
— Por um tempo. Tentei não pensar em quão distante você poderia estar àquela altura, não ficar apavorado com a possibilidade, então decidi ir até a vila e pedir a ajuda da guarda. Vi Storm assim que cheguei e me apressei até a igreja. Não posso descrever o que senti. — Ele friccionou a testa. — Foi como se meu coração só tivesse voltado a bater quando a vi novamente. Eu já estava indo tomá-la nos braços quando o padre Antônio ordenou que eu esperasse. Impaciente, eu me sentei no banco ao fundo da igreja e esperei, ouvindo com o coração apertado o que dizia.
— Eu nunca quis te envergonhar — sussurrei.
— E nunca me envergonhou. — Ele correu dois dedos por meus cabelos.
— Fiz ainda pior. Eu te humilhei publicamente.
Christopher fechou os olhos, mortificado.
— Perdoe-me, Dulce. Eu não quis dizer isso. Para mim, para um homem como eu... — Ele esfregou o rosto, como se isso o ajudasse a clarear as ideias. — É difícil aceitar que a esposa descobrira um novo mundo e o excluíra dele. Eu não soube lidar com a situação. Não suportei a ideia de não ser o bastante para você e acabei falando algo que não é verdade. — Inclinando a cabeça, ele buscou meu olhar. — Você jamais me envergonhou.
— Mas você é tudo para mim! — Foi tudo o que consegui dizer.
— Meu dinheiro não — rebateu, com um sorriso triste.
— Não é nada disso, Christopher. É que eu sempre me virei sozinha. Tem sido difícil pra mim lidar com isso.
Ele me estudou por um instante antes de voltar a falar, com a voz cheia de emoção:
— Sei que abriu mão de muita coisa por mim. Não sou tolo a ponto de supor que não sentiria falta delas. Não sei se posso fazer muito para de algum modo aliviá-la, mas deixe-me ao menos tentar, Dulce! Permita-me compensá-la do jeito que posso.
Neguei com a cabeça.
— Não quero nada além de você. É isso que você nunca entendeu!
Ele inclinou meu rosto e correu um dedo pelo meu maxilar.
— Esquece que li suas cartas? — sussurrou. — Você sente falta do seu mundo.
Encolhi os ombros.
— Às vezes. Mas só se você não está comigo. Por isso eu queria tanto me ocupar de algum jeito. Não planejei nada, Christopher, foi tudo por caso, sem que eu me desse conta do que estava fazendo. E aí, quando vi, estava ganhando meu próprio dinheiro. Muito mais do que o que eu devia na joelharia e depois...
— Depois? — ele me instigou a continuar quando me detive.
Eu não sabia como ele reagiria. Por isso me levantei e segui até a cômoda. Abri a segunda gaveta e de lá do fundo retirei a pequena caixa de madeira na qual eu guardava as moedas que conseguira com o creme.
Voltei para cama e a entreguei a Christopher, observando sua reação.
— Não sei direito quanto tem aí, nem quanto vale. Mas tinha o dobro disso.
Lentamente, ele abriu a tampa e ergueu a sobrancelha. Seus dedos longos percorreram as moedas.
— Conseguiu tudo isso apenas com seu creme de abacate? — perguntou impressionado. Eu assenti uma vez. Ele continuou: — Bem, há um bom dinheiro aqui.
— O bastante para comprar... um cavalo, por exemplo?
Ele examinou as moedas com o cenho franzido.
— Humm... É possível. Talvez um pangaré. Mas por que quer comprar um cavalo? — perguntou levemente magoado. — Tem a Lua e quantos outros desejar. Basta escolher e serão seus.
Eu ri.
— Não preciso de um cavalo, só quero entender o que essas moedas podem pagar.
— Do que precisa, Dulce?
Eu hesitei, retorcendo as mãos.
— Há dinheiro o bastante para, digamos, pagar o dote de uma garota despreparada, com propensão a criar problemas e que não sabe latim nem italiano?
Christopher fechou a caixa com um movimento brusco. As moedas tilintaram lá dentro quando ele a atirou sobre o colchão.
— Não — disse ele, resoluto, e ergueu os olhos para me encarar. Havia fúria neles.
— Sério? Que saco!
— Concordo. — Ele cruzou os braços, numa postura pra lá de teimosa.
Foi aí que percebi que havia algo errado, que a grana talvez desse para pagar o dote de uma mulher como eu. O problema estava em Christopher.
— Tem dinheiro o bastante, mas você não quer aceitar, não é? — Imitei sua postura.
— Não vem ao caso.
— E posso saber por quê? O dote é meu, certo? Pode não ser muito, mas é tudo o que consegui. Você é meu marido e, segundo as regras, tem de aceitar a parte que lhe cabe, querendo ou não. Você me pede para aceitar o seu dinheiro, mas recusa o meu?
— Fico contente que tenha entendido — respondeu ele, com uma tranquilidade enervante.
Descruzei os braços e apoiei as mãos nos quadris.
— O que tem de errado com o meu dinheiro? Bom... talvez seja bem menos do que se costuma pagar por uma garota, mas, mesmo assim, foi o que deu pra juntar. Você podia ao menos ser gentil e aceitar.
Ele se levantou da cama, posicionando o rosto, agora irritado, bem próximo ao meu.
— Ouviu bem o que acabou de dizer? “Pagar por uma garota”! Por acaso não foi você, minha querida esposa, quem me mostrou que não se negocia uma mulher?
Eu e minha boca grande.
— E o que aconteceu com aquele lance do que é meu é seu também? — Empinei o queixo. — Por que as regras só valem para mim? Posso saber?
Um dos cantos de sua boca se ergueu conforme ele relaxava os ombros.
— É muito difícil para mim manter alguma coerência neste momento, quando se comporta assim.
— Teimosa feito uma mula?
— Furiosa, petulante e absurdamente encantadora. — Ele deu um passo à frente.
— Christopher! — Recuei um passo. Eu sabia bem que, se ele me tocasse, eu esqueceria totalmente meus argumentos e não chegaríamos a lugar nenhum. — Tô tentando acertar nossa vida aqui! Dá pra levar isso a sério?
A seriedade fez seus ombros ficarem eretos.
— Dulce, eu a amo. Isso é suficiente. Fico lisonjeado com seu gesto, mas não aceito. Se faz questão de pagar pelo dote, desejo algo melhor do que essas moedas inúteis. — Ele se aproximou ainda mais, e um braço envolveu minha cintura. — Beijos me parecem muito mais atraentes. Seria difícil
recusar. Eu diria que quase impossível.
— Mas aí a gente fica como antes! — Por que ele não enxergava isso? — Se você aceitar o dote, se eu puder pagar por ele com dinheiro de verdade, eu seria uma esposa normal!
Ele bufou.
— Mais um motivo para não aceitar. Não quero uma esposa normal.
— Quer sim!
Ele fixou os olhos nos meus, usando toda a força deles sobre mim. Senti como se derretesse por dentro.
— Não, eu quero você, Dulce. — E tentou me beijar.
Recuei me livrando de seus braços antes que fosse tarde demais e, digamos, eu perdesse o juízo. Acabei esbarrando na cômoda, e a caderneta com as minhas anotações escorregou para a beirada do móvel. Eu a agarrei, subitamente inspirada, vasculhando as páginas.
— Arrá! Achei! Aqui diz que a família da noiva deve acertar o valor do dote com a família do noivo. — Abaixei a caderneta. — Como nem eu nem você temos família, acertamos nós mesmos. Quanto quer por mim?
Christopher olhou fixo para o que eu tinha nas mãos.
— O que é isso? — Ele tomou a caderneta antes que eu tivesse a chance de impedi-lo e folheou algumas páginas. Um V profundo se formou entre suas sobrancelhas. — Onde conseguiu isso?
— Não importa. Estou estudando e logo vou saber de cor todas essas porcarias de regras, mas você...
— Não no que depender de mim. — Com pontaria certeira, ele arremessou o caderninho na banheira.
— Não! — Corri, mas só deu tempo de ver o papel absorver a água e afundar.
— Que droga, Christopher! Eu ainda não tinha decorado tudo!
— Excelente! — Ele sorriu, satisfeito. — Escute-me de uma vez por todas, Dulce. Não quero que se transforme em alguém que não é. Eu a quero.
Eu a amo. Do. Jeito. Que. É. — E pontuou cada palavra, com perigo brilhando em suas íris negras. — E, se voltar a arrumar os cabelos como os de minha irmã, prometo que os bagunçarei assim que tiver a chance. Independentemente de quem estiver por perto. E, como bem deve ter lido — ele apontou para a banheira onde jaziam minhas anotações —, será um
tremendo escândalo exibir esse tipo de intimidade fora do quarto.
— Você não gostou do meu cabelo? — perguntei, sentindo que perdia o foco.
— Ficou linda, mas não era você. Não era a minha Dulce.
— Muita gente acharia isso uma coisa boa. — E ele fechou a cara, pronto para recomeçar o sermão, mas eu o detive, apoiando as mãos em seu peito largo. — Christopher, olha só, tem sido difícil me adaptar. Muito mais do que eu tinha imaginado. Você acabou de dizer que eu devia falar com você sobre como me sinto. Bom, estou falando agora. Eu estou no século dezenove, me casei com um homem desse tempo, me visto de acordo, tento me comportar como uma dama... na maioria das vezes. Não sei falar italiano nem latim, não sei bordar, desenhar, cantar, tocar piano nem tenho nenhuma outra qualidade que se julga importante aqui. Eu me sinto tão... inadequada. — Ele sacudiu a cabeça, e eu me apressei em terminar: — Só me escuta, por favor! Não acho que sou a pessoa errada para você. Não é isso. Mas sou errada para este tempo. Então, se pelo menos eu pudesse cumprir uma das exigências, só uma... eu não me sentiria assim tão fora de lugar. Você disse que gostaria de fazer algo para ajudar na minha adaptação. E você pode! Basta aceitar o dote.
Ele prendeu a respiração, pressionando os lábios com força.
— Você me pede algo que contraria tudo em que creio. Foi você mesma quem me fez enxergar como a prática do dote é absurda.
Eu realmente precisava pensar mais antes de falar a primeira coisa que me vinha à cabeça. Foi então que uma ideia me ocorreu.
— E se eu... Tá bom, você aceita o dote e em troca eu aceito numa boa que você pague minhas despesas, me compre presentes e tudo mais que te der na telha, porque aí estaremos agindo conforme as regras daqui, né? Um marido gastando rios de dinheiro com a esposa cabeça-oca. Juro que não vou reclamar. Até vou comprar umas fitas de cetim pra entrar bem no clima! O que acha?
Isso despertou seu interesse.
— Tudo o que eu quiser? — ele perguntou, desconfiado.
— Tudo. Prometo! — afirmei e beijei sua boca de leve.
Ele deliberou por um instante e cheguei a pensar que manteria sua postura, mas, no fim das contas, acabou cedendo.
— Muito bem. Temos um acordo.
— Sério? Maravilha! — Eu me apressei em pegar a caixa sobre a cama.
Mas hesitei por um momento antes de passá-la a ele. — Tem algum ritual?
Vai me dar um recibo ou...
Ele me olhou feio.
— Ainda não me convenci de que estou fazendo a coisa certa. Não me tente, Dulce.
— Tudo bem, tá legal. — E lhe entreguei a caixa.
A contragosto, ele a pegou, mas não tirou os olhos dos meus.
— Estas moedas agora me pertencem. E vou usá-las da maneira que julgar apropriado — ele esclareceu.
— Eu sei. — E isso não importava, contanto que ele ficasse com elas.
— Ótimo! Você disse tudo que eu quiser... — E no mesmo instante eu soube o que ele faria. — Quero que fique com isso — Christopherme devolveu a caixa.
Eu pressionei os lábios para não gritar.
— Christopher...
— Você prometeu — lembrou ele, muito satisfeito. — Eu cumpri minha parte no acordo e aceitei o dote. Agora cumpra a sua.
— Mas você tá trapaceando!
— Você não especificou as cláusulas do acordo. — E exibiu um sorriso malicioso.
— Você... Você é um... Você é tão... Argh!
Irritada até a medula, puxei a caixa de suas mãos com pouca gentileza e a coloquei em cima da mesa na entrada do quarto, de onde nunca mais pretendia tirá-la. Corri para a cama cuspindo fogo, e fiquei surpresa ao notar que Christopher me seguia, ainda que a passos lentos. Deitei no colchão, socando o travesseiro para a afofá-lo, e encarei o teto, cruzando os braços sobre a barriga. Christopher se esticou do outro lado e imitou minha postura.
Estava tão furiosa por ter dado tudo errado que bufei uma dezena de vezes. Christopher não disse nada, apenas ficou ali, olhando para o forro de madeira, murmurando algo que a princípio não reconheci. Transtornada como estava, eu mal ouvia meus próprios pensamentos. Entretanto, conforme a raiva foi se esvaindo, comecei a prestar atenção no que ele estava dizendo.
Cantando, na verdade.
E não era uma música qualquer, mas aquela que cantei para ele em nossa primeira noite juntos. Aquela que embalou nossa dança sob a sombra do velho carvalho. E, mais uma vez, no baile de lady Catarina.
Era por coisas assim que era tão, tão difícil ficar zangada com Christopher por mais de um minuto.
Girei a cabeça no travesseiro para poder observá-lo. Christopher fez o mesmo, e, assim que nossos olhares se encontraram, toda minha irritação desapareceu. Ele começou a rir, e eu até tentei me manter séria, preservando meu orgulho, mas falhei. Christopher viu minha reação como um encorajamento, então rolou de lado e me puxou para si, tornando impossível para mim manter um pensamento coerente.
Quando sua boca cobriu a minha, e seus dedos ágeis começaram a trabalhar nos meus botões, senti que, ao contrário do que acontece quando alguém pede um tempo, nós não estávamos recomeçando, mas apenas retomando nosso relacionamento do ponto em que fora interrompido. E dessa vez eu jurei que nada nem ninguém estragaria o nosso felizes para sempre.
Nem mesmo eu.



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Autor(a): Fer Linhares

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Eu me estiquei na cama, sentindo os ossos estalarem, completamente dolorida e satisfeita. Mesmo de olhos fechados, me dei conta do sorriso estirando meus lábios, e, assim que os abri, vislumbrei Christopher deitado de lado, me observando. Ele estava com a cabeça apoiada em uma das mãos. Vestia apenas a camisa de dormir, e estava t&ati ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



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  • kaillany Postado em 17/01/2017 - 15:34:52

    Parabéns amei do começo ao fim!!!!s2

  • tahhvondy Postado em 16/01/2017 - 17:33:32

    amei q lindo super amei e m ansiosa pro proximo livro

  • Captain Swan Postado em 16/01/2017 - 14:45:03

    Já ta postado o proximo livro o link ta nos agradecimentos bjss S2

  • GrazihUckermann Postado em 16/01/2017 - 14:38:38

    Ameii! estou muito ansiosa pelo próximo livro s2 posta logo PFV

  • GrazihUckermann Postado em 15/01/2017 - 22:04:26

    Sumi mas estou de volta! 10 capitulos novo e li tudo rapidinho. tá, talvez demorei tipo uma hora e meia, quase duas. amei de mais! Estou apaixonada por esse dois s2 continua logo

  • Postado em 15/01/2017 - 20:30:45

    ah ta acabando q triste mas to amando e o q o futuro deles??se for o q to pensando e mt legal continua

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 17:27:14

    ai o cometario abaixo e meu não vir q não tava longada

  • Postado em 15/01/2017 - 17:24:53

    amei e uma menina e amei q colocaram o nome dela de nina

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 16:54:46

    owts bebe vondy a caminho amando

  • tahhvondy Postado em 15/01/2017 - 00:35:26

    Ossa odiando essa tia do Christopher cm ela teve coragem de sequestrar a Maite sorte q acharam ela mas essa tia vai continuar causando problemas? ?e o Anfonso vai casar cm a Anahí??


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