Por vezes, comparava Ninel com Blanca e tentava imaginar como minha vida seria se Ninel fosse como Blanca.

Provavelmente, viveria em Phoenix, com ela e seu noivo. Provavelmente não conheceria Simon Provavelmente não teria Sophia ou Clara. Provavelmente não conheceria Anahí e não teria uma namorada tão perfeita quanto ela.

Afastei esses pensamentos de minha cabeça.

Ninel não era, não é e não será como Blanca.

Depois de nos despedirmos dos Saviñón, fomos para casa dos Portillas. Também eles já estavam todos acordados e na sala de estar, nos esperando.

Nos despedimos deles.

–Aproveitem, hein, não se contenham por terem Sophia e Clara lá, ok? – Cristian pediu, gargalhando. Angel lhe deu um tapa no braço, rindo.

–Podem comprar este vestido para mim? – May perguntou, apontando para um vestido amarelo. Sorri.

–Maiite querida, eles vão de férias, curtir a família e a praia, não vão andar às compras! – Marichelo informou, rindo

–Nós compramos, se encontrarmos. – Anahí garantiu.

–Se cuidem, filhas. – Henrique pediu, em pé, à nossa frente. – E cuidem das pequenas.

–Cuidaremos. – garanti, olhando Sophia entretida com um filme de desenho que passava na tevê.

–Boa viagem! – Poncho desejou, por fim.

Agradecemos uma última vez e fomos embora para o minúsculo aeroporto que Rosewood tinha.

Fizemos o check-in e, para aí, 20 minutos depois, nosso voo foi chamado.

Anahí e eu fomos separadas, para as meninas não ficarem sozinhas. Ela iria com Sophia nos lugares à minha frente, e eu iria com Clara. Ao meu lado, no lugar da janela, ia um senhor muito preocupado com seu caderno e, ao lado de Anahí, ia uma velhota que achou Sophia a menina mais linda que já tinha visto.

Chegámos à República Dominicana quatro horas depois, na hora dos EUA.

–EBA! República das Bananas!

–Soph, querida, mamãe já disse que é República Dominicana!

Sophia ignorou minha correção e continuou cantarolando o nome errado do país.

Pegámos um táxi.

–Para el Iberostar Grand Hotel Bavaro, por favor. – Anahí pediu.

–Sabe falar espanhol? – perguntei.

–Sei. – ela informou, sorrindo.

–O que a mama disse? – Sophia perguntou, brincando com os dedinhos de Clara.

–Pedi para o senhor nos levar para o hotel onde vamos ficar. – Anahí falou.

–Ah… ok.

–Só sabe falar espanhol e inglês? – perguntei, curiosa. Agora queria saber que outras línguas Anahí falava.

–Não… Também falo francês e um pouco de italiano e português. Mas o português aprendi, principalmente, por causa do espanhol. São línguas bastante parecidas.

Eu também sabia falar espanhol, mas apenas do que aprendi na escola. Ou seja, as coisas básicas, e sem sotaque nenhum. Mas ela falou com sotaque e não se enganou em nenhuma palavra.

–O que mais não sei sobre ti? – perguntei.

–Pouquíssima coisa.

–Aquí estamos. – o homem do táxi falou.

–Gracias. – Anahí estendeu umas notas que não eram dólares (deviam ser a moeda da RD) e as entregou ao senhor, que as contou cuidadosamente.

Saí do táxi, com cuidado para não machucar Clara, que estava ao meu colo, brincando com meu cabelo, e estendi a mão para Sophia.

–Tão lindo, mamãe! – Sophia exclamou, olhando para o hotel.

Era lindo, realmente. E enorme.

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Hotel: http://www.redtag.ca/images/hotels/Iberostar%20Grand%20Hotel%20Bavaro_Punta%20Cana.jpg

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Anahí tinha mantido segredo nossa estadia, até agora. Ela fez as reservas em segredo. Acho que as fez na clínica, enquanto eu estava em casa, com as meninas.

–É lindo, não é? – ela perguntou, pousando as malas ao nosso lado.

–Buena noche, quieren ayuda? – um homem novo falou. Seus cabelos e olhos eram castanhos e sua pele era morena, mas mais clara que a de meus irmãos.

–Si. Nosotros nos quedaremos aquí. – Anahí se manifestou

–Oh. Vale. – ela puxou um carrinho dourado, onde colocou as malas. Empurrou aquela coisa até à recepção do hotel.

–Anahí Giovana Perroni Portilla. Cuatro personas. Dos niños e dos adultos.

–Anahí Portilla… Oh, sí. – a recepcionista era loira e com um sorriso muito legal para meu gosto.

Me lembrei de minhas aulas de espanhol e tentei falar com Edward.

–Cariño, ¿cuándo vamos a subir? – Saiu tudo mal. Mas acho que era isto. Anahí riu da minha tentativa frustrada de falar espanhol.

–Ahora mismo, supongo, mi amor. – sorri gloriosamente, ao perceber que a loira estúpida fechou a cara.

–Mamãe, que está falando? – Sophia perguntou.

–Estou perguntando a mama quando vamos subir, querida. – respondi, sorrindo para ela e arrumando novamente Clara nos braços. Ela estava escorregando e, com saltos altos, se tornava difícil. Também, não sei qual foi minha ideia.

–Ok. Número 563, piso 4. – a loira informou, agora sorrindo formalmente, entregando uma chave a Anahí.

–Tien balcón? – ela perguntou

–Si, señora, como hay pedido. – respondeu, observando o computador.

Hum… sacada. Teremos sacada!

–Muy bien. Gracias. – Anahí agradeceu. O homenzinho empurrou o carrinho até ao elevador e nos deixou entrar para carregarmos no nosso andar – Afinal também sabe falar espanhol – zoou.

Ri.

–Mal. Apenas o que aprendi na aula. – respondi

–Percebi.

Quando o elevador parou, saímos dali e Anahí disse o número ao moreno, que nos encaminhou para um dos quartos no fim do corredor.

Anahí abriu a porta do quarto e deu passagem para o garoto passar, tapando nossa visão.

–Gracias – Ela agradeceu, dando duas notas ao garoto.

Quando ele foi embora, ela se virou para nós.

–Bom, garotas. Será aqui que vamos ficar. – ela falou, saindo de nossa frente.

Olhei para dentro da porta.

Entrei lentamente. Não era um quarto, como eu pensava. Era uma… mini-casa.

Deus do céu… Todo o cômodo gritava LUXO. Foi nesse momento que me perguntei quanto Anahí pagará por nossa estadia ali.

–Onde vamos domi? – Sophia perguntou, vendo que ali só havia uma sala de estar luxuosa com uma televisão grande e três sofás de tons castanhos e cremes.

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Sala de estar: http://farm6.staticflickr.com/5246/5286995185_03cd50746b_z.jpg

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–Tu e Clara dormirão num quartinho e eu e a mamãe dormiremos noutro quarto. – Anahí explicou

Ela depois mostrou o quarto onde Clara e Sophia iriam ficar. Tinha uma cama de casal enorme e, ao lado, tinha um berço.

–A cama vai sê pala mim? – Sophia guinchou, apontando para a cama enorme.

–Vai, querida. – Anahí respondeu.

–E o bêço pala a Mel?

–Claro!

Deitámos Sophia na cama e Clara no berço. Elas estavam cansadas do voo. Creio que só acordariam no dia seguinte de manhã.

–Tens fome? – Anahí perguntou.

–Não. – respondi, analisando a sala de estar. – Quanto pagaste por isto? – perguntei.

–Não interessa. – ela respondeu.

–Claro que interessa, Anahí! Isto é muito! Um quarto bastava para nós os quatro! – falei.

–Meu amor… Assim teremos mais privacidade. – ela informou

–Mas gastas mais dinheiro conosco! Dinheiro que poderá ser melhor utilizado no futuro. – reclamei.

–Tira esse biquinho. – Anahí pediu, tocando em meus lábios e se ajoelhando no chão. – Querida, dinheiro utilizado com vocês jamais seria um gasto. Está sendo aproveitado.

–Não podias escolher um hotel mais barato? – sussurrei.

–Podia. Mas não seria tão perto da praia, ou não teria tanta comodidade e privacidade quanto este.

–Perto da praia? – perguntei. Quão perto estaríamos? Eu não ouvia as ondas…

Ela riu e se levantou, me puxando com ela.

–Olha ali. – ela pediu, apontando para a janela da sala de estar.

–Oh… - murmurei. Estávamos mesmo bastante perto da praia. Saíamos do hotel e estávamos na praia. E tinha vários guarda-sóis de palhinha. Parecia ser uma praia agradável.

Volteeei Meu Amores  ...