Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
Quando o abraço terminou, eles se voltaram para Frabatto, sentado
à mesa com uma xícara de chá na mão e um sorriso no rosto. O lugar em
ruínas havia se transformado em um castelo belíssimo, com tapetes de
cores vivas, móveis brilhantes e quadros de belas paisagens.
Dulce
reconheceu a menininha sentada à mesa comendo um pedaço de bolo. Era
a filhinha de Frabatto que ela conhecera da outra vez. A menina lhe sorriu e
acenou.– Por favor, sentem-se e tenham um bom café da manhã! É a refeição mais importante do dia!
Eles começaram a se sentar, mas Dulce não resistiu e disparou a
pergunta indignada antes mesmo de seu traseiro tocar a cadeira
almofadada.
– Frabatto!!! Por que tentou nos matar??!
O mago arregalou os olhos ofendido:
– Quem??? EEEEU?
– É! Você! Fui perseguida por um Chris maquiavélico que tinha
acabado de matar minha mãe!
– E eu vi Anahí ser sugada por um buraco! – reclamou Poncho.
Foi quando ele se virou rapidamente para Anahí.
– Aliás, como foi que você saiu do buraco?
– Eu cai numa espécie de porão vazio e fiquei com muito, muito
medo, pois pensei que estava sozinha! – contou Anahí, servindo-se de
mais chá. – Eu fiquei com tanto medo que paralisei! Me encolhi e fiquei
balançando pra frente e pra trás que nem uma demente! Aí, de repente, eu
ouvi a voz de Dulce dizendo: “Você não está sozinha”. Me enchi de
confiança e comecei a procurar uma saída. Depois de andar, achei uma
escada e vim parar na cozinha do Frabatto, onde ele já estava me
esperando!
– Achei que seu castelo não fosse mudar pra mim! – disse Dulce. –
Eu já estive aqui antes!
– Isso é discutível, minha cara menina – respondeu Frabatto.
– Como assim? Vai dizer que eu não estive aqui?
– Sim, você esteve. Mas você não era a mesma pessoa que é hoje.
Dulce parou um pouco.
– E falando nisso, por que está vestida como um rapaz?
Dulce olhou para si mesma.
– Estamos sendo perseguidos por Manuel, um elfo psicopata. Achei
que era melhor me disfarçar.
Frabatto se recostou na cadeira.
– Vejo que você mudou bastante mesmo... Definitivamente, não é a
mesma pessoa.
De certa forma, Dulce entendeu o que ele disse. Ela não se sentia
ela mesma. Mas não sabia o que exatamente estava acontecendo. Pegou um
pedaço de pão doce na frente dela e passou um pouco de manteiga, um
hábito que tinha (passava manteiga em tudo).
– É... Coisas aconteceram e eu mudei... – disse ela. – Mas não é
motivo para tentar me matar!
Frabatto riu e colocou a xícara sobre a mesa.
– Eu não tentei matá-la, criança... Eu tentei salvá-la. Na verdade,
tentei salvar todos vocês! E como estão aqui comendo comigo hoje,
acredito que fui bem sucedido.
Os três garotos se entreolharam confusos.
Frabatto pegou uma fruta parecida com uma mexerica vermelha,
com gomos rubros como cerejas, e começou a descascá-la, enquanto
explicava o que acontecera.
– Este lugar possui suas regras. Qualquer um que entre aqui precisa
provar que é merecedor de minha hospitalidade. Por isso, cada um que
aqui entra é testado. Como você e seu amigo anjo foram testados da
primeira vez, há bem pouco tempo! Vocês foram testados em suas maiores
fraquezas. Eu tentei avisá-los.
– Você falou conosco! – compreendeu Poncho. – Quando ouvi a voz de
Anahí dizendo que confiava em mim, era você!
– Isso mesmo, meu jovem! Você é muito perspicaz!
Dulce parou de mastigar enquanto ligava os pontos.
– Foi você que falava pela ilusão de minha mãe para não ter medo...
– deduziu ela.
– E foi você que disse que eu não estava sozinha! – falou Anahí.
– Isso mesmo! Tentei mostrar a ilusão onde estavam caindo, uma
ilusão criada, na verdade, por vocês mesmos. Os perigos eram reais, mas
usavam suas fraquezas para darem o bote.
O assunto rendeu um pouco mais e conversaram enquanto
terminavam o café da manhã. Em seguida, Frabatto os convidou para um
passeio nos jardins, onde poderiam dizer o que queriam com ele.
Caminharam pelo castelo iluminado pelos raios de sol que passavam
pelos vitrais coloridos nas janelas até uma porta lateral que se estendia em
um caminho de pedras. Ao redor, um belíssimo jardim florescia, borboletas
voavam com asas de cores nunca antes imaginadas e pássaros cantavam
com a alegria que só a liberdade pode dar.
– Precisamos de sua ajuda! – disse Dulce.
– Imaginei! – sorriu Frabatto.
– Mas você já me ajudou – voltou ela. – E eu gostaria de agradecer.
Frabatto riu novamente, sabendo do que ela estava falando.
– Bom saber que você manteve a memória de nosso passeio até seu
amigo Chris. Achei que você esqueceria. Mas diga, o que querem de mim?
Havia uma mesinha Ponchoca de metal cercada por cadeiras no meio
do jardim. Frabatto se sentou e os outros o acompanharam, admirando a
beleza do lugar.
– Trolls sequestraram Chris lá no nosso mundo e eu e minha família
viemos atrás dele – tentou resumir Dulce. – Só que agora estamos todos
perdidos! Nos desencontramos e não sei como estão meus pais e meu tio. E
Chris... Bem, você já viu no que ele se transformou... Precisamos de sua ajuda
para achar meus pais e meu tio e para saber se há como reverter o que
aconteceu com Chris.
– Hum... – Frabatto colocou a mão no queixo, observando a menina
vestida de rapaz.
– Você mudou muito...
– Como?
Ele a analisava com cuidado, deixando-a desconfortável.
– Bem, podemos começar com os espelhos mágicos! – disse, de
repente, levantando-se.
Em poucos minutos, estavam na imensa sala de espelhos de todos os
tamanhos. Anahí se sentiu atraída por um espelho de moldura azul
metálica com rosas entalhadas. Ela se deixou mergulhar no próprio reflexo
por alguns minutos e a voz de Frabatto e Dulce ficaram distantes.
Foi
quando ela viu a si mesma, alguns anos antes, ainda uma criança, num dia
na praia com seus pais. O sol estava se pondo e eles brincavam com uma
imensa bola colorida. Foi um raro momento em que eles não atenderam o
celular, nem falaram de negócios, nem da vida alheia. Eles estavam ali para
ela. Apenas para ela.
– Anahí! Venha!
A imagem se diluiu e ela a perdeu. Seguiu a voz no grande salão de
espelhos e se uniu ao grupo.
– Quem você quer encontrar primeiro?
– Meu pai e Eileen! – respondeu Dulce. – Eles estavam juntos!
– Concentre-se em seu pai então... – pediu o mago, com voz suave.
Dulce relaxou e deixou os olhos pousarem no espelho de moldura
prateada. A moldura pareceu se encher de neblina e então uma imagem
surgiu. Viu uma carroça se movendo por uma estrada de árvores secas. A
carroça parou e dois homens abriram a porta. Viu homens acorrentados
saindo.
– Há algo errado! – disse Dulce. – Meu pai não está aí!
E foi quando ela o viu. Ele estava entre os homens acorrentados. O
rosto estava um pouco machucado, mas ele estava com a mesma roupa de
feiticeiro da Lua Negra que recebera na Vila das Fadas D’água.
Com um movimento da mão de Frabatto, a imagem se diluiu e
desapareceu.
– Por que fez isso? – protestou Dulce.
– Você não tem treinamento energético para acessar espelhos
mágicos. – explicou Frabatto. – Você já viu seu pai e já tem as pistas de que
precisa para encontrá-lo.
– Que pistas? – Dulce nem saberia por onde começar.
– Ele é um escravo! – disse Poncho. – Foi sequestrado e vendido e
agora está na estrada para Goltaca, um lugar onde escravos são comuns.
Dulce sentiu-se sonolenta, mas lutou contra o sono.
– Tudo bem, vamos ver se achamos minha mãe agora.
Ela se concentrou nela e viu Blanca num cavalo com Eileen. Ao lado
dela, viu Marcos e, para sua surpresa, seu tio Marcel, que achara que tinha
ficado em seu mundo. Estavam andando numa floresta na companhia de
um homenzinho engraçado de capuz que se parecia demais com o Mr. Bean.
Riu, imaginando que essa certamente foi a primeira coisa que seu Tio
Marcos falou.
Mais um movimento de mãos de Frabatto e tudo desapareceu.
Dulce sentiu-se tonta e foi amparada por Poncho.
– Reconheceu o lugar?
– Não, lamento... Pareceu uma floresta como outra qualquer.
– Mas ao menos você viu que eles estão bem! – consolou-a Anahí.
Dulce se sentiu apoiada e não teve certeza de como chegou em sua
cama. Era dia, ainda cedo, mas ela realmente precisou se entregar a
algumas horas de sono.
– Ela está bem? – perguntou Anahí, observando a amiga dormindo
pesadamente na cama.
– Ah, ela está ótima! – respondeu Frabatto com um tom
descontraído. – Vai dormir por algumas horas e estará nova em folha!
Eles saíram do quarto e Poncho e Anahí se sentiram um pouco
perdidos.
– Por que vocês não dão um passeio e tiram um tempo para vocês
também? – sugeriu Frabatto. – Tenho alguns assuntos a resolver, eu os
verei no almoço!
Seguindo o conselho, o jovem casal se pôs a andar pelos jardins,
aproveitando o dia de sol.
– Nunca me canso de ver a beleza desse lugar! – disse Anahí.
Poncho não disse nada. Parecia meio incomodado.
– Você está bem? – perguntou ela.
– Eu perdi você – ele disse sem sentir. Quando viu, as palavras já
tinham saído de sua boca. – E foi horrível...
Anahí sorriu.
– Eu estou bem aqui!
– Eu segurei sua mão! – disse ele. – E não pude salvá-la!
Anahí segurou o rosto dele com as duas mãos, olhando em seus
olhos.
– Poncho, meu querido amigo... Não podemos salvar as pessoas de suas
escolhas...
Ele sentiu o coração bater mais forte e seus lábios estavam bem
próximos. Pássaros voaram de uma moita muito próxima, fazendo uma
algazarra, assustando os dois, que se afastaram imediatamente.
– Eu precisava enfrentar a solidão para não temê-la nunca mais –
disse Anahí. – Foi apavorante! Foi horrível! Mas eu saí mais forte dali! Eu
sei que não preciso mais ter medo de ficar sozinha. Meus pais, meus
amigos, Manuel... Todos acabaram me deixando, de uma forma ou de outra.
Mas eu tenho a mim mesma. E tenho bons amigos que nunca me
abandonam. Como Dulce e você.
Poncho baixou a cabeça, pensando sobre aquilo.
– E você? – perguntou ela. – O que enfrentou?
Ele não sabia se estava pronto para falar sobre isso, mas admirava a
coragem da moça em falar de seus medos. Se ela podia falar daquilo, ele
também podia. Ele se sentou numa pedra.
– Minha mãe morreu no parto, meu pai me abandonou – disse ele,
olhando para frente. – Fui criado por uma tia que me odiava. Ela, o marido e
os filhos deles, todos mais velhos que eu, viviam me dizendo o quanto eu
era um enjeitado, um imprestável e inútil. Eu nunca fazia nada certo.
Acreditei por um tempo que eles tinham razão...
Anahí se sentou na mesma pedra, bem perto dele, tocando seu
ombro carinhosamente.
– Mas um dia eu saí de casa e procurei ser alguém. E assim virei um
guarda do Reino. Quando perdi você, tudo aquilo voltou, as vozes deles
dizendo que eu não iria conseguir que seria sempre um fracassado... Foi
horrível!
– O que o trouxe de volta? – perguntou ela.
– Você! – disse ele, olhando em seus olhos. – Eu ouvi sua voz dizendo
que confiava em mim. Foi quando reagi e decidi ser quem eu queria ser,
não quem eles queriam que eu fosse!
Anahí sorriu.
– Obrigada, Poncho... – disse ela. – Você tem sido um bom amigo...
O brilho nos olhos dele esmaeceu um pouco. Não era o que ele
esperava ouvir. Ou o que desejava ouvir. Então ele sorriu e se levantou,
pegando-a pela mão como uma dama.
– Vamos voltar ao castelo. Assim que Dulce acordar, pedimos mais
alguns conselhos para o mago e partimos.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
-
kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2