Fanfics Brasil - Capítulo 15 - Prision Break A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada

Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 15 - Prision Break

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Dentro da carroça, parecia haver horas que estavam ali a sacolejar

pelo caminho de terra. Fernando tentava, vez por outra, olhar pelas frestas

para ver o caminho, mas só via árvores que iam ficando mais secas

conforme seguiam adiante.

 

– Ouça, Edward... – sussurrou Fernando para o jovem ao seu lado.

Edward se virou para ele. Dessa vez, seus olhos pareciam mais

cheios de consciência.

 

– Há quanto tempo estamos nessa carroça? – perguntou o rapaz.

 

Fernando não tinha um relógio e estranhou a pergunta.

 

– Há um dia e meio, acho.

 

– E não paramos para dormir? Ou comer?

 

Fernando arregalou um pouco os olhos.

 

– Paramos ontem. Nos deram pão e água e você me falou sobre

aquele ser esquisito de um pé, um olho e um braço, o Tachan.

 

Edward sacudiu um pouco a cabeça, confuso.

 

– Lembro-me vagamente do Tachan, mas achei que tinha sonhado...

 

– Me escute, rapaz! Eles estão nos dando uma frutinha vermelha que

é como uma droga. É isso que está deixando você lerdo e confuso. Da

próxima vez que lhe derem aquilo, não coma.

 

– Tudo bem... – respondeu Edward, vendo que havia algo mais

naquela recomendação. – O que está planejando?

 

– Estou planejando fugir. Se quiser vir comigo, pare de comer aquela

porcaria. Não posso levar um zumbi comigo.

 

– Escravos que fogem são severamente punidos! – disse Edward,

sempre sussurrando, mas em tom de extrema preocupação.

 

– Não sou escravo de ninguém – respondeu Fernando. – E vou sair

daqui. Tenho uma lista de coisas a fazer. Achar minha família e matar três

homens. Se não quiser vir comigo, tudo bem, seja feliz em sua vida de

escravo. Só não fique no meu caminho.

 

Edward não disse mais nada.

 

A carroça parou. A porta foi aberta e, como da outra vez, eles foram

retirados. Fernando olhou em volta, reconhecendo o terreno. Podia ser a

chance de sua fuga.

 

O sol o cegou momentaneamente. Assim que voltou a enxergar,

preocupou-se. Não estavam numa floresta, como da outra vez. Era uma

espécie de porto. Havia mais homens e os dois homens que os levavam

conversavam com um sujeito barbudo e corpulento. Fernando viu uma escuna

sendo carregada. Seu coração acelerou. 

 

Viu o mar diante deles e imaginou

que se entrasse naquele barco, suas chances de realizar suas duas missões

iam ficar muito, muito pequenas. Olhou em volta o mais discretamente que

pode, tentando ver suas chances de fuga. Havia estivadores e piratas, além

de outros barcos menores e maiores ancorados. 

 

Viu facas e espadas nas

cinturas dos homens. Viu algumas mulheres, também piratas. Se lembrou

de seu dom de atrair a simpatia das mulheres na mesma intensidade em

que atraía a ira dos homens. Se pudesse ter um breve contato, mesmo que

fosse um relance, com alguma daquelas piratas, talvez sua sorte mudasse.

 

O homem negro veio e pegou o homem ao lado de Fernando, um que

parecia sempre assustado. Entregou-o ao barbudo e recebeu sua sacola de

dinheiro. Isso feito, mandou que eles subissem novamente na carroça. Já lá

dentro, Fernando ainda viu por uma fresta quando o prisioneiro foi levado

para dentro do navio.

 

– O que vão fazer com ele? – murmurou para si mesmo, sabendo que

poderia ser ele ali.

 

– Pode ser só um escravo para trabalhar no barco... – disse Edward.

 

Fernando se virou para ele, pressentindo um “ou”.

 

– Ou devem estar atrás de algum tesouro...

 

– Não entendi – disse Fernando.

 

– Precisam de alguém descartável quando vão atrás de um tesouro –

explicou Edward. – Alguém para testar as armadilhas, ou ser dado para

algum monstro carnívoro como distração enquanto passam.

 

– Isso é horrível! – foi só o que Fernando foi capaz de falar.

 

A carroça se moveu. Ele olhou em volta. Agora eram cinco. Pelo

menos não estava num navio, prestes a cruzar os sete – quantos mares

aquela terra tivesse.

 

– Temos que fugir hoje – murmurou Fernando.

 

Edward olhou para ele seriamente.

 

– Conte comigo.

 

O estômago roncava, mas Fernando não sentia a fome. Passava e

repassava seu plano na cabeça enquanto a carroça seguia seu caminho.

 

Tudo o que pedia é que pudessem pernoitar mais uma vez em um local

deserto. Ele já estivera numa prisão de trolls e sabe como foi difícil escapar

de lá. Esperava que um covil de trolls não estivesse no itinerário dos

escravagistas. Os outros homens cochilavam ou permaneciam alheios a

eles. Ele aproveitou para passar em sussurros o que pretendia para

Edward.

 

Fernando se esforçava para manter o foco. Aprendera a se controlar a

duras penas depois que fugira de Loudun com a ajuda de Blanca, Marcel e

Marcos. Seus primeiros anos nesse admirável mundo novo foram difíceis e

ele não teria conseguido sem a ajuda desses valiosos amigos. No entanto,

lembra-se com clareza que por mais que aquelas três pessoas tivessem

feito toda a diferença em sua vida, quem mudou seu coração para sempre

foi aquela coisinha pequenininha embrulhada numa manta cor de rosa.

 

Ele sorriu, lembrando-se de Dulce em seus primeiros anos. Foi por

ela que aprendeu a buscar soluções mais sensatas. Foi por ela que procurou

se tornar melhor. Abriu os olhos, desfazendo o sorriso que a memória lhe

trouxe. Onde estaria sua filha agora? Esperava que ainda estivesse com Chris.

 

Confiava no rapaz para cuidar dela e, como ela contou, ele já a guiara para

fora dali uma vez. Sacudiu a cabeça. Não era hora de pensar nisso. Dulce

estava bem. Era inteligente e sabia se cuidar. Ele a criara assim. Preocuparse

não ia ajudá-la. O que ele precisava era se concentrar em se livrar

daqueles grilhões.

 

A carroça finalmente parou. Os homens desceram. Esticaram-se,

sentindo dores da viagem desconfortável. Mandaram que se sentassem e

deram uma frutinha vermelha para cada um. Todos jogaram a frutinha na

boca. Fernando viu que os três homens começaram a sorrir e a olhar o céu

com um ar de contentamento que não condizia com suas condições.

 

Percebeu que Edward também estava com seu ar apatetado olhando as

estrelas. Preocupou-se do jovem ter engolido a fruta carmesim, mas este

lhe deu um cutucão. Fernando ouviu o tilintar das chaves atrás dele e começou

a olhar apaixonado para o céu também. 

 

O homem que tinha as chaves na

cintura lhes deu pão e água que eles tomaram calmamente, apesar de não

terem visto comida decente naquele dia. Ou no outro. Disfarçado pelo

cabelo que lhe encobria o rosto, Fernando observava os movimentos dos dois

homens. O negro com o chicote era meio assustador. Era forte e tinha um

olhar de quem vai te matar se você respirar fora do ritmo. Já o outro não

parecia tão ameaçador. Claro que aparências enganam. Era bom ficar

pronto para tudo, por mais redundante e impossível isso pudesse parecer.

 

Os três homens começaram a se deitar, e Edward fez o mesmo.

Fernando os imitou. Em algumas horas estariam bem longe dali. Ou mortos.

A fogueira crepitava e os dois homens ainda conversavam baixinho

entre si quando um grito foi ouvido entre os prisioneiros. Edward se

contorcia, gritando e babando, enquanto os outros acordavam lentamente.

Fernando tentava ajudar, mas foi empurrado quando os dois homens

chegaram para tentar ajudar o rapaz.

 

Empurrado para trás, Fernando ficou exatamente onde precisava estar.

Fora da vista dos homens, viu quando Edward roubou o molho de chaves e

jogou na direção dele discretamente, disfarçando pelo seu ataque, onde se

contorcia e revirava os olhos. Fernando usou a chave para libertar seus pés,

mas não libertou as mãos, pois receava que o rapaz não tinha muito tempo

até perceberem sua armação ou o desacordarem de vez. Num movimento

rápido, usou as correntes que prendiam seus braços para estrangular o

homem negro, o que julgou ser mais difícil de negociar.

 

O outro homem, pego de surpresa, tentou reagir, mas Edward puxou

suas pernas, fazendo-o cair de cara no chão. Menos de um segundo depois,

o jovem soldado estava em cima dele, esmurrando-o com toda a força que

tinha.

 

O homem estrangulado reagiu dando cotoveladas em seu agressor.

Fernando sentiu as pancadas, mas não aliviou a pressão. O homem se jogou

para trás, tentando acertar uma cabeçada que certamente faria com que

seu oponente o soltasse, mas Fernando apenas caiu para trás também,

evitando o golpe. Os homens rolaram no chão, até que o homem sem ar

parou de resistir e finalmente perdeu os sentidos. Fernando se levantou e

correu para ajudar Edward, que estava tendo problemas com o outro.

 

Apesar de ter lhe dado os socos mais fortes de que era capaz, foi o

mesmo que nada. O homem o olhou com ódio nos olhos e lhe deu um soco

que o tonteou. Virou o jogo, colocando-o por baixo e começou a socá-lo. Ia

dar o terceiro soco quando uma corrente enroscou em seu pescoço.

 

Edward se levantou e lhe deu mais alguns murros, até que finalmente o

homem caísse desacordado.

 

Fernando pegou a chave e soltou os grilhões dos pulsos. A seguir,

soltou pés e mãos do rapaz, que se levantou e pegou a faca que tinha na

cintura do homem que derrubaram. Fez menção de matá-lo, mas Fernando

segurou seu braço.

 

– Não foi isso que combinamos.

 

– São mercadores de escravos! – retrucou o jovem que perdera toda

a serenidade no rosto. – Roubam vidas, roubam honra, são monstros!

 

– Eles são assim. Nós, não.

 

Edward afrouxou a mão e Fernando o soltou. Deu-lhe as chaves.

 

– Tome, solte os outros.

 

– Eles não vão conseguir fugir assim.

 

– Talvez não agora, mas amanhã já estarão menos apatetados –

explicou Fernando, usando as correntes para prender os homens desmaiados.

 

Com ajuda de Edward, acorrentou os dois mercadores numa árvore

e desatrelou os cavalos. Cada um ficou com um, deixando a carroça

desparelhada. Pegaram uma besta, que ficou com Edward, e uma espada,

que ficou com Fernando. Os três homens, agora livres, ainda os olhavam com

ar confuso quando Fernando e Edward montaram nos cavalos e cavalgaram

para dentro da escuridão da floresta.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38

    Amei,PARABÉNS!!!S2

  • kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35

    Continua!!!Ta acabando??s2

  • kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47

    Continuaa!!!s2

  • kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28

    Posta++!!s2

  • kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28

    Amando,continua!!!!s2


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