Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
Fernando e Edward correram com seus cavalos recém roubados para
longe por alguns minutos, mas sabiam que não podiam manter aquele
ritmo sem correr o risco de cair num precipício, num buraco, num lago ou
que os cavalos tropeçassem e sofressem um acidente.
A lua iluminava
certas partes do caminho, mas em outras, ela era encoberta por nuvens que
não estavam colaborando com a fuga no meio da noite.
Acharam uma caverna e levaram os cavalos para dentro.
– O que fazemos agora? – perguntou Edward.
– Esperamos – respondeu Fernando, sentando-se.
– Nem acredito que conseguimos! – Edward parecia ter recuperado
a confiança perdida.
– Às vezes, só é preciso tentar – concluiu Fernando, procurando
descansar um pouco.
Na manhã seguinte, Fernando e Edward estavam prontos para partir.
Só não sabiam exatamente para onde.
– Bem, eu preciso voltar para meu capitão e minha cidade – disse
Edward. – Eu lhe serei eternamente grato.
– Essa fuga não teria sido possível sem você, então não me agradeça
– respondeu Fernando, aceitando o cumprimento de mão.
– E você? Para onde vai agora como homem livre?
Fernando olhou em volta. A verdade é que não tinha a menor ideia de
onde estava e mal tinha ideia de para onde ir.
– Preciso chegar à Vila das Fadas D’Água. Sabe onde fica?
– Desculpe, não conheço. Gostaria de poder ajudar mais...
E então Edward seguiu seu caminho. Fernando alisou seu cavalo, vendo
seu companheiro de fuga desaparecer no sol amarelo da manhã.
Talvez devesse ter seguido com Edward, até ao menos ter um mapa.
Ele levantou a cabeça. Um mapa! Lembrou que havia um mapa nas mãos do
homem negro que os levava. Bastava voltar à carroça e pegá-lo!
Montou no cavalo e partiu na direção da carroça, onde deixara seus
captores acorrentados a uma árvore. Esperava que ao menos os escravos
que deixara livres tivessem aproveitado a oportunidade e sumido dali.
Pouco antes de chegar ao lugar, desceu do cavalo. Queria saber se os
homens ainda estavam presos e se era seguro, pois a última coisa que
queria era voltar para os grilhões.
E foi aí que alguma coisa aconteceu. Sem
saber como, sem saber por que, ele simplesmente se perdeu. Sabia que o
local deveria estar a apenas alguns metros dele, mas ele simplesmente não
o encontrava. Começou a andar em círculos.
Achava o caminho e a seguir o
perdia. Seus pés estavam doendo e começava a experimentar a velha ira
que o consumia. Pela posição do sol, passaram-se horas e ele simplesmente
não conseguia achar o caminho para a carroça, nem o caminho de volta à
caverna.
Sentou-se numa pedra, cansado. E foi quando ouviu gritos. Levantou
a cabeça e ouviu passos na sua direção. Levantou-se com a espada em riste
e viu Dulce correndo e olhando para trás. E então, um troll pousou diante
dela e apertou seu pescoço.
Ah, a boa e velha ira... A que o fez ser amado e odiado. A que o fez ser
preso e perseguido. A que o fez defender a cidade de Loudun quando
precisou. A que o fez inflamar sermões inspiradores contra injustiças. A que
o fez criar muitos, muitos inimigos... Achou que ela estava controlada. Que
bom que se enganou.
*****
Dulce sentiu a consciência voltar aos poucos. Achou que estava
sonhando, mas quando abriu os olhos percebeu que as coisas podem, de
fato, melhorarem.
– Pai!!!
E ela se agarrou em seu pescoço, chorando de felicidade, sentindo o
abraço apertado de seu pai, que acabara de salvar sua vida.
– Você está bem? – perguntou ele, também com olhos marejados.
– Estou!
Passos apressados fizeram com que Fernando se levantasse
rapidamente com a espada em guarda. Poncho e Anahí estancaram ao ver o
homem de preto com a espada para eles. Poncho apontou seu arco. Mas
Anahí o acalmou.
– É o pai da Dulce!!!
Dulce se levantou, explicando ao pai que Poncho era um amigo. E
assim as armas foram baixadas.
Uma breve apresentação e Fernando e Poncho trocaram apertos de mão.
Dulce olhou em volta, procurando por alguém.
– Onde está Eileen?
Se Dulce tivesse notado a expressão no rosto de Fernando, teria
pressentido o pior, como Poncho e Anahí, que estavam olhando diretamente
para ele na hora da pergunta. Fernando se viu numa situação muito difícil.
Deveria quebrar o coração da filha e lhe contar a verdade? Ou deveria
mentir e adiar a dor da perda injusta?
– Ela está com você? – perguntou Dulce. – Ou a deixou em algum
lugar?
Fernando puxou a filha para um tronco caído onde alguns matinhos
verdejantes cresciam teimosamente. Eles se sentaram e ele lhe contou o
que aconteceu. Um pouco mais longe, Anahí e Poncho e viram Dulce
desabar em lágrimas num abraço de acalento do pai.
Fernando não era assassino. Mesmo em seu tempo em Loudun, quando
ele era uma peste, nunca matara ninguém. Mesmo quando a vontade era
grande, pois algumas pessoas não facilitam, isso nunca lhe passou pela
cabeça. Depois, ele veio a ter que matar para não morrer, mas ele não
considerava isso um assassinato.
Era autodefesa e sobrevivência. Por isso
ele se sentia diferente agora. Naquele momento, em que consolava a filha,
seus olhos negros brilhavam e seu coração enraizava o desejo que já
nascera quando aquela casa pegou fogo. Ele iria matar aqueles homens.
*******
Blanca, Marcos e Marcel seguiram Pé de Vento até a saída mais
próxima. Esperavam que os homens caídos lá atrás não chamassem a
atenção de alguém antes que estivessem fora dali. Aparentemente, pessoas
roubavam e morriam com certa frequência, pois nada acontecera até que
chegassem ao portão de ferro. Seguiram por um túnel até uma escadaria
que os levou a um alçapão.
Era um porão cheio de coisas velhas. Estava escuro e a luz da lua não
chegava ali. Blanca tropeçou em alguma coisa, Marcos se assustou e Pé de
Vento fez um SSSHHH!
Obedeceram e fizeram silêncio, esperando os olhos se acostumarem
com a escuridão. A porta se abriu e uma mulher trazia uma lamparina.
Blanca colocou Eileen no colo, por precaução.
– Quem são vocês e o que...
Ela não terminou a frase, pois Pé de Vento lhe acertou um soco bem
no meio do nariz, jogando-a para trás já desacordada e pegando a
lamparina antes que esta caísse com ela.
– Nossa, cara! Você é um grosso! – reclamou Marcos. – É só uma
mulher!– É uma mercadora de escravos.
– Ah... – compreendeu Marcos. – Então pode bater!
Com a lamparina, subiram escadas mais iluminadas até uma casa
onde homens e mulheres jogavam e bebiam. A porta de saída estava bem
no caminho.
– Se nosso amigo bonitão aí não tivesse socado a dona lá embaixo,
poderíamos sair tranquilamente agora – sussurrou Marcel. – E agora?
Como saímos sem que nos vejam?
Pé de Vento se transformou num pequeno ciclone e passou pela sala
levantando cartas, copos, cadeiras e pessoas. Em alguns segundos, estavam
todos no chão, tontos ou desacordados, e ele já estava na porta, chamando
os outros, que correram para a saída.
Correram para longe dali até uma estrada iluminada pela lua.
Passaram pelo lugar onde deixaram os cavalos amarrados e os pegaram.
Blanca e Pé de Vento dividiam um cavalo, enquanto Eileen seguia com
Marcos. Quando já estavam a uma certa distância, decidiram se afastar da
cidade, pois ela não parecia um lugar muito seguro, com tantas entradas
para o Submundo.
– E então? – perguntou Marcos para seu novo companheiro de
viagem. – O que diabos é você?
– Marcos, não seja grosso!!! – ralhou Blanca. – O rapaz está nos
ajudando!
Pé de Vento não sorria muito. Mas dessa vez esboçou um sorriso.
– Vocês não são daqui, são?
– Não, somos de um mundo distante – resumiu Marcel. – Você deve
ser daqui, imagino...
– Sim, sou daqui. E sou humano, como vocês.
– E como você faz essa parada esperta??! – perguntou Marcos,
curioso, fazendo com a boca e as mãos uma imitação de um furacão.
– Ganhei um presente dos silfos.
– E como conseguiram te prender se você pode fazer isso? –
perguntou Marcel.
– O ferro das correntes corta meus poderes.
– Que interessante! – exclamou Blanca, atraindo o olhar do rapaz. –
Digo, interessante o seu poder, não a história do ferro!
– Vejam! Uma fazendinha! – apontou Marcel.
Caminharam para lá e viram que a pequena fazenda tinha um
celeiro ao lado, onde dormia uma vaca e um cavalo.
– Podemos dormir algumas horas aqui – sugeriu Blanca, vendo
Eileen já apagada dormindo nos braços de Marcos. – Descansamos e
ficamos longe de problemas.
Todos concordaram. Faltavam poucas horas para o amanhecer e
precisariam usá-las para um merecido sono. Seus dias não prometiam ficar
mais simples.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2