Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
Estavam longe quando pararam de correr. Os pulmões pegavam
fogo e as pernas tremiam. Dulce olhou em volta e viu que se encontravam
numa parte qualquer da floresta, onde um riacho corria com água
cristalina.
Ela se aproximou e bebeu um pouco de água, molhando o rosto e
um pouco dos cabelos. Anahí e Poncho fizeram o mesmo e levaram algum
tempo apenas recuperando o fôlego.
– Acho que nunca corri tanto! – disse Anahí, sentando-se um
pouco.
– Eu já... – comentou Dulce, lemPonchodo-se de um número razoável
de vezes em que teve que fugir para salvar sua vida naquele mundo. – Será
que eles podem voltar a crescer?
– Não, não podem fazer isso seguidamente. Quebramos o encanto
deles, vão voltar para o buraco de onde saíram... – explicou Poncho.
O sol jogava raios suaves no riacho que corria diante deles, criando
pontos de luz que se expandiam e dançavam na superfície da água. Dulce
olhou para as pedras que brilhavam no fundo, redondas, perfeitas,
parecidas com pedras de gelo. Entre elas, peixes com muitas cores
passeavam. Havia uma brisa com perfume de flores acariciando seus
rostos.
– Precisamos ir...
– SSHHH!
Dulce interrompeu Poncho e colocou o indicador sobre os lábios. Nem
Poncho, nem Anahí, entenderam, mas acharam que era mais algum perigo
mortal nas proximidades e aguardaram o que Dulce ia fazer. No entanto,
ela não parecia tensa ou preocupada.
Pelo contrário, havia um sorriso em
seu rosto e uma serenidade em todo o seu corpo. Ela voltou a olhar para o
riacho, as flores pequeninas que cresciam ao seu redor, as árvores jovens e
velhas que se estendiam além dele. Pássaros coloridos voaram, dando seu
belo canto como um presente para eles.
– Olhe! – Anahí apontou para onde Dulce estava.
Seis peixes que pareciam ter saído de algum filme de computação
gráfica se juntavam perto dela, como se esperassem alguma coisa. Dulce se
sentiu feliz e grata por viver aquele momento. Repleta dessa energia, ela
tocou suavemente a água e ela mudou. Ficou mais iluminada e os peixes
acenderam como se fossem feitos de fios de luz. Eles se moveram no que
Dulce interpretou como uma dança de alegria, saltaram diante dela e
então voltaram a se lançar nas águas cristalinas.
– Foi isso o que Frabatto quis dizer... – disse Dulce.
– Com o que? – Anahí não tinha ideia do que ela estava falando.
– Frabatto falou que o meu medo estava me mudando. Eu passei
esse tempo todo aqui com medo. Medo de perder meus pais, de perder Chris
para sempre, de morrer... Agora, por exemplo, acabamos de sair correndo
de uma situação de vida ou morte! E essa é a primeira vez que eu realmente
volto a ver a beleza desse lugar. Olhem em volta! Vejam que coisa
maravilhosa!
Anahí e Poncho olharam em volta. Dulce temeu que eles dissessem
“São apenas árvores”, mas viu que Anahí fechou os olhos por alguns
instantes e então voltou a abri-los e um sorriso se desenhou em seu rosto.
Poncho parecia cansado, mas então olhou para as árvores mais altas e alguma
coisa nele mudou. Dulce passou a observar a beleza de seus amigos e a
apreciar o momento, como Frabatto dissera.
– Frabatto disse que, apesar do perigo ser real, o medo é fruto da
nossa imaginação, porque tememos algo que ainda não aconteceu –
explicou Dulce. – Tememos algo que pode acontecer. O problema é que
nosso medo ajuda a fazer com que essa coisa que tememos aconteça. E
enquanto temos medo, perdemos as coisas belas da vida...
Ficaram em silêncio por alguns momentos, pensando naquilo e
deixando que aquele momento os envolvesse, até que a voz de Poncho foi
ouvida.
– Há uma lenda sobre um elfo aprendiz e um elfo rei e sábio que
vivia num grande palácio de maravilhas incríveis. O aprendiz foi até o rei
sábio e lhe perguntou qual o segredo da vida. O rei então lhe deu uma
colher e pingou 13 gotas de perfume nelas, dizendo:
– Esse perfume é meu bem mais precioso! Estou confiando a você
para caminhar por todo o meu palácio e voltar aqui, com todas as 13 gotas
nessa colher. Então o aprendiz pegou a colher com todo o cuidado e caminhou
com muita atenção para não derramar. Depois de uma hora, ele conseguiu
retornar à sala do rei com a colher.
– Que bom que você voltou! – disse o rei. – E então? Você viu as
maravilhas do meu palácio? O que achou dos belos jardins tão bem
cuidados com flores de toda parte do mundo? E das tapeçarias que contam
histórias do nosso povo? Viu os quadros que ornamentavam as paredes
com nossos mais belos locais? Conheceu a minha biblioteca com os livros
que nossos sábios, poetas e escritores mais criativos escreveram nos
últimos cem mil anos? O que achou das esculturas que enfeitam as entradas
e corredores?
Confuso, o aprendiz disse que não viu nada, pois estava concentrado
na colher e no perfume. Então o rei disse:
– Então volte e preste atenção nas maravilhas que perdeu.
Então o aprendiz caminhou pelo palácio e realmente se extasiou
com tanta beleza, tanta história, tanta riqueza. Quando retornou ao rei,
contou tudo o que viu e ouviu em seu magnífico palácio. E o rei perguntou:
– E o meu perfume? Você cuidou bem dele?
E somente então o aprendiz percebeu que sua colher estava vazia,
pois tinha derramado o perfume no caminho.
Poncho parou de falar e as duas meninas ficaram olhando para ele,
esperando o resto da história.
– E o que aconteceu? – perguntou Dulce.
– Nada! – respondeu Poncho. – Era só isso!
– Que raio de história é essa? – perguntou de novo Dulce.
Poncho riu.
– É uma parábola! Você precisa entender o que significa, não
exatamente achar um final.
As duas moças olharam para o nada por alguns instantes, tentando
descobrir o que significava.
– E o que significa? – perguntou finalmente Anahí.
– O perfume são as virtudes que temos, o que forma nosso caráter, o
que rege nossas ações – explicou Poncho. – As belezas do palácio são as
belezas da vida. O segredo da vida é apreciar as belezas e aprender tudo o
que pudermos, sem deixar de prestar atenção em nossas virtudes e sem
perdê-las no caminho.
E então as duas moças disseram ao mesmo tempo:
– Aaaaaah... Entendi!...
Ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Dulce falou de
novo.
– Isso é muito difícil...
– O quê?
– Passar pela vida sem perder nossas virtudes...
Poncho se levantou, respirando fundo.
– Bom, é hora de pensarmos no que vamos fazer. Temos que voltar
para pegar Fernando. Por que ele não veio com vocês? Ele ficou na cidade?
Dulce se levantou também, parecendo mais calma e mais centrada.
– Meu pai foi levado pelos traficantes de escravos.
Poncho foi pego de surpresa. Levou alguns minutos para que as duas
lhe contasse o que aconteceu e como Dulce espancou uma velhinha.
– O que fazemos agora? – perguntou Poncho.
– Eu não sei... – Dulce voltou a olhar para o riacho.
– Continuamos com o plano – disse Anahí.
Eles olharam para ela, que olhava para uma árvore cujos galhos se
entrelaçavam com outra árvore, fazendo-as parecerem duas amigas de
longa data. Anahí se virou para eles com olhos duros.
– Desculpe Dulce, mas precisamos ver qual é a emergência aqui.
Seu pai sabe se virar. Ele já se virou antes. Se não chegarmos a Chris antes
dele matar alguém, teremos um troll fora de controle começando uma
guerra que vai ser uma desgraça para um monte de pessoas e seres
encantados.
Dulce pensou por um momento. Seu coração estava dividido. Sentia
uma urgência em ajudar seu pai, mas Anahí tinha razão. Ele sabia se virar.
Sabia lutar e já fugira antes. Já Chris... Chris era realmente uma emergência. Se
não fosse por ela e a ajuda de Frabatto, ele já teria matado o capitão da
guarda élfica de Manuel naquele ataque às plantações.
– Então... que seja! – declarou Dulce, tomando a decisão. – Vamos
manter o plano original.
– Ótimo – disse Poncho. – Só precisamos saber onde estamos.
Dulce balançou a cabeça, pensando em como parar naquela cidade
tinha sido um grande erro. Foram atacados, perderam seu pai e não
conseguiram informação nenhuma.
– Eu não quero voltar àquela cidade! – falou Anahí.
– Deve ter algum outro lugar onde possamos perguntar – ponderou
Dulce, que também não queria voltar lá.
– Perguntar o quê?
Dulce se virou para Poncho.
– Como assim, Poncho? Você está bêbado? Que pergunta é essa?
– Eu não perguntei nada! – defendeu-se Poncho.
– Perguntar o quê?
E foi aí que elas perceberam que não foi Poncho que falara, mas um dos
peixes no riacho. Ele mantinha a cabeça para fora, os olhos fixos neles e a
boca que parecia um sorriso só se movia quando ele falava.
– Você fala? – espantou-se Dulce.
– Claro que falo! Você também não fala? Por que acha que eu não
deveria falar?
Dulce se abaixou para ficar mais perto dele.
– Precisamos saber onde estamos.
– Ah! Isso é fácil! Vocês estão nas margens do Riacho das Pedras
Roladas.
– Sabe a cidade? – perguntou Poncho, se aproximando, junto com
Anahí.
–Claro! O que vocês acham que um peixe faz o dia inteiro?
Dulce deu de ombros.
– Nada! – respondeu.
– Pois você está enganada! – respondeu o peixe. – Nós somos muito
curiosos e estudamos muito! Sabemos tudo o que tem nesse riacho e o que
acontece ao redor dele! Sabemos que há homens maus, muito maus que
estão escravizando pessoas e seres encantados! Sabemos quais criaturas
surgem ao nascer e ao pôr do sol. Só não sabemos onde nasce esse riacho e
onde ele morre, porque este é um conhecimento que um peixe só descobre
quando chega a sua hora.
– Nossa! Como você fala! – exclamou Dulce. – Então, você sabe onde
estamos?
O peixe mergulhou e falou com outros peixes. Então ele voltou.
– Vocês estão nas imediações da Cidade de Lyr, na Floresta das
Musas, embora quase não as vejamos mais por aí, o que é uma pena, pois
sentimos falta das belas músicas, da poesia e das histórias que elas
inspiravam.
Poncho pegou o mapa, ansioso.
– Estamos longe... – concluiu Poncho. – Mais longe do que estávamos
antes...
– Aonde querem chegar com tanta pressa? – perguntou o peixe.
Poncho apontou um lugar no mapa e mostrou para seu novo e
inusitado amigo.
– Aqui, na Colina dos Amores Perfeitos.
– Ah! Sim, vocês estão bem longe! Mas podem achar um círculo de
fadas!
– Onde?
– Sei lá! Por aí! Vocês acham que nós voamos? Somos peixes!
Anahí sorriu. Inclinou-se para o peixe rosa e verde.
– Obrigada! Você foi muito gentil e é o peixe mais lindo que já vi na
minha vida!
E então ela deu um beijo nele. O peixe mergulhou logo depois, para
então surgir dando cambalhotas acrobáticas, fazendo-os sorrir. Quando
voltou, Anahí e Dulce lhe acenaram adeus, agradecendo com sorrisos
pela ajuda!
– Espero que encontrem o que estão procurando, amigos! E quando
quiserem, podem nos visitar!
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Autor(a): vondynatica
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Fernando não era um assassino e ele sabia disso. Porém, naquele momento, se arrependia muito, muito mesmo de não ter dado um fim em Galdrun. Perguntava-se onde estava o outro. Estava de novo dentro de uma carroça, uma outra, mais reforçada, e dessa vez estava bem preso. Abriram sua boca e forçaram a frutinha verme ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2