Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
Dulce estava apavorada, mas gritar não estava adiantando. Mesmo
assim, ela continuou gritando. A criatura a segurava firmemente, o que era
bom, pois estavam a uma altura imensa. O troll subiu acima das copas
batendo suas asas de morcego.
Escurecera realmente muito rápido e
Dulce já tinha dificuldades de ver algo além de árvores de copas escuras.
Seus olhos marejaram por causa do vento e seu rosto estava frio. Sentiu o
medo devorar seu coração e alma e se lembrou de Frabatto.
“O medo não é real”.
Ficou repetindo isso para si mesma, até que desistiu. Uma ova que o
medo não era real! Aquela coisa a estava para algum covil para que ela
fosse o jantar de alguma família troll. Ela seria devorada como um frango
enquanto papai troll, mamãe troll e trollzinhos 1 e 2 assistiam o Fantástico.
O troll movia a cabeça como se procurasse por alguma coisa, até que
mudou radicalmente de direção. Deu um mergulho e Dulce gritou como se
estivesse numa montanha russa. A criatura se aproximava do chão sem
diminuir a velocidade.
– Nós vamos todos MORREEEEEEEEERRR!!! – gritou Dulce, vendo
o chão se aproximar rapidamente.
A criatura entrou num poço de pedras, continuando a descer.
Atingiram a água fria e Dulce engoliu água, se debatendo. O troll não a
soltou, continuando a levá-la sabe-se lá para onde.
Quando achou que seus
pulmões não iam mais conseguir se encher de água, o troll e Dulce saíram
da água num voo direto. Dulce tossia e estava quase desmaiada. Mal viu
quando foi colocada no chão.
– Majestade, eu lhe trouxe a garota!
Dulce tossia feito uma louca, mas conseguiu ouvir o que o troll
dissera. Fez um esforço para se ajoelhar, ainda tossindo e a surpresa se
estampou em seu rosto. Diante dela estava Chris, com o olhar igualmente
surpreso.
Dulce ficou tão atônita que até parou de tossir. A sua volta, outros
trolls observavam curiosos.
– Levem-na para os meus aposentos! – ordenou o rei.
Dulce foi erguida e arrastada de qualquer jeito por corredores que
ela reconheceu. Foi jogada dentro do mesmo aposento onde encontrara Chris
quando fora resgatá-lo. Só que ele não tinha asas e nem garras.
Chris controlou a ansiedade. Pegou um grande jarro de vinho e partiu
em direção aos seus aposentos. Deu uma ordem expressa e muito direta:
– Ninguém entra aqui – disse aos guardas. – NINGUÉM!
Os guardas, munidos de tacapes pouco amistosos, concordaram sem
hesitar. Chris entrou e Dulce estava de pé no meio do quarto. Ela se virou
rapidamente assim que ouviu a porta se abrir. Estava molhada dos pés à
cabeça e morria de frio, tremendo muito.
Chris tinha uma jarra de barro nas
mãos. Ele caminhou até uma mesa meio bagunçada e colocou a bebida em
um copo. Bebeu de uma vez e voltou a olhar para ela. A menina tremia, os
cabelos desgrenhados colando-se ao rosto lívido, a água pingando no meio
do quarto.
Ele caminhou até um canto e pegou uma manta. Foi até ela e
colocou gentilmente em suas costas, enrolando-a. Os olhos de Dulce
brilharam com a esperança.
– Chris? Você sabe quem eu sou? Você se lembra de mim?
Ele estava diante dela, o mesmo rosto, só mais endurecido. Ele
meneou lentamente a cabeça, acabando com as esperanças dela. Ela deixou
a cabeça pender, cansada e levemente desesperada. Voltou a olhar para ele,
os olhos marejados.
– Você sabe quem você é?
A pergunta pareceu confundi-lo. Então ele se afastou um pouco dela,
respondendo:
– Eu sou o rei da Corte Unseelil, a infame, a cruel, a detestável e
temível Corte Unseelil!
Dulce ficou em silêncio por alguns instantes, apenas olhando para
ele.
– Não, não é não...
– Você ousa duvidar do meu sangue real? – gritou ele, parecendo um
animal pronto a atacar.
Dulce nem piscou.
– Você está enganado... Você já foi um troll... Mas um dia, você
mudou por dentro e deixou de ser.
– Está maluca, humana.
– Você sabe! – gritou Dulce, de repente, enfrentando-o.
Ela deixou a manta cair e caminhou até ele tão decidida que o rei
deu alguns passos para trás.
– Você sabe que há mais em você do que isso! Você sabe!
– Eu não sei do que você está falando!
– Sabe, sim! – gritou ela de novo. – Tanto sabe que mandou me
trazer aqui! Você sabe quem eu sou! Pode não se lembrar, mas aí dentro,
você sabe!
Confuso, o rei a olhou, sacudindo levemente a cabeça.
– Quem é você? – disse ele, sem tirar os olhos dela – O que é você?
– Eu sou Dulce de Sant’anna Espinoza. E eu sou...
Dulce não soube se definir. O que ela era, ele queria saber. Um
milhão de coisas passou pela sua cabeça, todas verdades num momento e
mentiras em outro. Como poderia responder aquilo? Então a única verdade
daquele momento veio aos seus lábios.
– Eu sou o seu primeiro amor.
Dulce sentiu o momento. Sabe quando você sente o momento? Lá
no fundo de seu coração ela sabia que tinha nas mãos a solução para aquele
problema e tudo residia em aproveitar aquele momento.
Então, ela se
esticou, pois ele era um pouquinho mais alto que ela, e colou seus lábios
nos dele. Ele tentou se afastar, mas ela pegou o rosto dele com as duas
mãos e deu-lhe um beijo de longa metragem, um beijo de puro amor e
desespero.
Quanto seus lábios se afastaram, ela abriu os olhos e ele estava
fazendo uma careta de nojo.
– Por que fez isso?! – perguntou ele, limpando a boca com as costas
da mão.
–“Isso” foi um beijo! E não precisa fazer essa cara de nojo! –
ofendeu-se Dulce.
Imagine, se um troll tem horror ao beijo dela, era
melhor desistir de vez de achar alguém na vida. Ia morrer solteira e cheia
de gatos.
– Pois isso foi estranho, melado e desagradável!
– Beijo é o que pessoas que amam dão umas nas outras! – tentou
explicar Dulce.
– Você está louca, humana. Sou um troll! Não amo nada nem
ninguém.
Ele se virou e caminhou na direção da porta.
– Você não é um troll! É um humano, como eu!
Ele parou.
– E antes disso, você foi um anjo.
Ele se virou e olhou para ela, os grandes olhos castanhos fixados nela.
– E eu posso provar! – decretou Dulce.
Ele voltou a caminhar na direção dela.
– Então prove – disse ele, secamente.
Dulce ainda tinha a mochila agarrada às suas costas. Pegou-a sem
olhar e a abriu de qualquer jeito. Muita coisa dentro estava molhada e
rezou para o pó do espelho das almas não ter se diluído no poço que virou o
lago subterrâneo, no que possivelmente era uma passagem mágica usada
pelos trolls e goblins.
Isso explicava porque a Corte Unseelil surgia sem
aviso em pontos tão dispares do reino a cada noite. Tudo isso passou pela
cabeça dela em segundos, enquanto ela remexia na bolsa tentando achar o
saco vermelho.
Impaciente, virou a bolsa de ponta-cabeça e despejou tudo no chão.
Espalhou as coisas com as duas mãos, incrédula.
– Onde está? – disse para si mesma. – Eu guardei na minha bolsa!
Tinha que estar aqui!
E então ela achou um objeto brilhante. Pegou devagar um dos
brincos de Leanan Sidhe, erguendo-o para olhar melhor, enquanto a
realidade se ajeitava em sua cabeça.
Pegou a bolsa e confirmou suas suspeitas. Aquela não era sua bolsa.
Era a bolsa de Analice. Quando correram atrás das fadas, pegaram as
primeiras coisas que viram, sem olhar direito, pois precisavam ir atrás
delas. Ela se virou para o rei, ainda de pé esperando.
– E então? – perguntou ele, de braços cruzados.
– Não está aqui... – respondeu ela. – Está com minha amiga...
– Claro... O cachorro comeu sua lição de casa... Vamos – disse ele,
erguendo-a pelo braço. – Você vai para a prisão, até que eu decida o que
fazer com você.
– Viu? Viu? Você É um humano! – disse ela, meio histérica. – Olhe o
que acabou de dizer!
Ele continuou arrastando-a.
– O quê? Que vou levá-la pra prisão?
– Não! – continuou ela, temendo chegar à porta. – O que você disse
antes, sobre o cachorro comer meu dever de casa!
Ele parou.
– Como troll, você já foi à escola? – perguntou ela. – Se trolls não vão
à escola aqui, como você sabe o que é um dever de casa? Sem falar que essa
é uma expressão típica do meu mundo! Do NOSSO mundo!
Ele olhou para ela muito surpreso. Soltou seu braço e ela viu um
lampejo em seus olhos. Podia não ser a lembrança do velho Chris, mas ao
menos era a faísca de uma dúvida. Como numa disputa de advogados num
tribunal americano, ela só precisava disso: uma dúvida razoável.
– Como sabe disso? – perguntou ele. – Como sabe que eu não sou o
que pareço?
– Porque eu vivi tudo isso com você. Eu estava ao seu lado. É por
isso que você se lembra de mim, embora não saiba porque – explicou ela.
Então ele pegou sua mão e a guiou para um degrau. Sentou-se e fez
com que ela se sentasse.
– Conte-me o que você sabe.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2