Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Prioridades A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada

Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 1 - Prioridades

361 visualizações Denunciar


 

 

Assim que o Sol banhou o bosque com seus primeiros raios, Dulce

acordou com uma leve sacudidela de Poncho, que também acordava Anahí.

As duas moças piscaram várias vezes e esfregaram os olhos sonolentos.

 

– Melhor nos prepararmos para partirmos – explicou o elfo,

colocando um monte de frutinhas vermelhas numa folha diante delas.

 

– O que é isso? – perguntou Dulce, que desde que tinha sido traída

por Manuel e pelo próprio Poncho, desconfiava até da própria sombra.

 

– Amoras silvestres e frutas das fadas – explicou Poncho, sem se

ofender. Ele sabia que consertar o que tinha feito seria um longo caminho. –

Colhi no bosque.

 

Ele dividiu um pão entre elas. Anahí percebeu que ele mesmo não

ficara com nada. Ela partiu seu próprio pão e estendeu o pedaço para ele

com um sorriso.

 

– Não precisa, eu estou bem – disse ele.

 

– Coma isso, ou eu vou bater em você! – ordenou Dulce.

 

Ele aceitou. Dulce estava mal humorada, mas ninguém podia culpála.

Não só era cedo demais para qualquer bom humor acordar, como seus

últimos dias tinham sido tenebrosos. Resgatou o namorado torturado de

uma masmorra, fugiu de soldados, foi novamente emboscada e agora

estava fugindo de novo. 

 

Não tinha ideia do que tinha acontecido com seus

pais, Blanca e Fernando, ou seu tio, Marcos. Ao menos seu tio Marcel tinha

tido juízo o bastante para ficar longe daquela furada... E também não sabia

onde estava Chris, que já não era a pessoa que ela tinha conhecido.

Comeram o café da manhã em silêncio e depois de mastigar um

pedaço de pão, Dulce partiu um pedaço e estendeu para Poncho. O elfo a

olhou com os enormes olhos negros.

 

– Você precisa ficar forte – disse Dulce. – Temos uma jornada e

tanto pela frente e não sabemos exatamente se Manuel virá atrás de nós.

 

– Ah, ele virá! – respondeu Poncho. – Pode ter certeza disso! Estamos

com a noiva dele. E eu o traí. E você pode ajudá-lo a capturar Chris.

 

– E ele tem um ego do tamanho do universo! – completou Anahí. –

Não vai deixar barata nossa fuga...

 

Os três ficaram mais uma vez em silêncio, como se mergulhassem

em seus próprios medos por um momento. Um pássaro voou e o vento

agitou as árvores, tirando-os do torpor que o medo geralmente provoca.

 

– Precisamos de um plano! – disse de repente Dulce, como se

tivesse acordado de um transe.

 

– Só um? – perguntou Poncho.

 

Ele tinha motivos para perguntar isso. Havia uma lista de coisas a

fazer bem longa na agenda de Dulce.

 

– Muito bem, precisamos achar sua família! – começou Anahí,

tentando enumerar as tarefas.

 

– E precisamos achar Chris – completou Dulce.

 

– E descobrir se podemos reverter o que houve com ele – tornou

Anahí.–

E precisamos achar um jeito de voltar pra casa! Ainda temos que

conseguir o elixir de Tyr Nan Og para que não envelheçamos quando

voltarmos para o nosso mundo.

 

– Muito bem, por onde começamos? – perguntou Poncho.

 

– Para sabermos para onde vamos, precisamos saber onde estamos!

– disse Dulce. – Precisamos de um mapa!

 

Poncho rapidamente remexeu numa das mochilas de provisões que ele

arrumara pouco antes da fuga. Puxou um papel dobrado e abriu-o diante

das meninas.

 

– Aqui é a Colina dos Amores Perfeitos, o Reino de Maya, onde

Manuel governa. O portal do círculo das fadas que nós usamos nos trouxe

até aqui, Bosque dos Gnomos, a pelo menos 100 quilômetros de nossos

perseguidores.

 

– Eles não podem usar o mesmo portal que nós para nos alcançar? –

perguntou Anahí.

 

– Poderiam, mas eu fiz um acordo com as fadas e o portal ficará

fechado pelos próximos três dias, depois que nós passamos.

 

– Você pensou em tudo mesmo, hein? – admirou-se Dulce.

 

– Era o mínimo que eu podia fazer... – respondeu ele, de cabeça

baixa.

 

Anahí tocou a mão dele e a apertou, fazendo-o olhar para ela.

 

– Você não sabia. Esqueça isso, estamos todos no mesmo barco

agora!

 

– A Vila das Fadas D’Água!!! – gritou Dulce, apontando para o mapa.

 

– Era aqui que estávamos quando os trolls sequestraram meu pai, Eileen e

eu!

 

– Acha que eles ainda estão lá? – perguntou Anahí.

 

Dulce lembrou de sua família por um instante.

 

– Duvido... – respondeu desanimada.

 

– Como vamos achá-los? – perguntou Poncho.

 

O silêncio foi a resposta.

 

– Bom... – continuou ele. – Então teremos que ir até lá de qualquer

maneira. Se eles não estiverem lá, pelo menos saberemos para onde eles

foram.

 

– Frabatto!!! – gritou Dulce de repente.

 

– Quem é Frabatto?

 

– O mago!!! Ele nos ajudou das outras vezes! E ele tem uma sala

cheia de espelhos de onde ele pode ver todo mundo! Parece o pacote mais

caro da TV a cabo, pega tudo! Sem falar que ele sabe muitas coisas, pode

saber um jeito de revertermos o que houve com o Chris!

 

– Parece ótimo! – animou-se Anahí.

 

– É, parece! – Poncho também estava empolgado com uma solução

aparentemente simples. – Onde ele mora?

 

– Na casa dele!

 

Os outros dois ficaram olhando para Dulce, esperando que tivesse

sido uma piada.

 

– Calma, não deve ser difícil de achar! Ele mora num castelo! –

explicou Dulce.

 

– Dulce, você sabe quantos castelos tem nesse mundo?

 

– É um castelo assombrado! – insistiu Dulce, esperando que Anahí

ou Poncho soubessem onde era.

 

– Dulce, você sabe quantos castelos assombrados tem nesse

mundo?A moça se levantou, mexendo na cabeça, tentando massagear o

cérebro ou algo assim.

 

– Calma! Eu vou me lembrar!

 

– O que tinha por perto? – perguntou Poncho. – Como você chegou lá?

 

– Eu estive lá duas vezes... – disse Dulce. – Na primeira vez, nós

passamos por um gigante chamado Jack que trazia cabeças vivas na cintura

e tentou nos matar... Na segunda vez, fomos levados a um lugar horrível de

desova de um cavalo do diabo que comia fígados.

 

– Não sei se é uma boa ideia irmos a esse castelo... – murmurou

Anahí.– Esse gigante, ele tinha correntes? – perguntou Poncho.

 

– Tinha! Era um som horrível! Era o que prendia as cabeças na

cintura dele!

 

– É Jack, o Acorrentado! Eu já ouvi muito sobre ele! – contou Poncho,

feliz em ter um referencial.

 

– Então você sabe onde ele fica?

 

– Não, mas alguém na cidade deve saber!

 

Eles voltaram a se reunir em volta do mapa.

 

– Aqui é a Cidade dos Ventos, a apenas algumas horas de distância a

pé! – apontou Poncho no mapa. – Lá, poderemos pedir informações, conseguir

mais mantimentos e comprar uns cavalos.

 

– Comprar? – Dulce desanimou, lemPonchodo que era assim que se

sentia sempre que via a etiqueta de uma roupa bonita numa loja de grife. –

Não temos dinheiro...

 

– Droga! – Anahí se sentou chateada no chão. – Eu tinha dinheiro!

No meu quarto!

 

– Me perdoe senhora... – disse timidamente Poncho, sem encarar

Anahí.E então ele retirou um saquinho dourado cheio de moedas e

algumas joias de dentro do casaco e entregou para ela.

 

– Minha bolsa!!! – festejou Anahí.

 

– Me perdoe, mas eu tive que pegá-la antes de fugirmos! Eu não quis

faltar com o respeito e não quero que pense que sou um ladrão!

 

Anahí sorriu feliz.

 

– Está brincando, Poncho? Você provavelmente nos salvou de novo!

 

– É que eu peguei mais uma coisa em seus aposentos...

 

Então, diante dos olhos curiosos de Anahí, ele tirou uma coisa

embrulhada em tecido de dentro da mochila. Anahí se iluminou quando

viu o caderno de poesias que viera de seu mundo.

 

Dulce olhou surpresa para o caderno.

 

– Sério? Um monte de coisas preciosas e você pega um caderno de

poesias??! Ah, qual é?!

 

– Cala a boca, Dulce! – ralhou Anahí com a amiga, abraçada ao

livro. – Esse livro veio do nosso mundo! É a única lemPonchoça que eu tenho

de minha casa...

 

E então ela pareceu murchar e entristecer.

 

– Manuel foi buscar esse livro na minha casa no nosso mundo... –

disse ela. – Mesmo sendo perigoso, ele foi até lá e trouxe para mim meu

caderno de pensamentos... Foi a coisa mais bonita que alguém já fez por

mim...

 

Dulce não falou mais nada. Poncho também não. Recolheram as coisas

e se colocaram a caminho.

 

*****

 

Nessa mesma manhã, outras quatro pessoas tinham uma discussão

parecida, mas em cavalos. Blanca, mãe de Dulce, ia em seu cavalo com a

pequena Eileen, a fadinha de asas pequenas demais para voar, ao lado de

Marcos e Marcel. Cavalgavam em direção a Luzandefall com um objetivo

similar ao dos três jovens que tomavam a direção da Cidade dos Ventos:

buscar informações.

 

Depois de ver a cabana onde Fernando Espinoza e Eileen estavam

queimar até o chão, acreditando que estavam ambos mortos, a esperança

voltou com as asas da fada que não voa, que surgiu de uma mata onde tinha

se escondido. 

 

Eileen, ainda apavorada, contou o que aconteceu. Fernando fora

atacado e levado por mercadores de escravos. A ideia era assustadora, mas

nem se comparava com a morte nas chamas, destino do qual ele já escapara

antes.

 

– Se o querem como escravo, vão mantê-lo vivo! – disse Marcel,

tentando acalmar Blanca. – Escravo morto não vale muita coisa...

 

Isso era um fato, mas todos eles conheciam o temperamento de

Fernando. Entre o charme e a cólera, Fernando Espinoza fora um padre polêmico

que teria terminado na fogueira depois de torturas terríveis. 

 

Não escapara

totalmente das torturas, mas escapara da fogueira, graças à ajuda de

Blanca, Marcos e Marcel, 17 anos antes. Fernando amadurecera, mas

mantivera a vaidade e o charme. O temperamento brigão tinha sido

controlado, mas não sabiam como ele iria agir se colocado à prova.

 

Escravizar Fernando seria como domesticar um jaguar. Haveria sangue. Ou do

jaguar, ou de quem estivesse tentando domesticá-lo. E, justamente por isso,

não tinham muito tempo.

 

Chegaram à cidade e foram direto à taberna onde arrumaram

confusão assim que chegaram. Claro que não foram muito bem recebidos,

mas algumas moedas no balcão amenizaram o humor do dono.

 

– Estivemos aqui antes – disse, redundantemente Marcel.

 

– Eu sei – respondeu como um bloco de gelo o homem atrás do

balcão. – Eu me lembro.

 

– O homem com quem o nosso amigo brigou, o que estava

atazanando suas garçonetes, quem era? – disse Marcos.

 

– Minhas o quê?!

 

– As moças que estavam servindo! Quem era o abusado e onde

podemos encontrá-lo?

 

O homem pareceu desconfortável e olhou em volta. Mais algumas

moedas jogadas sobre o balcão por Marcel e uma ameaça de Blanca de

tornar a vida dele miserável se não falasse a verdade aceleraram sua

decisão. Assim, quando Blanca, Marcos, Marcel e Eileen saíram dali, tinham

algumas informações. Não eram muitas, mas era o bastante para começar.

 

Agora era torcer para que Fernando aguentasse a barra sem fazer nenhuma

besteira.

 

*****

 

Caminhava por corredores escuros e úmidos, as pedras como mudas

testemunhas de sua passagem. Não estava com medo. Lembrava-se disso. O

lugar era assustador, mas não tinha medo porque não tinha motivos para

ter medo. O medo só chegou quando a porta se abriu e viu os instrumentos

de tortura.

 

Foi agarrado e preso, ninguém respondia às suas perguntas, e antes

que pudesse pensar, o chicote estalou em seu corpo, rasgando sua carne,

cortando sua alma, fazendo-o gritar.

 

Chris acordou sobressaltado, suor na testa e uma respiração ofegante.

Na porta de seu quarto surgiu a figura de Kajinski, um troll velho e magro

de olhos miúdos que pareciam ver muito mais longe do que se podia

imaginar.

 

– Algum problema, majestade?

 

Chris tentou falar, mas não conseguiu. Levantou-se da cama úmida

com seu próprio suor e foi até a mesa, onde molhou o rosto com a água de

uma bacia de cobre.

 

– Foi um pesadelo? – sondou Kajinski, andando pelo quarto mal

iluminado por velas como se fosse uma assombração, os olhinhos

brilhando na escuridão.

 

Chris olhou diretamente para ele, um tanto surpreso.

 

– Não... Foi uma lembrança... Descobri como fui parar nas mãos de

Manuel. Achei que ele tinha me capturado, mas eu fui andando ao lado dele.

Era como se fôssemos... amigos.

 

– Então é ainda pior! – aproximou-se Kajinski. – Significa que ele o

traiu! Por isso mesmo ele e seu povo devem pagar caro!

 

– Mas... – Chris tentava voltar ao pesadelo para ver mais, saber mais. –

Como um elfo da realeza poderia ser amigo de um troll como eu?

 

Chris andou pelo quarto. Sua memória estava em frangalhos.

Lembrava-se de sua vida de troll, mas aos pedaços, como se fossem flashes.

Não reconhecia de fato nenhum daqueles trolls que o cercavam. Lembravase

que um dia teve um irmão e um pai. 

 

E a lembrança o fazia tremer.

Lembrava-se muito vagamente de Kajinski, sempre ao lado de seu pai. E

então... De repente estava atacando elfos e erguendo Manuel com ódio até o

céu, soltando-o para a morte a seguir. Não tinha certeza de como achou o

caminho até o covil dos trolls onde Kajinski os mantinha, mas tinha certeza

de que estava transbordando de ódio.

 

 Sentia-se traído, aviltado e seu

sentimento se traduziu numa única ordem. Assumiu o lugar que de certa

forma sabia ser seu. Seu pai era o rei dos trolls. Na falta dele e do irmão

mais velho, só restava ele. E seu primeiro ato foi ditado pelo ódio e pela

dor: Kajinski deveria reunir todos os trolls que encontrasse. E deviam se

preparar. Porque haveria guerra.

 

– Talvez tenha sido um pesadelo, majestade, e não memórias... –

começou a falar Kajinski, mas seu rei o interrompeu.

 

– Não fale mais nada, Kajinski! Apenas saia e me deixe dormir!

 

O velho troll hesitou por um momento, mas terminou por concordar

com um movimento de cabeça e se retirou.

 

No quarto, Chris olhou novamente para a cama e caminhou até ela

com determinação. Deitou-se e olhou para o teto, as asas negras abertas e a

mente também. Se essas lembranças queriam chegar a ele, que chegassem então. 

 

Ele queria saber o que diabos acontecera.

No corredor, Kajinski caminhava lentamente enquanto sua mente

trabalhava muito mais rápido. Ele sabia da importância de Chris em seus

planos. 

 

Tê-lo de volta à sua antiga forma era mais do que ele podia querer,

mas não podia se dar ao luxo de perdê-lo. Suas lembranças eram um risco.

 

Somos as nossas memórias. Sem elas, somos caixas vazias. Se Chris tivesse

suas lembranças de volta, na ordem certa, ele saberia quem era. Kajinski

sempre teve esperança de que Chris trazia dentro dele uma parte selvagem e

cruel, sua herança troll, pois certas coisas nunca mudam. Porém, não

gostaria de arriscar.

 

 Era hora de dar uma espiadinha nas possibilidades. E

ninguém melhor para isso do que uma bruxa.

 

 


Compartilhe este capítulo:

Autor(a): vondynatica

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

    Numa floresta escura e assombrada por almas perdidas, havia uma cabana de cuja chaminé subia uma fumaça escura. Uma mulher velha remexia num caldeirão como um cliché quando alguém bateu à porta. Ela reconhecia as batidas e já abriu a porta sorrindo.   – Como vai, Kajinski! Não esperava v& ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38

    Amei,PARABÉNS!!!S2

  • kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35

    Continua!!!Ta acabando??s2

  • kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47

    Continuaa!!!s2

  • kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28

    Posta++!!s2

  • kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28

    Amando,continua!!!!s2


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais