Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
O rei voltava para seus aposentos quando deu de cara com Kajinski
batendo boca com os guardas na frente do seu quarto.
– Majestade! – disse Kajinski, fazendo uma reverência breve. – Esses
idiotas não me deixam entrar em seus aposentos!
– Eu sei – respondeu secamente de braços cruzados. – Foram ordens
minhas! Kajinski observou que os olhos de seu rei estavam diferentes.
Observou as garras em suas mãos, mais claras, mais parecidas com unhas.
– Podemos falar, majestade? – perguntou Kajinski, abaixando a
cabeça.
– Devemos! Mas não aqui. Venha.
O rei saiu e Kajinski ainda deu uma última olhada para a porta
fechada, com a certeza do que ela guardava.
Caminharam pelos corredores iluminados por archotes nas paredes.
– Soube que Jurubin voltou... – comentou Kajinski.
– É, ele voltou.
– E trouxe o que vossa majestade pediu?
O rei o olhou de lado, deixando clara sua desconfiança.
– Trouxe.
– E os outros? Task e Boldan? Não voltaram ainda?
– Não.
Chegaram a uma porta de madeira escura que o rei abriu. Entraram
e era uma sala de reuniões no mínimo peculiar. Tinha uma grande mesa de
madeira rústica no meio. Os pés eram troncos de árvores. Havia pedaços de
tronco que serviam como cadeiras e um mapa carcomido pendurado na
parede, acima de uma cadeira melhor talhada e mais imponente.
– E nem vão voltar.
Kajinski olhou surpreso para o rei que o olhava nos olhos.
– Estão mortos.
– Mas isso é...
– Você mandou Boldan matá-la.
Kajinski engoliu o resto da frase e paralisou. O rei continuava
olhando para ele, talvez esperando uma resposta, embora aquilo não
tivesse sido uma pergunta.
– Mandei, majestade...
Kajinski baixou a cabeça. Viu que não poderia mentir. O rei não era
um apatetado desmiolado como a maioria dos trolls. Ele já sabia e tentar
ocultar a verdade só iria piorar a situação.
A aparente calma do rei desapareceu de repente e ele bateu na mesa
e gritou.
– Mesmo que eu tenha dado ordens expressas para não feri-la!!!
– Mas foi para o seu bem, majestade... – continuou Kajinski.
O rei avançou para cima de Kajinski, as asas abertas como a sombra
da morte. Suas mãos encontraram o pescoço de seu conselheiro,
imprensando-o em cima da mesa.
– Você pensa que eu sou seu brinquedo?! Acha que pode me desafiar
assim?!
E Kajinski viu novamente os olhos do rei brilharem do jeito que ele
queria.
– Essa menina será sua perdição, majestade! – disse Kajinski, se
engasgando. – Ela o leva para um mar de ilusão, tentando fazê-lo ser o que
não é!
O rei largou o pescoço do conselheiro e viu que suas unhas estavam
mais uma vez escuras. Kajinski tossiu e foi se levantando devagar.
– Essa é a sua natureza... – disse. – Por que quer renegá-la?
O rei se afastou, ficando de costas para ele. Kajinski caminhou
lentamente até o mapa.
– Este é o mapa do tempo de seu pai. A Corte Unseelil tinha domínio
por todas essas regiões. Todos nos temiam e podíamos pegar o que
quiséssemos de qualquer um. Podemos voltar a ser como antes! Só
depende de você, Chris.
Aquele nome fez a cabeça de Chris girar. Ouviu aquele nome muitas
vezes. Olhou para a cadeira que ostentava alguns entalhes. Sentou-se no
degrau ao pé dela e passou a mão no entalhe onde trolls levavam um
homem pelos ares.
Viu a si mesmo como um ser pequeno, sentado ao pé da
cadeira onde seu pai dava ordens. Na frente dele, trolls riam e falavam
sobre já terem o pagamento para o dízimo. Saiu de seu devaneio com a voz
de Kajinski ao seu lado.
– Era aí que seu pai se sentava e planejava os ataques – disse. – Você
se sentava ao pé dele quando criança. Depois, você e seu irmão passaram a
acompanhar a Corte e a trazer ouro para aumentar o tesouro do rei.
O rei se levantou e tonteou. Colocou a mão na cabeça, sentindo uma
pontada.
– Está bem, majestade?
– Nunca mais contradiga uma ordem minha! – vociferou o rei,
voltando a ficar de pé. – Não me interessa se você acha que é o melhor, da
próxima vez que você fizer algo assim, eu mesmo arranco sua cabeça!
E então ele saiu, deixando Kajinski sozinho.
Dulce já tinha estudado todo o aposento. Ali tinha achado uma
espada que seu pai usou muito bem na fuga, da primeira vez que ali
estiveram. Remexeu no mesmo baú e achou algumas coisas, como taças de
ouro e prata, um caldeirão de cobre, tecidos e joias. Achou um vestido seco.
Era bonito, vermelho e marfim, e também achou um manto negro de
veludo. Tirou seu vestido molhado e trocou de roupa, antes que pegasse
uma pneumonia. O vestido era um pouco mais comprido que ela, mas caiu
bem.
Voltou ao baú e encontrou um pequeno cordão de criança com um
pingente em forma de fada. O primeiro pensamento que veio à sua mente
foi pegá-lo para dar à Eileen e, um segundo depois, a tristeza caiu sobre ela
como um balde de neve. Ficou pensativa, sentindo uma enorme vontade de
chorar, quando a porta se abriu.
O rei entrou e foi até ela.
– Vamos fazer o que você disse! – falou ele, com certo ânimo. –
Vamos mandar buscar sua amiga e usar o pó mágico que você falou.
Dulce concordou com a cabeça e voltou a olhar para a pequena joia
nas mãos.
– Você não está feliz? – perguntou ele. – Não era isso que queria?
– Era! – respondeu ela. – É que lembrei de algo que me entristeceu.
– Pois diga! Mandarei açoitar quem a deixou triste!
Dulce deu um sorriso triste.
– Temo que isso não seja possível... Ninguém açoita a morte.
Ele se sentou de frente para ela.
– Nós conhecemos uma fadinha. Você salvou a vida dela. A Corte
Unseelil tinha arrancado as asas dela, mas, contra tudo o que todos
acreditavam, as asas voltaram a nascer, mas ela nunca mais voou. Ela era
linda, sabe? Uma princesinha, de cabelos encaracolados, rostinho de anjo e
fazia pequenas magias. Foi a magia dela que me salvou quando você... Bem,
eu a amava. Nós a amávamos...
– O que houve com ela? – perguntou ele, temendo que seus trolls
tivessem algo a ver com o desfecho daquela história.
– Ela morreu – disse Dulce, com um nó na garganta. – Ela estava
escondida numa casa em que homens maus tacaram fogo. Por isso estou
triste...
Uma lágrima desceu pelo rosto dela. E depois outra. O rei parecia
não saber o que fazer, ficando ali na sua frente sem reação nenhuma. Até
que ele estendeu a mão e suavemente limpou a lágrima de seu rosto.
– Fadas não morrem. Só adormecem para acordar em uma flor que
desabrocha numa futura manhã.
Ela olhou para ele, surpresa pelas palavras bonitas e principalmente
pelo seu tom de voz. Então ela percebeu que ele estava olhando atônito
para sua própria mão. Ela pegou sua mão e observou enquanto as garras
negras viravam unhas humanas perfeitamente normais.
****
Fernando ficou feliz em ver a fada devolver o prato vazio e depois
beber toda a água do copo.
– Há quanto tempo está aqui? – perguntou ele.
– Semanas, acho...
– O que é esse lugar? Uma prisão?
– Um tipo de prisão. É onde eles mantêm seus escravos. Você deve
ter dado trabalho. Aqui é onde colocam os que consideram perigosos...
Fernando sorriu orgulhoso. Era bom ser considerado perigoso.
– Por que não vem para a luz? – chamou ele.
A fada se aproximou e dessa vez ele ficou de queixo caído. Os
cabelos ondulavam sobre os ombros, o rosto tinha uma perfeição de boneca
e os lábios rubros eram cheios. Os olhos eram azuis e brilhavam como a Lua
no mar.– Nossa! O que aconteceu? Você está linda!
Ela sorriu daquele jeito que só as mulheres bonitas sabem sorrir.
– Eu sou uma musa – explicou ela. – Eu dou inspiração aos artistas.
Porém, enquanto estiver com essas algemas, não tenho meus poderes e fico
vulnerável às palavras que me atiram. Se me dizem coisas cruéis e
horríveis, elas se refletem na minha aparência. No entanto, se me dizem
palavras de amor e beleza, elas se refletem em mim também.
Fernando estava pasmado, admirado com aquela que ele considerou a
mulher mais bonita que já vira. Precisou se forçar a sair daquele encanto e
voltar a se concentrar no problema que tinham.
– Leanan, eu quero sair daqui. Tenho esposa e filha e a última coisa
que quero é ficar na mão de alguém que tem a clara intenção de me
machucar.
– Como já aconteceu antes, não é?
Ele se surpreendeu.
– Como sabe?
– Meus poderes de visão mística estão embaçados. Mas consigo ver
alguns vislumbres e vi um pedacinho do seu passado enquanto você
pensava nele, assim que acordou. Eu sinto muito o que lhe fizeram...
Fernando agradeceu com um leve aceno de cabeça, um tanto
constrangido de ter revelado o que teve tanto trabalho para esconder nas
profundezas de sua alma.
– Mas você dizia que tem um plano... – voltou ela, encostando o rosto
perfeito na grade fria.
– Bom, estou trabalhando nisso... Por enquanto, preciso de
informação. O que você pode me dizer sobre esse lugar?
Durante as horas daquela noite, Fernando e Leanan conversaram.
Sentados no chão, ele fazia perguntas e ela respondia o que sabia. Aquela
era a prisão de uma grande arena onde escravos lutavam, como nas velhas
arenas romanas.
Não só humanos, mas também seres encantados eram
jogados na arena para deleite e lucro de outros seres, humanos e
encantados. Poderia levar semanas até que o levassem, ou poderiam levá-lo
no dia seguinte, não havia como saber. Tudo dependeria do oponente certo.
– Por que você está aqui? Não vão jogá-la na arena, vão?
Leanan fez uma pausa, olhando o chão por um momento.
– Estou aqui há semanas... Não sei o que planejam para mim na
arena, mas posso garantir que não é nada bom...
Fernando só podia imaginar que era algum tipo de espetáculo mórbido,
como quando jogavam criancinhas aos leões nos tempos antigos.
– Não se preocupe! Nós vamos sair daqui!
Ela o olhou e sorriu. Então, continuou contanto o que sabia, até que,
exaustos, dormiram um pouco, cheios de planos e esperanças.
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2