Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
A surpresa de ver suas mãos como as de um humano fez o rei passar
alguns minutos apenas as observando, como se não acreditasse no que seus
olhos viam.
– Eu lhe disse! Você é um humano!
Ele olhou para ela.
– Você tem um estranho efeito sobre mim.
Ela sorriu, feliz.
– Não sei se isso é bom!
Ela desfez o sorriso.
– Meu conselheiro, Kajinski, acha que você faz parte de algum tipo
de ilusão.
O nome soou algum sino na cabeça de Dulce.
– Kajinski? – perguntou ela. – Eu conheço esse nome! Lembrei!!! Era
o troll esquisito que mandou te sequestrar e tentou te manipular como rei!
Como já tinha ouvido a história toda, ele sabia do que ela estava
falando, mas isso também poderia ser um truque.
– Precisamos do pó do espelho das armas.
– Almas!
– Isso – continuou ele. - Mas não sei se mandar algum troll será
seguro. Kajinski já mandou um dos meus trolls te matar. E esses trolls são
uns estúpidos!
– E se nós fôssemos lá buscar o pó?
Aquela ideia pareceu surreal pela expressão do rosto dele.
– Não podemos!
– Claro que podemos! Você é o rei! Você pode qualquer coisa! –
insistiu Dulce. – A menos que você tenha alguma coisa mais importante na
sua agenda...
– Eu ia invadir o castelo de Manuel! – lembrou ele.
Dulce arregalou os olhos e o pegou pelos ombros.
– Chris, pelo amor de Deus, colabora!!! Você não pode matar ninguém!
Se você derramar sangue, se tirar a vida de alguém, ficará preso nessa
forma por toda essa vida!
– Preciso pensar em tudo isso... – disse ele, saindo.
Dulce foi atrás, mas ele a impediu.
– Você fica aqui.
– Por quê?
– Porque é muito difícil pensar com você por perto.
E saiu, deixando Dulce sozinha de novo.
Caminhou pelos corredores escuros até achar a saída da colina
encantada. Voou pelo céu escuro onde a lua imperava. Olhou as montanhas
ao longe, o brilho de pequenas fadas fazendo danças em círculos em uma
colina, as florestas que ganhavam um tom azulado com a lua. Tudo aquilo
lhe parecia familiar, mas distante.
Ele sentia falta de alguma outra coisa, de
algum outro lugar. Se a humana estivesse certa, ele poderia ser outra coisa,
algo além de um troll cheio de ódio e rancor. Ele olhou na direção do
castelo de Manuel. Naquele momento, não tinha mais tanta raiva dele. Não a
ponto de começar uma guerra. O que mudara?
Olhou para suas mãos e viu unhas comuns.
Voou ainda mais alto, sentindo que aquilo fazia parte dele tanto
quanto respirar. Passou por rios e planícies, até chegar à Colina dos Amores
Perfeitos.
Pousou no alto de uma torre do castelo. Estava escuro e ele
estava sozinho. Não foi difícil passar despercebido. Cercou a torre,
procurando uma entrada. Esquivou-se de um guarda que estava
concentrado no que pudesse vir lá de fora. Deu a volta pelo outro lado e
andou silenciosamente pelo telhado que ligava uma torre a outra.
Esquivou-se de mais um guarda e finalmente achou uma janela. Não uma
janela qualquer, mas a janela da qual ele precisava.
O luxuoso quarto estava na escuridão. Já era muito tarde e elfos,
assim como humanos, não tinham hábito de trilhar os caminhos da lua. Chris
se aproximou da cama onde Manuel dormia.
Poderia terminar com tudo ali
mesmo.Manuel acordou com uma mão tapando sua boca. Debateu-se
assustado como qualquer um que fosse acordado dessa maneira. Viu Chris
diante dele fazendo um sinal de silêncio com uma mão enquanto tapava sua
boca com a outra.
– Não vim machucá-lo! – disse Chris. – Só vim conversar.
Vendo que Manuel parara de se debater, embora mantivesse o ar
desconfiado, Chris retirou a mão.
– Você é burro ou louco? – perguntou o elfo.
– Os dois, eu acho. Eu vim conversar sobre essa guerra.
– Guerra que você começou! – acusou Manuel. – Atacando minhas
plantações e comprometendo a alimentação do reino!
– Eu comecei?! – indignou-se Chris. – Você começou quando nos traiu!
Quando me torturou para conseguir o que já era seu! Olhe no que eu me
transformei! Eu sou fruto de sua ambição desmedida!
– Você só se transformou no que já era por dentro! – respondeu
Manuel, aumentando o tom de voz. – Uma vez um monstro, sempre um
monstro!
Chris não respondeu. Não podia dizer o quanto aquelas palavras o
feriram.
– Eu vim pedir que suspendêssemos essa guerra... – disse, com voz
rouca. – Mas estou vendo que isso não é possível...
Manuel se inclinou para ficar mais perto dele.
– Eu vou destruir você e todos da sua raça. Vocês são a corrupção
desse mundo. Nada de bom pode vir de coisas como você! Volte para seu
covil, abominação, e aproveite seus últimos momentos! GUARDAS!
Chris teve vontade de estrangulá-lo ali mesmo, mas não o fez. Virou-se
e saltou pela janela no instante em que a porta do quarto se abriu com
guardas entrando correndo.
Ainda lançaram algumas flechas, mas nenhuma nem passou perto.
Ele saiu incólume. Ou quase. Seus olhos brilhavam com lágrimas que o
vento secava na fonte.
Voou de volta à colina encantada onde a Corte Unseelil se reunia. De
longe, era apenas uma grande colina, mas se soubesse onde, poderia
encontrar a porta e veria um outro mundo acontecendo lá dentro.
Ele voltou aos seus aposentos onde Dulce estava. Ela estava
dormindo e ele se aproximou dela com cuidado. Tirou uma mecha do seu
rosto e ela acordou. Sorriu ao vê-lo, achando que iriam partir para
encontrar Anahí e Poncho. Mas ele a segurou.
– Vou mandar escoltá-la para fora daqui.
– O quê? – ela ergueu o tronco, recostando-se na parede onde tinha
um tapete pendurado atrás da cama no lugar da cabeceira.
– Eu pensei no que você disse – continuou ele. – Eu gostaria de ser
outra pessoa. Mas não sou. Eu reuni esses trolls, eles dependem de mim. Eu
prometi uma guerra e é uma guerra que eles vão ter.
Ela pegou a mão dele e não viu garras.
– Eu sei que Manuel machucou muito você – disse ela. – Mas essa
vingança está destruindo você, não ele.
– Não é pela vingança – respondeu ele. – Nem por Manuel.
– Então por quê? Eu não entendo!
Ele tentou achar as palavras certas.
– Porque eu não aguentarei se você estiver errada.
E então ele saiu de novo.
Dulce ficou desolada. Não sabia onde tinha errado e, pior, não sabia
mais o que poderia fazer.
Chris se dirigiu até um grande salão onde ele reunia os trolls para os
pronunciamentos. Foi melhor deixar qualquer esperança de ser outra coisa
além do que era para trás. Agora poderia continuar com sua vida e com
seus planos. Ouviu um burburinho seguido de silêncio. Estranhou e se
aproximou do salão com cuidado. Alguém estava fazendo algum discurso.
Se escondendo nas sombras, observou com cuidado. Era Kajinski. E estava
fazendo um discurso bastante inflamado.
– Nosso rei foi corrompido pelos humanos! – dizia ele. – Nós
tentamos trazê-lo de volta, mas era tarde demais. O sangue humano já o
dominou. Mas ele cumpriu sua missão nos reunindo aqui e mostrando
quem são nossos inimigos e qual é a nossa força!
Os trolls urraram em aprovação.
– Agora, é hora de tomarmos uma posição, irmãos! – continuou
Kajinski. – Precisamos destruir a sombra humana que paira sobre nós! Há
uma humana nos aposentos do rei! Iremos lá e a destruiremos! E se ele
ficar no nosso caminho, saberemos de que lado ele está!
Mais urros de aprovação. O rei saiu dali e correu, ainda ouvindo
Kajinski pedindo que os trolls o aceitassem como seu rei.
Dulce ficou sem saber o que fazer depois que ele saiu. Sentou-se no
degrau perto do que parecia um trono e ficou lá, com o coração apertado, se
sentindo sozinha.
Sentiu lágrimas subirem e achou que ia quebrar,
desmoronar ali mesmo, não só por aquilo, mas por tudo de errado que
estava acontecendo. Então fechou os olhos e respirou fundo. Tudo tem
solução. Mas não podia entrar em pânico. Já estivera em situações
desesperadoras antes, e conseguira sair, porque não entrou em pânico e
não desistiu.
Abriu os olhos. Não ia desistir. Era filha de Fernando e Blanca. Aquelas
duas pessoas desafiaram as leis do tempo para se encontrarem. Ela mesma
podia ser considerada uma pessoa impossível de ter acontecido. E, no
entanto, ali estava ela, num mundo que a maioria das pessoas acredita ser
pura fantasia.
Se Chris não queria ir atrás do pó do espelho das almas, ela iria. Ele ia
soltá-la de qualquer forma. Imploraria a ele que não matasse ninguém até
que se encontrassem de novo e iria atrás do raio do pó que ela fez o favor
de deixar para trás num descuido idiota.
De repente, Chris entrou correndo e pegou o manto negro que ela
encontrara e a bolsa, entregando tudo para ela.
– Temos que ir agora! – disse ele, puxando-a pelo braço.
– O que houve? – perguntou ela, sem entender nada.
– Se não formos agora, vão matar nós dois!
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Autor(a): vondynatica
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Os dois guardas de sua porta tinham sido dispensados assim que ele entrou para pegar Dulce. Chris os mandara em uma missão urgente fora dali, pois não os queria contaminados com a revolução de Kajinski. A missão era procurar a Loira Sem Cabeça, uma assombração que estava causando tumult ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2