Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
– Você sabe voar, sabia?
Chris olhou para Dulce, tentando acompanhá-lo em uma caminhada
puxada pela floresta escura.
– Sei.
Ele continuou andando, deixando-a para trás.
– Então por que não voamos? – perguntou ela, vendo que ele não
entendera a ironia.
– Porque lá em cima somos um alvo. Vamos nos afastar o máximo
que pudermos e esperar que eles desistam de vir atrás de nós.
Dulce parou para respirar.
– É. Parece um bom plano.
Quando achou que não estavam sendo seguidos, Chris a pegou de repente e
voou, o que lhe deu um baita susto. Ele pousou com ela no alto de uma
árvore gigantesca.
– Por que fez isso?! – reclamou ela, se refazendo.
– Aqui é mais seguro. Temos que ir até onde seus amigos estão e
pegar o pó do espelho das almas. Onde eles estão?
Dulce pensou um pouco, mas aí olhou para baixo e ficou tonta.
– OK... – tentou se concentrar. – Da última vez que nos vimos, eles
estavam muito longe, há cinco dias daqui.
– Onde? – perguntou Chris.
– Não importa! – respondeu ela. – Eles não estão mais lá!
– Como sabe? – estranhou ele.
– Porque quando nos separamos, eles estavam de frente para um
círculo de fadas que os deixaria perto da Colina dos Amores Perfeitos. De lá,
iríamos procurar você.
Fazia sentido. A Colina dos Amores Perfeitos era um lugar bem
grande e tinha em seus arredores o reino de Asram. Do outro lado, havia
uma série de colinas menores. Uma delas era a colina encantada onde Chris
costumava reinar sobre a Corte Unseelil.
– Bem... – disse ele, olhando acima do ombro dela. – Há um bosque
ao pé da colina onde há muitas fadas, o Bosque do Cervo de Prata. Imagino
que o círculo onde entraram vá direto para algum círculo de fadas nesse
bosque.– Onde fica?
– Perto do reino de Manuel...
Dulce pensou por um momento.
– Talvez ele não faça nada... – comentou.
Chris balançou a cabeça lentamente negativamente.
– Podemos esperar o pior de Manuel.
Dulce pensou mais um pouco.
– Bom, pelo menos sabemos o que esperar dele.
Chris se preparou para descer com Dulce, mas ela implorou para
ficarem mais alguns minutos. Estava exausta e suas pernas e pés doíam.
– Precisamos nos afastar da Corte. Se eles nos alcançarem, não
teremos chance.
E dizendo isso, pegou a moça nos braços e pousou novamente no
chão e continuaram a andar.
A floresta foi ficando densa e a luz da lua não mais podia iluminar o
caminho. Dulce foi ficando insegura, tentando acompanhar Chris pelos sons
de passos, pois via cada vez menos.
– Chris?
– Que é? – respondeu sem paciência.
– Não posso seguir você no escuro!
Ele parou e pegou na mão dela. Continuaram o caminho em silêncio.
– Puxa... – disse ela em dado ponto. – Os trolls do meu mundo são
mais falantes...
Ele parou de andar, olhando-a surpreso.
– Há trolls no seu mundo?
– Ih, um monte! A maioria fica na Internet, mas sempre tem uns ao
vivo e a cores também...
– O que é Internet? Um reino?
Dulce riu.
– Desculpe, Chris! Foi uma piada. Meu mundo tem coisas incríveis
também, e é possível que tenha trolls como os daqui, mas devem viver
muito escondidos. Mas meu mundo é de humanos. Nem sempre podem ser
chamados assim, mas...
Ele ficou parado olhando para ela falando sem esboçar reação até
dizer:
– Não entendo nada do que você diz.
E então voltou a andar.
Dulce tentou começar mais alguma conversa, mas estava sem
fôlego. Subiram, desceram, pularam, passaram por baixo de galhos, até que
finalmente chegaram a um lugar alto. O sol estava nascendo e Dulce puxou
Chris, fazendo-o parar. Ela olhava admirada para a aurora, enquanto ele
continuava olhando para ela com rosto duro.
– O que está fazendo? Por que parou?
Dulce segurou suas mãos e então mostrou a vista.
– Olhe isso!
Estavam no alto de numa pequena ribanceira. Diante deles, um vale
se estendia com colinas, rios, árvores e lagos. Mais a frente, no meio de uma
cadeia de montanhas, o sol nascia, espalhando dourado pelo céu que
deixava sua palidez cinza para se tornar azul vivo. A cada minuto, seu
domínio aumentava, fazendo os rios brilharem e o verde da relva se
acender. As cores ganhavam vida era tanta beleza que os olhos não
conseguiam alcançar toda sua extensão.
– Não entendo – disse ele. – O que você quer que eu olhe?
Dulce se virou surpresa. Não era possível que ele não estivesse
vendo o mesmo que ela.
– Chris, você não vê a beleza disso? O sol, esse vale, as cores... O
amanhecer é lindo aqui! É como um quadro com cores que ainda não
inventaram!
– É só o sol, Dulce! Ele nasce todos os dias. Vamos embora!
E então ele a puxou para continuarem o caminho. Dulce ficou triste,
não por ela ter perdido o espetáculo do pôr do sol, mas por ele não ter sido
capaz de vê-lo. Quando alguém que amamos não consegue ver a beleza que
nós vemos, é como descobrir que a pessoa que você ama está cega.
*****
Pé de Vento tinha uma enorme curiosidade sobre o mundo de onde aqueles
três vieram. Suas perguntas preencheram o caminho até a Cidade Obscura.
Seriam dois dias inteiros até chegar lá e a viagem estava tranquila.
– Deve ser incrível poder viajar em uma máquina voadora! – disse
ele com ar de criança diante da roda gigante pela primeira vez.
Marcos deu uma gargalhada.
– Você vira vento, meu amigo! Não tem nada mais incrível do que
isso!
– Mas aqui tem muitos perigos! – disse Pé de Vento.
– Ah, lá também, não se iluda! – Marcel acabou logo com as ilusões
do rapaz.
Ele olhou para Blanca, como se precisasse de confirmação.
– Vocês tem homens maus lá?
– Infelizmente, temos, Pé de Vento.
Ele ficou um instante cabisbaixo, pensando.
– E são muitos?
– Mais do que nós gostaríamos – respondeu Blanca.
– São muitos! – tornou Marcel. – Centenas! Milhares! Centenas de
milhares!
– Não exagere Marcel! – reclamou Marcos. – A verdade, Pé de Vento,
é que há muito mais pessoas boas que ruins. O que acontece é que as ruins
fazem mais barulho.
– Pois eu gostaria de conhecer seu mundo! – disse Pé de Vento. –
Mesmo com as pessoas más! Parece fascinante! Especialmente isso que
vocês falaram de cinoma.
– Cinema.
– Isso!
No meio da tarde, fizeram a parada para se esticarem e comerem
alguma coisa. Eileen ficou aos cuidados de Marcos que adorava brincar com
a pequena. Ele estava fazendo um truque muito bobo com as mãos. Fingia
separar um dedo do outro num pretenso truque de mágica. Fez uma grande
introdução e quando finalmente separou seu polegar em dois, Eileen abriu
a boca e deu um grito terrível, saindo correndo em seguida.
Marcos saiu correndo atrás dela, enquanto os outros riam do truque
que saiu pela culatra.
Estavam numa planície com relva verdejante e algumas ruínas de
pedras escuras. Comeram e descansaram. Havia um otimismo contagiante
de que tudo ia dar certo e, pelo menos por alguns momentos, toda a
preocupação tinha desaparecido. Quando terminaram, Pé de Vento foi levar
os cavalos para beber água numa fonte próxima. Marcos e Eileen foram
encher os cantis.
Blanca procurou por Marcel e o viu nas ruínas. Levantou-se e
caminhou até ele.
– Você está bem? – perguntou ela.
Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas Blanca sempre fora
muito perceptiva.
– Estou, claro.
Ela continuou olhando para ele, como se esperasse uma
continuação.
– Só quero que isso tudo termine, só isso.
Ele se encostou na parede carcomida da ruína olhando a bela vista
de flores do campo amarelas que se estendiam por toda aquela área se
encontrando com o céu azul pincelado de rosa e lilás.
– Não está feliz com o casamento com Oisin? – perguntou ela.
Marcel demorou um pouco para responder e então meneou
lentamente a cabeça, numa negativa triste. Blanca não entendeu.
– Marcel, ela é linda!... Achei que...
– Ela não é você!
Ele disse isso olhando diretamente em seus olhos e Blanca se viu
presa no espanto do inesperado.
– Eu passei todos esses anos procurando alguém, Blanca... – disse
ele, voltando a olhar as flores amarelas. – Tive muitos bons
relacionamentos. Talvez algumas paixões. Mas nunca amei de verdade
nenhuma delas. E me pergunto se um dia ainda vou amar.
Blanca continuava em silêncio, sem saber o que dizer.
– Entende agora por que eu começo a odiar esse lugar? Ele está
fazendo tudo vir à tona. Loudun se tornou real aqui. E como se não
bastasse, ando sonhando com aquele lugar! O lugar onde você se encontrou
e eu te perdi.
– Pensei... – Blanca começou a tentar estruturar as palavras. –
Pensei que gostasse de Fernando... Ele te tem como o melhor amigo dele...
Marcel riu, não um riso debochado, mas um riso de desespero.
– Você não faz ideia do quanto tentei odiar Fernando! Desde o começo,
eu olhava todos os seus defeitos com uma lupa, e tentava ignorar todas as
suas qualidades. Eu me esforcei tanto que tinha momentos em que eu
queria partir a cara dele! Prometi a mim mesmo que jamais cairia nesse
feitiço que ele tem, nesse poder de Lestat que ele exerce sobre as pessoas!
Ele se virou para Blanca.
– Mas ele é um grande homem... E eu acabei gostando dele. Então,
imagine o meu dilema. Saber que amo a mulher do meu melhor amigo...
– Marcel, eu não sei o que dizer...
Então ele a olhou longamente e se inclinou. Ela não fugiu. Seus
lábios se tocaram longamente.
Blanca se lembrava do primeiro beijo de Marcel. Foi uma desgraça.
Sentiu-se inadequada, frustrada e perdida. Agora, porém, foi um beijo
diferente. Tinha um gosto de tristeza, de lágrima talvez. Seus lábios se
separaram. Então Marcel sorriu.
– Obrigado.
– Pelo quê?
– Por me dar essa lembrança...
Então ele pegou na mão dela.
– Vamos... Vamos salvar seu marido e meu amigo!
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2