Fanfics Brasil - Capítulo 33 - Mundo pequeno este! A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada

Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 33 - Mundo pequeno este!

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Caminhavam pela floresta, agora de dia, e Chris parecia não perceber

– ou não se importar – com o cansaço de sua companheira de viagem.

 

Dulce o observava, sempre indo na frente, determinado e distante, falando

pouco e mal prestando atenção nela. Isso ficou claro quando ela tropeçou

num galho e caiu. Ele se virou sem demonstrar emoção.

 

– Caiu?

 

– Não! – respondeu ela. – Sentei pra assistir ao jogo da Copa!

Ele continuou olhando para ela sem entender.

 

– Claro que eu caí! – respondeu ela, esperando que ele se mexesse

para ajudá-la.

 

– Ah, tá! Então levanta! Temos que ir.

 

E continuou andando na frente. Dulce balançou a cabeça,

horrorizada. Levantou-se e foi atrás dele.

 

– Um pouco de cavalheirismo não vai matá-lo, viu? – disse ela.

 

– Um pouco de quê? – perguntou ele distraído.

 

– Ah, deixa pra lá...

 

Dulce não queria dar o braço a torcer e dizer que estava cansada.

Mas estava. Estava moída, e estava com fome, e exausta, e precisava parar.

 

– Podemos parar um pouco? – pediu ela, num fiapo de voz.

 

– Melhor continuarmos, ou seus amigos podem ir embora antes de

chegarmos. Se é que já não foram...

 

– Chris!

 

Ele se virou e percebeu que Dulce estava parada, recostada numa

árvore.

 

– Eu não consigo mais andar – explicou ela. – Estou cansada, estou

faminta e estou exausta. Então, eu lamento, se você quiser ir, te encontro lá.

Eu estou parando.

 

E então se sentou, recostada na árvore e ofegante.

Ele pareceu hesitar, como se realmente estivesse pensando em

largá-la para trás. Então continuou andando. Dulce não acreditou, mas

estava tão cansada que não disse nada. Fechou os olhos por alguns

minutos. Se suas forças voltassem, ela tentaria ir atrás dele. Ou não. No

momento estava tão acabada que qualquer mínimo esforço parecia

impossível.

 

De olhos fechados, ouvia os pássaros e o farfalhar das folhas das

árvores. Viu ela e Anahí em uma colina e milhares de balões voando acima

delas em um céu impecavelmente azul. Seus pais estavam lá. Viu Eileen

rindo entre eles. Viu Chris lhe oferecendo flores lindas e dizendo:

 

– Coma!

 

Ela não entendeu. Mas ele enfiou as flores no seu nariz repetindo.

 

– Come logo!

 

E então ela acordou com Chris diante dela com um punhado de frutas

nas mãos quase coladas em seu nariz.

 

– Coma logo para que possamos ir!

 

Dulce pegou uma das frutas e cheirou. Tinha cheiro de chiclete de

tutti-fruti. Ele se sentou perto dela.

 

– Achei que tinha ido embora.

 

– Você disse que estava com fome. Fui buscar algo para você comer.

 

Ele também pegou uma fruta parecida com um cacho de amoras e

comeu.

 

– Quando fomos ao reino de Manuel pela primeira vez – disse ela, –

ele não era o rei. Era um príncipe. Seus pais é que comandavam o reino.

 

– É mesmo? – perguntou ele sem muito interesse.

 

– Onde eles estão? Quer dizer, não pareciam assim pessoas

maravilhosas, mas será que apoiariam o filho se soubessem que ele está

tramando uma guerra?

 

– Talvez, se for uma guerra contra trolls – respondeu Chris. – Somos

odiados por todo o lugar.

 

– Porque vocês também procuram, né?

 

Ele olhou para ela.

 

– Sem ofensa, Chris, mas seu povo é uma praga!

 

– É o que somos. É o que sabemos fazer. Sempre foi assim.

 

– Tá, deixa isso pra lá, eu tô cansada demais para ter um papo

existencialista. Só queria saber o que houve com os verdadeiros regentes

do reino.

 

Retomaram a caminhada assim que comeram e Dulce sentia as

pernas doerem, mas compreendia a pressa. 

 

Poncho e Anahí já deveriam

estar na floresta, indo sabe-se lá para onde, depois do atalho do círculo das

fadas. Estava tão cansada que não pensou na possibilidade deles não terem

entrado no círculo das fadas depois que ela foi levada pelo troll. Nem no

que aconteceria se eles não estivessem por lá. Nem no que fazer se Chris não

pudesse voltar a ser quem ele de fato era.

 

Algumas horas depois, chegaram, a floresta em que estavam acabou

e viram o descampado que se estendia até a Colina dos Amores Perfeitos.

Ela parecia multicolorida, e o motivo eram as milhares de flores que nela

cresciam.

 

– Ela é linda!

 

E quando ela ainda admirava o lugar, Chris a pegou nos braços e

levantou voo.

 

– Achei que não queria se arriscar a ser visto – disse ela, abraçada ao

seu pescoço.

 

– Andar num descampado é o mesmo que voar num céu limpo.

Então...

 

Dulce olhou lá embaixo pequenos animais correndo e a floresta de

onde viera, que separava a colina enfeitiçada que era a morada dos trolls da

Colina dos Amores Perfeitos. Do outro lado dessa colina era o reino de

Manuel, composto em sua maioria por elfos e humanos. De fato, Dulce não

se lembrava de ter visto outros seres encantados por lá.

 

Dulce olhou Chris, tão perto dela e, ao mesmo tempo, tão distante.

Ele se virou e deu de cara com o rosto da menina a alguns centímetros do

dele.

 

– O que está olhando? – perguntou.

 

– Você, oras!

 

Dulce percebeu que ele começou a ficar sem graça e ela se divertiu

com isso. Ela desejou muito dar um beijo nele e transformar aquela na cena

mais romântica de sua vida inteira. Mas da última vez que tentou, foi um

fracasso. Então ela se contentou em viver aquele momento.

 

Chegaram ao alto da colina. Chris colocou Dulce no chão e caminhou

para ver melhor a área que os cercava. Dulce se deparou com o lugar mais

colorido e florido que ela já vira na vida. Perfumes diferentes se elevavam,

tornando o ambiente doce.

 

 As flores pareciam ter flores de outras cores

nelas e Dulce se inclinou para observar uma melhor. Nisso, Chris se virou

para falar alguma coisa e bateu suas enormes asas de morcego.

 

Imediatamente, dezenas de milhares de borboletas voaram numa reação

em cadeia. Tinham todos os tamanhos e todas as cores e voavam em torno

deles, suas asas brilhando com o sol. Dulce sorriu e abriu os braços, num

giro gracioso e lento, deixando que as borboletas voassem em volta dela.

 

E depois de alguns minutos vivendo esse momento de encanto e

doçura, ela percebeu que Chris estava de pé diante dela, a apenas alguns

passos, olhando-a fixamente. Ele ia dizer algo, mas ela o interrompeu.

 

– Por favor, Chris! Não venha me dizer que são apenas insetos!

 

Ele não disse nada, mas continuou olhando para ela com um olhar

estranho. Então ele deu um leve sorriso.

 

– Eu só ia dizer que você está muito bonita...

 

Ela ficou atônita, as borboletas ainda a circulando, os cabelos

balançando algumas mechas com a brisa perfumada, a saia do vestido

acompanhando o movimento das flores. Ela sorriu, sem perceber que

também ruborizou.

 

E então as borboletas foram pousando nas flores ou indo embora,

rareando, ficando apenas algumas a voar em torno deles. Ela caminhou até

ele e olhou a vista estonteante.

 

 Reconheceu de imediato a antiga cidade de

Anahí, onde ela e Sachti causaram alvoroço ao pousar quando levaram

Chris quase morto e pediram ajuda. Chris, ao lado dela, apontou para um

bosque cor de cobre e ouro a alguns quilômetros do reino.

 

– Seus amigos devem ter saído ali, se passaram mesmo pelo círculo

das fadas. Claro que daqui parece uma área bem menor. Ainda teremos que

andar bastante quando chegarmos ao bosque, pois círculos de fadas

costumam ficar mais escondidos.

 

– Podemos perguntar para uma fada! – disse Dulce.

 

Chris riu.

 

– Claro! Se encontrarmos uma que não saia voando desesperada

assim que me vir!

 

– Suas asas não recolhem? – perguntou Dulce.

 

Ele a olhou sem entender.

 

– Quando você era um anjo, estava sempre recolhendo suas asas.

 

– Não faço ideia do que você está falando.

 

– Tá, deixa pra lá. Podemos ir voando daqui até o bosque?

 

Chris olhou, preocupado com as imediações.

 

– Há seres encantados ao pé dessa montanha. E Manuel mantém

guardas em suas torres. Elfos têm uma visão muito boa, poderiam nos

avistar.

 

– OK... – conformou-se ela. – Viação canela, então.

 

– O quê? – perguntou ele, sem entender.

 

– Deixa pra lá...

 

****

 

Blanca temia que o caminho até a Cidade Obscura fosse

desconfortável. Ela ainda estava digerindo o que acontecera nas ruínas lá

atrás e receava que Marcel se tornasse... diferente.

 

E, de certa forma, ele se tornou. Marcel estava mais falante e parecia mais

leve, como se tivesse tirado um peso dos ombros. Blanca se perguntava

como ele pudera viver todo aquele tempo com tamanha dor. Ela também se

lembrava de que não fora o primeiro grande amor de Fernando.

 

 Ele amava

Madelaine. Talvez, se ela não tivesse tido aquele trágico e inesperado fim,

ela nunca tivesse tido sua chance. Como Marcel, talvez os visitasse

frequentemente e ajudasse a criar seus filhos, sem nunca dizer o que ia em

seu coração.

 

Os caminhos do coração são íngremes. E complicados. Todos

precisamos aprender a lidar com esses caminhos, pois são eles que nos

levam ao destino final. Marcel escolheu ficar perto do amor de sua vida e se

tornar parte do mundo dela. 

 

Ele poderia ter escolhido desaparecer, como

fazem tantos amores perdidos por aí. Mas ele escolheu ficar ao lado dela e

aceitar a amizade de Fernando, o que também é uma forma de amor. Para isso, não bastava ter um coração grande, mas também um coração nobre e forte.

 

Blanca pensava nisso tudo enquanto via Marcel rir com as bobagens

de Marcos e Pé de Vento. Ela nunca tinha percebido que grande homem ele

era, e que coração encantadoramente belo ele tinha. Seus olhos se

cruzaram e ela não desviou. Ela lhe sorriu e entrou na conversa.

 

Antes do fim daquele dia, eles se depararam com algo que não

estava no mapa.

 

– Por que tem uma cidade aqui? – perguntou Marcel, confuso

olhando o mapa. – Essa é a Cidade Obscura?

 

Pé de Vento também parecia confuso.

 

– Pode ser que nem as favelas lá no Rio, gente – explicou Marcos. –

Você passa de dia não tem nada e quando passa de tarde já tem uma

comunidade inteira lá, com conflito com a polícia e tudo.

 

– Bom, talvez o mapa não esteja correto – ponderou Blanca. – Erros

acontecem.

 

A cidade não era muito grande e parecia bem normal.

Aparentemente, era uma cidade de humanos, pois não chegaram a ver

encantados nas ruas semivazias.

 

– Isso é ótimo! – comemorou Marcel. – Poderemos ficar numa

estalagem! Isso quer dizer que dormiremos numa CAMA! Poderemos

comer em PRATOS!

 

Ele estava tão feliz que não cabia em si. Continuaram andando

observando as casas simples, o mercado e uma carroça que vinha

lentamente e parou diante do que parecia uma estalagem.

 

– Olha! Olha! Uma estalagem!!!

 

Marcel apertou o passo, puxando seu cavalo, com um sorriso de

criança no rosto. Os outros o seguiram. Assim que chegaram na entrada,

um casal descia da carroça. O rapaz deu a mão para a moça, mas ela pisou

em falso e caiu. Marcos e Marcel ajudaram imediatamente e então

perderam a cor ao reconhecerem aquelas pessoas.

 

– Princesa Maeve?! – espantou-se Marcel.

 

– Fergus?! – chamou Blanca, que estava chegando com Eileen.

 

A princesa saltou de alegria no pescoço de Marcel, abraçando todos

os outros a seguir. Fergus os cumprimentou entusiasticamente, enquanto a

carroça ia embora tão lentamente quanto chegou.

 

– O que... O que estão fazendo aqui? – perguntou Marcel, que ainda

torcia para uma explicação razoável.

 

– Nós fugimos! – respondeu ela.

 

E ficaram os dois rindo para eles, esperando talvez alguma

congratulação.

 

– Vocês ficaram loucos?! – explodiu Marcel.

 

– Vocês sabem que podem começar uma guerra? – interferiu Blanca.

 

– Você me disse para ver o que acontecia! – explicou Maeve. – Pois

nós ficamos e a verdade é que o príncipe não tinha o menor interesse em

mim. Ele estava muito mais interessado em ir caçar com o Fergus do que

em ficar comigo!

 

– Eu disse! – riu Marcos. – Eu disse que esse gato é Félix!

 

Por algum motivo que ninguém entendeu, Eileen achou isso muito

engraçado e começou a gargalhar. Marcel e Blanca se entreolharam, vendo

que o problema que ajudaram a criar voltara para assombrá-los.

 

– Vamos entrar e comer alguma coisa – sugeriu Marcel. – Depois

vemos o que fazemos.

 

E então eles entraram e pediram quartos e um bom jantar.  

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38

    Amei,PARABÉNS!!!S2

  • kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35

    Continua!!!Ta acabando??s2

  • kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47

    Continuaa!!!s2

  • kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28

    Posta++!!s2

  • kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28

    Amando,continua!!!!s2


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