Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
Era fim do dia quando Chris e Dulce finalmente chegaram ao bosque.
A distância era grande para ir a pé e Chris era relutante em voar, se tornando
um alvo. Seu encontro com Manuel deixara claras as intenções do elfo e ele
não podia arriscar cair nas mãos dele de novo.
O bosque era de beleza sem igual. Suas árvores tinham uma tez
dourada e as folhas no chão brilhavam com a cor do cobre. As folhas ainda
nas árvores eram amarelas e alaranjadas e com a luz do sol poente parecia
que tudo era feito de ouro.
– Que lugar lindo!
– É só uma floresta, Dulce! – retrucou Chris.
– Chris, não é possível que você não veja a beleza desse lugar! –
irritou-se Dulce. – Ela caminhou para um ponto onde a luz do sol incidia
sobre ela e abriu os braços.
– Olhe para essas cores! – dizia ela. – Olhe para essas árvores! Esse
brilho dourado, a luz do sol!
Ele ficou parado olhando para ela.
– Vai me dizer que isso não é bonito?
Ele sorriu e caminhou até ela, tirando uma folha que caíra nela
enquanto ela discursava sobre a beleza local.
– Você tem razão – disse ele. – É bonito, sim...
E eles se olharam por um momento sob aquela luz dourada,
cercados de árvores de ouro e sobre um tapete de folhas de centenas de
tons de cobre. As asas dele também recebiam essa luz e pareciam mais
aveludadas e acobreadas ali.
Dulce sentiu o coração se acelerar, como da
primeira vez que sentiu uma incontrolável vontade de beijá-lo. Ela queria
muito que aquele beijo acontecesse, mas dado o último beijo ter sido um
fracasso de proporções titânicas, ela preferiu deixar que ele tomasse a
iniciativa. E ele não tomou. Apenas a olhou longamente, como se estudasse
seus traços, decorasse seus olhos, observasse com atenção cada pequeno
detalhe. E então ele pareceu entristecer.
– Vamos, ainda temos um pouco de luz – disse ele. – Vamos
encontrar seus amigos.
*****
O sono dos justos era algo divino. Marcos sorria com seu travesseiro e
cobertor quando Pé de Vento o sacudiu e ele acordou gritando coisas sem
sentido.
– Não fui eu! Grita! Pega! Corre! O quê?...
Ele reconheceu Pé de Vento mandando-o fazer silêncio. Então Pé de
Vento o chamou até a janela. Marcos foi até lá e viu uma coisa assustadora.
Três homens em ternos pretos flutuavam pela rua molhada sem tocar o
chão. Eram muito brancos e calvos e suas mãos eram longas e possuíam
longas unhas. Seus rostos eram a coisa mais assustadora que Marcos já
vira, e isso vindo de alguém que já vira a Mula Sem Cabeça. Eles sorriam um
sorriso horrendo, os olhos injetados, os dentes desproporcionais.
– O que é isso? – perguntou Marcos.
– Não sei, mas não é bom! Vamos avisar os outros!
Eles saíram e se dividiram no corredor. Pé de Vento alertou Blanca,
que dormia abraçada à fadinha. Blanca espiou rapidamente a janela e não
precisou de maiores confirmações para compreender o perigo. Arrumou-se
em tempo recorde, porque acostumada aos perigos do mundo das fadas,
dormia meio arrumada e deixava tudo quase pronto em caso de ter que sair
correndo. Como agora.
No corredor, encontraram Marcos e Marcel, que saiu arrumado e
com suas coisas, mas reclamando.
– Se for uma das pegadinhas do Marcos ou uma das histerias do Pé
de Vento, eu juro que eu mato um de vocês!
Maeve e Fergus chegaram logo depois e, ao olhar por trás deles,
Marcel parou de falar e seus olhos se arregalaram.
– OK. Acredito em vocês!
Os outros olharam para trás. Blanca não pôde deixar escapar um
grito de horror, assim como Eileen. Os três homens flutuando escada acima
e virando na direção deles.
Eles correram desesperadamente até o fim do corredor onde havia
uma escada que descia. Olharam para trás e os três homens
fantasmagóricos continuavam a sorrir e a flutuar na direção deles. Marcos
preparou sua besta e atirou, acertando em cheio o da direita. Os homens
pararam.
Todos olharam para a ferida do outro. Este fez uma cara tristonha
exagerada, balançando a cabeça lentamente, como se estivesse muito
chateado com o ocorrido. Então, retirou a flecha como se fosse uma poeira
do ombro. Os outros sorriram e se cumprimentaram. E então todos viraram
para eles com um rosto raivoso.
– Acho que só os irritei! – disse Marcos, começando a correr em
seguida. Blanca, com Eileen no colo, corria aterrorizada. Todos desceram as
escadarias e foram até a porta da frente, que estava trancada. Um pontapé
de Pé de Vento arrombou a porta e eles saíram correndo pela noite.
Correram na direção dos cavalos e os montaram, vendo ainda os
três homens bizarros flutuando calmamente em seu encalço. Dispararam
com os cavalos na direção contrária, Marcos dividindo o cavalo com Fergus
e Marcel dividindo o seu com a princesa. Olharam para trás e não viram os
homens.
– Acho que os deixamos para trás! – disse Blanca.
– Tá, mas eu não quero voltar pra lá! – respondeu Marcos.
– Vamos embora, qualquer lugar no meio do mato é melhor que
isso! – concordou Marcel, que já não pensava em sua cama quentinha.
Eles passaram pela última casa da pequena cidade e depois de
alguns galopes, notaram algo estranho e preocupante.
– Aquela não é a estalagem? – perguntou Blanca, suando frio.
Ficaram em silêncio e pararam os cavalos. Estavam novamente na
entrada da cidade, onde estiveram pela primeira vez naquela tarde.
– Vamos! Vamos voltar! – sugeriu Marcel.
Eles deram meia volta e correram por alguns segundos por um
caminho escuro até, mais uma vez, estarem de volta à rua da estalagem.
Como isso aconteceu? – perguntou Marcel.
– É um feitiço! – respondeu Pé de Vento, irritado consigo mesmo por
não ter visto isso antes. – É uma maldita cidade amaldiçoada!
– O que fazemos? – perguntou Marcos.
Os três homens viraram uma esquina e entraram na rua onde eles
estavam, sorrindo e movendo suas mãos horrorosas como se estivessem
muito felizes em vê-los.
– Venham!
Pé de Vento desceu do cavalo e os outros o seguiram. Eles correram
a pé por uma ruela.
– O que está fazendo? – perguntou Marcel.
– Precisamos encontrar alguém que possa nos contar a história
dessa cidade – respondeu ele, batendo nas portas das casas que
encontrava. – Assim saberemos como quebrar a maldição ou matar aquelas
coisas. Ou os dois!
Na terceira porta, um casal abriu uma pequena fresta.
– Por favor! Precisamos de ajuda! – disse Blanca, com Eileen nos
braços.
O casal se entreolhou e hesitou. Então abriram a porta e deixaram
que eles entrassem.
Eles empurraram um móvel para a frente da porta e já iam
empurrar outros contra as janelas, quando o casal chamou sua atenção com
gestos. A mulher, uma moça de cabelos ruivos longos, escreveu algo num
caderno e mostrou para eles.
“Eles não entram aqui”.
E então eles respiraram fundo e relaxaram um pouco.
– O que são aquelas coisas? – perguntou Blanca.
A moça rabiscou no caderno.
– “Os três magros da forma”, leu Marcos.
– “Os três magos da forca”, seu analfabeto funcional! – corrigiu
Marcel.
O homem trouxe um livro antigo com ilustrações e mostrou para
eles. Blanca leu e resumiu em voz alta para que todos entendessem.
– O livro relatava o caso que ocorrera naquela cidade há muitos
anos. Eles tinham três papa-defuntos, três irmãos. Um dia, descobriram que
eles usavam os corpos de seus entes queridos para praticar necromancia. A
população revoltada os linchou e os pendurou na forca mais próxima. Antes
de morrerem, eles amaldiçoaram a cidade. Desde então, a cidade não tem
um lugar fixo. Ela aparece e some, ficando apenas 24 horas em cada local.
Suas vozes foram roubadas, assim como foram as deles, que não tiveram
um julgamento e não puderam se defender. E todo visitante que chega
passa a fazer parte da maldição.
– Como assim? – perguntou Marcel. – O que acontece se eles nos
pegarem.
– Perderemos as nossas vozes e ficaremos presos aqui para
sempre... – respondeu Blanca.
Ela olhou de lado e viu a carranca horrorosa no vidro da janela, o
que a fez dar um tremendo berro. Marcel foi lá e fechou a cortina.
– O que fazemos então? Esperamos amanhecer?
O marido pegou o caderno da esposa e escreveu.
“Se amanhecerem aqui, perderão suas vozes e ficaram presos também”.
– Vamos pensar... Deve haver algo que eles não suportem. Algo com
que possamos enfrentá-los...
O casal se entreolhou, como se hesitasse. Então a mulher escreveu
no caderno.
“Eles odeiam música. Destruíram todos os instrumentos musicais da
cidade.”
– Acham que podemos usar isso? – perguntou Pé de Vento.
Marcel voltou a perguntar ao casal.
– Vocês já viram o que acontece quando eles ouvem música?
Eles anuíram com a cabeça e escreveram:
“Eles apenas ficaram parados”.
– Se eles ficarem parados, podemos matá-los! – disse Pé de Vento.
– Não sei... – hesitou Blanca. – Parece muito fácil... Então a gente
chega lá, canta uma musiquinha e matamos os monstros, que nem musical
infantil? E se não funcionar?
– Não falta muito para o amanhecer... – respondeu Marcel. – Que
outra alternativa nos resta?
kaillany: Continuandoooooo
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2