Fanfics Brasil - Capítulo 40 - O poder da inspiração A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada

Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada


Capítulo: Capítulo 40 - O poder da inspiração

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Chegaram à Cidade Obscura antes de escurecer. Era uma cidade

grande com muitas pessoas nas ruas. Falava-se alto e havia sempre algum

negócio acontecendo. Pé de Vento fez algumas perguntas e logo voltou com

informações.

 

– Há três arenas na cidade. Ele pode estar em qualquer uma delas.

 

– Como vamos saber em qual? – perguntou Blanca, ansiosa por estar

tão perto.

 

– Vamos ter que sair perguntando... – respondeu Pé de Vento.

 

Sair perguntando não parecia uma ideia tão boa quando não se sabia

o que exatamente perguntar. Não usariam o nome dele para anunciar uma

luta, pois a primeira coisa que escravos perdem é o nome. 

 

E tudo isso

baseados num palpite de Pé de Vento. Numa hipótese terrível, Fernando

poderia ter sido enviado às minas, ou ter sido vendido a piratas. Mas eles

não queriam pensar nisso. Estavam ali agora e fariam tudo o que pudessem

para encontrá-lo.

 

Depois de uma hora de perguntas, alguém se interessou pelo que

estavam procurando. Um senhor altivo de cabelos brancos e manto escuro,

elegantemente vestido, se aproximou deles depois de ouvi-los perguntando

para ambulantes.

 

– Estão procurando algo muito específico, pelo que ouvi... – disse ele.

 

– Posso saber por quê?

 

Eles não esperavam esse tipo de pergunta e gaguejaram respostas

incompreensíveis. O senhor os olhou nos olhos.

 

– Vocês conhecem o escravo que estão procurando, não conhecem?

 

Blanca não conseguiu evitar olhar para Marcel e Marcos.

 

– É meu marido – confessou ela. – Achamos que ele foi trazido para

cá, mas não conseguimos achá-lo.

 

O homem fez sinal para que falasse baixo e diminuiu também o tom

de voz dele.

 

– Parentes e amigos de escravos não costumam ser bem vistos aqui.

São sinal de problemas. Venham comigo.

 

Ele se virou e seguiu pelas ruas apinhadas de gente e os quatro o

seguiram. Marcel, como sempre, estava desconfiado, mas aquilo era o mais

perto de uma pista que eles foram capazes de encontrar.

 

Depois de virar num beco escuro, o homem entrou numa porta à

direita.

 

– Acho que vamos acordar numa banheira cheia de gelo e sem os

rins... – murmurou Marcos.

 

Blanca segurou a mão de Eileen. A menina olhava atentamente para

ela e Blanca temeu pela sua segurança. Uma coisa era eles se arriscarem.

Outra bem diferente era arriscar a vida da criança.

 

Pé de Vento não compartilhou a hesitação e entrou. Os três ainda se

entreolharam, mas não viram muita saída.

 

A porta dava para uma espécie de bar fechado. O homem foi até uma

mesa e os chamou. Pediu bebidas e todos se sentaram juntos.

 

– Meu nome é Jonas. Faço parte de um grupo anti escravidão que

procura comprar e libertar escravos. Geralmente, compramos os mais

fracos, os que terão menos chances de sobreviver nas arenas ou nas minas.

 

– Por que nos chamou aqui? – perguntou Marcel.

 

– Porque eu acho que vi o homem que procuram.

 

****

Fernando e Leanan foram levados cabisbaixos para a arena. Antes de

entrarem, o ex-padre olhou para a fada cativa.

 

– Está pronta?

 

Ela anuiu com a cabeça, os olhos azuis brilhando.

 

Ouviram quando os anunciaram. Aumentaram seus feitos de forma

que ele parecia um herói de três metros e pintaram Leanan como se ela

fosse alguma vilã superpoderosa de histórias em quadrinhos.

 

– Se pudermos fazer metade do que dizem, ficaremos muito bem... –

comentou Leanan.

 

O portão de grades se abriu e eles entraram. A multidão berrou.

Fernando olhou o lugar, já calculando o próximo passo. Ele estava algemado,

assim como Leanan, e olhou para ela surpreso.

 

– Não vão nos soltar?!

 

– Eu lhe disse que eles não nos dariam chance...

 

Eles caminharam para o meio da arena. No céu acima deles, as

estrelas já brilhavam. O lugar era enorme e estava lotado. Então, ele se

virou para ela.

 

– É a hora!

 

Então eles ficaram de frente um para o outro, se aproximaram e se

beijaram longamente.

 

A multidão fez um súbito silêncio, espantada com aquela reação

inesperada de dois amantes se despedindo, de duas pessoas lindas dando

seu último beijo. 

 

Nas arquibancadas, um homem baixinho lembrou do seu

primeiro amor e imaginou como ela estaria agora, tantos anos depois. Uma

mulher que antes gritava por sangue, naquele momento desejou um dia ser

beijada daquela maneira. 

 

Um jovem pensou que gostaria de um dia

provocar aquela reação nas pessoas. Um jovem que tinha o coração amargo

sentiu um pouco de doçura ao imaginar que ele também poderia encontrar

a pessoa ideal. Uma mulher madura sentiu o coração se encher de tristeza

ao saber que aquele beijo era um adeus.

 

Foram apenas alguns segundos de perplexidade, mas milhares de

pensamentos e sentimentos foram lançados.

 

Quando seus lábios se separaram, Leanan sorriu. Ela podia sentir os

corações e almas dando-lhe um fio de sonho e energia necessária para o

plano dar certo.

 

Suas algemas caíram no chão, assim como os braceletes de ferro

encantado que detinham seus poderes. Imediatamente, asas enormes

surgiram em suas costas, irisadas e brilhantes, com detalhes em violeta,

azul e furta-cor.

 

Vendo o que estava acontecendo, Klaus deu a ordem para que

soltassem logo o oponente. Fernando e Leanan viram o outro portão se abrir,

mas não viram o que estava lá dentro. Ele estendeu para ela os pulsos

acorrentados.

 

– Rápido!

 

Ela os tocou e imediatamente as correntes caíram na areia. E então o

chão tremeu.

 

Passos pesados vinham da escuridão, vendo a porta aberta. Gemidos

terríveis se seguiram e um estranho som de correntes. Fernando sentiu a

nunca se arrepiar e Leanan pareceu paralisar, pois ela sabia o que era isso.

 

E então surgiu na arena um gigante de aparência tenebrosa, com

correntes que passavam pelo seu corpo, botas feitas com peles de animais e

cabeças decapitadas amarradas em sua cintura. 

 

E as cabeças gemiam,

presas numa morte sem fim, os olhos revirados, as bocas semiabertas

escorrendo uma baba viscosa. O gigante, repleto de cicatrizes no rosto,

trazia um tacape com pregos e pontas e olhava em volta, analisando o

território.

 

– On s’est vachement trompé... – disse Fernando, de queixo caído.

 

– É Jack, o Acorrentado! – disse Leanan.

 

E como se ouvisse o seu nome, Jack olhou para eles e deu um passo

em sua direção. Leanan alçou voo num salto e desapareceu. Fernando chegou

a ver o rastro de pontos brilhantes que ela deixou e então Jack chamou

novamente sua atenção. Voltando a si, Fernando começou a correr

procurando algo que pudesse fazer, além de ser destroçado por um gigante.

 

Um grupo que gritava por sangue viu surgir diante deles a fada que

desaparecera. Ela soprou sobre eles um pó brilhante e imediatamente um

homem teve uma ideia para construir um segundo andar para sua casa e

transformá-la num bar. 

 

Outro teve uma ideia para uma poesia que

honrasse Diane, a deusa da caça. Outro ainda pensou em como seria bom se

pudesse pintar os móveis de sua casa, tornando-a mais bonita e

aconchegante e desejou fazer um altar para os deuses nórdicos.

 

E a cada ideia, Leanan sentia-se mais forte e mais brilhante. Voou

para um grupo mais perto de onde Fernando estava e soprou neles sua magia

de inspiração. Uma mulher desejou esculpir um animal incrível, um tigre

dentes de sabre totalmente branco, mesmo que não esculpisse nada há

anos. 

 

Outro homem teve um sopro de inspiração para uma canção que

falasse da superação, e pensou em voos mais altos. Em um homem de meia

idade inspirou a vontade de ver uma luta justa. 

 

O homem se levantou e

saltou para perto da arena, onde um guarda armado estava. Pegou sua

espada e a jogou para o homenzinho que fugia do gigante. Não fora difícil

tirar a arma do guarda porque ele estava embevecido pela beleza de

Leanan, flutuando diante dele.

 

Fernando viu a espada voar em sua direção e a pegou no ar com

maestria. Então parou de fugir. Derrapou e parou em posição de combate,

olhando para o gigante que vinha correndo em sua direção, erguendo o

tacape para um golpe fatal. 

 

Fernando esperou que ele se aproximasse e então

rolou para o lado ao ver o tacape descendo e explodindo ao seu lado.

 

Imediatamente, deu um corte no pulso, agora ao seu alcance, com toda a

sua força. A pele cinzenta se rasgou e sangue jorrou na arena, enquanto um

urro se elevava.

 

Enquanto isso, Leanan continuava seu processo de inspirar aquelas

almas brutas. Era como jogar sementes em solo pedregoso, mas sempre

havia um ou outro que podia se inspirar. E a cada inspiração que nascia no

coração de alguém, ela recebia de volta em dobro a energia dada, ficando

mais forte. 

 

Olhou para a arena e viu que Fernando, depois de cortar o pulso do

gigante, saltou sobre seu braço e, com mais um salto, cortou seu rosto.

 

Agora o gigante soltara a clave e levava a mão no rosto ferido, com mais um

urro de dor.

 

Irritado e com muito ódio, o gigante passou a perseguir Fernando sem

o tacape, tentando acertá-lo como se ele fosse um inseto. Assim que desceu

a mão para tentar esmagá-lo, Fernando se abaixou e ergueu a espada,

esperando o impacto.

 

Outro urro de dor invadiu a arena, pois Jack enfiara sua própria mão

na espada em riste de Fernando. 

 

Segurou a própria mão com uma carranca de

dor e então ficou com muita raiva.

 

Fernando correu e Jack foi atrás dele. Quando estava quase o

alcançando, Fernando parou bruscamente e mudou de direção, passando por

baixo de suas pernas, confundindo o gigante. Assim que chegou perto dos

pés, desferiu um golpe terrível no tendão de aquiles. Jack gritou e caiu sob

um joelho, perdendo o equilíbrio.

 

E então veio o golpe que Fernando não esperava. 

 

 

Num movimento

rápido com a mão, Jack acertou Fernando e o jogou tão longe que ele bateu na

murada que cercava a arena e caiu no chão, provavelmente desacordado.

 

Jack riu e se levantou, caminhando confiante na direção de sua presa.

Fernando sentia o perigo se aproximando e tentava se levantar,

atordoado, mas seu corpo não lhe obedecia. 

 

A visão estava turva e sentiu a

respiração ficar difícil. O chão tremeu com a aproximação de Jack que

ergueu a clava para esmagar seu oponente caído.

 

Leanan surgiu de repente diante dele como uma luz rápida e

cegante. O gigante, incomodado com sua luz, tentou espantá-la com a mão

livre, mas logo uma surpresa o atingiu. A cada vez que Leanan sumia, ela

reaparecia com uma forma diferente.

 

Como uma deusa nórdica, ela ergueu o martelo e o acertou no

queixo, fazendo-o dar alguns passos para trás. Ele revidou, tentando acertála

com a clave, mas ela desapareceu. Quando surgiu, o fez pelas costas no

chão, e dessa vez era Diana, a deusa da caça, apontando para ele sua flecha.

 

Uma após a outra, acertou o gigante no peito. Irritado, ele ergueu o enorme

pé para esmagá-la.

 

A turba se levantou em gritos, ansiosa pelo desfecho daquela luta

épica e inesperada. O gigante esfregou o pé, tendo certeza de que tinha

esmagado a fada. Quando o retirou, porém, não havia nada além de areia.

 

Ela surgiu novamente, dessa vez como um tigre dentes de sabre.

Avançou nas costas do gigante, arranhando suas costas. Dessa vez, porém,

Jack conseguiu ser rápido. Agarrou o animal e ele voltou a ser novamente a

fada Leanan. Ele a segurou diante dos seus olhos, furioso, e então começou

a esmagá-la lentamente.

 

Leanan sentiu a morte chegar. Jack, como muitos seres encantados,

era imune à sua magia de inspiração e ela não conseguia se concentrar o

bastante para fazer outra coisa. Fernando gritou e correu na direção do

gigante de espada em punho. 

 

Jack se inclinou e esticou sua mão livre para

esmagar Fernando contra o chão. Apoiado em seu joelho, ele conseguiu.

Fernando não conseguia se mover para sequer arranhá-lo e não conseguia

respirar direito. Não acreditou que aquele seria seu fim.

 

***

Blanca, Marcos, Marcel e Pé de Vento andavam apressados acompanhados

de Jonas e estranhavam o movimento do lugar. 

 

Acharam que aquele não

era um lugar para Eileen e a deixaram com Sarah, uma das mulheres

resgatadas por Jonas que agora trabalhava com ele ajudando outros exescravos

numa casa usada como refúgio na floresta.

 

O burburinho era constante e aromas diversos se misturavam. Era

como uma partida de final de campeonato, com muita animação e

vendedores de bebidas e petiscos. Nenhum muito apetitoso. Marcos chegou

a ver um que parecia um espetinho torradinho de ratos. Ele fez uma cara

parecida com a que você está fazendo agora.

 

Depois da entrada, caminharam um pouco e acharam um lugar bem

na frente. Não sabiam o que estava acontecendo, pois a multidão estava em

silêncio, boquiaberta. Olharam para a arena e seus queixos caíram também.

 

Fernando estava beijando uma linda mulher de cabelos escuros no

meio da arena.

 

Antes que pudessem falar qualquer coisa, uma pancada fez o estádio

tremer. Logo depois, viram surgir o gigante de cerca de cinco metros com

cabeças penduradas na cintura. A seguir, viram Fernando se livrar das

correntes como por magia e a mulher desaparecer num voo.

 

– Ele vai morrer! – gritou Blanca. – O que vamos fazer?!

 

Marcel apontou um local por onde poderiam passar. Só precisavam

passar pela multidão e saltar a murada. Tinham vindo com suas armas,

claro, escondidas por baixo de mantos, e agora, mais do que nunca

precisariam delas.

 

No tempo que levaram para passar pela multidão viram Fernando

fazer o que sabia fazer muito bem: surpreender numa boa briga. Viram a

mulher aparecer e desaparecer na arquibancada e não tinham a menor

ideia do que ela estava fazendo.

 

Quando estavam quase chegando à murada, foram detidos por um

homem enorme e careca que não gostou de vê-los tentar passar a frente

dele.

 

– Este lugar é meu! Voltem lá pra trás!

 

– Calma, nós só queremos...

 

O homem apertou o pescoço de Marcos com uma só mão. Blanca,

Marcos e Pé de Vento lhe deram vários socos e pontapés, e foi como se eles

fossem mosquitos que não conseguiam nem ser inconvenientes. Então Pé

de Vento desistiu e jogou os braços para o ar.

 

Ele virou um tufão que jogou o homem para cima. Quando caiu,

esmagou outros espectadores. Ainda como tufão, ele abriu caminho para

que eles pudessem chegar até a murada.

 

****

Fernando ainda tentava resistir, mas Jack o estava esmagando contra a terra,

enquanto esmagava a fada com a outra mão. E de repente, o gigante urrou

de dor, pois alguém lhe cortara os tendões da outra perna. Ao mesmo

tempo, Fernando viu que o gigante retirara rapidamente a mão sangrando.

 

Então ele viu Blanca com a espada suja de sangue logo a frente dele. Mais a

frente, viu Marcos e Marcel atacando as pernas e pés do gigante, enquanto

um inexplicável tufão do tamanho de um humano levava poeira e areia

para os olhos de Jack, deixando-o cego e desorientado.

 

Ele soltou a fada, já meio desacordada, e Pé de Vento a pegou no ar

antes que caísse no chão. Ele a apoiou nos braços.

 

– Você está bem?

 

Ela abriu os olhos azuis e sorriu. E ele se apaixonou imediatamente,

como qualquer homem o faria, pois ela estava pronta para usar sua magia

de novo.

 

Marcos, Marcel, Blanca e Fernando cercaram o gigante, atacando-o

sem parar. Leanan surgiu mais uma vez, dessa vez como uma águia gigante

que atacou o gigante com bicadas poderosas em seu olho e em sua cabeça.

 

Usando a corda que Marcos fizera tanta questão de levar, enlaçaram suas

pernas e o derrubaram. O som que ele fez ao cair no chão foi tão grande que

todo o estádio pareceu saltar. E então houve silêncio. O gigante caiu e não

se levantou.

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38

    Amei,PARABÉNS!!!S2

  • kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35

    Continua!!!Ta acabando??s2

  • kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47

    Continuaa!!!s2

  • kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28

    Posta++!!s2

  • kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28

    Amando,continua!!!!s2


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