Fanfic: A Canção dos Quatro Ventos - Finalizada | Tema: Vondy - Adaptada
A noite não foi das mais fáceis para Chris e Dulce. A ideia de um
julgamento não lhes caiu muito bem. Mas ao menos era melhor do que os
executarem de vez. Quando se está numa cela escura, onde a única luz é a
lua por uma janelinha gradeada, pensa-se muito. Chris ainda estava todo
dolorido, mas Dulce não o via reclamar. Ele parecia, no entanto, muito
melancólico.
– Você está bem? – perguntou Dulce.
Estavam sentados juntos, apoiados um no outro, como sempre foi, e
ele olhava longamente a lua na janelinha.
– Estou pensando na Lua Azul...
Dulce sorriu, lembrando da canção e do momento mágico chamado
Lua Azul.
– A Lua das Fadas... – disse ela. – Foi como tudo começou, não?
– Eu gostaria que essa história tivesse um fim diferente...
– Ainda não terminou, Chris! Você é sempre tão pessimista, não sei
como conseguiu esse emprego de anjo!
Eles riram juntos. Estavam de mãos dadas, sentindo o calor um do
outro.
– Se tudo acabar amanhã – disse Dulce, – nunca mais verei meus
pais...
– Eu sinto muito...
– Não se lamente. Não é culpa sua. Mas, eu juro, se eu morrer, vou
assombrar Manuel até o fim dos dias dele! Vou ser pior que poltergeist ou
aquela boneca do demônio, a Anabelle!
Chris riu da ira da menina e então lembrou de uma história.
– Você conhece a história da Canção dos Quatro Ventos?
Dulce disse que não, então ele contou.
– Há seres encantados que pertencem ao norte. São os gnomos e
elementais da terra. Há os do Sul, que são as salamandras, elementais do
fogo. Há os do Leste, silfos e fadas do ar. E há os do Oeste, ondinas e ninfas
da água. Acredita-se que o vento traz a energia de cada um dos reinos de
acordo com a direção de onde ele sopra, se os elementais estiverem em
equilíbrio. Um vento do norte, por exemplo, traria prosperidade e riquezas.
O vento do Sul traria coragem e vitória. O vento do Leste traria inspiração e
amizade. E o vento do Oeste traria amor e emoção. Mas há uma lenda que
diz que quando tudo está perfeito, em total equilíbrio, o vento sopra das
quatro direções e em seu assobio, ele canta uma canção perfeita que realiza
todos os desejos.
– Que bonito!...
Ele se virou para ela e sorriu.
– Dulce, quando estou com você, eu ouço a canção dos quatro
ventos. Não importa se estamos num parque de diversões, na casa da sua
família, no cinema ou numa cela escura esperando um julgamento. Quando
estou com você, tudo está perfeito. Sempre.
E então ele a beijou e ela sentiu que lágrimas nasciam de seus olhos.
Quando se separaram, secaram as lágrimas no rosto um do outro.
– Talvez tudo acabe amanhã... – disse ela, em tom sério, mas calmo. –
Eu entendo o que está acontecendo. Chris, eu quero mais! Eu quero crescer
com você! Nós não temos nem 20 anos! Quero descobrir coisas com você,
aprender coisas novas, viajar, viver novas experiências! Quero que você
seja a última pessoa que eu vejo de noite e a primeira que eu vejo de dia.
Ainda há muita coisa... Tanta coisa... Quero ver os filmes mais mentirosos ao
seu lado e torcer na próxima Copa pra gente não perder de 7 a 1!
– Eu também! – riu ele. – Eu também quero viver muitas coisas com
você, Dulce! Você me faz rir e querer ir mais longe. Ir até outros mundos!
Então ela calou por alguns momentos.
– Mas talvez isso não aconteça... – disse ela.
Ele parou de sorrir e acariciou os cabelos dela, sem tirar os olhos de
seu rosto.
– Eu sei...
– Mas que quero que saiba que se tudo acabar amanhã... – disse ela.
– Se tudo acabar amanhã, eu estarei muito feliz de ter vivido tudo isso com
você. Não acredito que a vida se trate de quantidade. Acredito que se trate
de qualidade! E eu tive a melhor vida que alguém poderia ter. E se eu tiver
que terminá-la, que seja ao seu lado, porque ao seu lado eu também ouço a
canção dos quatro ventos. Mesmo no último minuto.
Eles se abraçaram e choraram por algum tempo. Depois, secaram as
lágrimas e falaram sobre sua defesa. Tentaram dormir, mas não
conseguiram. Então conversaram sobre a vida que gostariam de ter quando
aquilo tudo acabasse.
****
Para surpresa deles, o julgamento não seria realizado no castelo, mas ao lar
livre. Havia uma bancada com o trono de Manuel e cadeiras imponentes
onde conselheiros respeitáveis se sentaram.
Chris e Dulce logo avistaram
dois postes. Dulce esperava forcas ou guilhotinas e não entendeu muito
bem o que era aquilo. Preferiu não pensar nisso e focou sua atenção no que
estava acontecendo diante dela.
Ao redor deles, o povo estava assistindo, curioso. No final das
contas, aquele mundo não era assim tão diferente do seu.
Manuel se levantou e começou o julgamento. Como esperavam, ele os
acusou de tramar uma guerra desde a primeira vez em que estiveram em
seu castelo, levando um dragão, um inimigo natural dos elfos, e insistindo
em ficar mesmo quando foram instruídos a irem embora.
Manuel apontou o
dedo para Chris, acusando-o de usar magia para se transformar num troll e
assim incitar a guerra entre eles e a Corte Unseelil. Ele colocou todos os
argumentos de forma inflamada e Dulce teve que fazer um grande esforço
para não gritar que tudo o que saía de sua boca eram mentiras.
Quando ele terminou, Chris se pronunciou de forma calma e contida.
Explicou que nunca tiveram a intenção de provocar nenhuma guerra.
Contou como foi sequestrado do mundo dos homens para assumir um
trono que não queria. E que nada daquilo teria acontecido se não tivesse
sido cruelmente torturado pelo príncipe Manuel, o que despertou o pior
nele e o transformou no troll que ele já foi.
Dulce falou sobre como foi enganada por Manuel e como ele tem
sido covarde em suas ações que não condizem com um príncipe.
A multidão fez silêncio quando eles terminaram. Foram palavras
duras e os olhos de Manuel brilhavam de ódio. Ele pediu aos conselheiros
que dessem o veredicto. Os cinco homens discutiram brevemente o caso. E
então, desconfortavelmente rápido, decidiram.
Cada um foi dizendo seu veredicto.
– Culpados – disse o primeiro.
– Inocentes – disse o segundo, provocando um olhar de soslaio de
Manuel.
– Culpados – disse o terceiro.
– Inocentes – disse o quarto.
Um burburinho se elevou na multidão. Restou ao último conselheiro
o resultado final. O homem de longas barbas demorou um pouco e
finalmente falou.
– Culpados!
Dulce e Chris apertaram as mãos um do outro sem acreditar. Manuel
sorriu e se levantou, dando a ordem para que a execução fosse imediata.
Guardas arrastaram os dois jovens para os postes que Dulce vira e os
amarraram neles. Arqueiros se posicionaram e aí Dulce entendeu como
morreria. O capitão mandou os arqueiros se prepararem.
Dulce olhou a multidão, pasma, mas inerte. Quis gritar para
fazerem alguma coisa. Quis gritar que não queria morrer. Mas então eles se
olharam, ainda perplexos. E ela se acalmou. Ele sorriu, aquele sorriso de
que tudo ia ficar bem. Ela sorriu também e olhou para frente, os olhos
cheios de lágrimas.
Olhou as montanhas no horizonte, o céu colorido e as
árvores balançarem. Mergulhou na beleza daquele lugar e no amor que
sempre sentiria. E deixou o medo partir de seu coração.
A ordem foi dada e as flechas voaram. Chris fechou os olhos
lentamente quando elas partiram. Dulce ficou de olhos bem abertos, pois
não queria perder nem um segundo de vida.
Se havia algum remorso
naquele momento foi dos momentos perdidos com bobagens. Momentos de
birra em que deixou de falar com seus pais, ou com algum amigo.
Momentos em que preferiu jogar vídeo game do que estar com Cacau.
Momentos que escorreram pelos seus dedos e ela não fez nada para
impedir, gastos na Internet, vagando tolamente sem se fixar em nada. Ah,
se pudesse ter esses momentos de volta!...
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Autor(a): vondynatica
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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kaillany Postado em 28/01/2017 - 16:41:38
Amei,PARABÉNS!!!S2
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kaillany Postado em 21/01/2017 - 17:31:35
Continua!!!Ta acabando??s2
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kaillany Postado em 19/01/2017 - 16:58:47
Continuaa!!!s2
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kaillany Postado em 10/01/2017 - 14:32:28
Posta++!!s2
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kaillany Postado em 07/01/2017 - 18:03:28
Amando,continua!!!!s2