Fanfics Brasil - Capítulo 3 Pecados no inverno *vondy* (adaptada)

Fanfic: Pecados no inverno *vondy* (adaptada) | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 3

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Ela nunca havia experimentado essa proximidade física com um homem e parecia terrivelmente errado apreciá-la. Por outro lado, teria de estar insana para não fazê-lo. A natureza desperdiçara uma quantidade absurda de beleza masculina naquela criatura indigna. Melhor ainda, ele estava incrivelmente quente. Dul tentou conter o impulso de se aconchegar mais a ele. As roupas de St. Uckermann eram feitas de tecidos nobres – um casaco de lã fina, um colete de seda pesada, uma camisa de linho extramacio. Os indícios de goma das roupas e de colônia cara se misturavam com o aroma limpo e salgado da pele dele.


    Temendo que pudesse querer afastá-la depois que a bebida terminasse, Dul tentou fazê-la durar o máximo possível. Para sua tristeza, finalmente tomou as últimas gotas doces no fundo da caneca. St. Uckermann a tirou dela pôs no chão. Dul ficou profundamente aliviada ao senti-lo se recostar de novo abraçando-a. Ouviu-o bocejar por cima de sua cabeça.


    – Durma – murmurou ele. – Temos três horas antes da próxima troca de parelha.


    Pressionando os dedos dos pés com mais força contra o tijolo quente, Dul se virou um pouco, se aconchegou mais a ele e se permitiu mergulhar nas profundezas convidativas do sono.


    O resto da viagem se tornou uma grande névoa de movimentos, cansaço e despertares abruptos. À medida que a exaustão de Dul aumentava, ela se tornava cada vez mais dependente de St. Uckermann. A cada nova parada ele lhe trazia uma caneca de chá ou caldo e reaquecia o tijolo na lareira disponível. Até mesmo encontrou um cobertor acolchoado em algum lugar, aconselhando-a secamente a não perguntar como o obtivera. Convencida de que a essa altura ela teria congelado sem sua ajuda, Dul logo perdeu todas as reservas em relação a se aconchegar a ele sempre que estava na carruagem.


    – E-eu não estou fazendo a-avanços – disse Dul ao se aproximar do peito de St. Uckermann. – O senhor é apenas uma fo-fonte disponível de calor.


    – Se a senhorita está dizendo – respondeu St. Uckermann com descaso, apertando mais o cobertor ao redor de ambos. – Mas no último quarto de hora tem acariciado partes da minha anatomia em que ninguém jamais ousou tocar.


    – Du-duvido muito disso. – Ela se entocou mais nas profundezas do casaco de St. Uckermann e acrescentou em uma voz abafada: – O senhor pro-provavelmente foi mais to-tocado do que uma cesta de me-mercado.


    – E posso ser adquirido por um preço muito razoável. – Subitamente ele estremeceu e se moveu para acomodá-la em seu colo. – Não ponha seu joelho aí, querida, ou seus planos de consumar o casamento podem correr um sério risco.


    Dul cochilou até a parada seguinte e, justamente quando se viu relaxando em um sono profundo, St. Uckermann a sacudiu delicadamente para que acordasse.


    – Dulce – murmurou ele, alisando seus cabelos despenteados. – Abra os olhos. Chegamos à parada. Está na hora de entrarmos por alguns minutos.


    – Eu não quero – murmurou ela, empurrando-o.


    – Mas precisa – insistiu ele gentilmente. – Depois teremos um longo caminho pela frente. Terá de usar o toalete agora porque essa será sua última oportunidade durante algum tempo.


    Dul estava prestes a protestar que não tinha nenhuma necessidade de usar o toalete quando percebeu que tinha. A ideia de se levantar e sair para a chuva congelante quase a fez chorar. Inclinando-se, pegou seus sapatos frios, úmidos e sujos e tentou amarrá-los. St. Uckermann lhe afastou as mãos e os amarrou. Ele a ajudou a sair da carruagem e Dul bateu os dentes quando uma forte rajada de vento a atingiu.


    Estava congelante lá fora. Depois de puxar o capuz do manto de Dul mais para cima do rosto dela, St. Uckermann pôs um braço ao redor dos ombros da jovem para apoiá-la e a ajudou a atravessar o pátio da estalagem.


    – Acredite em mim. É melhor passar alguns minutos aqui do que ter de parar à margem da estrada mais tarde.


    – Eu conheço minhas próprias necessidades fisiológicas – disse Dul em tom irritado. – Não precisa explicá-las para mim.


    – É claro. Perdoe-me se estou falando excessivamente. Estou tentando me manter acordado. E mantê-la acordada também.


    Segurando-se na cintura dele, Dul andou com dificuldade na lama gelada e se distraiu pensando no primo Eustace e em quanto estava feliz por não ter de se casar com ele. Nunca mais teria de morar sob o teto dos Maybricks. Esse pensamento lhe deu forças. Quando estivesse casada, eles não teriam mais nenhum poder sobre ela. Meu Deus, mal podia esperar por isso!


    Depois de providenciar o uso temporário de um quarto, St. Uckermann segurou Dul pelos ombros e a avaliou com um olhar atento.


    – Parece prestes a desmaiar – disse ele com sinceridade. – Doçura, há tempo suficiente para descansar aqui por uma ou duas horas. Por que não...?


    – Não – interrompeu ela firmemente. – Quero continuar.


    St. Uckermann a olhou com óbvia contrariedade, mas perguntou sem rancor:


    – Por que é sempre tão teimosa?


    Levando-a para o quarto, lembrou-a de trancar a porta quando ele saísse.


    – Tente não dormir no penico – aconselhou-a de modo amável.


    Quando voltaram para a carruagem, Dul seguiu o padrão agora familiar de tirar os sapatos e deixar St. Uckermann pôr o tijolo quente sob seus pés. Ele a acomodou entre suas pernas abertas, pondo um de seus próprios pés com meias perto do tijolo e mantendo o outro no chão para garantir seu equilíbrio. A frequência cardíaca de Dul aumentou, suas veias estavam dilatadas com o sangue latejando quando St. Uckermann pegou uma de suas mãos e começou a brincar com seus dedos frios. A mão dele estava muito quente, as pontas dos dedos eram aveludadas, as unhas curtas e lisas. A mão era forte, mas inquestionavelmente a de um homem apreciador do ócio.


    St. Uckermann entrelaçou levemente os dedos deles, traçou com o polegar um pequeno círculo na mão de Dul e depois deslizou os dedos para cima para nivelá-los com os dela. Embora ele fosse um homem de tez clara, sua pele era de um tom quente. Finalmente St. Uckermann parou com sua brincadeira e manteve os dedos de ambos entrelaçados.


    Certamente essa não podia ser ela... sozinha em uma carruagem com um perigoso libertino, correndo loucamente para Gretna Green. Olhe o que eu comecei, pensou ela, zonza. Virando a cabeça no peito de St. Uckermann, pousou a bochecha no fino linho da camisa dele e perguntou:


    – Como é sua família? Tem irmãos e irmãs?


    Os lábios de St. Uckermann brincaram por um momento entre os cachos dela.


    – Não restou ninguém além de meu pai. Não tenho nenhuma lembrança da minha mãe. Ela morreu de cólera quando eu ainda era bebê. Eu tinha quatro irmãs mais velhas. Sendo o mais novo e o único menino, fui absurdamente mimado. Perdi três das minhas irmãs para a escarlatina quando ainda era criança... Lembro-me de ter sido enviado para nossa casa de campo quando elas adoeceram. Quando fui trazido de volta, as três tinham morrido. A que havia restado, minha irmã mais velha, se casou. Mas como a mãe da senhorita, morreu no parto. O bebê não sobreviveu.


    Dul ficou muito quieta durante aquela narrativa sem rodeios, forçando-se a continuar relaxada junto a St. Uckermann. Mas sentiu pena do garotinho que ele tinha sido. A mãe e quatro irmãs amorosas, todas desaparecendo da vida dele. Teria sido difícil para qualquer adulto assimilar essa perda, quanto mais para uma criança.


    – Já se perguntou como poderia ter sido sua vida se sua mãe estivesse viva?


    – Não.


    – Frequentemente me pergunto que conselho ela teria me dado.


    – Sua mãe acabou casada com um rufião – comentou St. Uckermann com sarcasmo. – Eu não confiaria muito no conselho dela. Como eles se conheceram? Não é comum uma garota bem-criada encontrar alguém como Saviñón.


    – Isso é verdade. Minha mãe estava em uma carruagem com minha tia. Era um daqueles dias de inverno em que a névoa londrina é tão densa que mal se pode ver alguns metros adiante. A carruagem se desviou para evitar um carrinho de vendedor de rua e atropelou meu pai, que estava em pé na calçada próxima. Por insistência da minha mãe, o cocheiro parou para ver se estava tudo bem com ele. Só estava um pouco machucado, nada mais do que isso. E suponho... suponho que minha mãe tenha se interessado por ele, porque lhe mandou uma carta, no dia seguinte, perguntando mais uma vez sobre sua saúde. Eles começaram a se corresponder. Meu pai pedia para outra pessoa escrever as cartas, porque era analfabeto. Não sei de mais detalhes, só que eles finalmente fugiram.


    Os lábios de Dul se curvaram em um sorriso de satisfação ao imaginar a fúria dos Maybricks ao descobrir que a mãe dela tinha fugido com Fernando Saviñón.


    – Minha mãe tinha 19 anos quando morreu. E eu tenho 23. Parece estranho ter vivido mais do que ela.


    Dul se virou nos braços de Christopher e ergueu os olhos para fitá-lo.


    – Quantos anos tem, milorde? Trinta e quatro? Trinta e cinco?


    – Tenho 32. Embora no momento eu me sinta com não menos que 102. – Ele a estava olhando com curiosidade. – O que houve com sua gagueira, criança? Ela desapareceu em algum lugar entre aqui e Teesdale.


    – Foi? – perguntou Dul um pouco surpresa. – Eu acho... que devo me sentir confortável com o senhor. Tendo a gaguejar menos com certas pessoas.


    Que estranho! Sua gagueira nunca desaparecia totalmente, a menos que estivesse falando com crianças. O peito de St. Uckermann se moveu sob a orelha dela em um riso de divertimento.


    – Nunca me disseram que eu era do tipo que deixa as pessoas confortáveis. Estou certo de que não gosto disso. Terei de fazer algo diabólico em breve para corrigir sua impressão.


    – Sem dúvida fará. – Ela fechou os olhos e se recostou mais em St. Uckermann. – Acho que estou cansada demais para gaguejar.


    Ele pôs a mão na cabeça de Dul, acariciando-lhe os cabelos e as faces, as pontas de seus dedos massageando a têmpora da jovem.


    – Durma – sussurrou. – Estamos quase lá. Se está indo para o inferno, meu amor, logo se sentirá mais quente.


 


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Autor(a): Laryy

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Mas ela não se sentia. Quanto mais viajavam para o norte, mais esfriava, a ponto de Dul imaginar amargamente que parte do enxofre e da lava do inferno seria bem-vinda. A vila de Gretna Green ficava no condado de Dumfriesshire, logo ao norte da fronteira entre a Inglaterra e a Escócia. Desafiando as rígidas leis sobre o casamento na Inglaterra, centenas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 116



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  • millamorais_ Postado em 20/06/2017 - 07:02:00

    Maiiiis, continua por favor!!!

  • tahhvondy Postado em 10/06/2017 - 17:07:31

    continua

  • Nat Postado em 06/06/2017 - 17:19:26

    CONTINUA!!!*-*

  • millamorais_ Postado em 05/06/2017 - 12:05:28

    Que bom que voltou. Não some por favor:D

  • tahhvondy Postado em 04/06/2017 - 12:14:14

    continua

  • Nat Postado em 04/06/2017 - 10:48:33

    CONTINUA! Não some de novo, por favor!*-*

  • jucinairaespozani Postado em 14/03/2017 - 23:28:18

    Continua

  • Nat Postado em 14/03/2017 - 22:16:03

    *-*Alguma chance da Daisy e o Cam ficarem juntos?CONTINUA!S2S2S2

  • jucinairaespozani Postado em 10/03/2017 - 17:29:25

    Posta mais

  • Nat Postado em 08/03/2017 - 20:37:08

    *0*Meu Deuuusss!!!CONTINNNNNUUUUUAAAAA!!!!!S2S2S2


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