Fanfics Brasil - Capítulo 7 Pecados no inverno *vondy* (adaptada)

Fanfic: Pecados no inverno *vondy* (adaptada) | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 7

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    O tempo melhorou muito durante a viagem de volta para Londres e a chuva finalmente desapareceu. Contudo, a temperatura mais alta lá fora era neutralizada pela frieza entre os recém-casados. Embora Christopher tivesse mantido o aquecedor a contragosto, não convidava mais Dul para se aninhar em seus braços ou dormir em seu peito. Ela sabia que isso era melhor. Quanto mais o conhecia, mais se convencia de que qualquer intimidade entre eles resultaria em desastre. Christopher era perigoso para ela de uma maneira que nem mesmo ele podia imaginar.


    Tranquilizava-a saber que se separariam assim que chegassem à cidade. Ela ficaria no clube e ele iria para casa retomar suas atividades normais até receber a notícia da morte do pai dela. Depois provavelmente desejaria vender o clube e usar o dinheiro, junto com o resto da herança, para encher os cofres vazios da família.


    A ideia de vender o clube que fora o centro da vida do pai deixou Dul melancólica. Contudo, seria o mais sensato. Poucos homens tinham a capacidade de dirigir um clube de jogos com sucesso. Seu dono tinha de possuir magnetismo para atrair pessoas e astúcia para fazê-las ficar e gastar muito dinheiro. Sem falar no tino comercial para investir bem os lucros.


    Fernando Saviñón possuíra moderadamente as duas primeiras qualidades, mas nem um pouco da terceira. Recentemente perdera uma fortuna, tornando-se na velhice suscetível aos tratantes que povoavam o mundo das corridas de cavalos. Felizmente o clube era uma máquina financeira tão poderosa que conseguia absorver as grandes perdas.


    A afirmação grosseira de Christopher de que a casa de Saviñón era um clube de jogos de segunda classe estava correta apenas em parte. Dul sabia por conversas anteriores com o pai, que nunca se dera o trabalho de medir palavras, que embora o clube fosse bem-sucedido para os padrões de qualquer um, nunca atingira a posição à qual aspirara. Ele havia desejado que se igualasse ao Craven’s, o clube rival destruído por um incêndio tanto tempo atrás. Mas Fernando Saviñón nunca havia tido o estilo e a malícia de Derek Craven. Dizia-se que Craven ganhara o dinheiro de toda uma geração de ingleses e que o clube ter desaparecido em seu auge consolidara seu status lendário na memória coletiva da sociedade britânica.


    O Saviñón's não chegara nem perto de ser como o Craven’s, mas não porque seu pai não tivesse tentado. Fernando Saviñón havia mudado seu clube de Covent Garden para a King Street, que antes era uma mera passagem para a elegante área residencial e comercial de St. James, mas se tornara uma rua movimentada. Depois de comprar grande parte da rua e demolir quatro prédios, Saviñón havia construído um grande e bonito clube e o anunciado como a maior casa de jogos de Londres. Quando os cavalheiros queriam jogar pesado, iam ao Saviñón's.


    Dul se lembrava do clube, das vezes na infância em que lhe fora permitido passar o dia com o pai. O lugar era bem equipado, embora com uma decoração um tanto exagerada. Ela havia gostado de ficar com o pai na galeria interna do segundo andar observando o que acontecia no piso principal. Sorrindo indulgentemente, Saviñón levava a filha para a St. James Street, onde entravam em qualquer loja que ela quisesse. Foram à perfumaria, chapelaria e livraria, à loja que vendia gravuras e à padaria, onde o padeiro deu a Dul um pão doce recém-saído do forno – tão quente que a cobertura de glacê ainda estava um pouco derretida.


    Com o passar dos anos, as idas de Dul à King Street diminuíram. Embora ela sempre tivesse culpado os Maybricks por isso, agora percebia que seu pai também fora em parte responsável. Era muito mais fácil para Saviñón amá-la quando ela era criança e podia ela era criança e podia fazê-la dar gritinhos lançando-a para o ar e a pegando em seus braços fortes. Podia despentear seus cabelos ruivos do mesmo tom dos dele e fazê-la parar de chorar ao ir embora pondo um doce ou 1 xelim na palma da mão dela. Mas quando ela se tornou uma jovem e ele não podia mais tratá-la como uma garotinha, o relacionamento deles ficou estranho e distante.


    – Este clube não é um lugar para você, mocinha – dissera ele com uma mistura de afeto e rispidez. – Você tem de ficar longe de um grosseirão como eu e encontrar um cavalheiro para se casar.


    – Pa-papai – implorara Dul, gaguejando desesperadamente –, nã-não me mande de volta para lá. Po-por favor, por favor me deixe ficar com o senhor.


    – Minha gaguinha, você pertence aos Maybricks. E não adianta fugir e correr para cá, porque eu a mandarei de volta para eles.


    As lágrimas de Dul não o abalaram. Nos anos seguintes, as visitas ao clube do pai diminuíram para uma a cada  seis meses ou mais. Independentemente de que isso fosse para seu próprio bem ou não, a sensação de ser indesejada se aprofundara. Ela passara a ficar tão desconfortável perto dos homens, tão certa de que os entediaria, que era o que acabava acontecendo. Sua gagueira piorara – quanto mais tentava fazer as palavras saírem, mais incoerente se tornava, até ser mais fácil se calar e passar despercebida. Tornara-se especialista em tomar chá de cadeira. Nunca fora convidada para dançar, beijada ou mesmo cortejada. A única proposta de casamento que recebera tinha sido relutante, vinda do primo Eustace.


    Maravilhada com sua mudança de sorte, olhou para o marido, que estivera pensativo e calado nas últimas horas. Ele a encarou com os olhos estreitados. Com sua expressão fria e boca cínica, parecia totalmente diferente do maroto sedutor com quem dividira a cama dois dias antes.


    Dul voltou a atenção para a paisagem londrina que passava pela janela. Logo estariam no clube e veria seu pai. Fazia seis meses desde que o visitara pela última vez e tinha se preparado para encontrar um homem diferente. Todos sabiam quanto a tuberculose podia ser devastadora.


    Provocava uma morte lenta do tecido pulmonar, além de febre, tosse, emagrecimento e suor abundante. A morte chegava como o fim para um terrível sofrimento e geralmente era bem recebida pela vítima e por todos que lhe queriam bem. Dul não imaginar seu robusto pai reduzido a esse estado. Temia tanto vê-lo quanto ansiava por cuidar dele. Contudo, guardou tudo isso para si mesma, suspeitando que Christopher zombaria dela se lhe falasse sobre seus temores.


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Autor(a): Laryy

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Seu coração se acelerou quando a carruagem passou por St. James e virou para a King Street. A longa fachada de tijolos e mármore do Saviñón's se tornou visível em contraste com o amarelo e o vermelho do sol poente que brilhava através da sempre presente névoa que pairava sobre Londres. Olhando pela janela da carruagem ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 116



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  • millamorais_ Postado em 20/06/2017 - 07:02:00

    Maiiiis, continua por favor!!!

  • tahhvondy Postado em 10/06/2017 - 17:07:31

    continua

  • Nat Postado em 06/06/2017 - 17:19:26

    CONTINUA!!!*-*

  • millamorais_ Postado em 05/06/2017 - 12:05:28

    Que bom que voltou. Não some por favor:D

  • tahhvondy Postado em 04/06/2017 - 12:14:14

    continua

  • Nat Postado em 04/06/2017 - 10:48:33

    CONTINUA! Não some de novo, por favor!*-*

  • jucinairaespozani Postado em 14/03/2017 - 23:28:18

    Continua

  • Nat Postado em 14/03/2017 - 22:16:03

    *-*Alguma chance da Daisy e o Cam ficarem juntos?CONTINUA!S2S2S2

  • jucinairaespozani Postado em 10/03/2017 - 17:29:25

    Posta mais

  • Nat Postado em 08/03/2017 - 20:37:08

    *0*Meu Deuuusss!!!CONTINNNNNUUUUUAAAAA!!!!!S2S2S2


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