Fanfics Brasil - Capítulo 7 Pecados no inverno *vondy* (adaptada)

Fanfic: Pecados no inverno *vondy* (adaptada) | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 7

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Seu coração se acelerou quando a carruagem passou por St. James e virou para a King Street. A longa fachada de tijolos e mármore do Saviñón's se tornou visível em contraste com o amarelo e o vermelho do sol poente que brilhava através da sempre presente névoa que pairava sobre Londres. Olhando pela janela da carruagem, Dul deu um suspiro tenso quando o veículo passou por um dos muitos becos que levavam da rua principal para os pátios e estábulos atrás da fileira de prédios.


    A carruagem parou na entrada dos fundos, o que era preferível à da frente. A casa de Saviñón não era um lugar frequentado por mulheres decentes. Um homem podia levar para lá uma amante ou até mesmo uma prostituta que tivesse atraído seu interesse, mas nunca pensaria em levar uma dama respeitável. Dul percebeu que Christopher a observava com o frio interesse de um entomologista observando uma nova espécie de escaravelho. Ele não podia ter deixado de notar a súbita palidez e o visível tremor dela, mas não lhe dirigiu nenhuma palavra ou gesto de consolo.


    Christopher saltou antes dela da carruagem, pôs as mãos ao redor de sua cintura e a ajudou a descer. O cheiro do beco dos fundos era o mesmo de quando Dul era criança – esterco, lixo, álcool e fumaça de carvão. Sem dúvida ela era a única jovem bem-criada em Londres a achar que o beco tinha um cheiro familiar. Pelo menos agradava mais às suas narinas do que o ambiente da casa dos Maybricks, que recendia a tapetes podres e colônia ruim.


    Ela se contraiu ao sentir a dor em seus músculos parados por tempo de mais na carruagem e se dirigiu à porta. As que davam acesso à cozinha e a outras áreas de serviço ficavam mais longe no prédio, mas essa dava para uma escada que levava aos aposentos do pai. O cocheiro já havia chamado um criado do clube com algumas batidas decididas na porta e recuou mecanicamente.


    Um jovem apareceu e Dul ficou aliviada ao reconhecê-lo. Era Joss Bullard, uma figura conhecida do clube, que trabalhara ali como cobrador de dívidas e porteiro. Era forte e atarracado e tinha cabelos escuros, a cabeça em forma de bala e o queixo largo.


    Tendo uma tendência natural ao mau humor, Bullard a havia tratado com o mínimo de cortesia sempre que ela fora ao clube. Contudo, ouvira seu pai elogiá-lo por sua lealdade e o apreciava por isso.


    – Sr. Bullard – disse. – Vi-vim ver meu pai. Po-por favor, deixe-me e-entrar.


    O jovem  robusto não se moveu.


    – Ele não mandou chamá-la – retrucou rispidamente. Então olhou para Christopher, notando suas roupas caras. – Entre pela  frente, senhor, se for um sócio do clube.


    – Idiota... – Dul ouviu Christopher murmurar.


    – O Sr. Egan e-está? – perguntou ela, referindo-se ao gerente do clube que trabalhava para seu pai havia dez anos.


    Ela não gostava muito de Egan, que era um tipo orgulhoso e fanfarrão, mas ele não ousaria barrar sua entrada.


    – Não.


    – Então o Sr. Rohan – disse Dul desesperadamente. – Po-por favor, diga a e-ele que a Srta. Saviñón está aqui.


    – Eu já lhe disse...


    – Chame o tal Rohan – disparou Christopher, pondo a bota contra a porta para impedir que a fechasse. – Esperaremos lá dentro. Minha esposa não ficará em pé na rua.


    Parecendo surpreso com o brilho frio nos olhos do homem mais alto, o empregado murmurou sua concordância e desapareceu rapidamente.


    Christopher guiou Dul pela soleira e olhou para a escada próxima.


    – Devemos subir?


    – Prefiro falar com o Sr. Rohan primeiro. Estou ce-certa de que ele poderá me dizer algo sobre o e-estado do meu pai.


    Ao som da leve gagueira, Christopher deslizou a mão por sob os cabelos de Dul e lhe apertou gentilmente a nuca. Embora seu rosto ainda estivesse frio, a mão era quente e tranquilizadora e ela se sentiu relaxar involuntariamente.


    – Quem é Rohan?


    – Um dos crupiês... Ele trabalha aqui desde garoto. Meu pai o treinou para ser gerente. Você se lembraria do Sr. Rohan se já o tivesse visto. É meio difícil que passe despercebido.


    Christopher ponderou sobre o comentário e murmurou:


    – Ele é cigano, não é?


    – Metade cigano, eu acho, pelo lado materno.


    – E a outra metade?


    – Ninguém sabe.


    Ela o olhou com cautela e disse em voz baixa:


    – Sempre me perguntei se ele poderia ser meu meio-irmão.


    Um brilho de interesse surgiu nos olhos claros de Christopher.


    – Já perguntou ao seu pai?


    – Sim. Ele negou.


    Mas Dul nunca tinha ficado totalmente convencida. Seu pai sempre agira de um modo vagamente paternal com Cam Rohan e ela não era ingênua a ponto de acreditar que ele não tivera filhos ilegítimos. Era um homem conhecido por seus apetites físicos e nunca se preocupara com a consequência de seus atos. Desejando saber se o mesmo poderia ser dito de seu marido, ela perguntou cautelosamente:


    – Christopher, você tem...


    – Não que eu saiba – disse ele, entendendo-a imediatamente. – Sempre tendi a usar preservativos, para evitar não só a concepção como também as doenças exóticas que afligem os imprudentes.


    Perplexa, Dul murmurou:


    – Preservativos? O que são? E o que quer dizer com doenças? Quer dizer que... aquilo... pode deixar uma pessoa doente? Mas como...


    – Por Deus! – murmurou Christopher, pondo os dedos de leve nos lábios de Dul para calar as perguntas. – Explicarei depois. Esse não é o tipo de coisa que se discuta à soleira da porta.


    A vinda de Cam Rohan impediu Dul de fazer mais perguntas. Quando Cam a viu, um leve sorriso surgiu em seu rosto e ele fez uma graciosa mesura. Mesmo quando os modos e movimentos de Cam eram contidos, pareciam ter um floreio invisível, um carisma físico. Ele era de longe o melhor crupiê do clube, embora sua aparência, a de um jovem pirata, dificilmente levasse alguém a achar isso no início. Tinha cerca de 25 anos e o corpo magro de um jovem. Sua pele morena e seus cabelos muito pretos denunciavam suas origens, sem falar em seu primeiro nome, comum entre os ciganos. Dul sempre tinha gostado daquele rapaz de fala mansa cuja profunda lealdade ao pai dela fora demonstrada muitas vezes ao longo dos anos.


    Cam vestia roupas pretas e sapatos brilhantes, mas, como sempre, seus cabelos precisavam de um corte, os grossos cachos caindo sobre o colarinho muito branco da camisa. Seus dedos longos e magros estavam adornados com alguns anéis de ouro. Quando ele ergueu a cabeça, Dul viu o brilho de um brinco de brilhante em uma das orelhas – um toque exótico que lhe caía bem. Cam a olhou com seus incríveis olhos cor de avelã que frequentemente faziam as pessoas se esquecerem da mente ágil por trás deles. Às vezes seu olhar era tão penetrante que parecia que ele estava olhando através de você...


    – Gadji – disse Cam brandamente, usando a amistosa palavra romani para uma mulher não cigana. Ele tinha um sotaque incomum, com nuances de classe baixa e um ritmo um pouco estrangeiro, tudo em uma mistura única. – Bem-vinda. Seu pai ficará feliz em vê-la.


    – Obrigada, Cam. E-eu estava com medo de que ele já ti-tivesse...


    – Não – murmurou Cam, seu sorriso diminuindo. – Ainda está vivo. Ele dorme na maior parte do tempo e não quer comer. Acho que não durará muito. Ele mandou chamá-la. Tentei avisá-la, mas...


    – Os Maybricks não me deixavam vir – completou Dul em um meio sussurro, sua boca se enrijecendo de raiva.


    Eles não tinham se dado o trabalho de lhe dizer que seu pai a havia chamado. E Joss Bullard acabara de mentir para ela.


    – Bem, estou livre deles para se-sempre, Cam. Eu me casei. E ficarei aqui até meu pai... nã-não precisar mais de mim.


    Cam desviou seu olhar para o rosto implacável de Christopher. Reconhecendo-o, murmurou :


    – Lorde St. Uckermann.


    Se ele tinha uma opinião sobre o casamento de Dul com esse homem, não a externou. Dul tocou na manga do casaco de Cam.


    – Meu pai está acordado? – perguntou ansiosamente. – Posso vê-lo?


    – É claro.


    O cigano segurou de leve as duas mãos de Dul, os anéis de ouro aquecidos pelos dedos quentes dele.


    – Providenciarei para que não sejam interrompidos.


    – Obrigada.         De repente, Christopher puxou, decidido, uma das mãos de Dul e a pôs em seu próprio braço. Embora o gesto tivesse sido casual, a firme pressão de seus dedos garantiu que ela não tentaria tirá-la.


    Perplexa com aquela manifestação de possessividade, Dul franziu a testa.


    – Conheço Cam desde criança – disse incisivamente. – Ele sempre foi muito gentil comigo.


    – Um marido sempre gosta que a esposa seja tratada com gentileza – respondeu Christopher friamente. – Dentro de certos limites, é claro.


    – É claro – disse Cam brandamente. Ele voltou sua atenção para Dul. – Devo conduzi-la, milady?


    Ela balançou a cabeça.


    – Não. Eu sei o caminho. Por favor, vo-volte aos seus afazeres.


    Cam fez outra mesura e trocou um rápido olhar com Dul, ambos reconhecendo tacitamente que encontrariam uma oportunidade para se falar depois.


    – Você não gosta dele porque é cigano? – perguntou Dul ao marido enquanto eles subiam as escadas.


    – É difícil eu não gostar das pessoas por coisas que elas não podem mudar – respondeu Christopher sarcasticamente. – Geralmente me dão outros motivos que bastam para não gostar delas.


 


 


 


 


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Autor(a): Laryy

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Ela tirou a mão do braço de Christopher para erguer suas saias.     – Onde está o gerente? – continuou Christopher, pondo a mão na região lombar de Dul enquanto eles subiam a escada. – A noite está começando. A sala de jogos e a sala de jantar abriram. Ele deveria estar trabalhando.   ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 116



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  • millamorais_ Postado em 20/06/2017 - 07:02:00

    Maiiiis, continua por favor!!!

  • tahhvondy Postado em 10/06/2017 - 17:07:31

    continua

  • Nat Postado em 06/06/2017 - 17:19:26

    CONTINUA!!!*-*

  • millamorais_ Postado em 05/06/2017 - 12:05:28

    Que bom que voltou. Não some por favor:D

  • tahhvondy Postado em 04/06/2017 - 12:14:14

    continua

  • Nat Postado em 04/06/2017 - 10:48:33

    CONTINUA! Não some de novo, por favor!*-*

  • jucinairaespozani Postado em 14/03/2017 - 23:28:18

    Continua

  • Nat Postado em 14/03/2017 - 22:16:03

    *-*Alguma chance da Daisy e o Cam ficarem juntos?CONTINUA!S2S2S2

  • jucinairaespozani Postado em 10/03/2017 - 17:29:25

    Posta mais

  • Nat Postado em 08/03/2017 - 20:37:08

    *0*Meu Deuuusss!!!CONTINNNNNUUUUUAAAAA!!!!!S2S2S2


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