Fanfics Brasil - Capítulo 9 Pecados no inverno *vondy* (adaptada)

Fanfic: Pecados no inverno *vondy* (adaptada) | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 9

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Saviñón pareceu fraco demais para discutir. Apenas suspirou, tossiu e a observou trazer uma tigela de porcelana e seus utensílios de barbear para a cabeceira da cama. Dul pôs uma toalha sobre o peito e a base do pescoço dele. Sem nunca ter barbeado um homem, pegou o pincel, o mergulhou na água e o enfiou na caneca de sabão.


     – Primeiro aplique uma toalha quente, querida – murmurou Saviñón. – Amolece os pelos.


    Seguindo as instruções do pai, Dul o ensaboou, pegou outra toalha e a pôs gentilmente sobre o queixo e pescoço dele. Passado um minuto, usou o pincel para espalhar o sabão sobre um dos lado do queixo. Decidindo barbear uma parte do rosto de cada vez, abriu a navalha, a olhou com receio e se inclinou cuidadosamente sobre o pai. Antes de lhe tocar o rosto, uma voz sarcástica veio da porta.


    – Meu Deus!


     Dul olhou por cima de seu ombro e viu Christopher.


     –Não sei se devo elogiar sua coragem ou lhe perguntar se perdeu o juízo ao deixá-la se aproximar com uma navalha.


    Com alguns passos lentos, ele foi até a cama e estendeu a mão.


    – Dê-me isso, amor. Na próxima vez que seu pai tossir, você lhe decepará o nariz.


     Sem hesitar, Dul lhe entregou a navalha. Apesar da privação de sono, hoje ele parecia muito mais revigorado. Estava impecavelmente barbeado, com os cabelos lavados e penteados em camadas brilhantes. Seu corpo magro estava vestido com roupas de excelente corte, e um casaco cor de carvão lhe realçava lindamente a pele dourada. Como na noite anterior, ele tinha uma energia vital, como se estivesse animado apenas por estar no clube. O contraste entre os dois homens, um tão velho e doente e o outro tão grande e saudável, era surpreendente. Quando Christopher se aproximou de Saviñón, Dul sentiu uma necessidade instintiva de se pôr entre eles. Seu marido parecia um predador indo acabar com uma presa indefesa.


    – Vá buscar a tira de afiar navalha, querida – disse Christopher, seus lábios curvados em um leve sorriso.


    Dul obedeceu. Quando voltou do lavatório, o marido ocupara o lugar dela à cabeceira.


    – Sempre afie a navalha antes e depois do barbear – murmurou Christopher, passando a lâmina aberta várias vezes sobre a tira de couro.


     – Já parece bastante afiada – disse Dul, incerta.


    – Afiar nunca é demais, doçura. Ensaboe todo o rosto dele antes de começar. O sabão amaciará os pelos.


    Ele chegou para o lado enquanto Dul aplicava sabão no rosto do pai e depois a afastou para se sentar na beira do colchão. Segurando a navalha, perguntou a Saviñón:


     – Posso?


    Para a surpresa de Dul, seu pai assentiu com a cabeça, parecendo não ter nada contra deixar Christopher barbeá-lo. Ela foi para o outro lado da cama para ver melhor.


    – Deixe a lâmina fazer o trabalho – disse Christopher –, em vez de fazer pressão com a mão. Barbeie na direção do crescimento dos pelos... assim. E nunca arraste a lâmina paralelamente à pele. Comece pelas laterais do rosto... depois as bochechas... os lados do pescoço... assim. – Enquanto Christopher falava, passava a lâmina pela barba grisalha, removendo-a com movimentos precisos. – E enxague a lâmina com frequência.


    Seus dedos longos trabalharam suavemente no rosto de Saviñón, variando o ângulo e esticando partes da pele. Os movimentos eram leves, hábeis e eficazes. Dul balançou a cabeça, sem conseguir acreditar que estava vendo Christopher, lorde St. Uckermann, barbear seu pai com a destreza de um experiente criado pessoal.


     Após terminar o ritual masculino, Christopher removeu o resto de sabão do rosto liso e luzidio de Saviñón. Só havia um mínimo corte na beira do queixo. Pressionou-o com a toalha e murmurou:


    – O sabão precisa de mais glicerina. Meu criado pessoal faz um sabão de barbear muito melhor do que este... Eu o mandarei trazer um pouco mais tarde.


    – Obrigada – respondeu Dul, sentindo um calor no peito ao observá-lo.


    Christopher a olhou e viu algo em sua expressão que pareceu fasciná-lo.


    – As roupas de cama precisam ser trocadas. Vou ajudar.


    Dul  balançou a cabeça, sem querer que Christopher visse o corpo debilitado de seu pai. Sabia que isso faria seu pai se sentir em uma posição de muita desvantagem em relação a ele depois.


    – Obrigada, mas não – disse firmemente. – Chamarei a criada.


    – Obrigada, mas não – disse firmemente. – Chamarei a criada.


    – Muito bem. – Ele olhou de relance para Saviñón. – Com sua permissão, senhor, eu o visitarei mais tarde, depois que tiver repousado.


    – Sim – concordou Saviñón com um olhar desfocado.


    Ele fechou os olhos, deu um suspiro e se recostou.


    Dul arrumou o quarto enquanto Christopher limpava a navalha, a afiava mais uma vez e a guardava no estojo de couro. Ela acompanhou o marido até a porta.


    – Já despediu o Sr. Egan?


     Christopher assentiu em silêncio, pôs uma das mãos na lateral da porta e se inclinou sobre Dul. Embora a posição dele fosse relaxada e confortável, ela ainda teve a sensação de que estava sendo sutilmente dominada. Para a sua surpresa, não foi totalmente desagradável.


    – No início ele foi hostil – respondeu Christopher –, até eu lhe dizer que tinha examinado alguns dos livros contábeis. Depois se tornou dócil como um carneirinho, sabendo a sorte que tinha de termos decidido não processá-lo. Rohan o está ajudando a arrumar suas coisas e se assegurando de que partirá imediatamente.


    – Por que não quer processá-lo?


    – Isso não seria bom para a imagem da casa. Qualquer indício de problemas financeiros deixaria as pessoas preocupadas com a estabilidade do clube. É melhor absorver o prejuízo e recomeçar.


    Ele olhou para as feições tensas de Dul e a surpreendeu dizendo com suavidade:


     –Vire-se.


    Ela arregalou os olhos.


    – O quê? Po-por quê?


    – Vire-se – repetiu Christopher, esperando enquanto ela se virava devagar. O coração de Dul batia acelerado. – Segure-se, doçura.


    Christopher tocou com os dedos a parte superior de suas costas, como se estivesse procurando algo... e depois começou a massageá-las com movimentos firmes e gentis, aliviando a dor dos músculos torturados. Os dedos hábeis examinaram pontos de dor e tensão, fazendo-a arfar. A pressão se intensificou quando ele passou as palmas das mãos por suas costas, os polegares se aprofundando nos dois lados da coluna. Para surpresa de Dul, ela se viu arqueando as costas como um gato. Subindo as mãos devagar, Christopher encontrou os músculos contraídos nos ombros e no pescoço e se concentrou neles, massageando e pressionando até Dul dar um gemido.    


Uma mulher podia se tornar escrava daquelas mãos experientes. Ele a tocava com sensualidade. Dul sentiu sua respiração se tornar lenta e profunda. Suas costas relaxaram com a massagem e a sensação foi tão maravilhosa que ela temeu que ele parasse.


    Quando as mãos de Christopher finalmente se afastaram de seu corpo, Dul ficou surpresa por não desfalecer. Virou-se e olhou para o rosto do marido, esperando um sorriso zombeteiro ou comentário sarcástico. Em vez disso, viu que ele estava ruborizado e com uma expressão impassível.


    – Tenho algo para lhe dizer em particular – murmurou ele.


    Pegando-a pelo braço, levou-a para fora dos aposentos de Saviñón e entrou no primeiro quarto disponível, o que Dul ocupara na noite anterior. Fechou a porta e se inclinou para ela. Seu rosto estava sereno.


    – Rohan tinha razão. Seu pai não tem muito tempo. Será um milagre se ele durar mais um dia.


    – Sim. Eu... acho que isso é óbvio para todos.


     – Esta manhã falei muito com Rohan sobre o estado de seu pai e ele me mostrou um folheto que o médico deixou ao fazer o diagnóstico.


    Christopher tirou de seu casaco um pequeno pedaço de papel dobrado impresso em uma letra miúda e o entregou para ela. Dul leu o título Uma nova teoria sobre a tuberculose. Como a única luz no quarto provinha de uma pequena janela e ela estava com os olhos cansados, balançou a cabeça.


    – Posso ler depois?


    – Sim, mas vou lhe dizer qual é o ponto principal da teoria. Que a tuberculose é causada por organismos vivos tão minúsculos que são invisíveis a olho nu. Eles habitam os pulmões afligidos. E a doença é passada quando uma pessoa saudável inala parte do ar que o doente exala dos pulmões.


    – Criaturas minúsculas nos pulmões? – perguntou Dul sem entender. – Isso é um absurdo! A tuberculose é causada por uma predisposição natural doença...  ou quando se fica por muito tempo no frio e na umidade...


     – Como nenhum de nós é médico ou cientista, seria inútil debatermos esse tema. Contudo, por questões de segurança, terei de limitar o tempo que você passa com seu pai.


     O papel caiu da mão de Dul. Chocada com a afirmação, Dul sentiu seu coração em um ritmo furioso. Depois de tudo pelo que passara, Christopher estava tentando negar-lhe os últimos dias que teria com ele? Tudo por causa de uma teoria médica não comprovada, impressa em um folheto?


    – Não – disse violentamente. Sentiu um aperto na garganta e suas palavras saíram rápido demais para sua boca conseguir acompanhá-las. – A-absolutamente não. Vou ficar com ele quanto quiser. Você nã-não liga... a mínima para mim ou para ele. Só quer ser cruel para me mostrar que tem o po-poder de...


     – Eu vi as roupas de cama – disse Christopher bruscamente. – Ele está tossindo sangue, muco e Deus sabe o que mais... Quanto mais tempo você passar com ele, maiores as chances de inalar o que o está matando.


    – Não acredito em sua teoria bo-boba. Eu poderia encontrar uma dú-dúzia de médicos que diriam que é ridícula...


    – Não quero deixá-la correr esse risco. Maldição, quer se ver naquela cama daqui a seis meses com os pulmões apodrecendo?


    – Se isso a-acontecer, não se-será da sua conta.    


Enquanto eles se encaravam no silêncio raivoso que se seguiu, Dul teve a impressão de que suas palavras duras o tinham ferido mais fundo do que ela esperara.


    – Tem razão – disse Christopher rudemente. – Se quiser ficar tuberculosa, vá em frente. Mas não se espante se eu não ficar sentado à sua cabeceira retorcendo as mãos. Não farei nada para ajudá-la. Quando estiver tossindo até pôr os pulmões para fora, terei grande prazer em lhe lembrar que isso foi culpa sua por ter sido tão teimosa!


    Ele concluiu seu discurso com um movimento irritado das mãos. Infelizmente, Dul fora condicionada por muitos confrontos com o tio Peregrine a associar gestos de raiva ao início de agressões físicas. Ela recuou instintivamente, erguendo os braços para proteger a cabeça. Quando a dor do golpe não veio, deixou escapar um suspiro, abaixou os braços hesitando e viu Christopher olhando-a atônito.


 


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Autor(a): Laryy

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Então a expressão dele se tornou sombria.      – Dul – disse, sua voz com uma ferocidade aguda que a assustou. – Pensou que eu ia...? Cristo! Alguém bateu em você no passado? Quem foi?     Subitamente, ele estendeu o braço para Dul e ela cambaleou para trás, batendo com for&cce ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 116



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  • millamorais_ Postado em 20/06/2017 - 07:02:00

    Maiiiis, continua por favor!!!

  • tahhvondy Postado em 10/06/2017 - 17:07:31

    continua

  • Nat Postado em 06/06/2017 - 17:19:26

    CONTINUA!!!*-*

  • millamorais_ Postado em 05/06/2017 - 12:05:28

    Que bom que voltou. Não some por favor:D

  • tahhvondy Postado em 04/06/2017 - 12:14:14

    continua

  • Nat Postado em 04/06/2017 - 10:48:33

    CONTINUA! Não some de novo, por favor!*-*

  • jucinairaespozani Postado em 14/03/2017 - 23:28:18

    Continua

  • Nat Postado em 14/03/2017 - 22:16:03

    *-*Alguma chance da Daisy e o Cam ficarem juntos?CONTINUA!S2S2S2

  • jucinairaespozani Postado em 10/03/2017 - 17:29:25

    Posta mais

  • Nat Postado em 08/03/2017 - 20:37:08

    *0*Meu Deuuusss!!!CONTINNNNNUUUUUAAAAA!!!!!S2S2S2


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