Fanfics Brasil - Capítulo 10 Pecados no inverno *vondy* (adaptada)

Fanfic: Pecados no inverno *vondy* (adaptada) | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 10

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    À noite, quando Dul voltou para o quarto do pai, soube imediatamente que a hora dele havia chegado. Estava pálido como cera e com os lábios azulados. Os pulmões torturados não eram mais capazes de inalar oxigênio suficiente. Desejou poder respirar por ele. Segurando sua mão, esfregou os dedos dele como se pudesse aquecê-los e o olhou com um sorriso forçado.


     – Papai – murmurou, acariciando-lhe os cabelos desbotados. – Diga-me o que fazer. Diga-me o que quer.


     Ele a olhou branda e afetuosamente enquanto seus lábios, encolhidos no rosto enrugado, se curvavam em um sorriso.


    – Cam – sussurrou ele.


     – Sim, mandarei chamá-lo. – Duk deixou seus dedos agitados lhe acariciarem os cabelos. – Papai, Cam é meu irmão?


    – Ah... – suspirou Saviñón, franzindo os olhos. – Não, querida. Quem dera fosse. Bom rapaz...


    Dul se inclinou, beijou uma das mãos enfraquecidas do pai e se afastou da cama. Dirigiu-se apressadamente à corda para tocar o sino e a puxou várias vezes. Uma criada veio com uma rapidez incomum.


     – Sim, milady?


     – Vá buscar o Sr.Rohan... depressa –disse Dul, com sua voz apenas um pouco trêmula.


     Ela parou e pensou em mandar buscar Christopher também, mas seu pai não chamara por ele. E a ideia da presença fria e racional do marido contrastando tanto com suas próprias emoções... não. Podia contar com ele de outros modos, mas não desse.


    Apesar de seu esforço para manter o rosto calmo, ela devia ter transmitido um pouco de seu medo, porque o pai lhe segurou uma das mãos e a puxou fracamente para mais perto.


    – Dul – sussurrou debilmente. – Vou me encontrar com sua mãe... Ela pediu que deixassem a porta dos fundos aberta... para eu entrar no céu.


     Dul riu baixinho enquanto lágrimas quentes escorriam de seus olhos. Poucos segundos depois, Cam entrou no quarto. Ele estava com os cabelos muito pretos desgrenhados e as roupas incomumente amassadas, como se tivesse se vestido às pressas. Embora fosse calmo e controlado, seus olhos dourados tinham um brilho líquido quando contemplou Dul. Ela se levantou e se afastou da cama, precisando engolir em seco várias vezes antes de conseguir falar:


    – Tem de se inclinar para ouvi-lo – disse roucamente.


    Cam se inclinou para a cabeceira e segurou as mãos de Ssviñón, como Dul fizera.


    – Pai do meu coração – disse o jovem cigano suavemente –, fique em paz com todas as almas que deixar para trás. E saiba que Deus abrirá seu caminho para a nova vida.


     Enquanto Saviñón lhe sussurrava, o rapaz inclinou a cabeça e esfregou as mãos do velho de modo tranquilo.


    – Sim – disse Cam prontamente, embora Dul percebesse pela tensão em seus ombros largos que ele não havia gostado do que seu pai lhe pedira. – Tomarei providências para que isso seja feito.


    Depois Saviñón relaxou e fechou os olhos. Cam se afastou da cabeceira e puxou Dul para a frente.


     – Está tudo bem – murmurou ao senti-la tremer. – Minha avó sempre me disse: “Nunca se recuse a trilhar um novo caminho. Nunca se sabe que aventuras o esperam.”


  Dul tentou se confortar com essas palavras, mas seus olhos estavam marejados e sua garganta doía. Sentando-se ao lado do pai, pôs um dos braços ao redor da cabeça e uma das mãos sobre o peito dele. A respiração de Saviñón se acalmou e ele emitiu um leve som, como se apreciasse o toque. Quando ela sentiu a vida do pai se esvaindo aos poucos, a mão grande de Cam deslizou para seu antebraço e o apertou de leve.


    Fez-se um doloroso silêncio no quarto. Dul nunca havia se deparado com a morte, e ter de enfrentá-la agora e perder a única pessoa que a amara a fazia sentir as frias garras do medo. Lançando um olhar lacrimejante para a porta, viu a figura alta de Christopher em pé, seu rosto inescrutável, e subitamente percebeu que precisava dele afinal de contas. Quando o marido a fitou, algo em seu olhar ajudou a tranquilizá-la.


    O mais leve dos suspiros escapou dos lábios de Saviñón... e depois não houve mais nada. Ao perceber que o sofrimento finalmente terminara, Dul apertou sua bochecha contra a cabeça do pai e fechou seus olhos.


    – Adeus – sussurrou, lágrimas pingando nos cabelos um dia ruivos de Saviñón.


    Depois de um momento, Dul sentiu as mãos hábeis de Cam erguendo-a e afastando da cama.


    – Dul – murmurou o rapaz com o rosto virado para o outro lado. – Tenho de... tenho de arrumar o corpo. Fique com seu marido.


    Dul assentiu com a cabeça e tentou andar, mas estava com as pernas paralisadas. Sentiu Cam afastar seu cabelo e depois roçar a boca em sua testa em um doce e casto beijo. Cegamente, ela se virou e cambaleou na direção de seu marido. Christopher se aproximou com alguns passos largos e lhe pôs um lenço na palma da mão. Ela o pegou com gratidão. Dul enxugou os olhos e assoou o nariz enquanto Christopher a conduzia para fora dos aposentos de Fernando Saviñón. O braço forte do marido estava em suas costas, a mão em sua cintura.


    – Ele estava em constante sofrimento– disse Christopher em um tom prático. – Foi melhor assim.


    – Sim – conseguiu dizer Dul. – Sim, é claro.


    – Ele disse alguma coisa?


    – Ele mencionou... a minha mãe. – Pensar nisso fez seus olhos arderem de novo, mas seus lábios esboçaram um sorriso torto. – Disse que ela o ajudaria a entrar no céu pela porta dos fundos.


    Christopher a guiou para o quarto. Desabando na cama, Dul levou o lenço ao nariz e se encolheu, virada de lado. Nunca havia chorado assim antes, sem soluços, com a angústia fazendo sua garganta arder e a tristeza que lhe apertava o peito se recusando a diminuir. Ela teve uma vaga consciência das cortinas se fechando e de Christopher mandando uma criada buscar um pouco de vinho e um jarro de água fria.


     Embora Christopher permanecesse no quarto, não se aproximou, apenas andou por alguns minutos e finalmente se sentou em uma cadeira à cabeceira da cama. Era óbvio que não queria abraçar Dul enquanto ela chorava, que evitaria essa intimidade emocional. Ela podia se entregar a ele na paixão, mas não no sofrimento. Ainda assim, estava claro que não tinha nenhuma intenção de deixá-la.


    Depois que a criada trouxe o vinho, apoiou Dul nos travesseiros e lhe deu uma taça cheia. Enquanto ela bebia, pegou um pano molhado em água fria e o aplicou gentilmente em seus olhos inchados. Ele foi gentil e estranhamente cuidadoso, como se estivesse cuidando de uma criança pequena.


     –Os empregados – murmurou Dul depois de algum tempo. – O clube. O funeral.


     –Cuidarei de tudo – disse Christopher calmamente. – Fecharemos o clube. Farei os preparativos para o funeral. Devo avisar suas amigas?


     Dul balançou a cabeça imediatamente.


     – Isso as poria em uma situação difícil. E não estou com vontade de falar com ninguém.


     – Entendo.


     Ele ficou com Dul até ela esvaziar a segunda taça de vinho. Percebendo que o marido estava esperando um sinal seu, pousou a taça vazia na mesa de cabeceira. Sentiu a língua embolar ao falar:


     – Acho que agora vou descansar. Não precisa ficar comigo quando há tanto a ser feito.


     O olhar avaliador de Christopher a varreu e ele se levantou da cadeira.


     – Chame-me quando acordar.


     Deixada levemente embriagada, sonolenta e sozinha na penumbra, Dul se perguntou por que as pessoas sempre diziam que a morte de um ente querido era mais fácil quando você tinha tempo para se preparar para isso. Não parecia fácil. E essas mesmas pessoas poderiam ter acrescentado que sua dor deveria ser menor pelo fato de nunca ter realmente conhecido seu pai. Mas isso tornava a dor maior. Ela tinha muito poucas lembranças para confortá-la... Eles haviam passado muito pouco tempo juntos. Com a tristeza, veio um lúgubre sentimento de privação... e sob isso até mesmo um toque de raiva. Era tão indigna de amor? Faltava-lhe algum dom essencial para atrair os outros?


    Consciente de que seus pensamentos estavam tomando o rumo perigoso da autopiedade, fechou os olhos e deu um trêmulo suspiro.


 


 


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Autor(a): Laryy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 116



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  • millamorais_ Postado em 20/06/2017 - 07:02:00

    Maiiiis, continua por favor!!!

  • tahhvondy Postado em 10/06/2017 - 17:07:31

    continua

  • Nat Postado em 06/06/2017 - 17:19:26

    CONTINUA!!!*-*

  • millamorais_ Postado em 05/06/2017 - 12:05:28

    Que bom que voltou. Não some por favor:D

  • tahhvondy Postado em 04/06/2017 - 12:14:14

    continua

  • Nat Postado em 04/06/2017 - 10:48:33

    CONTINUA! Não some de novo, por favor!*-*

  • jucinairaespozani Postado em 14/03/2017 - 23:28:18

    Continua

  • Nat Postado em 14/03/2017 - 22:16:03

    *-*Alguma chance da Daisy e o Cam ficarem juntos?CONTINUA!S2S2S2

  • jucinairaespozani Postado em 10/03/2017 - 17:29:25

    Posta mais

  • Nat Postado em 08/03/2017 - 20:37:08

    *0*Meu Deuuusss!!!CONTINNNNNUUUUUAAAAA!!!!!S2S2S2


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