Olhou desconfortavelmente para os longos braços dele, expostos pelas mangas da camisa enroladas... e parou à visão surpreendente de um desenho no antebraço direito. Era de um pequeno cavalo preto alado. Notando o olhar fascinado da jovem, Rohan abaixou seu braço para que o visse melhor.
– Um símbolo irlandês – murmurou. – Um cavalo que habita os pesadelos,chamado pooka.
O som absurdo da palavra fez Daisy esboçar um sorriso.
– Isso sai com água? – perguntou.
Ele balançou a cabeça, seus cílios quase encobrindo os belos olhos.
– É como Pégaso, da mitologia grega? – perguntou Daisy se encostando o máximo que pôde na parede. Rohan olhou para o corpo dela em uma espécie de lenta avaliação que nenhum homem fizera antes.
– Não. Ele é muito mais perigoso. Tem olhos que são como fogo amarelo,vaga pelas montanhas e fala com uma voz profunda como uma caverna. À meia-noite, pode parar na frente da sua casa e chamar seu nome se quiser levála para uma cavalgada. Se for com ele, voará com você através da terra e dos oceanos... e, se algum dia você voltar, sua vida nunca será a mesma.
Daisy sentiu a pele de seu corpo se arrepiar. Todos os seus sentidos lhe disseram que era melhor encerrar essa conversa perturbadora e se afastar dele o mais rápido possível.
– Que interessante – murmurou, virando-se cegamente perto dos braços de Rohan à procura da porta secreta. Para sua consternação, ele a fechara e agora a porta estava muito bem escondida no painel de parede. Entrando em pânico, empurrou vários pontos tentando descobrir o mecanismo que a abriria. Daisy estava com as mãos espalmadas sobre o painel quando sentiu Rohan se inclinar em sua direção por trás, com a boca perto de seu ouvido.
– Não a encontrará. Só há um ponto que a abre.
Ela sentiu a respiração quente de Rohan no pescoço, o corpo dele aquecendo-a onde a tocava.
– Por que não me mostra qual é? – sugeriu Daisy, tentando imitar a voz arrastada e sarcástica de Anahí, mas soando apenas confusa e insegura.
– O que me dará em troca?
Daisy tentou parecer indignada, mesmo com seu coração batendo violentamente como um pássaro selvagem em uma gaiola. Virou-se de frente para ele, lançando-lhe um ataque verbal que esperou que o fizesse recuar.
– Sr. Rohan, se está insinuando que eu deveria... Está sendo o homem mais descortês que já conheci.
Ele não se moveu um centímetro.
Quando sorriu, seus dentes muito brancos brilharam.
– Mas eu sei onde fica a porta.
– Quer dinheiro? – perguntou ela com desprezo.
– Não.
Daisy engoliu em seco.
– Uma liberdade, então? – Vendo que ele não estava entendendo, explicou com as bochechas ficando coradas: – Tomar uma liberdade é... dar um abraço ou um beijo.
Algo perigoso brilhou nos olhos dourados de Rohan.
– Sim – murmurou ele. – Tomarei uma liberdade.
Daisy mal pôde acreditar nisso. Seu primeiro beijo. Sempre o havia imaginado como um momento romântico em um jardim inglês... Haveria luar, é claro, e um cavalheiro louro com um rosto infantil lhe recitaria um belo trecho de um poema logo antes de beijá-la. Não deveria acontecer em uma das salas do porão de um clube de jogos com um crupiê cigano. Por outro lado, ela tinha 20 anos e talvez estivesse na hora de começar a acumular um pouco de experiência.
Engolindo em seco de novo, tentou controlar o ritmo acelerado de sua respiração e olhou para a parte do pescoço e do peito de Rohan revelada pela camisa parcialmente aberta. A pele dele brilhava como cetim âmbar. Quando Rohan se aproximou, seu cheiro lhe invadiu as narinas com um luxurioso e picante traço masculino.
Ele ergueu a mão gentilmente para o rosto de Daisy, roçando os nós dos dedos acidentalmente na ponta de seu pequeno seio. Aquilo tinha de ser acidental, pensou ela aturdida, seu mamilo se intumecendo sob o corpete de veludo. Os dedos longos de Rohan deslizaram para a lateral do rosto dela e o ergueram.
Olhando para as pupilas escuras e dilatadas de Daisy, ele levou os dedos aos lábios da jovem e os acariciou até ela os afastar tremulamente.
Deslizou a outra mão para a nuca, no início a acariciando e depois a segurando de leve para lhe sustentar a cabeça... o que foi bom, porque toda a estabilidade do corpo de Daisy parecia ter se dissolvido.
Ele a beijou de um jeito terno, explorando os lábios suave e repetidamente. Daisy sentiu um calor nas veias fluindo através dela até não conseguir mais resistir a apertar seu corpo contra o dele.
Ficando nas pontas dos pés, agarrou os ombros fortes de Rohan e suspirou ao ser abraçada.
Quando Rohan finalmente ergueu a cabeça, Daisy ficou mortificada ao descobrir que estava agarrada a ele como se fosse uma vítima de afogamento.
Afastou as mãos e recuou o máximo que a parede permitiu. Confusa e envergonhada de sua reação, olhou para aqueles olhos pagãos.