Fanfic: S2 *ROSAS À MEIA NOITE* S2 vondy *( adptada)* terminada

- Está se sentindo mal?

Ele tentou ignorar o tom de preocupação que pensava ter ouvido na voz dela. Certamente ela estava fingindo... como sempre.

- Não – respondeu sem o menor ânimo.

- Bem... se você diz... – ela murmurou, baixando os olhos.

Christopher sentiu vontade de soltar uma risada sarcástica. Dulce parecia tão convincente, como se realmente se importasse. Mas já não o enganava. Certamente só estava com medo de que ele passasse mal e tivessem que voltar para a mansão às pressas, o que a faria perder a noite de gala e a chance de mostrar o vestido caro.

- Não agüento mais esperar. Estou ficando nervosa – ela disse, esticando o pescoço para olhar mais uma vez o movimento lá fora.

- Prefere ir andando? – ele perguntou, ironicamente.

- Acho que seria melhor, não? – ela obviamente não havia notado o tom sarcástico que ele havia usado na pergunta – São muitas carruagens e pelo visto ainda vai levar tempo até que todas consigam passar e alcançar a entrada principal do teatro.

- Não vai demorar tanto assim. E não é nada elegante chegar andando à ópera! – ele se limitou a dizer, sem nenhuma emoção na voz.

- Tem razão... onde eu estava com a cabeça? – Dulce murmurou, baixando o olhar mais uma vez.

Os próximos minutos passaram em silêncio, até que finalmente a carruagem alcançou a porta do teatro. Christopher saiu primeiro e deu a volta para abrir a porta e ajudá-la a descer. No instante em que pisaram na escadaria do imponente teatro, ele percebeu os diversos olhos curiosos sobre os dois. Na verdade estava ciente de que todas as atenções estavam voltadas para a mulher a seu lado.

Antes com toda a certeza estaria sorrindo, orgulhoso, mas agora não conseguia esboçar o menor sinal de alegria em seu rosto. As pessoas começaram a se aproximar para cumprimentá-los. Dulce foi gentil, como sempre, o que obviamente fazia parte da encenação dela. Mas depois de alguns segundos, Christopher notou que ela não parecia muito à vontade com aquela situação. A razão disso ele não saberia dizer... acreditava que ela estivesse ansiosa para ser exibida em público, por isso achou estranho que ela parecesse tão desconfortável na presença de todas aquelas pessoas que se aproximavam para cumprimentá-la.

- É um prazer finalmente conhecer a Condessa de Uckermann – falou um dos homens mais importantes da cidade, um velhote, amigo pessoal do rei, enquanto beijava a mão de Dulce - Que sorte esplêndida teve o Conde em encontrar uma esposa tão bela e tão agradável! – exclamou, sorridente.

- Nem imagina quanta sorte! – Christopher se ouviu dizer, com um sorriso irônico, que pareceu passar despercebido pelo sujeito.

Notando que o velho não desviava os olhos de Dulce, sem se preocupar ao menos em pedir licença ou se despedir do homem, Christopher saiu puxando a esposa pelo braço.

- Christopher, o que...? – Dulce começou a perguntar num sussurro, mas não conseguiu terminar o que tinha para dizer.

Mais alguns nobres importantes surgiram no caminho, querendo cumprimentar o casal e ver de perto a Condessa de Uckermann. Tentando se controlar, Christopher ofereceu rápidos cumprimentos enquanto seguia levando Dulce pelo braço para mais dentro do teatro.

Quando finalmente conseguiram alcançar a área dos camarotes reservados, Dulce se dirigiu novamente a ele:

- Christopher, o que está acontecendo? – perguntou, em tom calmo.

Ele a encarou por instantes, e pôde ver que no fundo ela não estava tão calma quanto queria fazer parecer. Se estava nervosa agora, talvez logo ficasse ainda mais...

- Por que a pergunta? – ele entrou no camarote que havia reservado e se sentou na confortável poltrona, sem se preocupar em esperá-la fazer o mesmo primeiro.

- Você não está bem – ela disse, ainda de pé, olhos sobre ele.

- Diz isso por que? – ele perguntou friamente, olhando para o palco ainda vazio com fingido interesse.

- Pelo jeito como tratou as pessoas lá fora – ela falou, finalmente sentando-se ao lado dele.

- Não sei por que a preocupação. A maiorira só veio nos cumprimentar por obrigação social. São todos uns grandes falsos... você já devia estar acostumada a fingimentos, minha cara...

As últimas palavras foram ditas de forma irônica. Dulce se calou por alguns segundos, mas logo tornou a falar:

- Eu sei disso. Mas acho que poderia ter sido um pouco mais gentil, só isso – disse, sem nenhum tom de acusação.

Ele não se deu o trabalho de responder. Permaneceu calado, frio.

- Eu sei que está acontecendo alguma coisa com você, Chris... não quer me dizer? Talvez eu possa ajudar...

Nesse momento ele se virou para encará-la nos olhos. Sentia a raiva que o consumia por dentro querer desabrochar. Antes que pudesse falar, as luzes do teatro se apagaram. O espetáculo ia começar. Christopher desviou os olhos para o palco, tentando se concentrar na ópera.

Mas apesar de todo seu esforço, tudo o que conseguiu foi prosseguir com a luta interna contra a raiva que o consumia. Escutava os cantores ao fundo, mas não conseguia fixar sua atenção no palco. O fato de que ali no escuro podia observá-la sem ser notado só fez piorar as coisas. Uma perigosa mistura de desejo e raiva se apoderaram dele enquanto a observava. Ela estava linda... tentadoramente linda! Levou a mão mais uma vez ao bolso, tocando o colar escondido, tentado se lembrar da razão para não se deixar levar pelos encantos daquela mulher.

O primeiro ato terminou sem que Christopher tivesse conseguido pregar os olhos no palco um segundo sequer. Sentia-se um animal enjaulado ali, e antes que colocasse sua fúria para fora, aproveitou o intervalo, levantou-se e saiu sem ao menos dizer uma palavra a Dulce.

Precisava respirar, mas sentia vontade de sair correndo dali. Foi até a entrada do teatro, e desviando-se dos poucos aristocratas que já estavam lá fora, caminhou rapidamente para o bar. Pediu uma bebida, e antes que pudesse levar o copo aos lábios, ouviu uma voz conhecida.

- Uckermann! Achei que já tivesse morrido!

Se tivesse prestado atenção, teria notado antes o sujeito que o observava encostado em uma pilastra. Virando-se para encará-lo, Christopher respondeu com um sorriso seco:

- Ainda não.

O sujeito se aproximou, sorrindo com toda a ironia:

- É uma pena!

..........Continua .........

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